Eu estava exausta. Não aguentava mais minha vida, sempre a mesma coisa. Ele me dizia:

- Desculpe, você não merecia isso... eu sou um tolo. Me perdôa?

A tola era eu, eu sempre o perdoava, porque eu o amava. E ainda amo. Ele não, ele nunca me amou, eu sem pre fui a “Monica Boboca”. E isso sempre esteve na minha cara, só eu que nunca havia visto. Mas, hoje eu vi, vi ele com outra, bem na minha frente. “Te odeio, Cebola”, gritei, em meio as lágrimas que não cessavam. E ele riu de mim. E, a outra? Era outra que eu chamava de amiga. Magali. Fui chorando para casa, como se meu coração estivesse sendo apertado por aros de ferro.

Lá não estava muito melhor, meus pais haviam se separado, minha querida avó, morrido.

“Minha vida não tem sentido”, eu dizia para mim mesma, exugando as lágrimas que caiam, sem que eu resistisse à elas. O vento soprava meus cabelos negros, fazendo-os grudar no meu rosto. O vento me chamava. Sentei no parapeito da janela, tão fresco nesse dia chuvoso. A chuva me molha, mas, eu não ligo. Ela é triste, e me chama também. Sigo-a, e, por um instante, me sinto livre. Meu último momento, meu último suspiro.

O sangue escorre da minha cabeça, misturando-se delicadamente as lágrimas que um dia eu deixei cair. Minha conciência vai se esvaindo, do mesmo modo que as gotas de cheva levam meu sangue. Á minha volta, estão as pessoas que um dia eu quis bem, e não me quiseram. Então, com meu último suspiro eu me despeço. “Um dia eu amei vocês.”.