Enquanto Eu Viver. escrita por LyStranb


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Boa noite, galera o/
Quero pedir desculpas por ter demorado para escrever o cap (eu andei muito ocupada esses últimos dias :c) mas aqui está ele, prontinho pra entrega o/ então espero que vocês gostem.
Eu queria agradecer a linda da Luiza D., por ter deixado um comentário. (Obrigada, Lu), e a Licie e a Marina Dante, por terem favoritado a história (é bobo, eu sei, mas é importante pra mim) Então, muito obrigada pessoal c: sério.
Ah, esse cap é narrado pela personagem principal: A Emma
Bom, então aqui está o/ boa leitura.



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Alguns Meses Antes.

O despertador tocou, acordando-me. Um barulhinho chato que fazia meu cérebro querer escapar da minha cabeça pra nunca mais voltar. Eu bati no despertador com toda a minha força, ainda de olhos fechados, praticamente jogando-o para fora da mesa de cabeceira. E agradeci mentalmente pelo barulhinho ter parado.

– Vai Emma, acorda.

Ah, que legal. O barulhinho irritante tinha sido subistituído pela voz irritante.

Eu resmunguei qualquer coisa sem nexo e voltei a fechar os olhos

Mas quando uma grande quantidade de luz do sol praticamente explodiu no meu rosto, eu fui obrigada a abri-los.

Sarah sorria para mim. Uma fileira de dentes perfeitos que cintilavam tanto quanto seus olhos azuis.

– Bom dia, princesa. - ela disse, enquanto se afastava da janela que tinha aberto e prendia o cabelo longo e louro em um rabo de cavalo perfeito. A luz do sol era tão forte que fazia com que eu tivesse que colocar a mão na frente do rosto para enxergar qualquer coisa - Será que a senhorita poderia dar-nos a honra de aparecer na escola hoje?

Eu revirei os olhos e voltei a me cobrir com o lençol.

– Vai embora!

– Nananinanão! Anda, levanta logo. Eu não quero chegar atrasada por sua culpa!

– Você é surda? Eu disse pra você ir embora. Em-bo-ra. Agora!

Ela soltou um suspiro alto.

– Tudo bem! - Sarah disse, exasperada - Foi você quem pediu.

Mas eu não pude responder, porque bem no momento que eu ia abrir minha boca, Sarah virou uma garrafa cheinha d'agua em cima de mim.

Eu gritei.

AH, MAS ELA IA PAGAR CARO!

A propósito, essa gracinha de ser humano, era a minha irmã.

E eu nem preciso dizer que estava sendo irônica quando disse que ela era uma gracinha.

– Qual é a droga do seu problema? - eu gritei e me levantei num salto, enquanto tirava o lençol encharcado da cama. Olhei para a blusa do meu pijama, também toda molhada. - VOCÊ ME MOLHOU TODA.

Sarah se encostou na porta de madeira do meu quarto e fez a pior expressão de inocente que eu já tinha visto em toda a minha vida. Aquele monstro...

– Você não queria acordar. - Sarah deu de ombros, os cabelo louro tão comprido quanto o meu balançando com ela, enquanto lixava as unhas da mão direita.

– E por isso você se sentiu no direito de transformar a minha cama na Nova Atlantida, é isso? - eu rosnei.

Ela riu e eu a encarei, furiosa. E eu juro que se olhar matasse, ela já estaria dentro de um cachão e enterrada bem no fundo da terra!

– Credo, Emma, quanto mau humor. Relaxa. Já já isso seca - ela soprou a poeira das unhas e ergueu a mão na direção da luz, analisando-as. - Perfeito.

– Saia. Do. Meu. Quarto. - eu gritei, jogando o lençol nela como se fosse uma espécie de bomba. - Agora!

Sarah o agarrou no ar - Malditas aulas de tênis particulares e sua necessidade de reflexos rápidos! - e guardou a lixa no bolso de trás da calça caqui.

– Como quiser, madamoiselle! - ela revirou os olhos e jogou o lençol em forma de uma bola amassada no chão - Esteja pronta em 10 minutos. - e saiu.

