Estrela Caída escrita por cayoprieto


Capítulo 1
Capítulo 1 - Imensidão


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem da minha nova história.



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A história que vocês vão ler durante alguns dias, ou até semanas, se passa numa fazenda no interior de alguma cidade perdida pelo Brasil. Vou contar a vocês a história de Henrique.

Henrique havia escolhido a solidão assim que ficou orfão de seus pais. A unica herança deixada pelos mesmos foi uma enorme fazenda, que dava inveja a qualquer proprietário de terra. Cheia de árvores, legumes, frutas e animais como vacas e porcos.

É claro que ele sentia falta de um abraço, de um carinho, aconchego, beijos. Mas isso era inexistente em seu mundo. Seus unicos amigos eram Sr Roberto e Sra Maria, um casal que tinham uma mercearia e  um posto de gasolina próximos a sua fazenda. Todavia, Henrique havia um amigo inseparavel, Tico. Ele ganhou Tico de uma cliente de sua mãe que comprava seus alimentos, e em um de seus aniversários ela lhe deu um cachorro labrador a Henrique, que passou a chama-lo de Tico.

Tico e Henrique brincavam muito, corriam por todas as plantações de seu pai, que por sinal ficava muito bravo. As vezes eles conseguiam fugir dos olhos de seus pais, e invadiam uma fazenda que existia ali perto, só para nadar no rio. Ele e Tico são felizes até hoje.

Claro que ele queria conhecer outros lugares, queria conhecer a cidade. Mas não podia largar a unica coisa que seus pais haviam lhe deixado.
Certo dia, Henrique foi a mercearia de dona Maria buscar algumas coisas que faltavam em casa, e ouviu o filho dela e do Sr Roberto falando sobre a cidade.

" Lá é irado, tem vários prédios enormes, tem tambem uns carros muito potentes, e claro, tem a balada. " Luis dizia, todo entusiasmado. Henrique ficava se perguntando como seria uma balada, pelo que Luis disse é um lugar onde fica várias luzes piscando enquanto toca musica eletronica. O que era aquilo ? Musica eletronica digo. O que seria isso ?

Henrique tinha sua própria balada, se é que podemos dizer, seu pai havia um velho tocador de discos e alguns vinis guardados. Quando Henrique sentia necessidade de balançar o esqueleto e ouvir musica, colocava algum disco sertanejo pra tocar, ele e Tico ficavam ali, fingindo estar em uma balada.

" Você tinha que ir la um dia Henrique ", Luis dizia, " La tem várias gatinhas sabe? você tem que dar uns pega garoto ". Foi quando Henrique olhou para seu próprio corpo, pensando se alguma garota iria gostar daquilo, foi então que soltou um leve sorriso. Era musculoso por carregar caixas e trabalhar diariamente na fazenda, sua pele era bronzeada com o excesso do sol, seus olhos, assim como os cabelos, eram castanhos, igual os de seu pai.

Mas Henrique não ligava para garotas, não depois de perder sua garota quando era criança. Em uma daquelas aventuras com Tico, eles se perderam em uma pequena floresta, e la encontrou uma garota loira chamada Marina. Marina era da cidade, e estava passando as férias no sitio de sua avó, que era na extremidade da floresta. E então, todos os dias Henrique ia se encontrar com Marina, escondidos, até que isso se transformou num namoro. Aqueles namoros infantis, sinceros e puros. Que um tem vergonha de tocar o outro, de beijar o outro, mas realmente eles se amavam. E depois que a mãe de Marina descobriu de Henrique, nunca mais voltou para o sítio com ela. Ou mesmo se um dia voltasse, a mãe de Marina havia contado tudo a sua mãe, que o proibiu de pisar na floresta.

Henrique voltava da mercearia com sua velha e depenada caminhonete. Tico ficava observando a imensidão azul do céu enquanto sua lingua pendia para fora da boca, e voava ao vento, junto com suas orelhas.

" Como está se sentindo Tico ?", claro que ele sabia que Tico não falava, mas mesmo assim conversava com seu cachorro diariamente, era seu unico companheiro em meio a toda aquela solidão. Tico olhou para Henrique, lambeu o canto da boca e voltou a encarar o horizonte. Que se pintava de verde e azul.

Chegando na fazenda, Henrique passou pano no chão de sua casa, lavou a louça que faltava, deu comida para os animais e chamou Tico para mais uma de suas aventuras.
Antes do sol se por, os dois foram correndo para o final da montanha, se sentaram um do lado do outro, Tico abanando o rabo enquanto Henrique fazia carinho atrás de suas orelhas. Os dois assistiam a maior televisão que existia, ali, Henrique se sentia o dono da maior tecnologia do mundo, e desprezava sua televisão de quinze polegadas, ali era ao vivo, numa tela de infinitos polegadas, e a cores.

O sol estava indo para sua cama, alaranjado, cansado de mais um dia, assim como Henrique, que assistindo aquilo sorriu. Ele se sentia muito bem.

Alias, a solidão tem suas vantagens.


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