Ela passou apressada pelo corredor do primeiro ano, aquele seria o último dia de aula antes do recesso de fim de ano e por isso tinha que ser rápida para conseguir entregar o presente que prepara para sua professora preferida.

Os demais alunos que ali se encontravam olhavam curiosos para ela, a loira apenas os ignoravam, não tinha tempo para se importar no fim das contas. Subiu as escadas para o andar do segundo ano, pulando os degraus, apesar de ser perigoso, ela o fez. Alcançou o andar sem acidentes e continuou com os passos num ritmo rápido até a sala do segundo A, qual ela sabia que a professora era a coordenadora.

Embora naquele horário os professores não estivessem em sala de aula, Lucy deixaria o presente encarregado com o representante daquela sala, para então este entregar á professora, uma vez que mais tarde ela não teria essa oportunidade. Ofegante ela levou a mão ao puxador da porta, correndo esta para o lado esquerdo; a classe estava igual a sua, poucas almas vivas dentro, na verdade, notou a loira ao adentrar a sala, havia apenas uma única pessoa ali dentro, um garoto.

Sem jeito, vendo que este estava concentrando na sua tarefa – que era olhar o teto – ela pigarreou, mas não surgiu efeito. Resolveu então aproximar-se mais, com seus passos desajeitados, que causou em esbarrar numa das mesas, fez com que o barulho chamasse atenção do garoto e que arrumou-se na cadeira e a olhou atento.

Lucy sorriu para ele, este por sua vez correspondeu. Seu sorriso, notou Lucy, trazia uma luxúria palpável, gritante diante aos olhos da loira. Não somente o sorriso, o garoto logo mostrou-se possuir igual lascívia em seu olhar que a devorou por completo.

Lucy começara a se arrepender por ter entrado naquela sala, por ter chamado atenção daquele ser tão conduzido ao pecaminoso. Ela sem jeito recuou, voltando esbarrar numa outra mesa. No tempo que ela olhou para trás para vê no que esbarrou e afastar-se da mesa, o garoto colocou-se em pé, fazendo ela olhá-lo sobressaltada.

Ele deu um passo em sua direção, esboçando em seus lábios um sorriso torto e enviando as mãos em seus bolsos, pretensiosamente caminhando para sua presa. Lucy recuou mais um passo, ele avançou mais dois. Aquilo visivelmente estava divertido para ele que aumentara seu sorriso.

Ela abriu a boca para dizer alguma coisa, ele fez que não com a cabeça, ela receosa fechou a boca, silenciando-se. Recuou mais... Ele avançou o dobro. Logo Lucy sentiu a parede, dando um passo para o lado chegaria a porta – que estava aberta – e sairia para seu alivio. Ele alargou seu sorriso e antes que ela notasse o que tinha em mente, ele aumentou seus passos e fechou a porta num baque, que fez com que o coração da loira pulasse desesperado em seu peito.

E num movimento rápido o garoto colocou-se diante de si, prensando-a na parede. O presente da sua adorável professora foi ao chão, virando outro som desagradável ao seu ouvido. Não mais que a respiração empolgada do garoto que tinha seus lábios próximos ao seu ouvido.

–Po-po-por favor... – balbuciou.

Ele riu sobre seu ouvido.

–Shiiii...

Nervosa com a situação ela levou suas mãos ao peito dele e o emburrou, ele mostrou-se mais forte e avançou mais vorazmente contra ela, Lucy tentou novamente, em vão.

–Pare! – choramingou.

Ele voltou a rir. Mas sua risada cessou, ao mesmo tempo que a loira assustou-se.

–Largue ela!

Lucy olhou para a outra extremidade da sala, onde localizava-se a segunda porta da sala. Próxima a essa estava um garoto de cabelos pretos e óculos, que tinha uma expressão beirando ao selvagem, lançando um olhar mortal ao outro.

Lucy respirou aliviada devido ao recém chegado. Mas logo sentiu que seu perigo ainda era presente. O garoto não se mostrando abalado com o outro, simplesmente envolveu a cintura da loira e a trouxe para perto de si. Lucy tentou o empurrar novamente, mostrando-se ser uma tarefa em vão.

O outro ajeitou o óculos no nariz e bufou irritado, e num estante que estava perto da segunda porta da sala, já não estava mais. O possível “herói” se mostrou rápido, ele correu entre as mesas e alguns centímetros os dois ele deu um impulso pensado, acertando em seguida um soco bem dado no rosto daquele que colocava a mocinha da historia em perigo.

Lucy ouviu o som da pancada violenta, ao mesmo tempo em que sentiu o braço do garoto soltar de sua cintura, num primeiro momento ela perdeu o equilíbrio, mas logo o recuperou ao se apoiar na parede.

Os dois garotos se encaravam agora.

–Você realmente é a parte podre dessa sala. – sibilou o herói.

–Tsc. Você e suas conversas sem noção. – o vilão se pronunciou, levando a mão no local dolorido, fazendo uma expressão de dor. –E sempre atrapalhando o divertimento dos outros. Não viu que estava apenas brincando? – tentou esboçar um sorriso desdenhoso, mas falhou devido a dor.

Lucy se sentiu ofendida com aquilo. Uma brincadeira? Ele a achava inocente demais para não saber a verdade? A loira colocou-se entre os dois, ficando de frente ao vilão, que a olhou curioso.

