Will era lindo, apenas olhar em seus olhos me fazia sentir diferente. Quando ele sorria, eu sentia vontade de sorrir também. Quando ele tocava em mim – como há segundos atrás – as coisas até então desconhecidas, aconteciam comigo.

Eu estava apaixonada pelo filho de Apolo?

Capítulo 14 – A procura de um lugar, sem aranhas, por favor.

– Sabe aquele ultimo dia que você pediu se podia me beijar? – falei olhando para sua boca.

– Hum...? – apenas me incentivou a continuar.

– Eu disse que não, mas na verdade, eu queria, eu ainda quero, eu só... – ele passou o dedo por meus lábios e eu fiquei quieta.

– Porque tornamos as coisas tão difíceis, hein filha de Atena?

– Porque se não forem assim, qual vai ser a graça? – passei a mão pela sua nuca e puxei seus cabelos.

– A graça é que eu estou estupidamente apaixonado por você – admitiu com a testa na minha.

– Você não devia – murmurei perdida em seu olhar.

– Porque não?

– Porque eu não quero magoar ninguém – admiti.

– Você gosta dele, não é?

– Eu gosto, muito, mas não sou apaixonada por ele. É sério, Will, não se apaixone por mim.

– Tarde demais.

Fechei os olhos para apreciar a sensação dos seus lábios macios sobre o meu. Will aprofundou o beijo e quando estávamos quase sem ar, ele prendeu meus lábios entre os dentes e os puxou. Deuses!

– Senti falta disso – ele admitiu sorrindo torto.

Eu não falei nada apenas deitei a cabeça no vão de seu pescoço como antes e ele passou o braço por minha cintura fazendo círculos na pele exposta.

– Estou com fome – resmunguei e ele riu.

– Chris já esta voltando – falou como se a volta dele fosse algo desagradável.

– Você não gosta dele – afirmei.

– Na verdade, não tenho nada contra ele, só ele que não gosta de mim – deu de ombros.

– Você sabe o porquê? – perguntei.

– Para uma filha de Atena você é bem burrinha.

– Ei, mais respeito. Eu torci o tornozelo, mas ainda sei lutar – brinquei.

– Claro e eu sou um deus.

– Vai se ferrar.

Ele riu e eu baguncei os cabelos loiros, já bagunçados. Ficamos um tempo em silêncio até que eu olhei para o teto. Gelei.

– Will – murmurei.

– Fala.

– Tem uma aranha do teto, em cima da minha cabeça – falei mordendo os lábios.

– Droga.

Ele se levantou e pegou uma das flechas e passou por baixo da aranha. Resultado? Ela caiu em meu colo. Gritei muito alto e a aranha saiu correndo, não sem antes de caminhar pelo meu corpo.

Will se sentou ao meu lado, mas de frente para mim. Colocou a mão em meu rosto.

– Você está bem?

– Uma aranha acabou de andar pelo meu corpo, o que você acha? – respondi irônica e ele riu.

– Saudades dessa Megan – respondeu entre risadas.

– É, de vez em quando ela vai embora, faz parte do meu charme – dei de ombros.

Ele riu e balançou a cabeça. Vi alguém caindo em pé naquela água imunda e Chris apareceu com um copo e três sacolas daquelas de viagem do McDonald’s.

– Comida – cantarolei pulando sentada, o que não deu muito certo e eu acabei gemendo de dor.

– Eu estou bem, Megan, obrigada por perguntar – Chris respondeu entregando o copo para Will – aqui está o gelo – depois colocou uma das sacolas ao lado do filho de Apolo e me entregou a outra.

Will pegou mais um pouco de atadura em sua mochila e derrubou as pedras de gelo nela. Depois enrolou e colocou em cima do meu tornozelo.

– Isso já deve ajudar – murmurou – sobrou dinheiro?

– Dez dólares – Chris respondeu.

– Droga – praguejou.

– Estamos sem dinheiro?

– Só temos dracmas e o que sobrou de hoje.

– Se quiser pudemos pegar mais, eu só preciso ir ao escritório do meu pai – falei.

– Onde fica?

– Empire State Building. – sorri e comecei a rir.

Will só revirou os olhos e Chris segurou uma risada. Peguei as batatas fritas e as comi rapidamente. Mesmo odiando McDonald’s eu comi aquilo em segundos.

– Acho que nunca fiquei tão feliz em engordar – falei apoiando minha cabeça na parede – Isso que eu odeio Mac.

– Que tipo de pessoa odeia McDonald’s? – perguntou Chris.

– Eu – sorri e mostrei a língua para ele.

– Acho melhor vocês dois dormirem e depois eu troco de “turno” com um dos dois, de preferencia com o Chris, já que a Megan precisa descansar por causa do tornozelo – disse Will e Chris assentiu.

– Então, se vocês não se importam, eu vou dormir – falei – Boa noite. Durmam bem e sonhem comigo.

Eles riram e eu fechei os olhos apoiando a cabeça na parede. Não era como deitar em Will, mas dava para o gasto. Ou por uma noite de sono mal dormida.

Não sei quanto tempo depois eu peguei no sono. Sei que acordei em cima de algo confortável e abri os olhos e vi Will me fitando. Assim que nossos olhos se encontraram ele sorriu e eu não pude deixar de retribuir.

– Com sono ainda? – ele perguntou tirando uma mecha que caia em meu rosto.

Apenas neguei com a cabeça e me aconcheguei mais e ele. Estava com frio e Will era quente. Aquecia todos próximos a ele. Imaginei que era por ser filho de Apolo, mas não decidi não pergunta sobre isso.

Depois de um tempo, ouvi um barulho estranho vindo de um dos tuneis. Will pareceu preocupado e se levantou. Queria poder fazer o mesmo já que minha bunda doía por ficar no chão duro por tanto tempo. Ela deveria estar reta.

Will foi até a ponta e voltou correndo. Praguejando em grego.

– Chris – ele gritou – acorda.

O filho de Ares acordou assustado, mas logo ficou em pé numa posição defensiva. Will rapidamente me ajudou a levantar e Chris pegou minha mochila enquanto o filho de Apolo me colocou em pé e ainda sustentando metade do meu peso, nos levou em direção à escada.

– O que houve? – perguntei.

– Aranhas.

Foi o que bastou para que eu entrasse em pânico. Chris subiu as escadas e destapou o buraco do bueiro, passando por ele logo em seguida.

– Você precisa ignorar a dor. Concentre-se apenas em subir – Will disse em meu ouvido.

Assenti e engoli em seco. Coloquei apoiei o pé que não estava machucado enquanto Will segurava minha cintura. Depois fui subindo as escadas tentando ignorar a dor que já não era tão forte como antes. Assim que cheguei ao final da escada, Chris ofereceu a mão para mim e rapidamente eu a peguei, dando passagem para Will. Que veio logo sem seguida e ambos taparam o bueiro.

– Se machucou? – foi a primeira cosia que o filho de Apolo perguntou.

– Não. Está bem melhor. Obrigada. Vamos, precisamos achar um lugar seguro para ficar. Sem aranhas de preferencia.