My Present Is You escrita por Bakanda


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Yo minna-san *---*
Primeiro: PARABÉNS ALLEN-CHAN SEU LINDO *¬*
Segundo: FELIZ NATAL a todas vcs leitoras divas q gosto tanto *-*
Venho aqui trazer essa linda one shot em comemoração ao niver do nosso querido Allen-chan e um presente de natal para vcs suas lindas ♥
Espero que gostem e q vomitem arco-íris assim como eu ao escrevê-la xD
Tenham um boa leitura e nos vemos nas notas finais :D
PS.: fic não betada e eu não revisei, então qualquer erro me avise :D



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Ah, o natal! Como eu adoro esta data tão especial. Não só pelo fato de ser meu aniversário, mas porque nesta data todas as famílias se reúnem na confraternização mais esperada do ano para se divertirem e trocarem presentes. Faltavam apenas dois dias para o natal. E estou mais feliz ainda por estar de férias do meu primeiro ano na faculdade, pois depois de longos meses poderei ver meu pai novamente. Estudar em Londres sempre foi meu objetivo, mas nunca pensei que ficar tanto tempo assim longe de Mana pudesse tão doloroso. Mesmo nos falando praticamente todos os dias por telefone e pela internet, nunca foi a mesma coisa. Sentia saudades de abraçá-lo e sentir suas mãos bagunçando meus cabelos num afago caloroso.

Desde que me mudei para Londres no começo desse ano, para realizar meu sonho de estudar medicina, não pude ver Mana ainda por causa da rotina pesada de estudos e horas complementares que precisava obter durante esse período.

Estava ansioso para revê-lo e podermos colocar a conversa em dia. Tínhamos muito que contar um para o outro e principalmente apresentá-lo a uma pessoa muito especial que conheci neste tempo.

Logo estaríamos aterrissando no aeroporto John Lennon em Liverpool. Kanda também parecia ansioso por isso, afinal, não imaginava que meu pai poderia ser tão liberal ao ponto de aceitar nosso relacionamento, mesmo eu falando que Mana reagiria muito bem a isso. Por ser de uma conservadora família japonesa Kanda achava que certos costumes não mudavam muito em relação a essa situação. Já havia conversado bastante com Mana sobre isso e, como sempre, foi muito compreensível com a minha escolha. Não posso dizer o mesmo dos pais do meu moreno, que com muito custo “aceitaram” sua decisão.

Suspirei pesadamente ao lembrar a confusão que foi quando ele contou sobre mim aos seus pais. Olhei para seus dedos que tamborilavam impacientemente no braço do assento e levei minha mão direita, apertando levemente sua mão por um instante. Seus dedos se entrelaçaram nos meus apertando-os em pleno sinal de nervosismo. Meu pai estaria nos esperando no aeroporto e isso só o deixava mais preocupado ainda com a reação dele. Não posso culpá-lo por isso, pois a experiência que teve com seus pais não foi lá as melhores. Mas independente deles aceitarem ou não o mais importante é que estamos felizes e isso não vai interferir em nada em nossa relação.

Dei-lhe um beijo carinhoso no rosto e encostei a cabeça em seu ombro esquerdo acariciando sua mão, enquanto ele fazia um cafuné em meus cabelos. Sorri bobamente com esse gesto, lembrando da primeira vez que o vi e pensando em como o mundo dá voltas, pois nunca em toda a minha vida sequer sonhei em namorar com um cara como ele. Afinal, nosso primeiro contato não foi lá muito agradável.

–Flashback on-

Era a minha segunda semana na universidade e tudo era novidade. Minha turma parecia ser bem legal e conheci uma garota linda e inteligente que desde o primeiro dia me encantou. Lenalee Lee. Uma bela chinesa de longos cabelos escuros e um corpo perfeito. Ela parecia bem popular com a ala masculina tanto da nossa turma quanto de boa parte do campus, mas ela infelizmente namora um rapaz do segundo ano de Engenharia Química, Lavi Bookman. Uma lástima isso, mas devo admitir que ele é um cara bem legal e que assim que nos conhecemos logo nos tornamos amigos. Com essa proximidade, pude conhecer vários veteranos e algumas garotas interessantes. Certo dia, Lavi e eu estávamos na lanchonete do campus conversando até que meus olhos focaram certo moreno de longos cabelos escuros e traços orientais lembrando muito um samurai. Meus olhos automaticamente percorreram por todo seu físico admirado em como um homem poderia ser tão atraente. O ruivo, que não pode deixar de perceber o motivo do meu breve “transe” cutucou meu ombro.

–Vejo que o Yu atraiu bastante a sua atenção hein? – disse com um sorriso sacana.

–D-Do que você está falando?! N-Não é nada disso! – gaguejei envergonhado, sentido meu rosto queimar.

