Aqueles 20 dias pareciam mais de 1000. Era como saber que minha vida estava prestes a mudar, quem não se anima com isso? O tempo passava e eu e minha amiga Amanda iamos nos preparando, dedicando a saber mais sobre a viagem e também separando as coisas necessárias. Nossos pais nos mandariam dinheiro de tempo em tempo. Sem abusar da grana, é claro.

Era hora de partir. Eu e Amanda nos despedimos armaguradamente de nossos pais, mas ao mesmo tempo contentes de ir para Londres. Fomos até o aeroporto, e então entramos no avião. Sentei ao lado de Amanda. Iria demorar um pouco, então eu apenas coloquei fones de ouvido e uma música para tocar no meu celular, e então adormeci. Creio que Amanda fez o mesmo, pois quando eu acordei ela estava dormindo com fones. Eu dormi muito, então estávamos quase chegando. Era tanta ansiedade correndo pelas minhas veias. Mas aí o desespero surgiu também. 

E se as pessoas do internato não gostarem de mim? E se eu não me der bem lá? E se minha vida mudar além do que eu espero? Não, não era hora de pensar nisso. Eu apenas deveria seguir em frente, feliz, por ter conseguido essa chance maravilhosa. Em quanto eu pensava essas coisas, Amanda me cutucou, me tirando de meus desvaneios.

- Oi Amanda, já acordou?

- Já... Amiga, você consegue acreditar na sorte que estamos tendo? É algo muito raro.

- Sim, e estou muito feliz com isso... Imagina, como será que é o internato? Você procurou um pouco né?

- Sim, e pra falar a verdade é bem legal. É imenso, e além disso é muito bonito.

- Ah! Estou tão ansio--

- Passageiros, em cerca de 15 minutos estaremos pousando em Londres. -disse a aeromoça com voz robotizada.

Não pude me conter. Era muita ansiedade pra pouca Carolina. Então eu comecei a comer uns amendoins que o avião distribuiu para passar o tempo mais depressa. E funcionou. Chegamos em Londres. O avião era um avião do concurso, então nos levaram direto para o internato. Eu e Amanda tiramos todas nossas malas e outras coisas, e fomos em frente.

Ao chegar no internato, a diretora veio falar conosco. Ela disse que também estava ansiosa em nos receber, e nos deu chaves para irmos para nossos dormitórios. Meninas junto com meninas e meninos com meninos. Só que não foi como eu imaginei. Eu não ia junto com uma menina do concurso. Ia ficar junto com uma outra menina que estudava lá. Pelo menos, para minha sorte, o meu dormitório era ao lado do da Amanda.

Eu entrei e minha colega de quarto estava lá, ansiosa e me esperando.

- Olá! Prazer em te conhecer! Como é o seu nome?

- Olá! Eu me chamo Carolina, mas me chame apenas de Carol. E o seu nome?

-- Me chamo Victória! Você vai gostar muito daqui, eu posso lhe garantir. Eu estudo aqui faz 5 anos.

- Nossa, é bastante tempo. Nas sextas de noite somos liberados, não é?

- Sim, nós somos. Você é de fora daqui não é? Da onde você veio?

- Eu sou do Brasil. Eu morava no estado de São Paulo.

- Ah, sim, eu já fui pra lá e é muito legal! Se você quiser, nas sextas, a gente pode sair, e eu te mostro alguns lugares bem legais daqui de Londres.

- Claro, eu adoraria! Ah, minha amiga Amanda também veio, tudo bem ela ir com a gente?

- Sim, eu vou levar minha amiga Megan também. Você sabe em qual quarto sua amiga foi?

- No quarto ao lado, porque?

- Ah, então ela está no mesmo quarto que a Megan. Daqui a pouco a gente vai ser liberado para ficar perambulando pelo internato, aí a gente pode se conhecer melhor. 

- Claro! -disse eu, sorrindo.

Até que bateram na porta. Era a diretora, juntamente de uma menina chamada Jennifer. A Jennifer iria me mostrar o internato.

- Olá, Carol, certo?

- Sim.

- Vou te mostrar o internato, venha comigo!

Ela me levou para o internato inteiro. Desde lanchonetes, pátios, salas, salas dos professores, biblioteca, parque, refeitório, auditório, entre vários outros lugares. 

- E daquele lado... Temos os dormitórios dos homens. Não podemos entrar lá sem autorização, o internato não permite. Amanhã eu vou te apresentar meus amigos, hoje eles não vem. Você vai gostar deles. Mais tarde a gente se vê, até mais, Carol!

Voltei para meu quarto, e a Victória me perguntou sobre o que estava acontecendo. Eu expliquei que a Jennifer tinha me apresentado o internato e disse que iria me mostrar seus amigos depois.

- Ah, era o que eu temia. O grupinho da Jennifer.

- Como assim?

- Ela se acha a tal porque é rica e representante da escola. Ela é uma chata, e muito metida. E também cruel com os outros alunos.

- Sério? Ela pareceu ser gentil!

- As aparências enganam, ela é má, ela já tentou me colocar em confusão várias vezes, mas não conseguiu. Enfim, agora é hora de perambular! Vamos?

- Vamos!

Ela me levou até o pátio, onde encontrei Megan e Amanda. A Megan era muito bonita, tinha cabelos pretos longos e lisos e belos olhos mel. A Victória era ruiva de olhos castanhos, muito bonita também.

- Meninas, precisamos ir para o auditório para a conferência do primeiro dia. -disse a Megan

- Mas já? -perguntei

- Não, ainda não começou. Vai ser daqui a meia hora, e precisamos  estar lá. É meio chato mas a gente tem que ir.

- Ah, sim, tudo bem, eu irei me arrumar. Daqui a pouco a gente se encontra. -disse, acenando.

Fui para meu dormitório e comecei a observar melhor. Era incrível. Tinha duas camas, e um frigobar bem legal, a decoração, a parede, e a paisagem da janela, eram todos muito bonitos. Eu mal podia esperar pra sexta de noite pra ir conhecer a cidade. Fui para o banheiro e me arrumei, tentei colocar uma roupa bem à vontade, e depois encontrei com as meninas no pátio de novo. Eu fui a última a terminar de me arrumar, como sempre.

- Já é hora! É melhor descermos para o auditório, vamos garotas! -disse Victória

Todas decemos, e a Megan tinha razão. Era chato demais. E além de chato, era demorado. Acho que deve ser por isso que os amigos da Jennifer não vem hoje. Depois terminou e todos subimos, e fomos para o refeitório comer alguma coisa. Sentamos nós 4, eu, Amanda, Victória e Megan. Elas chamavam a Amanda de Amy, e parecia um apelido legal. Acho que vou começar a chamar ela também. Pegamos coca cola e pizza para comer, e depois fomos para os nossos dormitórios. Eu estava exausta da viagem, e precisava dormir para ter um novo dia, uma nova vida, um outro ponto de vista.