Iin Desu Ka? escrita por TaediBear


Capítulo 1
Iin desu ka?


Notas iniciais do capítulo

Yoyoyo! Meu presente de natal para minha Mia-nya :3 Escrevo shoujo só pra ela, já que ela não gosta de yaoi. Baby, você não sabe o que está perdendo, UAHEUHAUEHUEUH
Espero que goste!
Boa leitura!



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Odiava admitir, mas eu amava o brilho dos olhos dela. Eles não eram safiras, ou esmeraldas, incrustadas em seu rosto, como muitos poetas chegam a comparar. Eram simplesmente de um tom escuro de castanho, que também não chegava a ser comparável a ônix. Eram apenas dois olhos de brilho inigualável, que me faziam, a cada dia, estar mais atraído por ela.

Mas, ainda assim, odiava-me por gostar de seus olhos.

Eu presava demasiadamente minha posição naquela escola, como o melhor jogador de baseball e eleito o príncipe do colegial dois anos seguidos, para me dar ao luxo de gostar da garota com um videogame em mãos todos os dias. Todavia, ainda assim, eu não conseguia apagar sua imagem da minha memória, e cada momento tornava-se mais doloroso para mim. Eu não podia chegar perto dela.

Havia algum tipo de tranquilidade ao seu redor que provavelmente seria perturbada pela minha presença, já que a garota passaria a ser notada. Ela seria a menina de quem Eric aproximou-se voluntariamente. Não seria justo que eu tirasse dela aquilo que provavelmente ela mais amava: aquela paz duradoura de não fazer parte de grupo algum.

Eu continuava a inventar desculpas sem argumentação alguma apenas para justificar minha vergonha de me aproximar dela.

Apenas tinha medo de que ela me rejeitasse.

Mas era impossível deixar de pensar nela, quando já não conseguia mais esquecer seus olhos de brilho inigualável.  Por que cada dia era mais difícil para mim? Por que cada olhar que eu dirigia a ela parecia cortar meu coração em inúmeros pedaços?

Por que fugir de algo que eu nem mesmo tentara?

Era a pergunta mais simples e a primeira que eu devia responder, ainda que sua resposta fosse demasiadamente complicada.

Foi em um dia de inverno, pouco antes do recesso de natal, em um dia que não nevava. Ela estava jogando em um DS, e havia uma expressão de raiva em seu rosto. Talvez estivesse perdendo. Sorri enquanto aproximava-me dela. Era nosso último ano naquele colégio. No ano seguinte, provavelmente, estaríamos em universidades diferentes. Minha última chance era aquela, por que não arriscar?

Então, perguntei:

- Nana, quer sair comigo?

Ela levantou sua mão, como se pedisse para que eu não falasse mais nada, e continuou a jogar, concentrada nas duas pequenas telas. Entendi essa ação como um sinal de que ela encontrara o segredo daquela fase e não pudesse se distrair. Sentei-me ao seu lado, enquanto ela sorria vitoriosamente para seu jogo. Ele fez um ruído, e uma voz masculina do videogame gritou: CLEAR!

Ela comemorou sua vitória e virou-se para mim, com seus olhos brilhantes, com seu sorriso de pura felicidade, com suas bochechas coradas naturalmente, em destaque na pele pálida, com seus cabelos castanhos a lhe emoldurar o rosto ligeiramente arredondado.

- O que disse?

E eu não sabia mais o que eram palavras, o que eram letras, o que era voz, o que eu falara. Apenas encarei seu rosto, sem reação alguma. O que eu estava fazendo?

- Nana, você quer sair comigo?

A maneira como suas bochechas ficaram vermelhas fizeram-me sorrir. Ela ficava ainda mais bonita daquele jeito. Seu jeito desajeitado de mover seus olhos pelos arredores apenas para não me encarar era encantador também. Sabia que ela desconhecia como me responder. Talvez eu fosse o primeiro garoto que a estivesse chamando para sair, e o motivo não era sua aparência. Em verdade, as pessoas a consideravam intocável, por causa da forma como ela agia. Tão fofa, tão pura, tão quieta.

- De-desculpe, eu... – ela gaguejou, mirando o chão.

- Então, esqueça, Nana – disse, rápido. - Posso ser seu amigo?

Ela virou-se para mim, seus olhos a brilhar esplendidamente. Então, voltou-se para seu jogo mais uma vez e assentiu com a cabeça.

Minha vida com Nana começou assim, depois de um longo discurso interno da minha parte acerca dos motivos de eu não falar com ela.

Aos poucos, descobri que ela era descendente de japoneses, por isso seus nome e sobrenome tinham pronúncias estranhas para Inglaterra; que seus jogos favoritos eram da Nintendo; que gostava de desenhos animados e quadrinhos; que seu herói favorito seria sempre o Homem-de-Ferro; que suas melhores amigas viviam a quilômetros de distância; que ela era feliz, apesar de ter poucos amigos; que ela nunca havia tido um namorado; que tinha um gato chamado Milkshake em casa; que gostava de desenhar.