–Brincando? Que tipo de brincadeira maluca é essa afinal de contas? – esbravejou ela.

O herói colocou-se ao seu lado.

–Peça desculpas para ela. – a voz séria dele a fez olhá-lo, ao mesmo tempo em que o outro resmungava algo. –Vamos! Peça desculpas!

O outro bufou, mas logo curvou-se na direção dela desculpando-se, aquilo a alegrou consideravelmente. A loira pensou em agradecer ao ato heroico do garoto, mas assim que se virou para ele, os demais alunos foram entrando, ficando constrangida devidos os olhares direcionado á ela, a loira resolveu se retirar, apenas fazendo uma leve reverencia ao seu herói...

Já estava de noite e o ar gélido batia violentamente no rosto da loira, que tentava inutilmente tampá-lo com a gola grossa de seu casaco de lã. Por isso ela aumentara seus passos no movimentado centro comercial de Tókio, que naquela noite estava ainda mais enlouquecido devido a data festiva.

Por aquele ser um ponto turístico da cidade, uma grande árvore natalina encontrava-se no centro do local, e quem ali passasse sempre parava para olhar os enfeites elegantemente elaborados para aquele fins. Lucy não era diferente.

Embora estivesse morrendo de frio, arrependida por não ter pegado seu cachecol e o aquecedor de orelhas, ela parou diante a grande árvore. Os enfeites que mais lhe chamava atenção, eram aqueles que imitavam presentes, com fitilhos coloridos e papeis prateados e outros dourados, combinando com o restante da decoração. Aqueles enfeites lhe eram especial, por dois fatos inquietantes.

Primeiro porque no fim das contas não havia conseguido entregar seu presente a sua professora, e segundo, que devido ao mesmo que ela conhecera aquela pessoa. Havia conhecido um garoto diferente de qualquer outro daquela escola sem graça. Magnólia havia ganhando um charme a mais no momento que seu herói entrou em ação. Ela sorriu em seu pensamento.

Enfeitiçada com suas próprias memórias ela aproximou-se mais da árvore, levou a mão num dos imitadores de presentes e o tocou delicadamente.

–Com licença.

Seu coração parou ao reconhecer aquela voz ‘Largue ela’ ‘Peça desculpas para ela’, embora agora essa soasse mais suave, quase que melodiosa. Mas será que soava assim mesmo, não era fruto de sua imaginação enfeitiçada?

Devagar, como que com medo dele evaporar-se caso movimentasse rapidamente, ela virou-se. E lá estava seu herói. O ar selvagem de dois dias atrás também sumira, em seu lugar havia uma expressão serena. Para Lucy aquele ar lhe era tão cabível quando o que vira naquele dia.

Ela abriu a boca para respondê-lo, tinha em mente trazer em sua voz todo o encantando que ele espalhara nela.

–Si.sim. – entretanto sua voz falhou, fazendo-a então gaguejar.

Ele deu um leve sorriso, e levando a mão á nuca, uma gesto de quem estivesse sem jeito ele continuou.

–Peço desculpa pela forma que resolvi aquilo, naquele dia. – disse num tom realmente encantador.

–Tu-tudo bem.

Ela se maldizia em pensamento, por estar gaguejando. Ele apenas se mostra indiferente a isso.

–Fico feliz em ouvir isso.

Ela sorriu, ele correspondeu empolgado. Lucy ficou paralisada, nunca havia visto um sorriso como aquele em toda sua vida. Um sorriso impressionantemente mágico.

–NATSU!

O garoto virou-se, Lucy seguiu seu olhar. Mais a frente da árvore um rapaz acenava para ele, o chamando.

Natsu. Repetiu ela em pensamento. Então ele se chama Natsu.

–Já vou, Loki! – respondeu Natsu, voltando então para Lucy.- Bem tenho que ir. Mas antes de ir tenho que lhe falar mais uma coisa...

A loira sentiu seu coração palpitar.

–Si-sim.

–Eu encontrei seu presente naquele dia, e ao ver o cartão vi que era da nosso coordenadora, então entreguei á ela. – e voltou a sorrir.

Lucy estava decepcionada por ser aquilo que ele tinha para falar, mas o sorriso dele direcionada somente para ela, fez com que ela ficasse feliz.

–Bem, até outro dia! – despediu ele afastando-se.

Lucy sentiu seu coração agitar tristemente ao vê-lo partir, ela avançou um passo, querendo dizer logo aquilo que estava em seu coração e então num impulso ela gritou:

–NATSU!!

O garoto virou-se surpreendido.

Ela ficou sem saber o que falar por alguns segundos, então deixou que seus lábios pronunciasse o que veio em sua mente.

–A-Arigatou!

Ele surpreendendo-a esboçou um sorriso ainda mais radiante que o anterior, transformando aquela estação fria, numa quente e calorosa, como aquele sorriso que ele lhe direcionada.

Ele acenou para ela e voltou a andar em direção ao amigo. Lucy os olhou se afastar, viu o amigo dele lhe olhar brevemente e depois ambos sumirem na multidão daquela noite mágica. Ela sorriu e voltou a olhar a grande árvore.

–Não precisa de pressa, pois posso me declarar mais tarde.

Feliz ela afastou da árvore juntando-se a multidão daquela noite quente de natal...