– Tá ligando para quem Brooke? – Perguntei ao vê-la se levantando com um celular na orelha. Ela botou o dedo indicador em frente a boca e fez um ruído para eu ficar em silencia.
– Cala a boca Dray! – Falou Angel enquanto me bateu com o seu cotovelo na altura da minha barriga.
Fiquei em silencio junto com a Angel enquanto a Brooke murmurava algumas coisas no telefone. Sentamo-nos no chão ao lado da cama onde Glaucy repousara. Passou-se alguns segundos até que a Brooke desliga o telefone e fala:
– Dalton vai liberar o Emmanuel e vocês vão partir quando ele che... – Brooke é interrompida por um barulho de porta se abrindo e batendo na parede.
Olho para a porta e vejo um jacaré com óculos de sol nos olhos e com um blusão abobora com estampas de coqueiros, as mangas eram menores que o comum e as suas “patas” dianteiras era enfiada nelas.
– Viagem! – Gritou Jhonnynho puxando a mala com o rabo. Ele tirou o rabo da alça da mala quando ela passou pela porta e fechou a porta com um movimento rápido.
– Agora só falta uma pessoa. – Falou Brooke.
Vejo que a Ruffy – em sua forma de poodle – brincava com o Jhonnynho tentando morder a calda dele, mas ele dificultava às vezes elevando a altura da ponta de sua calda e ela pulava no ar tentando morde-la, porém ela mordeu o ar na maioria das vezes.
– Cadê ele? – Perguntei revoltado por esperar alguns minutos e vê ninguém chegando.
– Ele é para chegar daqui a dez segundos, ao menos minha conta diz isso. – Falou Angel enquanto olhava para o relógio.
– Cheguei. – Falou um garoto que estava com um boné preto em sua cabeça, uma bermuda cinza e uma camiseta branca sem mangas. Ele carregava uma enorme mala em seu ombro.
– Toma Dray! – Falou Brooke pegando a mala do garoto de boné e arremessando para mim. Logo em seguida ela tirou o boné do garoto e revelou seus cabelos ruivos.
– Emmanuel. – Falei como um comprimento.
– Dray. – Ele fez o mesmo.
Brooke botou o boné preto, botou em sua cabeça e logo saiu de sala.
– Ah, vocês já podem ir! – Gritou Brooke do lado de fora do cômodo e deu um soco na parede que fez um ruído.
Emmanuel estendeu a mão para me ajudar a levantar, mas preferi me levantar sozinho. Angel logo se levantou e foi diretamente a porta, eu a segui ignorando a mão do Emmanuel, mas antes de sair peguei a mala.
– Onde fica o banheiro? – Perguntei a Angel que já estava um pouco longe, mas sabia que ela ouviria. Ela apontou para uma porta que estava ao meu lado. Golpe de sorte, pensei.
Entrei no banheiro e tomei banho rapidamente. Infelizmente esqueci de tirar a roupa dentro da mala. Enrolo uma toalha em minha cintura e vou a mala e pego uma camisa branca com mangas, uma calça cinza, uma roupa de baixo que estranhamente era do meu tamanho, um par de meias. Rapidamente as ponho e vejo que a calça ficou folgada, mas e daí? Sempre gostei de cores claras, calças folgadas – desde que ela não me deixasse com aparência de mendigo –, camisas de mangas.
– Aleluia. – Falou Angel ao me ver saindo do banheiro. Ela entrou no banheiro, me empurrou para eu sair em frente da porta e logo em seguida bateu a porta na minha cara.
– Ela queria se arrumar. – Falou Emmanuel. Encostei-me na parede e fiquei no lado do Jhonnynho.
Se passou pouco tempo até que ela saiu de dentro do banheiro com uma roupa completamente diferente que ela usara antes. Ela estava com uma calça jeans preta, blusa quadriculada preto e cinza, sapatos pretos também, ela usava um cordão que pendia um pingente de caveira que já estava ficando meio preto, fora isso ela não usava nenhum acessório. Ela estava com uma mala enorme nas mãos, parecia que ela ia desmoronar com o peso.
– Quer ajuda com a mala? – Perguntei.
– Não, o Jhonnynho vai levar todas as malas, né Jhonnynho? – Ela fez uma cara de criança, ele não resistiu e assentiu.
Botei a mala no chão. Emmanuel a pôs atrás da minha e Angel também, todas as alças estavam completamente alinhada. Jhonnynho pôs o rabo entre as alças e foi puxando como se não fosse nada. Nós o seguimos e rapidamente já estávamos lá fora.