–Ora como não? Seu rosto ficou até vermelho Allen! – se aproximou passando o braço direito por cima de meu ombro – Yu realmente é um gato! Se ele me desse uma única chance eu ficaria com ele com toda certeza.

–Ficou louco?! – olhei para ele incrédulo com aquilo que acabei de ouvir – Você namora a garota mais popular do campus e fica dizendo uma coisa absurda dessa?!

–Bem, digamos que eu gosto de experimentar “sensações” diferentes. – o ruivo me lançou um olhar pervertido fazendo meus olhos se arregalarem e meu queixo cair.

–L-Lavi n-não me diga que você é... – engoli seco com o que conclui – Você é bissexual?!

– Vejo que saca as coisas bem rápido Allen. – ele sorriu de forma descontraída como se fosse a coisa mais normal do mundo – Não vejo nada demais em experimentar coisas diferentes, mas poderia fazer o favor de não contar nada à Lena? Ela é muito orgulhosa e com certeza não iria aceitar isso, não quero que ela termine comigo. Poderia manter isso em segredo?

–Claro. Não tenho por que me intrometer na vida de vocês.

–Obrigado.

–Não precisa agradecer.

Suspirei pesadamente levando o copo de suco de manga à boca. Não acredito que o Lavi tem a coragem de fazer isso a uma garota tão linda e simpática como a Lenalee.

–Ei, Allen!

–Hum?

–Se você quiser eu posso apresentá-lo a ele o que acha? – o ruivo abriu um sorriso largo enquanto se levantava da cadeira ao meu lado – Vai que você tem mais sorte e o Yu te dá uma chance? Afinal, você também é bem pegável.

–O-O QUÊ?! - Quase me engasguei com o suco e mais que depressa me levantei e o puxei pelo braço fazendo-o sentar-se na cadeira novamente – Ficou louco? Não me lembro de ter te pedido isso idiota!

–Ah, Allen qual é? Vai dizer que não achou ele bonito?

–Não é isso que eu quis dizer...

–Viu? Ninguém resiste ao charme do Yu. – sorriu mais ainda ao ver que meu rosto estava corado feito um tomate maduro – Não posso culpá-lo, afinal ele é não é só um pedaço, mas o mau caminho inteiro no qual muitos queria se perder. Já o vi nu algumas vezes e confesso que quase tive hemorragias nasais com isso.

–Pare de me interpretar mal! Você sabe muito bem o que eu quis dizer.

–Ok, ok, mas se quiser é só me falar viu? Ele estuda na minha turma. – se levantou dando uma piscadela pra mim.

–Não sei como eu te aturo ainda.

–Nos vemos mais tarde?

–Sim.

–Então estamos combinados. Passo lá no seu dormitório às 17h30min ok?

–Ok.

–Até mais! – Lavi acenou e se afastou rapidamente até sumir no meio dos outros alunos.

Continuei bebericando meu suco imerso em pensamentos. Mesmo sendo a segunda semana, eu já estava bem atarefado com trabalhos para fazer. Precisava passar na biblioteca e pegar alguns livros para pesquisar. Bebi todo o restante do suco num só gole e me direcionei até a biblioteca.

Chegando ao local, vi que muitos alunos estudavam silenciosamente. A coisa não estava fácil para ninguém. Perguntei a bibliotecária onde poderia encontrar livros sobre a anatomia e assim que obtive a resposta me dirigi as grandes estantes no corredor ao leste. Esta ficava próximo aos livros de química e física no corredor ao lado. Os de anatomia ficavam logo no começo na quarta divisória da prateleira. Eram realmente impressionantemente altas. O topo quase se encostava ao teto. Subi numa escada porque não dava altura para pegar e, ao subir uns quatro degraus me desequilibrei e cai. Ao contrário do que pensei que cairia com tudo no chão e derrubaria vários livros ao meu redor, apenas os que estavam em minha mão caíram porque surpreendentemente alguém me segurou nesse momento. Abri os olhos e levantei o rosto para ver quem seria a boa alma quem me ajudou. E para a minha maior surpresa ainda, era ele. Kanda Yu. O rapaz mais cobiçado do campus. Meu coração simplesmente disparou e o rosto corou nesse exato momento.

–D-Desculpe-me... Eu... Ah... Obrigado... – não sabia o que dizer ou pensar, minha única reação foi desencostar-me dele colocando-me de pé corretamente.

–Tch, pensei que fosse o velho que trabalha aqui. – disse despreocupadamente passando a mão no cabelo ajeitando uma mecha atrás da orelha. Não pude deixar de notar o gesto tão atrativo que me deixou meio boquiaberto. – Oe, preste mais atenção quando for subir na escada Moyashi, não se deve fazer barulho numa biblioteca sabia?

