Ódio Ou Amor? escrita por Akimi


Capítulo 2
Uma Saudável Briga no Parque.


Notas iniciais do capítulo

Esse é o último capítulo narrado por Okita, no próximo já passa para a Kagura ^.^



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Senti minha consciência voltar vagarosamente, como se costume estiquei meus braços, bocejando e fui sentar-me, mas acabei batendo a cabeça.

Mas que mer... - Foi então que percebi onde estava, senti o sangue fugir de meu rosto enquanto percebia que realmente havia dormido na cama de Kagura. Queria apenas dar um jeito de sair daquele lugar o mais rápido possível.

Encostei minha cabeça na porta, tentando ouvir se tinha alguém na sala. Pude ouvir os roncos arrastados de Gintoki. Imaginei quanto tempo havia dormido, senti-me aliviado quando abri a porta e constatei que ainda estava de dia. Danna dormia no sofá, com a Jump que estava lendo caída sobre seu rosto, não havia nem sinal do quatro olhos. Decidi que era melhor não arriscar, fui rápida e silenciosamente até a janela e sai com muito cuidado para não acordar o Samurai.

Suspirei aliviado quando finalmente estava do lado de fora. Caramba, que sufoco havia passado hoje. Pela posição do sol já devia ser umas três horas da tarde. Acho que por hoje chega. Não é tão fácil assim armar coisas para aquela peste. Estava frustrado, decidi voltar para o Shinsengumi ver se Hijikata já havia voltado para me divertir um pouco.

Coloquei minhas mãos nos bolsos e caminhei lentamente, realmente queria atirar em alguma coisa, ou em alguém. Acho que estou com sérios problemas, como posso estar vendo a Kagura de uma forma diferente? Ela é só a ameba irritante que atrapalha minha vida. Sempre foi isso e irá continuar sendo. Olhei para o céu, andava muito estressado ultimamente, talvez seja por isso.

Estava passando pelo parque que fica no caminho para Shinsengumi quando ouvi aquela conhecida risada irritante e os latidos do cachorro-monstro, não resisti a seguir esses barulhos.

Olhei a cena. Kagura brincava de “pega-pega” com Sadaharu no parque, as crianças, que normalmente deviam estar fazendo suas traquinagens pelo parque estavam amontoadas em um canto, com cara de assustadas olhando para o monstro branco e a garotinha maluca, não pude deixar de rir daquilo, Kagura parecia sequer notar isso, o que tornava tudo mais cômico ainda.

De alguma forma, a pestinha ouviu minha risada e virou-se rapidamente.

– Ah, ah, chegou quem não devia. - Resmungou, cruzando os braços e fazendo cara de brava.

Aproximei-me dela, ainda rindo.

– Não percebe que está assustando as crianças?

– Elas devem ter se assustado com a sua cara de peixe morto - Retrucou a infeliz.

Parei de rir na mesma hora.

– O que você disse?

– Veja, Sadaharu, além de peixe morto ele ainda é surdo. - Falou com o cachorro que nem estava mais por perto.

Lembre-me da Kagura que eu vira de manhã, olhei para a pequena praguinha na minha frente e cheguei a uma conclusão. Ou tem outra garota morando com os Yorozuya ou eu estava vendo coisas.

– Você esta pedindo para morrer. - Falei, sem expressão.

– Ho, ho, ho. Veja Sadaharu, ele está me ameaçando. Assustador, estou tão assustada que podia fazer xixi nas calças, ho, ho, ho. - Ela estava definitivamente zombando de mim.

Essa garota realmente desperta meu instinto assassino. Tirei a arma que carregava presa na cintura e apontei para ela, sem esperar, atirei.

– Então você quer brincar? - Murmurou ela, recuando para trás com um olhar feroz, fechou sua sombrinha e apontou-a para mim - Então vamos brincar. - A ponta de sua sombrinha brilhou e atirou um projétil em minha direção, por pouco consegui desviar-me, pulando para o lado.

– Agora sim é o seu fim, chinesa de merda. - Comecei a atirar seguidamente nela, atirava para matar mesmo, não podia dar mole. Kagura desviava-se de todos os tiros como se estivesse dançando. Tombou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada. Aquilo me fez ficar ainda mais irritado, minha munição já estava acabando, apressei-me em sacar a outra arma.

Kagura começou a disparar contra mim também, nós dois nos revezávamos, atirando e desviando. Sempre que lutávamos era assim, nós dois usávamos toda nossas forças, fazendo de tudo para matar o outro mas sempre acabávamos empatados. Claro que só parávamos quando aparecia alguém para nos separar, o que quase sempre era feito ou por Hijikata ou por Gintoki.

– Sadaharu! - Gritou ela. O cachorro que até agora estava sumido apareceu correndo na direção dela. Kagura olhou para mim e deu um sorriso de canto debochado, abaixou-se e saltou, em um mortal perfeito, caído nas costas do cachorro.

– Desgraçada! Isso é contra as regras! Quem disse que vale colocar esse monstrengo no meio? - Berrei.

Ela olhou para mim com um olhar assassino.

