Gwin fazia o caminho de volta para casa aos prantos. Dentro da carruagem, via o palácio de Asgard ficar cada vez menor e ela quis realmente que aquela era a melhor decisão a ser tomada.

Em sua discussão com Thor ouviu e disse coisas que jamais queria ter que lembrar.

Sabia que não havia escolhido o melhor momento, mas simplesmente não podia ver Loki partir. E o noivado? E o seu filho que teriam?

E agora não podia acreditar que voltava sozinha. Sem esperanças, apenas com a verdade que era difícil aceitar, acreditar.

Loki havia dado toda atenção que podia, apesar da situação e mesmo com todo seu esforço, ela estava ofendida, insultada demais para reconhecer naquele momento.

“Como ele poderia? Ele nunca te amou e sempre deixou isso claro...você se iludiu por conta própria!” tinham sido algumas das palavras do deus do trovão assim que ela decidiu sair da sala.

Não conseguia entender como Loki o amava, mesmo depois de tudo. Estava apaixonada e comprometida com uma ilusão, mas mesmo ela sabia que agora havia chegado ao seu limite.

O sol daquele fim de tarde dava um brilho especial na plantação que ganhava um tom dourado. Segurou sua barriga de maneira protetora e carinhosa e reconheceu que aquela guerra ela havia perdido. Para sempre.

Perguntou-se ainda se algum dia ela tinha sido uma real chance para Loki, mas não quis pensar o suficiente para perceber a resposta.

–-------------------------------------------------------------------------------------------

Odin estava na sacada naquele fim de tarde também olhando o horizonte, quando Thor se aproximou.

– Sinto muito pela mamãe. – disse sinceramente – Eu queria poder ir atrás dela, mas não irei a lugar nenhum sem o Loki.

– Eu sei que sim, Thor. – o pai de todos respondeu pensativo.

– Ela voltará, pai.

– Não, eu não acredito nisso. Não hoje, não neste momento. Mas eu vou aprender a acreditar nisso, filho.

Os dois trocaram um olhar e Thor viu o quanto seu pai estava fragilizado, apesar de ainda parecer como uma muralha forte, invencível. Mas havia algo, alguma coisa que havia partido.

– Sua mãe poderia suportar muitas coisas ao meu lado. Mas não isso. Não a mentira, a traição. Não envolvendo a nossa família. Ela, nesses anos de casamento sempre me disse que havia aprendido me amar, e que mesmo não sendo fácil ela não se arrependia, pois havia deixado de lado tudo que sonhava para ficar comigo, com você e Loki. E agora isso está acabado, então...eu não vejo motivos para ela querer voltar.

– Por que mentiu então? Para todos? Para o senhor mesmo?!

– Eu vi coisas passarem, Thor. Sentimentos serem despertados, em todas as suas formas. O que adiantaria eu ter falado um minuto depois do meu erro? Um mês, dez anos? Nada me traria Laufey de volta. Eu abri mão de nós dois quando o deixei na cela e decidi ser rei de Asgard. Ele nunca me perdoaria ou sequer me aceitaria.

– O senhor já conversou? Já tentou? Como tem tanta certeza disso?

Odin deu um quase sorriso e bateu forte no ombro do seu filho dizendo:

– Oh, sua juventude é preciosa, Thor. Não faça nada além do que deseja.

– A única coisa que eu desejo é ter o Loki ao meu lado. – disse de maneira decidida.

– Você sabe que em Asgard isso jamais seria possível. Aceitável.

– Eu sei. É por isso que eu vim falar com o senhor, pai. Eu e Loki partiremos hoje à noite.

Ambos se encararam e o Odin percebeu que não haveria nada que pudesse impedi-los.

– Será melhor para ele. Para nós...precisamos ficar sozinhos por um tempo. Loki está muito machucado com tudo que aconteceu, precisará de tempo e de distância.

–Vocês voltarão quando?

– Não falamos sobre isso, mas definitivamente ele vai querer ver seu filho nascer.

– Oh, pobre Gwin. Vi a carruagem dela partir. Pobre garota.

– Não há ninguém radiante de felicidade neste momento, meu pai. O que ela queria jamais ter. Loki é e sempre foi meu. Depois que percebemos isso realmente, decidimos esquecer tudo o que aconteceu nesse meio tempo em que fomos obrigados a ficar separados. – Thor declarou.