Mo... O quê? De que merda ele me chamou?!

–Meu nome é Allen Walker, muito prazer em conhecê-lo senhor “gosto de colocar apelidos estranhos em quem mal conhece”. E não sou nenhum velho como pode ver. – Ora, que cara irritante!

–Mas parece um com esse cabelo branco.

–Ah, desculpe por ter nascido albino senhor “rabo-de-cavalo”. – ironizei bem o deixando visivelmente irritado.

–Do que você me chamou? – aumentou um pouco o tom de voz cerrando os punhos.

–Não se deve fazer barulho numa biblioteca esqueceu? – zombei imitando sua voz ao repetir o que ele falou anteriormente.

–Tch, vai se foder Moyashi irritante.

–Não muito obrigado. Prefiro deixar isso para o senhor que deve estar mais acostumado com tal ato.

–Ora seu... – de repente ele me pegou colarinho da camisa e levantou-me – Vou lhe mostrar quem é mais acostumado aqui...

–Hmm... Yu você tá dando uns pega nele é? – Lavi surgiu a nossa frente com aquela cara pervertida que só ele tem.

–Que merda é essa que você está dizendo Usagi maldito? – ele me soltou afastando-se um pouco e só então percebi que estávamos perto demais.

–Você é bem rápido hein Allen? Mal chegou e já tá pegando o cara mais desejado do campus. – meu rosto corou na hora e ele sorriu mais ainda.

–N-Não é nada disso! – bufei – E pare de ficar falando essas coisas pervertidas seu idiota! – peguei os livros rapidamente e corri dali antes que meu amigo me colocasse em uma situação mais constrangedora ainda. Passei no guichê e assim que os livros foram liberados, me dirigi ao meu dormitório, pois havia muito trabalho a fazer.

“Quem ele pensa que é para me chamar daquele nome esquisito?”

Parei em frente à porta do meu quarto, girando a maçaneta rapidamente, adentrando e fechando a porta em seguida.

“O que significa Moyashi afinal?”

Rumei para a escrivaninha perto da janela e abri o meu notebook sobre ela ligando-o. Assim que apareceu a tela de pesquisa do Google, digitei “Moyashi significado” e quase tive um surto de raiva quando vi os seguintes dizeres: “Moyashi significa broto de feijão. Esse termo também é usado pelos japoneses para dizer que uma pessoa é tão fraca quanto um broto de feijão”.

–AQUELE FILHO DA MÃE ACHA QUE SOU TÃO FRACO E PEQUENO QUANTO UM BROTO DE FEIJÃO?!

Levantei da cadeira e peguei os livros em cima da cama.

–Aquele maldito me paga!

Por volta das 17h36min, Lavi bateu à porta do dormitório. Eu já estava arrumado e pronto para sair. Ele havia me convidado a uma festa das quatro turmas de Engenharia. Para um calouro como eu seria bem difícil entrar em um evento assim já que além da maioria ser veteranos, se tratava de outro curso. Mas graças ao Lavi eu pude ser privilegiado com um convite.

Estranhei um pouco Lavi não ter convidado a Lenalee, mas nem dei muita importância depois que descobri seus gostos estranhos.

O local da festa estava bem decorado e o pessoal bem animado. Havia bastante bebida e comida e eu como o bom degustador que sou já me encaminhei para a mesa a fim de provar tudo que ofereciam ali. Lavi me acompanhou, mas se dirigiu à mesa ao lado pegando uma bebida. Enquanto ele conversava com um colega de turma, eu comia e observava o movimento, até meus olhos focarem certo moreno entrando pela porta principal. Meu coração disparou no mesmo instante. Ele estava muito atraente com sua calça jeans básica, camisa preta e o cabelo preso no habitual rabo de cavalo.

Droga!

Porque não me atentei a isso antes?

Xinguei a mim mesmo mentalmente por ter esquecido esse pequeno detalhe: o bastardo era da mesma turma que Lavi.

E agora?

Tenho que sair daqui logo.

Cheguei perto do Lavi e cutuquei seu ombro.

–Hã? O que foi Allen?

–Preciso ir embora agora.

–Mas já? Por quê? O que houve? Não está gostando da festa? – o ruivo pareceu preocupado por um instante, mas assim que avistou o Kanda logo a frente abriu um largo sorriso. – Ah, sim entendi. Espere um pouco aqui sim? – ele se dirigiu em direção ao moreno.

–O-O que vai fazer idiota? – meu rosto devia estar como um tomate maduro de tão vermelho. Tentei impedi-lo, mas uma garota que estava altamente alcoolizada esbarrou em mim e eu acabei derrubando a bebida na camisa de Kanda.

Droga!

–O que você pensa estar fazendo Moyashi estúpido? – ele me encarou completamente irritado – Minha camisa nova. Você estragou minha camisa nova seu maldito!