– Ruffy vire um animal grande o suficiente para me carregar. – Pedi visto que não queria ir na “garupa” da Angel e muito menos do Emmanuel, um cara que nem sequer confio para usar a mão dele como apoio para me levantar.
Angel e Emmanuel me olharam com uma cara estranha, mas logo voltaram a olhar para a estrada. Sinto uma rabada da Ruffy e percebo que ela quer me dizer algo.
– Que foi? – Sussurro depois de me agachar ao lado dela. Ela me respondeu com um latido. – Você e a Brooke conversaram? – Arrisquei, pois as duas haviam passado uma parte da manhã ou da tarde juntas. Ela latiu como se tivesse falando “isso!”. – Ela falou que você não pode se transformar por causa daqueles machucados? – Perguntei. Ela balançou negativamente. – Ela não quer que você se transforme na frente deles? – Perguntei olhando nos olhos dela. Ela assentiu.
– Chegou. – Falou Emmanuel.
– O que? – Eu pus a Ruffy no chão e me virei para ver sobre o que eles se referiam. Vejo que era um Eco Sport preto.
– Vamos de carro, é obvio. – Riu Angel.
– Ah... – Falei enquanto peguei a Ruffy no colo.
– Vamos logo! – Exigiu Angel enquanto entrava no carro. Entrei no carro pelo outro lado e Emmanuel ajudou o Jhonnynho a entrar na mala.
A viagem teve um lado negativo e um positivo, o lado positivo foi que havia espaço de sobra no carro, havia um vão entre eu e a Angel, então pus a Ruffy no banco, o fato negativo foi que no projeto todo tive que segurar a calda do Jhonnynho, pois ela não cabia na mala.
– Chegamos. – Falou o motorista. Saímos de dentro do carro e vemos uma enorme casa.
– Uma linda casa. – Falou Angel. Ela rapidamente fez um gesto para o Emmanuel que ainda estava tirando o Jhonnynho do carro, mas ele se apressou e o tirou rapidamente, sacou a chave do seu bolso e abriu a porta e todos nós entramos na casa.
Vejo que os celulares da Angel e do Emmanuel começaram a tocar e os dois entraram no primeiro cômodo que viram a frente. Deparei-me sozinho naquela enorme casa. Começo a andar e rapidamente me encontro em um corredor com paredes vermelha – da mesma tonalidade que o resto da casa, que parecia com a cor de um tomate – que tinha porta retratos que pendiam sem alguma foto. Entro na primeira porta a esquerda e entro em um cômodo que acho que era um quarto.
Que bom, um quarto, é meu, arremesso minha mala em cima de uma cama e logo em seguida pulo nela e caio no sono.

***

– Acorda Dray! – Falou enquanto me sacudia.
– Deixa-me dormir, faz quase dois dias que não durmo, você sabe o que é isso? – Perguntei.
– Vamos procurar seu pai, quer ir conosco? – Perguntou-me Angel.
– Não, obrigado e o que era a ligação?
– Nada não. – Ela fez uma cara feia e logo saiu do quarto.
– Ótimo. – Murmurei. Ouço o barulho da porta se abrindo quando eu já estava me virando. – Que foi? – Olhei para a porta, mas não vi ninguém.
– Dray... – Sussurrou uma voz grave, era o Jhonnny.
– Oi? – Disse enquanto olhava para baixo para visualiza-lo.
– Acho que tem um problema com a central , o Emmanuel e a Angela receberam uma ligação ao mesmo tempo e isso é muito raro acontecer, só acontece em emergências, mas mesmo assim eu perguntei, porém eles nada responderam. – Falou Jhonnynho.
– Calma Jhonnynho, a Brooke está em missão, ela estaria segura mesmo se acontecesse algo. – Falei, mas eu também estava preocupado com a Glaucy.
– Você acreditou? Uma central não poderia ficar sem um nível S, se acontecesse isso o Balron atacaria na hora.
– Então a Brooke não quis vir? – Perguntei.
– Na verdade... Deixa não posso te contar. Acho melhor procurarmos a Angel e fazer pressão até ela responder, minha forma de jacaré pode ajudar um pouco.
– Ok, mas depois você irá me falar. – Falei enquanto me levantava.
– Ruffy procure o cheiro da Angel, por favor! – Pediu Jhonnynho gritando. Ouvi um latido. – Ela disse que sim.
– Você a entende?
– Sim, agora vamos logo. – Falou enquanto ia em direção à porta e eu decidi segui-los.