– Sempre foi assim e eu deveria ter sabido. E eu nunca poderia ter controlado. Me refiro à você e Loki. Quando eu o trouxe de Jotunheim, você foi o primeiro a vê-lo. Lembro-me bem do seu fascínio por ele. Tão dedicado. Talvez não se lembre, você era muito pequeno...mas Loki ganhou a forma asgardiana definitiva após vocês ficarem uma manhã inteira brincando no jardim, ele devia não ter completado um ano. – Odin lembrou.

– Eu sempre o quis e sempre fez muito sentido para mim. Por tudo que ele é e se tornou. Ele é uma parte de mim, e a que eu mais amo. Sinto muito como tudo veio à tona e hoje, eu entendo como deve ter sido confuso, mas Loki me quer também deste mesmo jeito, então eu me rendi e estou disposto a qualquer tipo de lógica ou julgamento alheio.

– Os meus métodos podem não ter sido os melhores, mas as intenções nunca foram más. Eu sei que é discurso que todo pai faz e eu não poderia ter sido diferente. De qualquer modo, vocês são adultos agora e não há nada que eu possa fazer. – o rei respondeu.

Thor então abraçou repentinamente seu pai muito forte, dizendo:

– Até breve.

Odin se emocionou com a atitude de seu filho mais velho, mas o que fez começar a chorar foi perceber que estava completamente sozinho e cheio de arrependimentos.

–---------------------------------------------------------------------------------

Loki olhava a imensidão azul do oceano à sua frente enquanto Thor se perdia no seu rosto de maneira silenciosa e desesperada.

– De fato aqui é um dos lugares mais bonitos que eu já vi. – comentou.

– Eu disse que você ia gostar de Midgard! Essa ilha não é habitada por nenhum humano, ela será nosso lar agora.

O moreno abraçou Thor muito forte, suspirando. Enfim teriam paz, mas queria poder não se lembrar do preço que haviam pago para conquistá-la.

Thor então segurou seu rosto, fazendo-o olhá-lo. Acariciando seus lábios com as pontas dos dedos, ele disse baixinho:

– Eu quero te mostrar uma coisa...

Os dois então caminharam pela areia muito dourada e limpa, passando por um pequeno campo até chegarem num chalé simples e pequeno.

– Você disse que não havia humanos aqui...- o mais novo hesitou.

– E não tem. Está abandonada, há anos pelo que sei...venha. – respondeu segurando sua mão, puxando-o.

Ao entrarem, Loki se deparou com uma pequena cozinha, sala e quarto improvisados e empoeirados.

– Não, não terá nenhum luxo, ouro, pompa e fama do palácio de Asgard. – Thor comentou percebendo que o mais novo olhava o local de cima abaixo cuidadosamente – Só terá eu...e você. Sendo mais nada além de nós mesmos...você aceita?

Seus olhares se encontraram e Loki viu que Thor tinha um semblante muito apreensivo. Sorrindo então, respondeu:

– Ficar o resto dos meus dias com você aqui? Thor, por favor...isso será muito melhor que qualquer um dos meus sonhos mais antigos. É claro que eu quero. Eu te amo!

O mais velho se apressou abraçando-o muito forte, enquanto os dois sorriam aliviados.

Haveria tempo para tudo, mas principalmente agora haveria um lugar para apenas os dois. Finalmente.

–-----------------------------------------------------------------------------------

– Você acha que ele virá mesmo? – Gwin perguntou ansiosa, enquanto abraçava o pequeno bebê adormecido em seus braços.

– Definitivamente e posso lhe informar que ele acabou de chegar! – sua mãe disse animada após olhar pela janela, afastando as cortinas.

O coração da jovem pulou de alegria e por um instante ela pensou que fosse se derreter em lágrimas.

Instantes mais tarde Loki surgiu na porta muito sorridente, com cabelos curtos e pele levemente bronzeada além de suas roupas escuras típicas. A mãe de Gwin fez um sinal para todos os empregados e os deixou sozinho, fechando a porta.

– Gwin...- o deus disse se ajoelhando na beirada da cama beijando a testa da mãe de seu filho que sorriu.

– Você veio.

– É claro que sim! Eu queria ter vindo mais cedo. Meu filho...- ele respondeu completamente encantado com o pequeno que agora estava acordado, porém muito tranquilo.

– Está tão diferente, está ainda mais bonito. Como você está, o Thor? – ela perguntou, segurando o choro.

– Obrigado. Eu...eu estou ótimo. Thor também, ele não pode vir...mas desejou o melhor para todos nós. E você está linda...ainda mais linda do que sempre foi, minha prima.