–Me desculpe. – foi a única coisa que consegui dizer de tão nervoso que estava.

–Desculpas não vão me dar uma camisa nova idiota!

–O único idiota aqui é você!

–Ei, ei, não vão começar a discutir aqui né? – Lavi entrou no meio.

–Tch, essa festa já estava uma droga mesmo. – Kanda virou-se e saiu.

–Nossa como ele é mal humorado!

–Mesmo com esse humor do cão ele ainda continua muito lindo não acha?

–Nossa como você é pervertido! – bufei – Acho que vou embora também.

–Por quê?

–Estou com dor de cabeça.

–Quer que eu te acompanhe? – deu um sorriso sacana e passou a mão na minha cintura – Posso dormir com você pra que não fique sozinho se quiser.

–Pare com isso seu tarado! – retirei sua mão e caminhei pisando forte até a saída.

–Foi só uma brincadeira Allen. Hehehehe.

–Não sei como eu te aturo ainda.

Sai do local, colocando a mão no bolso e caminhei pela calçada.

Droga! Aquele maldito estressadinho acabou com minha noite.

XXX

E assim foram se passando os dias. Sempre que Kanda e eu nos esbarrávamos era discussão na certa. Trocávamos alguns insultos e palavrões um com o outro, mas isso até que era divertido. Quando não o via, sentia falta das nossas discussões infantis. Mesmo não querendo admitir, as brigas me deixavam feliz, pois eu me sentia menos vazio e ajudava a diminuir a falta que Mana fazia. Era como se me completasse de alguma forma. Sabia que algo havia mudado em mim desde que nos conhecemos, mas eu não podia simplesmente me deixar levar por um sentimento que nem ao menos tinha qualquer possibilidade de ser correspondido. Afinal, se tratava do Kanda o cara mais grosso e estúpido que conheço. Mas que não deixava de ser incrivelmente atraente a qualquer mortal que se preze.

O feriado de primavera estava se aproximando e fazia uma semana que não o via. Os testes e trabalhos estavam quase me enlouquecendo e eu ainda tinha uma apresentação de piano nesta sexta-feira. Ainda bem que era na sexta e o feriado me concederia um pouco de descanso, apesar de ter que estudar.

XXX

Na sexta-feira à noite, Lavi e Lenalee me acompanharam ao local da apresentação. Era num bar de classe média alta, onde eu tocaria piano junto com uma banda de Jazz da faculdade. Lavi me apresentou a eles quando soube que eu tocava piano. Eu realmente amo música e amo tocar piano, principalmente o Jazz. Estava um pouco nervoso, pois seria minha primeira apresentação com o grupo. Mas assim que subi ao palco e comecei a tocar e a música preencheu todo o ambiente todo meu nervosismo se foi à medida que as notas foram se intensificando. Se não fosse o tão sonhado curso de medicina, com certeza me tornaria um músico assim como Mana e meu tio Nea.

Depois de tocarmos um repertório de cinco músicas, tivemos uma pausa de vinte minutos para depois retornarmos com energia total.

Lavi e Lenalee estavam numa mesa próxima do pequeno palco. Caminhei até lá e me sentei junto a eles à mesa.

–Nossa Allen, bem que o Lavi falou que você toca muito bem. Estou impressionada! – a chinesa pegou em minha mão cumprimentando-me.

–Obrigado. Ah, é só uma paixão que tenho desde criança. - agradeci um tanto envergonhado.

–Nunca pensou em ser músico?

–Ah, eu amo música, mas medicina sempre foi a carreira que quis seguir desde a morte de minha mãe.

–Sinto muito. – ela expressou seus mais sinceros sentimentos, mas eu não queria estender a conversa.

–Isso já aconteceu há bastante tempo. O que importa é o agora certo? – sorri forçadamente e Lavi logo percebeu que aquele assunto estava me deixando desconcertado.

–Quer beber alguma coisa Allen? – o ruivo se pronunciou antes que ela me perguntasse alguma coisa, cortando aquele clima chato que se formara ali.

–Ah, sim claro. Vou querer uma água com gás. Não quero me apresentar embriagado.

Passados os vinte minutos, levantei-me e me dirigi ao camarim para logo mais subir no palco, mas antes de adentrar o corredor que dá acesso ao camarim, senti uma mão forte segurando meu pulso e me fazendo virar de frente para o ser. Qual foi a minha surpresa quando me deparei com aqueles olhos escuros dos quais eu senti tanta falta nesses últimos dias me encarando profundamente. Meu coração acelerou feito louco, me fazendo engolir seco.

–Oe, não imaginava que você sabia tocar tão bem. – essa foi a coisa mais educada que ele me falou até agora, tanto que minha boca se abriu um pouco de espanto – Eu gosto de Jazz e sempre que posso venho aqui para espairecer a mente. A música me acalma de alguma forma.