É, eu sei. Minha vida era uma verdadeira droga.

Eu peguei o lençol molhado e o taquei com força no fundo meu armário de madeira; e fui para o banheiro no final do corredor.

– Saco. - resmunguei, trancando a porta e me olhando no espelho. A blusa vermelha estava completamente encharcada; assim como o meu cabelo, que grudava em tufos negros em várias partes do meu rosto e dos meus ombros. E eu quis esganar a Sarah.

Não só esganar. Eu queria era arrancar dela o pescoço de vez.

Troquei rapidamente a blusa e a calça do pijama por uma blusa de mangas compridas azul e um jeans velho. Sequei meu cabelo que (descia ondulado e frizado por causa da água) até pouco abaixo da metade das minhas costas da melhor maneira que eu poderia secá-lo com uma toalha velha; e aproveitei para lavar meu rosto. E já estava a um passo de sair do banheiro, quando um vidrinho laranja colocado precariamente na beirada da pia chamou minha atenção.

Eu o agarrei e li o que estava escrito no rótulo.

Emma White.
Paciente 000679.
Medicada pelo Doutor Hans Embreazky.
Câncer na Válvula De Bombeamento Sanguíneo.

Eu encarei o meu reflexo no espelho por um segundo e suspirei. Os meus olhos cinzas me encaravam de volta, cansados. Por fim, eu coloquei o vidrinho laranja no bolso do meu jeans velho e andei em direção ao meu quarto.

Quando eu tinha dito que a minha vida era uma droga, eu não estava brincando.

Mas a novidade era que eu estava me acostumando a ela. A minha vida era uma droga já a muito tempo.

O que quase ninguém sabia, e que eu tinha a poucos anos descoberto, era que eu possuía um tipo raro de câncer no coração. Do tipo que tem 0,00002% de chance de aparecer. Um tumor maligno concentrado entre a Válvula Bicuspide e o Ventrículo Esquerdo do meu coração. Mas até ai, tudo bem. Muitas pessoas tem câncer; e muitas conseguem se curar e ter uma vida linda e viver feliz para sempre e blá blá blá.

Só que eu não era uma dessas pessoas.

O que os médicos sabiam, e o que minha família se recusava a aceitar, era que eu estava realmente morrendo.

A minha morte já tinha data marcada. Literalmente.

Eu me joguei na cama, pouco me importando se ela estava encharcada de água ou não e fechei os olhos.

Eu me lembrava perfeitamente do dia em que tinha descoberto que ia morrer. Tá. Como se algum dia eu fosse conseguir me esquecer dele.

Faltavam menos de quatorze dias para o Natal; e eu estava no hospital por causa de um desmaio que tinha tido na escola. Faziam poucas semanas que eu tinha passado por uma bateria de exames, e achavam que meu desmaio era por causa do efeito colateral dos remédios que eu tomava para combater o câncer. Eu estava prestes a receber alta, quando o médico entrou no quarto e soltou a bomba em cima da minha mãe.

"O tumor que sua filha possui esta pior. Sinto muito, mais creio que ela não tenha mais muito tempo de vida."

Não que eu o culpe. Porque, bom, digamos que não existe uma maneira fácil e delicada de se contar para uma mãe que apesar da filha dela parecer bem, o câncer em seu coração não só criou metástases em outros órgãos como evoluiu de tal maneira, que não tem como ser operado.

Ou seja, que é só uma questão de tempo até a dela, PUF!,bater as botas.

– Não! - Mamãe havia gritado, o rosto branco como a neve enquanto as lágrimas despencavam de seus olhos. - Deve haver algum engano, doutor! Emma está melhorando! Foi só um mal estar passageiro, nada de mais...

– Eu lamento, Julie. - o médico interrompeu-a, com a mão na maçaneta - Mas não houve engano nenhum. Os exames não mentem. Eu lamento, de verdade.

Mas ele olhava para mim enquanto dizia isso. E eu apenas continuava ali, calma, sentada na cama e encarando minhas mãos que estavam cruzadas em meu colo.

