Uma semana que eu havia visto o Nathan. Minhas esperanças dele vir me procurar iam se esvaindo aos poucos. Eu mal saia do meu quarto, às vezes a Valéria me tirava a forças de dentro do quarto.

-Venha Sarah, você precisa se alimentar – falou Valéria

-Eu já vou Val. Espera só mais um pouquinho. – respondi com a cabeça enterrada no travesseiro

-Você vai acabar ficando doente – ela falou

Daqui a pouco eu desço pra cozinha Val. Eu juro! – falei e o meu celular tocou – Quem será? – perguntei desenterrando minha cabeça d travesseiro e encarando o meu celular em cima do criado mudo

-Você só vai saber se atender. Eu vou para a cozinha e quando terminar de falar no telefone, vá comer ou eu mando o Dexter vir te buscar – ela falou saindo do quarto e eu ri

Fui atender o celular e o número era de quem eu menos esperava o Nathan. Atendi toda animada:

-Alô? – atendi sorridente

-Sarah? – falou uma voz feminina

-Eu mesma, quem fala? – perguntei confusa

-Aqui é a Karen, a mãe do Nathan – ela respondeu com uma voz triste

-Oi, eu me lembro da senhora. Aconteceu alguma coisa? – perguntei estranhando a ligação

-Aconteceu Sarah... Com o Nathan – ela falou e começou a chorar

-O Nathan? O que aconteceu com ele? – perguntei ficando desesperada

-Eu acho melhor contar pessoalmente – ela respondeu

-Ok, qual o seu endereço? – pedi tentando me acalmar

Ela me passou o endereço e assim que desliguei a ligação, desci as escadas correndo à procura de Dexter.

-Dexter! Dexter! – gritei pela sala

-O que aconteceu? Que gritaria é essa? – perguntou minha surgindo do além

-Dexter! Cadê ele? Preciso que ele me leve em um lugar – perguntei apressada andando de um lado para o outro

-Ele não está, pedi pra ele fazer umas coisas pra mim – respondeu a minha mãe

-Valéria! Valéria! Vem aqui, rápido! – gritei

-O que foi? – ela perguntou aparecendo assustada na sala

-Chama um táxi – ordenei

-Mas você não vai comer? – ela perguntou

-Rápido Valéria! Depois eu como alguma coisa na rua – respondi impaciente

-Porque tanta agonia Sarah? – minha mãe perguntou

-Depois eu explico – respondi

Fiquei esperando na sala o táxi chegar e não demorou muito. Fui orando para todos santos eu não fosse nada grave, que fosse apenas uma maluquice do Nathan ou um alarme comum de mãe; Assim que cheguei a Karen me recebeu aos prantos e eu logicamente fiquei nervosa e assustada.

-Calma... O que aconteceu? – perguntei tentando me acalmar e acalmá-la também , colocando-a pra dentro de casa com a ajuda de um garota loira, que parecia muito o Nathan.

-O Nathan meu filho... – ela começou, mas não finalizou

-O que ele fez? Cadê ele? – perguntei

-Ele não fez nada Sarah – ela começou novamente e a menina a interrompeu

Ele sofreu um acidente Sarah – ela falou e apesar de ela não estar chorando, eu notei uma ponta de tristeza na voz dela

-Ele o quê? – perguntei desacreditando

-A semana passada, quando você saiu daqui, eu e ele conversamos sobre você e... – começou a Karen mais calma

-E depois ele decidiu ir procurar por você, acho que ele estava um pouco empolgado demais com a ideia de uma reconciliação entre vocês que... – ela começou

-Que? – perguntei apreensiva

-Ele não prestou atenção por onde andava e acabou sendo atropelado por um caminhão – ela respondeu e baixou a cabeça suspirando triste

-Atropelado? – perguntei e ela assentiu enquanto a Karen chorava em silêncio de cabeça baixa – E como ele está? Onde ele está internado? – perguntei quando caiu a minha ficha, com algumas lágrimas no rosto.

-O Nathan está em coma. Ele está internado num hospital público, não muito longe daqui, ele está com o papai – ela respondeu

-Você pode me levar até lá? Eu quero vê-lo – pedi

-Eu levo você, só voltei pra trazê-la de volta pra casa, ela não está muito bem – ela respondeu se referindo a Karen.

Depois que a Karen foi medicada com um calmante e agora estava dormindo, ela me levou até o hospital onde ele estava, entrei sozinha no quarto dele e eu não suportei segurar as lágrimas dos olhos. O Nathan estava muito machucado, por todo o rosto e braços, era triste vê-lo naquela situação, me aproximei dele e segurei sua mão e sentei ao lado dele na maca.

-O que fizeram com você, meu amor? – perguntei falando sozinha – Fiquei sabendo que você estava indo atrás de mim quando foi atropelado – falei acariciando os cabelos dele – Porque você atrás de mim? Agora eu me sinto culpada, por você estar nessa situação. Você disse pra eu não te procurar mais, levei isso a sério, mas você é um menino muito teimoso, não é Senhor Nathan Williams? – falei o repreendendo como se ele estivesse ouvindo – Sua mãe está sofrendo muito mocinho e o seu pai também, ele tem um jeito durão, mas ele está arrasado com isso tudo. Eu sei que você é forte e sei que vai sair dessa, que vai voltar pra nós, todo mundo sente falta de olhar nos seus olhos verdes. Demora pra voltar não Nathan – falei apertando a mão dele e enxugando uma lágrima do meu olho com a outra mão.

Eu não sei de onde tinha tirado forças naquele dia, mas consegui permanecer ali, conversando com ele como se nada tivesse acontecido.