Nós saímos da casa e rapidamente já nos encontrávamos na rua seguindo a Ruffy. Pensei que ela andaria cheirando a rua ou o ar, mas não, ela andou normalmente. Vez ou outra pessoas olhavam para o Jhonnynho e se afastavam rapidamente, pois estavam com medo dele, particularmente achei incrível que ninguém tenha ligado para a policia ou coisa do tipo. Depois de algum tempo ela soltou um latido e Jhonnynho falou:
– Estamos perto, mas tem algo estranho. – Falou.
– Ela falou isso tudo com um latido? – Ele me deu uma rabada de leve na perna e eu fiquei quieto.
– Angel! – Gritei e corri até uma garota de cabelo preto, mas infelizmente aquela não era Angel. – Desculpe-me. – Pedi, mas ela fugiu depois de ver o Jhonny.
– Na próxima espera eu dar algum sinal. – Falou. Ruffy latiu novamente e entrou em uma loja. Nós a seguimos.
Vi uma garota com uma faca sendo pressionada no pescoço, não vi seu rosto, mas vi que ela rapidamente tirou a faca que estava sendo pressionada em seu pescoço quando me viu.
– Eles falavam que tinham te capturado e que se eu me movimentasse você iria morrer. – Falou enquanto nocauteava o garoto que parecia ter 30 com um ataque.
– Balron está aqui? – Perguntei, mas ela estava ocupada o suficiente para me ignorar.
– Jhonnynho ajude ela! – Pedi, mas ele nada fez.
– Minha missão é te proteger, não posso te deixar sozinho.
– Mas a Ruffy... – Antes de eu terminar de falar ele gritou.
– Quieto Dray! – Mas infelizmente ou felizmente o grito dele atraiu 2 homens que estavam atacando a Angel. – Agora eles vão querer te matar, esqueci que não podia falar o seu nome.
Os quatro homens nos cercaram, mas Jhonnynho rapidamente mordeu um no braço e o arrancou. O homem saiu correndo e entrou numa porta da loja. Olhei para Angel e percebi que ela já tinha nocauteado dois e estavam adentrando a loja também. Eu a segui, mas antes de passar pela porta vejo um brilho. Olho para trás com a esperança de ver a Ruffy se transformando novamente, mas não a vi, na verdade vi um homem escuro, musculoso, cabelo raspado em uma espécie de roupa de coro verde musgo. Ruffy fica atrás dele timidamente tentando evitar os golpes.
Ignorando a visão do Jhonny em sua forma humana continuo seguindo a Angel.
– Angel cadê o Emmanuel? – Perguntei.
– Ele nos traiu! Eles sabiam que nós estávamos vindo para cá. – Falou.
– Por que ele nos trairia? – Ela não falou nada. – Fale logo!
– A Central foi atacada, todos que sobreviveram e que não jurarem fidelidade a ele até hoje irá morrer. – Falou.
– Os amigos todo dele morreu? – Perguntei, mas sabia a resposta e ela muito menos respondeu.
– Não conte nada sobre o que você irá me ver fazer. – Pediu. O homem estava com um arco na mão e no rosto da Angel deu para ver um pequeno sorriso. – Sorte.
Nas mãos dela saíram uma espécie de garras e ela cortou a garganta do homem rapidamente e pegou o arco, mas nem olhou para a flecha. Tentei pegar o máximo possível de flecha sem parar de correr ou diminuir o passo.
– Toma. – Falei, mas ela ignorou. Apareceu um homem. Angel pegou o arco, saiu uma espécie de pena do dedo dela e ela usou como flecha que perfurou o peito do homem que logo caiu.
– Eles estão ali. – Falou Angel e entrou em uma porta.
Dentro do cômodo estava Croy, duas pessoas que não deu para ver por causa da iluminação, na frente do Croy estava o Emmanuel ajoelhado. Croy quebrou a janela e fugiu assim que nos viu, Emmanuel e um garoto o seguiu. Ficou só uma garota, mas Angel pegou a pena e tentou cravar na garganta da garota, mas a garota se limitou a dar um sorriso. A pele – onde a flecha iria ser cravada – estava escura e brilhosa. Angel bufou e recuou.
– Ótimo, ela tem resistência. – E a garota riu novamente.
Ruffy deu um rosnado e rapidamente apareceu na forma de um leão. A garota quando a viu deu uma estremecida, mas mesmo assim a encarou. Ruffy deu um salto e pulou em cima da garota. A garota ficou imobilizada pelo peso da Ruffy, mas mesmo assim tentou fugir. Sua mão ficou preta e ela socou o chão que rachou, mas a Angel somente riu e com um único golpe cravou a flecha no pescoço da garota.
– Parabéns Angel, você agora está aceita no grupo que é confiável. – Falou Jhonnynho em sua forma humana enquanto entrava e batia palmas.