Nicole ria de nossa cara como se fossemos um grupo de palhaços, Nicolas não estava muito ai para aquela vampira, se encostou numa parede, apoiou o pé nela e ficou ali, de braços cruzados. Idiota.
  João passou o terço em torno de seus dedos, fechou os olhos e começou uma oração baixa e silenciosa, estava se preparando, reunindo energias.
  A pulseira em meu pulso queimou e caiu em meus dedos, Joana sacou duas adagas que estavam presas em sua perna por um suporte de pano.
  E Nicolas continuava encostado na parede, com Gustavo ao seu lado.
 – Fracos - Nicole ria - Fracos, fracos, fracos e fracos !
  Assim como nós tínhamos classes etc, os vampiros tambem tinham niveis, Assus para os mais fracos ( como aquele que me atacou no começo da história ), Guvern para os médios e os Exi, para os mais fortes. Eu preferia chamar de vampiro fraco, médio e o fodão.
  Nicole era uma Exi.
  A prova disso foi que assim que ela terminou de nos chamar de fracos, ela deu uma palmada na parede ao lado da porta. Uma rachadura percorreu toda a estrutura da igreja, abrindo um buraco no teto.
  Uau.
  Ela chutou um daqueles bancos compridos de madeira maciça para cima da gente, com a pulseira girei e passei no meio do banco, fazendo ele se romper em dois. Um grupo de vampiros avançavam em cima de João, ele começou a recitar alguns provérbios da biblia, poeira e mais poeira de vampiros começaram a cair pelo chão, porem eles eram muitos, milhares.
  Joana pulou entre alguns bancos e saltou por cima de um menino, com os pés nos ombros dele, Joana enfiou as duas adagas de uma vez na cabeça do vampiro, transformando-o em pó, quando caiu ja aproveitou o impulso para cortar o braço de outra que estava atrás. Ela era rápida, agil.
  Fui em direção a Nicole, sabia que não estava preparada mas minhas pernas mexiam sozinha, contra minha vontade.
Ela continuou parada, com um sorriso torto em seu lindo rosto, passei a pulseira em seu lado, ela desviou mas arranquei alguns fios de cabelo, ela agarrou minha nuca, e me prendeu na parede, fiquei tonta na mesma hora, a parede havia se rachado, e sangue escorria por minha cabeça.
  Precisavamos de ajuda.
  Caida no chão olhei para Gustavo, ele estava com seu terço em mãos, igual João, rezando e se preparando para lutar. Ele não podia lutar, estava fraco, o inutil do Nicolas que deveria, ele deveria…
  Um vampiro que deveria ser o namorado de Nicole, por ser tão igual a ela em estilo se aproximou de Nicolas, gritando em seus ouvidos. Pobre vampiro, mal sabe que Nicolas vive em outro mundo, os do fones de ouvido.
  Ele continuou parado, de braços cruzados, o vampiro então perdeu a paciencia, e deu um tapa na cara de Nicolas, seus fones cairam no chão, ele apenas fechou os olhos e disse.
 – Agora você corre.
  O vampiro sorriu com o fato de conseguir tira-lo do mundo da musica, mas eu não ficaria feliz assim.
  Nicolas segurou o pescoço do vampiro, sem olhar para ele, apertou. E somente com isso o vampiro virou cinzas.
  Sábios.
  Nicole gritou, avançando em direção a Gustavo e Nicolas, eu tentei me levantar mas não tinha forças.
 – Socorro… Deus - supliquei - Ajude-nos a acabar com esses…demonios.
  Quando eu consegui ver Gustavo sendo levantado pelo pescoço por uma vampira, e   Nicole indo em cima de Nicolas, desmaiei.
  Inutil.
  Fraca.
  Era o que eu era. Uma covarde.
  Enquanto os amigos morrem, estou desmaiada.
  Uma luz percorreu meus pensamentos, parecia que eu havia acordado, uma mulher veio andando, de armadura, cabelos negros seguindo o percurso do vento, uma espada de prata pendia em sua cintura.
  Joana D’arc.
 – Clara. - ela disse, estendendo as mãos para mim, sua voz era doce, suave, como veludo. - Minha sucessora, você precisa estar preparada.