–Nunca. Mais. Chame. Sadaharu. De. Mostrengo. - ela voltou a atirar em mim. Merda, agora eu estava em desvantagem. Concentrei-me em desviar dos tiros.

Precisava dar um jeito de me livrar do cachorro. Pensei rápido, tentando bolar alguma estratégia enquanto pulava de um lado para o outro desviando-me dos tiros. Me distanciei o máximo que pude, escondendo-me atrás de um monte de terra, se minha munição acabasse estaria perdido. Olhei em volta, então achei o que me salvaria: Um tronco de árvore caído no chão. Coloquei minha arma na boca e, com as duas mãos peguei pesado tronco de árvore, Kagura estava se aproximando e não parava um segundo sequer de atirar.

–Idiota - murmurei. Dei um salto que me fez ficar em cima da pequena montanha de terra. Kagura ficou confusa por um instante sobre o galho em minhas mãos e foi o que precisei.

–Pega, Sadomaru - gritei, jogando o galho com toda minha força. Sadaharu, como previsto não resistiu e saiu correndo na direção de onde eu havia lançado.

– Não é Sadomaru, é Sadaha- Kagura bateu a cabeça em uma árvore e ficou presa, enquanto Sadaharu continuava correndo, comecei a rir, deixando-a ainda mais irritada por estar presa e não conseguir se soltar.

– Desgraçado! Morra, Okita! Que todos seus Sadomaru’s peguem tuberculose e morram! - Ela gritava e esperneava na árvore.

– Acha mesmo que isso vai acontecer? - Perguntei, ainda rindo. - É mais fácil - Por um segundo que me distrai, a maldita se soltou e disparou com sua sombrinha contra mim. O projétil passou de raspão em meu rosto, abrindo um pequeno corte. Arregalei os olhos, assustado.

– Não seja tão convencido. - Ela já havia recuperado-se, apesar disso, pareceu um pouco tonta, aproveitei e pulei, acertando um tiro em sua mão que segurava a sombrinha, o sangue escorreu e a sombrinha voou longe, usei a brecha para acertar-lhe um chute na barriga. Agora Kagura estava caída no chão e eu tinha uma arma apontada para seu rosto. Olhei em seus olhos, esperava ver neles medo, mas tudo que achei foi o sorriso debochado em seus lábios.

– O que esta esperando? - Perguntou ela, em voz baixa.

Talvez ele achasse que eu não teria coragem de atirar, abri um sorriso, pois ela estava muito, muito enganada. Apontei a arma para seu peito, Kagura fechou os olhos, sem hesitar, apertei o gatilho.

Fiquei encarando sem acreditar, havia esperado tanto tempo por isso, apertei seguidas vezes o gatilho. Kagura lentamente abriu os olhos, não tinha jeito, usara minha ultima bala para tirar a sombrinha das mãos dela, a arma estava totalmente vazia. Ela começou a rir da minha cara.

– O que você disse mesmo? Hoje é meu o que? Meu fim? - Falou entre gargalhadas. Acabei largando a arma no chão e comecei a rir também. Sentei-me ao lado dela. Nós dois estávamos sujos de terra, ela estava com os cabelos embaraçados e cheios de folhas, eu tinha um corte no rosto e ela estava com a mão sangrando. Nós dois continuamos rindo por um tempo. Olhei para o horizonte, o sol já estava se pondo.

É, parece que não foi dessa vez - Falei.

– Você não achou mesmo que seria tão fácil, não é?

Pensei por um momento.

– Realmente não - Admiti.

Ela fechou os olhos e deitou-se na grama. Olhei para seu rosto, estávamos tão próximos, podia sentir o cheiro dela, isso me fez lembrar de seu pijama rosa, corei de vergonha, eu realmente havia dormido abraçando as roupas dessa garota? Fala sério... Quando olhei novamente ela já havia aberto os olhos e estava me fitando. Senti um arrepio, nós dois estávamos em total silêncio.

O clima começou a ficar tenso, nenhum de nós dois desviava o olhar, era como uma competição a parte, inclinei um pouco o rosto e vi as bochechas dela ficarem coradas, aquilo realmente me surpreendeu, nunca imaginei ver Kagura com vergonha, mas mesmo assim ela não desviou o olhar, era realmente uma garota corajosa. Aproximei mais meu rosto do dela, agora estavam a centímetros, podia sentir sua respiração. Comecei a sentir um calor intenso tomar conta de meu corpo, queria beija-la, provar daqueles lábios rosados, era a única coisa que conseguia ver, a única coisa que conseguia imaginar, não sabia explicar o porque, é como se estivesse morrendo e minha única salvação fosse aquele rosto corado da garota que mais odeio na face da terra. Precisava provar, sabia que não era apenas os lábios que desejava, precisava sentir aquele corpo esguio colado ao meu, não é como se fosse um capricho, não é como se eu quisesse isto, eu apenas... Precisava. Ela não se movia, apenas me encarava com seus lindos olhos azuis, será que estava me desafiando novamente? Aproximei-me mais, até nossos lábios se roçarem. Não estava a beijando, apenas provocando, queria que fosse ela a ceder, queria que ela admitisse que também me deseja.

