Incertezas Mutantes escrita por Sephyra Lune


Capítulo 15
A viagem - P. 1 - Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Comentem, por favor! :) É o que mais me motiva a escrever. Esse capítulo é dedicado, como sempre, pros amores que me favoritaram, comentaram e também para aqueles que só passaram os olhos pelo meu trabalho.

Obrigada! :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/309464/chapter/15

- Você deveria descansar e me deixar dirigir...

- Vamos chegar em breve e teremos algum tempo para descansar.

- Adoraria trocar de roupa. Ficaria muito mais confortável no meu uniforme... –Jully suspirou. Gambit havia dirigido por seis horas durante a noite e ela havia passado a viagem inteira tentando acomodar-se ao banco do carro para dormir com um vestido volumoso. O corpete bordado de seu vestido era lindo, mas justo e era desconfortável para aquele tipo de situação. - Você pegou minha mala?

- Está no porta-malas. Assim que pararmos você se troca.

- Hum... Você tinha me falado que a viagem seria longa... Se vamos chegar em breve vai ser mais curta do que imaginei.

- Acredite, será longa. Sábio está sempre se movendo e eu precisei cobrar alguns favores para descobrir onde ele está, chérrie. Muitos vão vê-lo, mas ele não atende a todos.

- Então corremos o risco de fazer tudo isso em vão?

- Já lhe expliquei que havia risco que nada acontecesse.

- Hum... Isso me conforta tanto.

O automóvel permaneceu preenchido apenas pelo som de um rock calmo que tocava em uma estação local por outra hora, até Gambit encontrar um hotel de beira de estrada, onde parou o carro, fazendo o rádio silenciar-se. Jully olhou desconfortável para as paredes externas pintadas em amarelo já desgastado cujos defeitos maiores haviam sido cobertos com argamassa que se destacava sem pintura. O sol da manhã parecia ressaltar que aquele lugar não deveria possuir as melhores acomodações da cidade.

 Enquanto Jully pegava sua bagagem, Gambit aproximou-se da porta de número 8 e esperou por um momento. Constatando que não havia som ou movimento dentro do quarto, energizou a fechadura para abrir a porta.

- Pode entrar, não tem ninguém.

- Isso é muito errado. Por que não ir lá pedir a chave? E quero um quarto para mim! – Ela definitivamente não estava confortável com o arrombamento.

- É isso ou ficar na rua.  – Ele sorriu para não parecer mal humorado – Um quarto só é suficiente, vamos logo com isso!

Jully revirou os olhos e entrou. O quarto era tão belo quanto a fachada: o papel de parede estava descascado e os móveis encontrados ali eram apenas uma mesa, duas cadeiras, uma cama de casal e um criado-mudo, todos em madeira amarelo-envelhecido-por-três-décadas. Ela checou o banheiro e agradeceu por ele estar relativamente limpo.

Gambit havia tirado as botas e deitado na cama enquanto ela revirava a mala. Ele havia passado a noite em claro enquanto ela havia tirado pequenos cochilos durante o trajeto. Jully pegou suas roupas e andou até Gambit que apenas ergueu uma sobrancelha.

- Zíper. Preciso de ajuda.

Ela virou de costas para ele que sentou na cama. O zíper de seu vestido ficava no corpete, no meio das costas, tornando-o difícil de abrir. Gambit forçou-o para baixo, e ele desceu apenas dois dedos antes de travar.

- Tem um pedaço desse véu preso no fecho.

- Véu? Isso é uma renda. Tome cuidado, Kitty me mata se algo acontecer com o vestido que ela escolheu. – Ela observou a parede azul descascada à sua frente pensativa enquanto ele lutava contra seu fecho – Deve ser fácil para ela sair desses vestidos.

- Está emperrado, senhorita isso-é-uma-renda.

- Não pode estar! Tente tirar a renda daí! Não vim até aqui para ficar presa em um vestido de baile!