Oi? Era o mesmo Kanda que conheço?

–Er... Bem... Obrigado... Eu acho... – fiquei sem reação alguma com isso tudo. Será que é o verdadeiro Kanda? Não seria uma alucinação ou um irmão gêmeo quem sabe? – Eu também gosto muito de Jazz e amo a música.

E pela primeira vez desde que o conheci, ele sorriu de forma amigável. Não era aquele sorriso largo igual ao do Lavi, mas é o sorriso mais bonito que já vi na minha vida.

–Já está na hora de você ir se apresentar né? Depois conversamos mais. – ele soltou meu pulso e só então percebi que ainda me segurava. Aliás, acabei de me lembrar como se respira também. – Até mais.

– Até mais.

XXX

Depois da apresentação, encontrei Kanda junto a Lavi e Lenalee. Novamente meu coração parecia que ia sair pela boca de tão acelerado.

–Podemos ir Allen? – Lavi perguntou com um sorriso sacana ao ver o meu rosto ruborizado.

–Sim.

Caminhávamos despreocupadamente até nossos dormitórios. Kanda manteve-se quieto durante quase todo trajeto, enquanto Lenalee, Lavi e eu conversávamos sobre música. O moreno dividia o quarto com Lavi, por isso estava nos acompanhando. Lavi ia dormir com Lenalee essa noite, então não daria para ele me acompanhar até lá. Como meu dormitório ficava no caminho ao deles, iria seguir o restante percurso sozinho. Até que me toquei que Kanda também faria o mesmo percurso.

–Bem, é aqui que nos separamos. Boa noite Yu! Boa noite Allen! Até amanhã.

–Boa noite meninos.

–Boa noite para vocês também.

O casalzinho se despediu e seguiram na direção dos dormitórios femininos. Nem quero imaginar como o ruivo conseguiu permissão para entrar lá.

Kanda e eu continuamos o percurso sem trocar uma só palavra. Aquele silêncio era perturbador. Ainda bem que meu dormitório não estava muito longe dali.

Paramos em frente à porta do meu quarto e nos encaramos por alguns minutos, até eu tomar coragem de falar alguma coisa antes que a situação fique mais constrangedora ainda.

–Bem... Éh... Então boa noite Kanda. – Peguei a chave no bolso direito da calça e a coloquei na fechadura, girando-a e abrindo a porta.

Esperei alguns segundos para ver se ele ao menos me responderia com um “boa noite”, mas nada. Manteve-se naquele silêncio perturbador. Suspirei pesadamente em desistência e comecei a adentrar no quarto, mas uma mão pegou firme em meu pulso e eu me arrepiei por completo com esse gesto.

O que ele quer hein?

Virei para encará-lo e seus olhos negros me fitavam de forma tão intensa que senti meu rosto corar na hora.

–Er... O que voc... – ele me interrompeu colocando seu dedo indicador sobre meus lábios num pedido de silêncio.

Meus olhos se arregalaram e meu coração nesse momento estava quase tendo um enfarto de tão descontrolado. Seu dedo contornou o desenho dos meus lábios numa carícia tão envolvente que automaticamente comecei a fechar meus olhos devagar. Seu hálito quente com um aroma levemente doce ia de encontro ao meu rosto inebriando meus pensamentos, acabando com minha capacidade de raciocínio.

Suas mãos agora acariciavam meu rosto, seguindo o percurso até minha nunca, para logo em seguida agarrar firmemente o meu cabelo, trazendo seu corpo para perto do meu. Só então percebi que estava imprensado contra a parede sem qualquer possibilidade de fugir daquilo. Eu não queria mesmo fugir. Apesar de aquilo parecer uma grande loucura, definitivamente eu não queria fugir. Não conseguiria fugir.

Seu corpo pressionava o meu, não deixando nenhuma rota de fuga, enquanto seu rosto se aproximava do meu e suas mãos puxavam levemente meu cabelo. Fechei os olhos permitindo que a pouca sanidade que ainda me restava ir embora de vez. Mas diferente do que eu pensei, ele aproximou seu rosto do meu pescoço encostando o nariz na pele, aspirando o perfume naquela região. Um arrepio percorreu todo o meu corpo, enquanto ele roçava a ponta do nariz carinhosamente contra minha pele. Parecia se deliciar com meu cheiro.

No que ele estava pensando?

A única coisa que sei é que aquilo estava me excitando. E muito.