– Quanto tempo? - eu perguntei, apenas. Sem choro, sem gritos, enquanto minha mãe continuava a soluçar do meu lado. Não que eu quisesse realmente saber quanto tempo eu tinha. Mas eu achava que tinha que perguntar isso por ela.

- Um ano. - ele disse, com a voz suave. – Talvez menos, talvez mais. Vai depender somente de você.

E quando ele disse isso, minha mãe desmoronou em cima do meu colo, soluçando ainda mais forte.

– Meu bebê, meu pobre bebê... - ela murmurava, as lágrimas caindo de seus olhos com uma velocidade absurda e encharcando o lençol do hospital. Seus cabelos louros se amontoaram em minha volta. E eu apenas continuava a olhar para baixo, inexpressiva.

– Sinto muito, Emma. - o médico disse, abrindo a porta. - Eu realmente sinto muito.

E então, ele foi embora.

Aquilo tinha acontecido a nove meses, e desde então, eu tinha passado quase todos os meus dias dentro do hospital.

Até a quatro meses atrás. Quando me deram o "Aclamado Potinho Laranja Da Esperança."

O remédio cheinho de efeitos colaterais e um monte de outras coisas  que poderia - ou não acabar - com o que eu tinha.

Olhei para o pote de comprimidos equilibrado entre os meu polegar e o meu dedo indicador; as drogas experimentais que poderiam -ou não - fazer efeito, e suspirei ainda de olhos fechados.

Aquele era o último recurso dos médicos. A última coisa que talvez pudesse me fazer melhorar, já que quimeoterapia poderia fazer meu coração parar de vez.

E olhem que eu disse melhorar; e não curar.

O remédio não podia me salvar. Só podia retardar o que eu sabia que aconteceria em breve.

A minha morte.

Mas eu não conseguia ver sentido naquilo. Afinal, qual era a lógica de me entupir de remédios, para uma coisa que não tinha saida?

Eu tinha visto. Sabia que eles não funcionavam. Tinha passado tempo suficiente em hospitais para ver como essas coisas funcionavam. Primeiro, eles davam as drogas para o paciente com câncer; depois, eles esperavam. A princípio, o paciente melhorava, é claro. Mas então, três meses depois, o remédio parava de ter efeito; e o paciente ficava pior do que ele estava antes de tomar o remédio.

E então, ele morria.

E eu não queria isso. Não queria ter que sofrer; sofrer de verdade, com efeitos colaterais horríveis, para prolongar algo que, no final das contas, eu sabia que seria inevitável.

Eu arremessei, com força, o potinho laranja na lata prateada de lixo. Ele tramboliou no fundo da lata, e, por fim ficou quieto.

Eu não conseguia encontrar o sentindo de tudo aquilo, porque ele simplesmente não existia.

Se eu ia morrer, então que fosse logo de uma vez.

– Emma. - Sarah gritou do andar de baixo. - Se você não descer desse maldito quarto agora, eu juro que você vai andando até a escola. Pelo resto do ano!

Eu bufei, e, agarrando a minha mochila esfarrapada, saltei da cama, indo em direção a porta.

Não que eu tivesse levado a sério o que minha irmã tinha gritado. Porque, era óbvio que a ameaça dela não era verdadeira.

Eles nunca me deixavam percorrer mais de uma rua sozinha, quanto mais a cidade inteira.

Eu mal tinha fechado a porta do carro, quando Sarah começou a reclamar. De novo.

– Eu disse 10 minutos, Emma! Não meia hora! - ela gritou, enfurecida, enquanto pisava com raiva no acelerador. - Eu tenho uma prova importante hoje! E não posso me dar ao luxo de chegar atrasada só porque a princesa aí não quer sair da torre na hora!

Eu revirei os olhos e me afundei no banco do carona.

