Digamos que aquela tenha sido uma das noites mais inquietas que já tive, logo após a janta, corri até meu quarto e durante todo o tempo o Gabriel, digo, a história que ele havia me contado não saia de minha mente, era como se reprises do que havia ocorrido passasse como flechas de luz sobre meu subconsciente, ele havia mexido muito comigo.

A maneira delicada como ele se referia a cada parte daquele ambiente sublime me encantava, Gabriel trazia consigo uma luz inconfundível sentia-me a vontade ao seu lado, era como se fossemos amigos de infância, e creio que ele também se sentia assim.

Gabriel narrando:

Estava revirando-me sobre a cama, durante toda a noite senti-me inquieto com aquela situação, nunca ninguém havia tido este efeito sobre mim, o sorriso de Rafaela refletia em minha mente e seu perfume um tanto quando doce penetrou em minhas mãos as quais não tirava do rosto.

Afirmo ter me surpreendido quando a vi naquele local, percebi em seus olhos a curiosidade por ter encontrado algo novo, pensava eu que ninguém se interessaria por algo tão antigo quanto - me enganei, Rafaela estava mais que interessada em conhecer a história que tinha como protagonistas os agora chamados Guilherme e Estela, eu particularmente os admiro.

E sobre a Rafaela, ela é dona de uma beleza única, e de um charme encantador, conseguiu roubar meu olhar por diversas vezes, confesso já ter a observado algumas vezes pela janela de meu quarto, considerava-a alguém completamente delicada e sensível, até certo ponto, ela realmente é assim, porém de uma sensibilidade modeladora, a qual se adapta a diversos ambientes, possui uma inteligência sublime e um ótimo coração, fiquei um pouco balançado com sua presença, e sua imagem sentada naquela cama que por muitas vezes observei para criar histórias não saia de minha mente, é como se nos conhecêssemos há anos, eu sentia falta de sua presença.

Rafaela narrando:

Depois de pouquíssimas horas de sono me acordei, lembro ter sonhado com algo, porém não sabia explicar com o que, imediatamente lembrei-me de meu compromisso para esse dia, lavei meu rosto, coloquei uma regata azul céu, uma de minhas favoritas, um short estampado e uma sandália de dedo, arrumei a bagunça que estava meu quarto e desci para tomar café.

Lá estava minha mãe, Lorena, com seus longos cabelos pretos ainda com uma aparecia jovem mesmo com seus trinta e seis anos, deu-me bom dia, porém distraída não prestei atenção. — Bom dia Rafaela, acordou flutuando foi moça? Eu sorri dei-lhe um beijo na testa e falei, — Bom dia mamãe, desculpa estava distraída, dormiu bem? Ela afirmou que sim com a cabeça e passou a falar. — Vi que você chegou ontem com o filho da Vânia, qual é mesmo o nome dele? — Gabriel, foi sim, passamos a tarde juntos, ele é bem legal. Ela sorrio de lado e perguntou, — e esse sorriso de canto a canto é por conta dele? Fiquei corada na mesma hora e falei baixinho — Não, não, estávamos naquela casa abandonada perto da estação, ele me contava a história do casal que morava lá, achei interessante, combinamos de nos encontrar hoje para ouvir o resto da história. Coloquei o primeiro pedaço de pão na boca, comi rápido e sai correndo, minha mãe gritava algo, acho que me mandava ter cuidado ou coisa do tipo, mal dei atenção e corri ao encontro da minha tão esperada história, estava ansiosa por encontra-lo, e pra minha surpresa ao abrir a porta ele estava lá me esperando, com o sorriso mais lindo que se pode imaginar, segurou em meu ombro deu-me um beijo de bom dia na bochecha e falou — Vamos? Eu respondi que sim com a cabeça e o segui.