E, algumas horas de recuperação pós-traumática, comecei a me preparar para o segundo encontro, com o TS, que marcou em um shopping, em uma lanchonete.

Encarei minha bolsa, checando se tinha tudo para me proteger de um possível maníaco que fica viúvo por causa de “acidentes”.

Spray de pimenta no bolso externo, um canivete suíço dentro da bolsa( em caso de extrema necessidade), e a polícia na discagem rápida do telefone. Tudo pronto.

Liguei para a Rachel, coloquei no viva-voz em cima da escrivaninha, e pulei na cama, esperando resposta.

-Alô, aqui é a Rachel- ouvi sua voz saindo pelo telefone.

Comecei a falar.

-Rach, eu...

-E o Conor- uma voz grossa me interrompeu.

Me levantei da cama.

- Não podemos atender no  momento, porque estamos.......- Rachel recomeçou a falar.

-Ocupados.-Conor suspirou, e Rachel riu.

Ai, eca. Pensei comigo mesma.

Me aproximei do telefone.

- Isso, ocupados- ela continuava rindo.- Então, deixe recado após o bipe, obrigada.

Pisquei, tentando não imaginar o que eu acabei de ouvir, esperando as risadas cessarem.

Bip.

-Informação demais, senhorita Dare. Informação demais.- foi o que consegui dizer antes de desligar.

X.x.X

Fui para o shopping um pouco antes do encontro, só para olhar vitrines, e tentar parar de imaginar o que “ocupados” significaria. Mas o pensamento custava em sair da minha cabeça.

Depois de um tempo paquerando uma jaqueta de couro que não podia comprar, resolvi ir para a tal lanchonete, talvez TS  já estaria lá.

E eu rezava que ele não fosse um outro maníaco.

X.x.X

Cheguei a lanchonete, olhando em volta.

De novo, quase todas as mesas estavam ocupadas por casaizinhos adolescentes melosos, e só uma estava apenas com um cara loiro lendo um livro, só que dessa vez, a mesa era no centro da lanchonete.

Me aproximei um pouco, e reconheci o penteado e o rosto redondo do homem.

Parei em frente a mesa, e joguei minha bolsa na cadeira livre.

-Quem te contou?- perguntei, irritada.

Travis levantou a cabeça e sorriu.

- Eu suspeitei quando vi o jornal. E depois a Rachel confirmou tudo.

Vaca. Pensei, me sentando.

- Fofo de sua parte usar o apelido que eu criei pra você quando nós tínhamos 5 anos. – ele piscou.

Eu ri.

-Não seja tão exibido. A Rachel ainda me chama assim. Eu tinha até esquecido que você que começou com isso.- menti descaradamente.

Ele riu e segurou minha mão.

- Ah, tudo bem então.- Ele olhou nos meus olhos. Cara, eu tinha esquecido do quão fofo ele era.- Me desculpe pelo seu avô, Rih. Como está lidando.

-Bom, a ficha ainda não caiu, devo admitir.-disse, olhando nossas mãos.- E a loja, como está? – Mudei de assunto, retribuindo seu olhar.

- Bom, você vendeu a minha cadeira salva-namorado/marido-entediado.- Ele disse, cruzando os braços.

Eu ri um pouquinho.

- Tá bravo? – perguntei.- Conor sempre me disse que se um cliente quer qualquer material da loja, você deve vende-lo.- cruzei os braços também.

Travis riu.

-Você conseguiu mais doze mil dólares para a loja.- ele disse. – Tenho que agradecer.

Meu queixo caiu, mas me recompus em segundos.

Sorri.

- Então, agradecimentos a mim.-disse.-  Agora, voltando ao assunto original. Você trouxe sua ficha de saúde e criminal, mocinho?

Ele me olhou, sem dizer nada por um momento.

-Você....você tá zoando não é?- disse.

Eu sorri.

-Você tá zoando com a minha cara!- ele exclamou, tentando apertar meu joelho.

-Para, Travis, Paraaaa!- disse, rindo, e me sentindo uma criança de novo.  Travis adorava fazer isso, quando tínhamos 8 anos.

Ele parou.

-Que seja, eu estou zoando.-disse.- Mas, porque devo te aceitar?- perguntei, séria dessa vez.

Ele pensou um pouco.

- Porque, seria mais seguro que você fizesse isso com alguém que você já conhecia antes. – ele disse.- E também seria mas fácil de convencer as pessoas. Principalmente Díonisio.

Meu estomago se revirou quando ele disse o nome. Não sabia direito o porque. Só um mal pressentimento.

 Me levantei.

- Bom, agora eu tenho que arrastar Rachel de seu irmão.-disse.- Mas, eu vou pensar no seu caso.- sorri.

Me  virei, e Travis segurou meu pulso.

O encarei.

--O que foi?- perguntei baixinho.

Ele sorriu.

--Pensa com carinho, Rih? Eu conseguiria te proteger mais do que um estranho qualquer.

Sorri também.

-- Vou sim. – disse antes de sair.

Esse encontro me fez pensar. Poderia dar certo. Mas amanhã tinha o último encontro marcado, com o tal LC. Talvez seria bom também.