Gambit puxou Jully para mais perto, forçando-a a dar um passo para trás. Ela agora preenchia o espaço entre as pernas dele com o volume dos tecidos que usava. Gambit tentou novamente e desistiu de arrancar o "véu" dali. Ele tocou o pescoço dela com intenção de afastar os longos cabelos castanhos e desceu a mão por suas costas até o zíper, fazendo-a arrepiar-se. Após, afastou o tecido da pele suave dela e energizou o fecho com cuidado para explodi-lo suavemente, liberando,a ssim, o vestido sem machucar Jully, que ficou paralisada por um momento, sem reação, sentindo as mãos do cajun segurarem a sua roupa, agora solta.

- Não teve outro jeito. – Ele tentou se explicar, dando de ombros.

- Não teve porque você adora explodir as coisas! – Ela andou direto para o banheiro e bateu a porta ao entrar.

- É um dos meus principais defeitos, chérrie.

Gambit sorriu triste para a porta fechada antes de se jogar na cama novamente. Bastaram duas piscadas para que o cansaço o abraçasse e o levasse para um passado distante.

“Gambit estava em uma sala mofada com iluminação precária, jogando cartas e bebendo com dois de seus companheiros de clã. Conversavam sobre os demais companheiros, bebidas, roubos e o assunto mais polêmico de todos até então: mulheres.

- Pode não parecer importante ou interessante para você, mas é para nós, Remy. Ganharemos muito mais poder sobre a cidade com essa união. – O maior dos homens puxou o assunto, sem desviar os olhos das mãos do cajun e das cartas que segurava.

- Certo ou errado, não é o que quero fazer!

- Genevieve está morta, homem! É hora de aceitar isso! – O outro rapaz rebateu enquanto descartava um dois de copas. – Você não é uma mulherzinha para ficar choramingando pelos cantos em busca do verdadeiro amor.

- Não estou choramingando pelos cantos. Só não quero me casar com Belladona.

- Ela é uma das melhores da guilda e você também. É impossível dar errado. - Um deles tentava aconselhá-lo.

- Muito pode dar errado e, ainda assim, seremos mais fortes. Como você pode recusar essa proposta, Gambit? - O outro apoiava.

- Não acho que essa é uma carta que vocês encontrarão em meu baralho, rapazes. Meu casamento com ela é uma hipótese que vocês podem descartar.

- Gambit, Gambit. – Uma voz familiar entrou pela porta da sala. Jean-Luc LeBeau, seu pai adotivo, serviu-se de uísque e juntou-se a eles na mesa, sentando-se ao seu lado. – Estou chegando de um encontro.

Os dois homens cumprimentaram Jean-Luc com respeito e se mantiveram em silêncio. Gambit continuou concentrado no jogo, demonstrando sua indiferença pelo assunto.

- Espero que sua noite tenha sido satisfatória. – Gambit rebateu.

- Não esse tipo de encontro, filho. Estávamos tratando justamente destes detalhes da união de clãs. É uma ótima chance para acabar com essa guerra sem sentido entre nós.

- É uma cartada sua, não minha.

- É nossa. Conversei com Julien Boudreaux e estamos em trégua temporária. Pense no número de homens que teremos e ainda mais nos que já perdemos devido a intrigas bobas.

- Se os perdemos é porque eles não eram bons o suficiente. 

- Você não é mais uma criança filho e eu não vou mais te dizer o que fazer. Por mais apegado que seja, às vezes é necessário descartar a rainha de copas antes do previsto para que ela possa ajudá-lo. – Jean-Luc tirou a carta vermelha das mãos de Gambit e a descartou. Ele levantou-se e colocou a mão no ombro de Gambit. – Confio que você fará o seu melhor, como sempre.

Gambit encarou os adversários nervosos e fitou a carta sobre a mesa quando sentiu tudo mover-se ao seu redor e perder o foco.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ah, e desculpem pela demora! Tentarei postar outro capítulo essa semana ainda!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Incertezas Mutantes" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.