Deixei um gemido baixo escapar quando ele começou a distribuir beijos por toda aquela região, arranhando levemente minha nuca. Depois passou sua língua, para logo depois morder e sugar com avidez. Dessa vez um gemido mais alto deixou minha garganta e eu fui obrigado a levar minha mão esquerda à boca para abafar os gemidos. O toque dos seus lábios na minha pele estava me deixando louco. Depois de alguns instantes assim, sua mão retirou a minha que estava sobre meus lábios e logo em seguida ele sussurrou com a voz embargada, a boca colada em meu ouvido:

–Quero ouvir seus gemidos. – sugou o lóbulo com vontade me fazendo arfar – São como música aos meus ouvidos.

Se ele continuar assim vou acabar acordando o dormitório inteiro.

–K-Kanda eu... – ele foi percorrendo meu maxilar com a língua até chegar a meus lábios tomando-os para si, esmagando-os contra os seus.

Passou sua língua ansiosa tomada de desejo por meus lábios pedindo passagem ao que foi concedida prontamente. Minhas mãos foram ao seu cabelo macio retirando o prendedor e soltando-os, para a seguir meus dedos se enroscarem neles arranhando levemente sua nuca. Ouvi um gemido abafado contra meus lábios, fazendo nossos corpos colarem ainda mais um contra o outro. O beijo começou meio atrapalhado, já que era o meu primeiro. Sim, esse era meu primeiro beijo e jamais imaginei que seria dessa forma. Kanda por ser mais experiente conduziu o ritmo até eu conseguir acompanhar seus movimentos. Nossas línguas dançavam numa sincronia perfeita em nossas bocas explorando cada pedaço, apreciando nossos gostos que se misturavam. Suas mãos desceram até minha cintura apertando-a com força, para depois descer até meu traseiro. Meu corpo arqueou involuntariamente com o gesto fazendo nossas excitações se roçarem. Tanto ele quanto eu estávamos excitados e... Indo um pouco longe demais...

Empurrei seu corpo mesmo a contragosto. Minha respiração estava descompassa e meu rosto certamente deveria estar corado. Kanda me encarou com o rosto levemente corado também, mas parecia entender claramente o porquê da minha atitude. Sua respiração também estava irregular. Nos encaramos por alguns minutos até que ele se pronunciou:

–Desculpe por ser tão apressado, mas você estava me deixando louco...

Agora sim meu rosto deveria parecer um pimentão de tão vermelho.

Respirei bem fundo, juntado toda coragem dentro de mim para perguntar.

–O que exatamente você quer de mim? – arqueei uma sobrancelha me recostando na parede – Até onde eu sei você sempre me odiou e agora vem me agarrando assim do nada. O que está planejando? Isso só pode ser uma pegadinha. – virei para o lado – EI, JÁ PODEM SAIR DE ONDE ESTÃO ESCONDID- de repente uma de suas mãos calou minha boca, enquanto a outra imobilizava meu braço direito atrás das costas.

–Oe, não grite assim idiota! Quer acordar o campus inteiro é?

–Mmm... Hmm... – me debati tentando me soltar, mas ele é bem forte.

–Se prometer não ficar gritando feito louco eu te solto.

Acenei positivamente com a cabeça e ele me soltou.

–Então poderia ao menos explicar por que me agarrou assim tão de repente?

–Porque eu estava com vontade? – ele me devolveu a pergunta com outra um tanto... Óbvia?

Respirei fundo para não xingá-lo e virei de costas começando a caminhar para o quarto.

–Ok, desisto. Até mais. – ia adentrar o quarto quando ele segurou meu braço esquerdo.

–Oe, espera. Eu posso explicar. Espera.

Parei sem me virar para encará-lo. O que quer que tenha a me dizer, não queria que visse meu rosto de despontamento. Nada me faz crer que ele diria alguma coisa diferente de um insulto. E mesmo com um nó na garganta, decidi ouvir o que tinha a dizer. Porque até mesmo nossas desavenças fazia meu coração se alegrar, mesmo que seja por um breve instante.

–Bem... Allen... - meu coração bateu mais forte ao ouvi-lo dizer meu nome pela primeira vez – É que... Eu... Eu nunca disse que te odiava...

Arregalei os olhos com aquilo que acabei de ouvir. Estaria ficando louco ou coisa assim?

–E...?

–A verdade é que eu também acabei me sentindo atraído por você de alguma forma. – ele deu uma longa pausa e meu coração quase saiu pela boca ao ouvir isso – No meu país isso não é muito bem visto e meus pais são extremamente conservadores... – ouvi ele soltar um suspiro pesado – Mas eu não quero mais ir contra o que estou sentindo e... – me virei para encará-lo ainda incrédulo e ele por um instante desviou o olhar. Estava um pouco corado assim como eu. Uma cena extraordinária de ser ver. – Eu não sou muito bom com as palavras, mas eu queria tentar...