Seus olhares se cruzaram e para Gwin foi difícil perceber o quanto aquilo ainda doía. Ter Loki por perto.

– Oh, ele é loiro...como você! – ele comentou, sem graça ao perceber o olhar dela.

– É, mas os bebês mudam muito...é o que dizem pelo menos. Os olhos são verdes iguais aos seus. Você quer segurá-lo?

– Oh, por favor! – respondeu e então Gwin lhe entregou o bebê, Loki o segurou de maneira cuidadosa.

– Ele é tão perfeito. Eu queria ter estado aqui antes...- lamentou.

– Foi tudo bem. Sua mãe me ajudou muito desde que se mudou para cá. Você já a viu?

– Sim, na escada enquanto subia para cá. Eu disse que precisamos conversar...Thor pediu que eu falasse com ela, sabe. Tentasse a convencer de voltar para Asgard, para o meu pai. Ainda não sei se posso fazer isso, honestamente. – Loki revelou enquanto a mão do bebê apertava forte seu dedo indicador.

– O tempo é o remédio para tudo, Loki. Mas afinal de contas quem sou eu para dizer isso? Eu ainda me sinto aquela garotinha inexperiente quando você me olha...- ela declarou, suas lágrimas rolando por seu rosto agora.

Loki então segurou levemente seu pescoço, ajeitando seus cabelos e disse emocionado também:

– Eu sinto muito por tudo que eu lhe causei. Por todo o mal. Perdoe-me por todos os joguinhos que eu te fiz passar, pelo noivado, eu nunca...

– Pelo mal? Perdoá-lo? Loki, você é responsável pelos melhores dias da minha vida. Um deles é hoje. Eu tenho aqui a melhor coisa que eu poderia ter pensar em ter, um filho seu. – interrompeu de maneira decidida.

Loki então sorriu e a beijou nos lábios muito levemente, de maneira educada.

– Oh, não faça isso. Eu já tentei antes e sei que não virará um príncipe, sapão. – ela riu.

– Não, eu não poderia. Jamais. Você é tão maravilhosa e merece alguém tão fantástico, um príncipe, o melhor de todos...

– Na realidade eu tenho encontrado um pretendente muito dedicado, Frandal. Ele veio me ver algumas vezes desde que voltei para casa. – ela revelou sorridente.

– Oh, é mesmo? Pois eu espero que ele seja mesmo, eu ficarei de olho...você não merece nada menos que o melhor, sempre.

– Mas como o melhor já está comprometido...- Gwin brincou - fico feliz que esteja aqui comigo, digo, conosco.

– Fico ainda mais feliz de ter vindo. De finalmente conhecer meu bebê e poder te rever. Sempre estarei presente, isso eu te prometo. – Loki respondeu fazendo Gwin sorrir.

– Combinado. Podíamos decidir o nome dele, o que acha?

Tenho várias sugestões de nomes, todos midgardianos e todos valem a pena. Eu anotei em algum lugar, quer ouvir? – Loki propôs e Gwin aceitou imediatamente.

E assim os três passaram o restante do dia, juntos e conversando e rindo muito até decidirem nomear o pequeno de Henry.

–--------------------------------------------------------------------------------------------

O sol começava a se banhar no horizonte naquele final de tarde abafado e Thor decidiu voltar com seu barco de pesca. Chegando à praia, avistou Loki sentado na areia olhando-o atentamente.

– Ei! - sorriu correndo e sentando-se do lado do moreno que o beijou com muito desejo.

– Ei...onde esteve? Você demorou.

– Oh, você me perguntou assim que chegamos como eu conhecia esse lugar, certo?

– Certo...- Loki respondeu mordendo seus próprios lábios.

– Então, ao invés de lhe contar...eu queria te mostrar. Aqui, meu amor...foi onde tudo começou. Aonde anos atrás eu vim desesperado encontrar 62 pedras...pedras que mudaram a minha vida. Olhe, existem mais delas no fundo do mar, mas tem que saber procurar e ter paciência. Fiquei o dia todo hoje tentando achá-las... – Thor explicou sorrindo e entregando cinco delas para Loki.

– Uau! Thor, elas...são do fundo do mar. Quanto trabalho! De fato a quantidade de sal midgardiano encontrado nelas é muito grande, como eu nunca pensei nisso antes? – o moreno sorriu ainda muito surpreso.

– É sim, lembra-se? “Uma pedra...um abraço”.