Kagura não adiantou-se, mas entreabriu os lábios e fechou os olhos. Aquilo era, claramente, um convite. Contornei seus lábios com minha língua, podia sentir a respiração dela ficando pesada. Lentamente ergui meu corpo e adiantei-me para mais perto dela, passei minha perna por cima de seu corpo. Agora estava em cima de Kagura, ela ainda mantinha os olhos fechados, abaixei-me, fazendo nossos corpos roçarem um no outro, voltei-me para seu rosto novamente, agora ela estava fortemente corada. Enquanto apoiava uma mão no chão para manter o equilíbrio, levei a outra até sua nuca, prendendo meus dedos em seu cabelo bagunçado. Puxei seu rosto para perto do meu, agora ela estava totalmente sob meu comando.

– Oki... - Sua voz saiu como um gemido, falhando no final, aquilo me deixou ainda mais excitado, não podia aguentar mais.

– Kagura! Hey, Kagura, eu sei que você está aqui! - Uma voz nos surpreendeu, Kagura abriu os olhos, assustada. Era a voz de Gintoki.

– Seu idiota, da pra parar de gritar?! Não é melhor procurar antes de sair berrando?! - Eram os gritos de Hijikata.

– Você também esta gritando... - Observou Gintoki.

– Não me compare a você. - Resmungou - Okita!! Venha aqui seu maldito!! - Ele gritava ainda mais alto que Danna.

Nos dois fiquemos congelados, ela estava pálida, com os olhos arregalados. As vozes se aproximavam. Quando finalmente recuperei-me do susto, sai de cima de Kagura o mais rápido que pude, levantei-me e dei alguns passos para trás, ela também levantou-se.

Só então Hijikata e Gintoki nos avistaram.

– Ah, ai estão os dois - Resmungou Hijikata, colocando um cigarro na boca.

Estava prestes a falar quando senti algo atingir-me, me fazendo cair no chão. Olhei, surpreso, era a chinesinha.

– Já disse para não xingar o Sadaharu, seu inútil! - Gritou ela.

Demorei alguns instantes para entender, então finalmente percebi, ela estava disfarçando, suas bochechas ainda estavam coradas.

– Seu monstrengo nunca vai chegar nem aos pés dos meus Sadomarus - Falei, com voz debochada.

– Então estávamos certos mesmo - Ouvi Gintoki falar - Todo mundo por ai estava dizendo que uma garota de vestido chinês e um menino com uniforme dos Shinsengumi estavam destruindo o parque, logo imaginei que seriam vocês dois.

– Não diga vocês dois, parece que esta me colocando no mesmo nível desse verme - Kagura me mostrou a língua.

Minha vontade de mata-la voltou, firme e forte.

– Você e o Hijikata são os únicos vermes aqui - Declarei.

–Eh?! Já começou maldito? - Hijikata havia ficado com raiva.

Sem mais nem menos, voei para cima de Kagura, tentando acertar-lhe um chute. Ela segurou meu pé com a mão. Deu um sorriso feroz e me jogou pelos ares, a maldita era rápida. Dei um mortal e aterrissei no chão, voltando a atacá-la. Nos dois retomamos a briga, com a mesma intensidade de antes.

– Esses dois, francamente... - Ouvi a voz de Hijikata.

Tentava de todas as formas acertar aquele ser irritante, quando senti algo me erguendo pela gola do casaco, fazendo-me ficar no ar.

– Hijikata, desgraçado, me coloca no chão, ainda não terminei meus assuntos aqui. - Maldição, por que Hijikata tinha que ser mais alto que eu? Olhei na direção de Kagura, ela estava na mesma situação que eu, sendo segura por Gintoki. Ela esperneava e continuava a me xingar de todos os nomes, nem dava para entender direito.

– Da próxima vez controle melhor ele - Resmungou Gintoki.

– Você é que tem que dar um jeito nessa menina, se é que da para chamá-la assim. - Retrucou Hijikata - Se isso se repetir vou prender vocês dois.

Eles estavam agindo como nossos pais, fala sério. Hijikata e Gintoki viraram-se cada um para seu lado e nos arrastaram consigo.

Fiquei um tempo em silêncio, até que Hijikata me largasse.

– Você é muito problemático quando se trata daquela menina - Hijikata cuspiu o cigarro - Esqueça o que eu disse, você é problemático em relação a tudo.

– Sabe que vai ter troco, né? - Falei, sério.

– Nada me surpreende vindo de você. Mas caramba, você e a garotinha do Gintoki são muito parecidos mesmo.

Apenas continuei andando, fingindo derrubar algo no chão.

– Okita, você ... - Hijikata caiu na armadilha, abaixou-se para pegar o que era uma pequena bomba, ouvi a explosão seguido de um berro de Hijikata: “Vá para o inferno, Okita!”

Olhei para o céu.

– Não, não somos nada parecidos. - Murmurei sorrindo.


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Notas finais do capítulo

:3