Ficamos nos encarando por alguns minutos que pareciam séculos. Sorri bobamente vendo que ele não levava mesmo jeito com as palavras e me aproximei o abraçando logo em seguida. Ele ficou estático por alguns instantes, mas logo cedeu e retribuiu o abraço de forma terna depositando um beijo em minha testa. Ficamos assim por um bom tempo até que o encarei ainda abraçado a ele e perguntei:

–Então isso quer dizer que estamos namorando?

Ele ficou quase roxo com minha pergunta e seus músculos se enrijeceram deixando-o imóvel. Sorri mais ainda com sua expressão achando lindo seu rosto corado. Ele é absurdamente lindo.

–Se assim você quiser...

–É claro que quero seu idiota!

–Porra até nesse momento você vai ficar me xingando?

–Você é um BaKanda. – apertei mais o abraço em volta de seu pescoço – Meu BaKanda.

Ele apertou ainda mais o abraço, mantendo um espaço nulo entre nossos corpos. E assim ficamos durante horas trocando beijos e carícias.

–Flashback off-

Finalmente chegamos ao aeroporto. Assim que adentramos o saguão pude avistar Mana nos esperando sentado perto de uma cafeteria. Meu sorriso se abriu de canto a canto e logo que ele me viu, abriu aquele sorriso que amo tanto. Caminhamos apressadamente em direção a ele e quando nos aproximamos simplesmente me atirei em seu pescoço envolvendo-o num abraço repleto de saudade e algumas lágrimas que teimavam cair de meu rosto. Mana me abraçou forte fazendo aquele cafuné em meus cabelos. Como eu o amava. Depois da morte de minha mãe, nós ficamos ainda mais conectados um ao outro.

Depois do demorado abraço, apresentei Kanda a ele, que o recebeu calorosamente com um abraço deixando o moreno completamente corado e sem ação. Nem eu esperava que Mana fosse recebê-lo tão bem assim.

–Se você faz meu filho feliz, então será como um filho para mim também. – Mana sorria ternamente enquanto Kanda aos poucos foi se desarmando e cedendo a calorosa recepção com um sorriso tímido.

Ninguém resistia ao sorriso de Mana. Era tão acolhedor que era capaz de derreter até mesmo o coração mais frio.


Após as apresentações fomos para casa. Depois de nos acomodarmos no meu quarto, tomarmos banho e estarmos devidamente alimentados conversamos por horas matando a saudade e colocando os assuntos em dia.


Finalmente a véspera de natal havia chegado. A neve caia sem cessar deixando as ruas tomadas por um branco extraordinário. Estava tão feliz por estar em casa novamente, sentindo o cheiro delicioso da comida preparada por minha madrasta e Mana. Sim, depois de alguns anos, meu pai finalmente saiu do luto e encontrou uma esposa maravilhosa. Margareth é uma mulher incrível e trouxe Mana de volta à vida depois de tanto sofrimento.

Kanda já se sentia bem à vontade depois desses dois dias. Depois de ver a aceitação que teve aqui, pode até mesmo se soltar um pouco mais, coisa que ele raramente fazia a não ser quando estávamos sozinhos.

Eram por volta das 21h30min e todos os convidados já haviam chegado. Tio Nea estava elegante como sempre ao lado de sua bela esposa Elena. Reever, um grande amigo da família, e sua esposa Scheron também marcaram presença. Arystar e Miranda nossos vizinhos de tanto tempo também estavam conosco para comemorar. Bak, outro amigo de longa data também estava presente com sua namorada Fou. Até meu cachorro Tim, um labrador de pelos amarelados participaria da festa.

Após apreciarmos o delicioso banquete, fomos para a sala de visitas onde trocaríamos os presentes e conversaríamos mais. Eram por volta das 23h55min quando Bak se prontificou a ser o primeiro a começar a brincadeira.

–Eu gostaria de começar e se possível fazer um anúncio. - Kanda se levantou do meu lado colocando a mão sobre o ombro de Bak pedindo permissão para começar.

–Ok, por mim tudo bem. - Bak sorriu gentilmente se sentando novamente em seu lugar ao lado de Fou.

O que ele está tramando hein?

–Ok, como todos sabem Allen e eu estamos juntos e... – ele olhou para Mana meneando um pouco a cabeça em sinal de aprovação. Mana prontamente se levantou e seguiu para a cozinha.

Isso está cheirando a armação e das boas.

Mana voltou da cozinha rapidamente para não perder nenhuma palavra de Kanda.

Kanda olhou em seu relógio de pulso e eu automaticamente olhei para o meu. Era exatamente meia noite.

–Primeiro feliz aniversário Allen. – enfiou a mão no bolso esquerdo retirando uma pequena caixinha e olhou para Mana. Definitivamente eu não estava entendendo nada – Segundo, eu gostaria de saber Mana Walker se tenho sua permissão.

