Ele E Ela escrita por Letícia Barbosa


Capítulo 6
Ela, Ele, e mais ninguém




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Em uma madrugada, eu não conseguia dormir, só pensando no quanto as coisas estavam bem e poderiam acabar mal. Eu pensei, e acho que pensei demais.

Ao longo dos anos eu tive alguns históricos e prontuários em hospitais psiquiátricos, mas isso era frequente quando eu era criança. Nada nunca tinha me acontecido de tão grave para me deixar no ponto de ter ataques de novo.

Estando deitada na cama, mesmo imóvel, meu coração estava batendo muito rápido, e a minha cabeça latejava, levantei para buscar um remédio, mas as minhas pernas não aguentaram meu peso e eu cai no chão, e bati com a cabeça na quina do criado mudo. Sorte ou azar? Eu não sei, eu somente senti o peso que estava nas minhas penas sumi, e eu corri.

Desci as escadas rápido, abri a porta e dei de cara com a noite e seu sobro de morte frio. Morte.

Comecei a correr, sem destino, nem direção, meu corpo me levava a algum lugar, pois meu cérebro parecia desligado e eu não enxergava direito. Só percebi onde estava indo quando amanheceu. Eu estava no monte Richmond.

Era um lugar tão lindo, pacífico, pleno, me sentei no chão, e simplesmente respirei. Sabe quando se aprecia e se toma consciência de cada parte vívida de seu corpo?

Eu estava lá, mas a minha cabeça estava nele.

Meus medos estavam suspensos no ar, eram espectros, eu podia velos, toca-los, mas nunca manda-los embora.

O tempo e o relógio não me ocorreram em nem um momento, só percebi que tinha ficado o dia inteiro ali quando o sol queimava forte minha pele, e meu estomago sentia fome. Mas eu não iria para casa até decidir, até tomar coragem de acabar com aquilo. Pois eu sabia, que mesmo que eu não mais o amasse, que eu não mais o tocasse, nossa relação não seria a mesma, tudo estava arruinado.

Eu estava na ponta, no precipício, o limite era meu amigo e eu queria ir até ele, apenas um passo, e o vácuo do penhasco iria me engolir e embalar.

Olhos fechados, coragem nas veias e... Eu escutei algo fumegando atrás, de mim, respirando forte, errante, gritando, era ele.

"Não! O que você está fazendo? O que você pensa que está fazendo? Você está louca? Nossa família está desesperada atrás de você !"

Aquela simples voz que há alguns dias sussurrava em meus ouvidos; agora gritada ferozmente; e me fez perder a coragem.

“Eu não posso com isso, não posso ir contra isso, está tudo errado! Você não vê? Minha cabeça, que droga."

Ele foi chegando de mansinho perto de mim, e a cada passo que ele dava para perto de mim, era um paço que eu dava para trás. Até que ele com um movimento tão rápido que nem pude perceber, puxou meu braço, meu corpo, meus medos, e os empurrou todos para o penhasco.

Eu não podia, não conseguiria ficar longe dele. Ele era parte de mim.

“Você está doente, eu te fiz isso, uma nova crise era a ultima coisa que você poderia ter agora, eu amo você, e vou cuidar de você" Ele falava de modo firme e confiante.

“A culpa não é sua, é minha, eu tive medo, mas agora eu sei o que quero" Eu o afastei de perto de mim, e o olhei nos olhos.

Eu já estava farta de drama, todo aquele problema, e loucura, duraram meses, e fez com que minha crise voltasse; estava o meu critério, ou eu optava por ele, ou optava por ficar sem ar, sem luz.

Ele era mais determinado e decidido que eu, encararia tudo por mim. E a partir daquele momento eu tinha mais certeza ainda que faria o mesmo por ele.



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