 – Para o que ? - disse.
 – Para o dom de Cedras. - ela sorriu, seu sorriso era lindo e sua pele completamente lisa  - O dom que me ajudou a vencer Joseph, e irá te ajudar a vencer Nicole.
 – Estou preparada.
 – Tem uma condição, você sabe que o dom pode te matar, ou fortalecer ? - sua expressão era de preocupação - Aceita mesmo assim ? Clara, você aceita o tratado ?
  Em nossa volta começou a passar várias cenas, de abençoados pelo dom de Cedras, Egito, Grécia, Roma…estávamos em todas as civilizações.
 – Eu, aceito. Aceito o tratado - disse, me levantando e encarando Joana d’arc.
  Ela sorriu, levantou o dedo indicador e tocou em minha testa. Todas as imagens vieram em minha direção e como explicar… entraram na minha cabeça.
Comecei a tremer, abri os olhos e percebi que estava de volta para a igreja, vi Nicolas batendo palmas, e cinco vampiros virarem pó de uma vez. Gustavo estava de pé, lutando com esforço, Joana estava mais devagar, cansada de se esforçar ao maximo, João estava… estava… morto.
  Nicole ria, com o braço de João em suas mãos, como se fossem um troféu, Joana gritava e chorava ao mesmo tempo, matando vários e vários vampiros com suas adagas de prata.
Me levantei, estava tremendo, um calor começou a percorrer todo meu corpo, arrepios fizeram com que meus pelos ficassem eriçados, meus olhos ardiam.
  ” O dom pode matar ou fortalecer “
  Um soco invisivel acertou minha barriga, me curvei para frente, cai de joelhos no chão, raspei minhas unhas naquele concreto, precisava ganhar isso.
  Uma luz me percorreu, uma luz completamente amarela, Nicolas olhou para mim e fez uma expressão de ” Meu Deus do céu ! “. Eu estava…brilhante.
  Dei um soco no chão, ainda caída. Ele se abriu, e todos os bancos que estavam em sua frente voaram para cima como penas, a pulseira não estava mais em meus braços, mas sim em meu pescoço, como um colar. Me protegendo.
  Me levantei.
 – Por meus antecessores - era como se todos meus antecessores falassem comigo ao mesmo tempo, como se mais de setessentas pessoas falassem ao mesmo tempo, por uma unica menina. - Pelo dom de Cedras, pela luz que me cerca, e pela justiça, hora de vocês morrerem. Vampiros.
  Nicole riu.
  – Dom de Cedras? - ela disse, rindo - Que merda.
  Ela subiu até o púlpito da igreja, seus olhos ficaram completamente negros, asas brotaram em suas costas, sua pele ficou em um tom musgo. Nojenta.
  Todos os vampiros pararam, ajoelharam em direção a Drácula dois mil e doze. Eu andei em sua direção, a cada passo um buraco abria no chão. Os vampiros começaram a gritar, como se Nicole fosse uma inspiração para eles.
  E era.
  Eles começaram a atacar, porem a luz que me cercava cobriu todos meus companheiros.
  Eles estavam renovados.
  Agora a luta era balanceada. Era poderosa.
  A estrutura da igreja não iria aguentar.
  Nicole correu com uma velocidade sobrenatural, segurou meu pescoço, suas presas estavam dez centimetros maiores, estava horrivel.
  Ela me levantou pelo pescoço e me jogou no chão, eu parecia um mini meteoro rachando o chão. Nicole me arrastou, me levantou, girou e me jogou ao teto.
  Bati contra a estrutura de telhas, cai no meio da rua, vários carros me contornavam, buzinando.
  Um caminhão veio em minha direção. Não parou.
  Ele se chocou contra mim.
  Mas não fui eu quem sai ferida.
  No caminhão, um buraco imenso foi aberto, o motorista desacordado.
  ” O dom pode matar ou fortalecer “
  Uma raiva preencheu minha mente, corri como um tiro para dentro da igreja.
 – Agora você morre, Joseph.
  Nicole riu, com uma risada diferente.
Como várias vozes falando.
 – Venha - ela sorriu, fazendo gestos com a mão, me chamando - Venha para mim. Joana.