Conheci-a ainda mais, e ela ficava corada toda vez que eu conversava com ela. Talvez não fosse uma amizade tão confortável para ela, já que eu já dissera que gostava dela. Mas ela nunca me pedia para ir embora, nunca deixava de falar quando estava comigo, nunca ficou jogando enquanto eu tentava puxar assunto com ela.

Ela prestava atenção em mim e no que eu dizia, da mesma forma como eu prestava atenção nela e no que ela dizia.

Sabia que abalara de alguma forma a paz de aluna calma e quieta que a rodeava, mas, felizmente, ela não parecia importar-se. Ela gostava da minha companhia, supunha. Talvez por eu ser o primeiro a conversar com ela, sem ser alguém da internet.

Nós continuamos assim por um longo tempo. O tempo de escola já chegava ao fim, e descobri que ela queria ser escritora no futuro; que ela faria faculdade de jornalismo; e queria que eu fosse jogador profissional de baseball, porque eu era muito bom. Ria envergonhado toda vez que ela me elogiava, porque, em momento algum, meu sentimento por ela ficou menor. Ele apenas crescia a cada segundo, a cada minuto, a cada hora, a cada dia, a cada semana, a cada mês.

Então, fizemos os testes. Ela entrou para a universidade de jornalismo, eu me tornei jogador da liga amadora de baseball, com um emprego de meio-período. De alguma forma, meus pais me apoiavam quando decidi o que faria da minha vida e ficaram ainda mais alegres quando descobriram que a razão para tudo o que eu fazia era uma garota.

Os pais querem ver seus filhos felizes a qualquer custo, certo?

Passamos anos sem nos ver. Estávamos ocupados demais. Sempre que eu não estava no trabalho, estava no treino ou em um jogo. Minha vida estava corrida e, provavelmente, a dela também estava. Sempre me pegava imaginando-a a jogar em seu DS enquanto esperava o professor em sala de aula. Imaginava-a, mais uma vez, sozinha. Queria que ela fizesse novos amigos, que não fosse solitária como no colegial.

Mas ainda havia uma parte de mim que era egoísta; que queria continuar a ser o único amigo em sua sala de aula. Não queria que ela, por algum motivo, conseguisse fazer uma amizade íntima com outras pessoas. Porque essa minha parte repetia que ela era minha.

Depois de aproximadamente quatro anos, eu passei para a liga profissional de baseball. Meus pais ficaram extremamente orgulhosos, e eu estava contente. Em meu primeiro jogo como membro principal, fiz o homerun que alcançou a vitória do time e aguentei aqueles homens me carregarem nos ombros enquanto comemoravam.

Eu estava feliz porque fora ela quem havia me dado a ideia de seguir por esse caminho.

No jornal do dia seguinte, havia uma matéria sobre o jogo, e eu a li. Estava escrita de forma impecável, perfeita, surpreendente. Meus olhos correram para o nome do autor e arregalaram-se.

Nana Yozora.

Ela escrevera sobre mim, sobre o caminho que eu tomei, sobre seu amigo do colegial. Ela não se esquecera de mim, certo? Ela continuava a lembrar-se de mim, como eu me lembrava dela, certo?

Perguntava-me se seus sentimentos sobre mim mudaram, desejando internamente que ela gostasse de mim, após tantos anos. Quase não aguentava o coração em meu peito, quando cheguei à sede do jornal, onde Nana trabalhava. Quase não conseguia me conter enquanto a secretária ligava para a senhorita Nana. Quase chorei de felicidade quando a vi saindo do elevador.

Ela sorriu, correu até mim, abraçou-me calorosamente e, então, afastou-se. Nós começamos a conversar sobre tudo o que havia acontecido. Disse que havia lido sua matéria no jornal, e ela corou. Disse que ela escrevia muito bem, e ela desviou o olhar. Disse que ainda a amava da mesma forma que no colegial, e ela lançou-me um olhar brilhante e respondeu:

- Eu também.

Abraçamo-nos como se fosse essa a última vez que nos veríamos. Demoradamente, ficamos um nos braços do outro, sob os olhares curiosos das pessoas no saguão do prédio.

Is it okay, is it okay, is it okay for me to like someone this much? Is it okay, is it okay, is it okay for me to believe in someone this much?
            It's okay, it's okay, if it's the person you've chosen. It's okay, it's okay, if it's the path you've chosen.


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Notas finais do capítulo

Tradução:
Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem em gostar tanto de uma pessoa? Está tudo bem, está tudo bem, está tudo bem em confiar tanto em uma pessoa?
Está tudo bem, está tudo bem, se essa for a pessoa que escolheu. Está tudo bem, está tudo bem, se esse foi o caminho que você escolheu.
Iin desu ka significa 'Está tudo bem?' em japonês.
Então, o que acharam?
Espero que tenham gostado.
Um shoujo de vez em quando não faz mal, HAHAHAHAHA
Takoyaki ~ Ainda preferia Nana como menino 8D



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