– “Quatro pedras, uma chupada”. Deus, eu nem sabia o que isso significava na época, mas mesmo assim que eu quis soar sexy e adulto...- Loki riu e percebeu que Thor o encarava sério e apenas isso fez sua garganta ficar seca.

– E desde aquele dia eu não sou o mesmo. Pois o efeito que elas me causaram é irremediável e só você pode me ajudar...desde aquele primeiro beijo, Loki...eu não poderia ter ficado diferente.

A mão de Thor subiu pela coxa de Loki e se aproximando ainda mais, se beijaram lentamente, de maneira dedicada. As mãos do mais novo foram para o pescoço de Thor que agora tirava sua única peça de roupa, uma bermuda surrada.

Afastando-se em meio a protestos, Loki se levantou e tirou suas calças escuras, sua camisa enquanto encarava o mais velho. Provocando-o, disse:

– Isso não lhe custará só míseras cinco pedras...

Thor então se levantou, agarrando-o como uma presa e derrubando-o, enquanto riam.

O peso do corpo de Thor em cima do seu, a boca do mais velho percorrendo seu pescoço, chupando-o e mordiscando-o. As mãos de Loki desceram por seu abdômen, acariciando-o de maneira determinada, em movimentos longos, fazendo-o gemer. Puxou, beijando-o enquanto suas pernas entrelaçavam na cintura de Thor.

Trocaram um longo olhar enquanto os movimentos do moreno continuavam incessantes, enlouquecendo o mais velho, que a certa altura, chupou seu próprio dedo e Loki teve que segurar a respiração ao sentir ser invadido. Logo depois, Thor o penetrou com força e de uma vez, fazendo-o gemer muito alto, enquanto delirava de dor e prazer.

– L-Loki...- sussurrou em seu ouvido e então os dois se beijaram demoradamente.

– Sim...eu...sou seu...faz de novo. De novo. Quantas vezes quiser. Do jeito que você quiser, Thor...eu imploro...por favor...- este respondeu se encaixando ainda mais, enquanto Thor gemia.

Os movimentos do mais velho começaram e Loki teve que segurar com força em sua cintura. A luz do sol havia ido embora e agora estrelas brilhantes invadiam o céu limpo acima deles.

Loki olhou a vastidão do universo e sabia que algum lugar estava Asgard, mas seu lar ele tinha encontrado. Exatamente ali.

Sentindo Thor toma-lo mais uma vez, Loki desejou que isso não tivesse fim. Em contrapartida, Thor que enlouquecia com o corpo do mais novo com um simples toque, havia prometido para si mesmo que fazê-lo feliz era seu único objetivo.

Após um tempo na Terra, os dois haviam adquirido uma sensibilidade mais aguçada e o sexo nunca havia sido mais espetacular. Ambos sentiam cada centímetro, notavam cada detalhe, amavam cada aspecto um do outro.

Eles ficaram durante a noite desta maneira e acordaram junto com o sol e os pássaros.

– Bom dia! – Loki sorriu apoiando seu queixo no peito do mais velho.

– Oi...bom dia. – Thor sorriu de volta.

Os dois ficaram olhando o mar, apenas ouvindo o som das ondas quebrarem nas pedras ao longe até que o loiro disse:

– Afinal de contas...qual era o seu feitiço? O que precisava das pedras para fazer a rara poção?

– Oh, sim. Era uma bobagem na verdade, um tiro no escuro...mas eu acreditei que podia funcionar. Era uma poção do desejo. – Loki confessou com um sorriso travesso.

– Desejo? Oh, e para quê? – Thor perguntou curioso.

– Bem, ia usar com o meu irmão mais velho. - ele riu fazendo Thor rir junto.

– Sério? Oh...seu pervertido! Eu te amo. – este respondeu abraçando-o ainda mais forte.

– Mas era perfeito! Dizia “tenha a pessoa que deseja...e assim que a poção passa, perde-se o efeito e a pessoa se esquece. Completamente”. Eu pretendia visitar muito seu quarto à noite...mas é uma poção furada. Não poderia existir e isso eu descobri horas depois que eu comecei a fazê-la. – ele confessou rindo ainda mais.

– Ainda bem que encontramos outro jeito de solucionar isso. - Thor sorriu e os dois se olharam.

– Eu te amo, sabia? E nós encontraríamos um jeito de qualquer maneira. – Loki respondeu beijando-o de maneira apaixonada.

Eles ficaram um bom tempo daquele jeito, e levantaram apenas quando decidiram tomar café em uma cidade costeira alguns quilômetros dali.