Quando voltamos para nosso apartamento o jantar já estava na servido e todos estavam à mesa, ninguém havia comido ainda. Brutus estava com uma cara e completa desaprovação.

– Você não deveria sair por ai atirando facas nas pessoas fora da arena garota.

– Cale a boca Brutus.

– Você sabe o quanto isso pode prejudicar você e Cato? Vocês podem perder patrocinadores. A garota pode resolver sair da aliança. - Brutus falava em um tom completamente diferente do esperado, em vez de gritar e esmurrar algo, ele apenas olhava para Clove e falava calmamente, Clove apenas o olhava com cara de tedio.

– Ela não seria tão burra de sair da aliança, ela sabe que ela e uma inútil com aquele arco e esse e único jeito que ela tem para sobreviver pelo menos pelos primeiros dias. Mas se ela sair eu ficaria feliz em poder finalmente acertar uma faca nela - Clove fez uma pausa e ficou encarando o Brutus por alguns momentos, me pareceu que ela esperava que ele falasse algo - Afinal eles só querem um bom show não é verdade? Então e isso que vou dar a eles.

Clove saiu andando para seu quarto, Brutus se levantou e saiu do apartamento, um clima estranho pairava pela sala de jantar, todos que restaram a mesa comeram em silencio. Depois do jantar fui ao quarto da Clove. Quando eu entrei um travesseiro voou e acertou a minha cara.

– Que recepção mais agradável.

– Sai daqui! Não quero conversar com ninguém.

– Não ligo, você vai sentar e vai me escutar agora - Ela se sentou, cruzou os braços e emburrou a cara, sentei-me na beirada da cama - Clove, Brutus tem razão, você não pode atirar facas nas pessoas fora da arena só porque elas te irritam, e eu não digo isso porque podemos perder patrocinadores, não dou a mínima pra eles, mas isso poderia fazer você ser morta, alias eu acho que você deu sorte deles não terem feito nada. - Ela olhava para os próprios braços calada, levantei levemente seu queixo para faze-la me olhar nos olhos - Clove, eu vim aqui com o único proposito de proteger você, eu preciso que você me ajude também, na arena eu posso fazer algo pra manter você salva, mas fora dela não há nada que eu possa fazer.

–Me desculpa Cato - Seus olhos estavam vermelhos e marejados - Me desculpa mesmo, não sei o que deu em mim. Ver Glimmer com você me fez perder a cabeça, ela é tão bonita, senti que poderia perder você - Lagrimas desciam pelo seu rosto, me partia o coração vê-la daquela maneira.

–Clove, você nunca vai me perder. Não importa o quanto Glimmer seja bonita, você é a mais linda do mundo pra mim. Eu estou com você não importa o que aconteça vou estar sempre do seu lado. - A puxei e lhe dei um abraço, suas lagrimas molhavam minha camisa, dei um beijo no alto de sua cabeça e esperei até que ela se acalmasse - Ela não é tão bonita assim, você já viu o nariz dela? Sinto que a qualquer momento ela vai furar meu olho com aquilo - Clove se afastou e começou a rir.

–Você tem razão, ela parece um peixe espada com aquele nariz.

Passamos o resto da noite conversando e rindo, ate que Clove adormeceu. Sai do quarto de fininho, quando fechei a porta, Brutus estava sentado em uma poltrona na sala.

–Acho bonito você ainda ter alguma consideração por ela, mas lembre-se só um vai poder voltar vivo da arena, acho melhor começar a cortar relações agora.

–Eu não tenho consideração pela Clove, eu a amo. Vou ficar ao lado dela até o fim - Brutus se levantou e veio em minha direção.

–Então fique ciente que você vai morrer, ela vale mais que sua vida? Pense em todos os familiares e amigos você deixara pra trás, tudo isso só pra proteger uma garota insolente como ela.

–Você não tem direito de falar assim dela, também não tenho que ficar dando satisfações do que decido da minha vida pra você. Só porque sua vida é miserável, não significa que a minha tenha q ser também.

Sai andando deixando Brutus em pé e sozinho na sala de estar. Era claro que eu amava Clove, amava ela com todo meu coração e estaria disposto a morrer mais de uma vez por ela se fosse preciso.