–Claro que sim filho, você sabe que a tem. – Meu pai sorriu gentilmente para meu namorado e ele também sorriu para Mana em sinal de cumplicidade.

–Allen Walker gostaria de saber se após terminarmos a universidade, você aceitaria casar comigo?

Não. Acredito.

Meu queixo caiu deixando minha boca em forma de “O” com o que acabei de ouvir.

O rosto começou a ficar totalmente corado. Acho que até meus cabelos deveriam estar vermelhos de tanta vergonha. Não acredito que Kanda teve a coragem de fazer isso na frente de tantos expectadores.

–E então Allen? Aceita? – abriu a caixinha expondo uma linda aliança de ouro branco.

Suspirei profundamente revirando os olhos e me levantando.

–É claro que sim né seu idiota!

–Ora Moyashi imbecil então porque demorou tanto pra responder? – pude ver aquela veia familiar saltando em sua testa.

–Por que eu te amo BaKanda. Meu Bakanda. – abracei seu pescoço e dei-lhe um selinho na boca.

De repente as luzes da sala se apagaram.

–Happy birthday to you... Happy birthday to you… Happy birthday Allen… ♫

Todos cantaram uníssonos batendo palmas enquanto Margareth trazia um pequeno bolo de aniversário com velinhas coloridas acesas.

–Ah não precisava disso. – falei ao desfazer o abraço em meu moreno soprando as velinhas.

–Você merece toda felicidade do mundo meu filho. – Mana foi o primeiro a me abraçar parabenizando-me.

–Obrigado pai. Eu te amo.

–Eu te amo muito meu filho.

Depois das felicitações e com meu anel de noivado no seu devido lugar – em meu dedo anelar direito – todos aos poucos foram se despedindo para suas casas.

Esse natal realmente foi maravilhoso. Além dos diversos presentes, estou com as pessoas que mais amo e estimo nessa vida: Mana e Yu.

Estávamos na sacada da janela do meu quarto, que fica no segundo andar, observando a neve branquinha caindo incessantemente. Um floco pequenino caiu bem na ponta do meu nariz e meu moreno o retirou carinhosamente dando um leve aperto.

–Yu, esse foi o melhor natal e aniversário de todos. Sabe por quê?

–Seria por causa desse presente? – pegou minha mão apontando para o anel.

–Também, mas o maior e melhor presente que já ganhei em toda minha vida está bem aqui. E eu estou olhando para ele nesse exato momento. – levei minha outra mão até seu rosto acariciando-o, trazendo-o para mais perto selando seus lábios nos meus.

Trocamos beijos quentes acompanhados de alguns chupões e mordidas, bem convenientes para uma noite fria e com neve. Nossas línguas brincavam em nossas bocas num ritmo alucinante. Meu Yu fazia com que o resquício de sanidade que ainda havia em mim desaparecesse por completo. Meus dedos arranhavam sua nuca, enquanto suas mãos apertavam com vigor minha cintura. Nossas respirações se misturavam descompassadas e os corações batiam feitos loucos. Logo o ar se fez necessário e paramos os beijos, sem desunir totalmente nossos lábios. Dei um sorriso bobo enquanto brincava com uma mecha de seu cabelo macio.

–O que foi? Qual o motivo da graça? – perguntou me encarando com uma expressão confusa.

–Eu te amo. - ri mais ainda quando ele arqueou uma sobrancelha com cara de quem não entendeu. – Estou sorrindo porque te amo meu BaKanda.

Ele bagunçou meu cabelo com um cafuné e depois depositou um beijo no topo da minha cabeça, abraçando-me protetoramente, encostando o rosto em meu ombro.

–Eu te amo muito meu Moyashi.

–É Allen seu imbecil! – fingi estar irritado.

–Eu sei idiota, é só um apelido carinhoso para um pequeno e irritante garoto como você. – respondeu dando um leve peteleco na minha testa.

–Pequeno e irritante que você tanto gosta.

–Sim, você é meu Moyashi.

Sim, eu sou...

Para sempre.



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Notas finais do capítulo

Quem aqui vomitou arco-íris? |o|
Queria me desculpar por estar demorando tanto para atualizar a fic e espero realmente q não tenham se esquecido de mim D:
Minha imaginação anda meio fraca e assim fica bem difícil escrever, mas vai sair sim. Tem q sair alguma coisa xD
Optei por não colocar lemon pra não estragar o clima mágico do natal e queria q ficasse algo mais moe entendem? Espero sinceramente q tenham gostado, assim como eu adorei criar essa fic. Tudo isso é para o divertimento de vcs e meu também, então não deixem de comentar por favor :D
Mais uma vez feliz natal e um Ano novo cheio de novos sonhos e expectativas :D
"Os sonhos das pessoas só acabam quando elas morrem" (inventado for me qualquer semelhança é mera coincidência -q)
kissu :3