– Mais quanto drama. - eu disse, abrindo o vidro e olhando para a paisagem morta e sem graça de Chloetown City. - Mas, não se preocupe, Sarah! Se tudo der errado na sua vida, você ainda pode ser atriz! Aliás - eu sorri, virando-me para ela. - Você pode até ser escolhida para interpretar aquele carinha verde quando lançarem o próximo filme. Qual é mesmo o nome dele...? Yoda?

O rosto de Sarah ficou vermelho, e eu soltei uma gargalhada.

Emma: 01; Monstro:0

– Escuta aqui sua peste...

– Ei, ei, ei - Jon disse, se aproximando de nós do banco de trás, fazendo com que seu rosto ficasse a centímetros do meu. - Que tal se as duas parassem com isso? Nós somos todas pessoas civilizadas, não somos?!

Jon era o meu meio irmão, e o mais velho de nós três. Meus pais eram divorciados; e meu pai estava em algum lugar perto de Seattle, e minha mãe, passava quase o todo o tempo viajando a trabalho. E por causa disso, Jon achava, ele tinha que virar algum tipo de carcereiro barra espião que tinha que colar em mim e em Sarah, e nos vigiar por 26 horas por dia.

O que não era nada legal.

E o que me fazia querer esganá-lo as vezes. De verdade.

Como se não bastasse um irmão irritante e psicótico, eu ainda tinha outro.

– Diga isso para o Godzilla aí do lado, não para mim - eu bufei, virando-me novamente para a janela.

– Muito bem, Emma. - Jon gritou, se aproximando do meu banco e tampando a minha boca com uma das mãos. - Já chega!

Ah, qual é! Aquilo já era golpe baixo!

– Jon... me... solta! - eu gritei da melhor maneira que alguém pode gritar com uma mão praticamente enfiada na sua boca. Tentei desesperadamente tirar a mão pesada de Jon com as minhas mãos. Até que eu o mordi, e Jon soltou palavrão.

E Emma White vence o segundo round! E A MULTIDÃO VAI A LOUCURA!

– Maravilha, estamos atrasados! - Sarah gritou, enquanto parava em um sinal vermelho. E então,ela se virou para nós - Não acredito que eu vou perder aquela maldita prova. E será que da para vocês dois pararem com isso?

Jon tirou a mão da minha boca e se reencostou no banco de trás, gemendo.

– Essa doeu - ele resmungou para mim, e pelo espelho retrovisor, pude ver ele massageando o lugar onde eu tinha mordido.

Eu revirei os olhos e voltei a olhar pela janela.

– Eu falei que ela era uma peste! Não acredito que vou perder essa prova... - Sarah disse, mas eu a ignorei e continuei a olhar a cidade a nossa volta.

E funcionou. Jon e Sarah continuaram a conversar, mas eu não mais prestava atenção. Em vez disso, eu me concentrei em contar os segundos para chegarmos a escola e observar a paisagem chata e sem graça que nos rodeava. Chloetown City (ou como eu preferia chamar: Fim De Mundo City) era uma cidade grande e litorânea - talvez a terceira maior do estado da Carolina do Norte - porém simples (principalmente perto da orla da praia) e sem graça, onde chovia quase todos os dias.

O que fazia o ar daqui ser tão húmido que dava a impressão de que você estava respirando dentro de um aquário cheinho d' água.

O que era bom, se você fosse um peixe, é claro.

E não um ser humano.

Depois de contar 617 segundos, Sarah estacionou o Utilitário Esportivo em uma vaga no estacionamento e desceu.

Eu saltei do carro e fechei a porta, passando minha mochila pelos ombros e caminhando em direção aos portões principais da escola.

– De nada pela carona! - Sarah resmungou, enquanto seguia atrás de mim.

Eu apenas a ignorei e continuei andando pelo estacionamento vazio.

A Saint Alba Brigton, mais conhecida como meu sanatório particular, era o tipo de escola centenária e moralista que dava vontade de vomitar. Ela ficava na periferia da cidade e era constituída por uma mansão gigantesca de calcário branco da época dos dinossauros, e seus arredores eram preenchidos por vastos gramados e campinarios, que durante 5 dias por semana se enchiam de adolescentes mimados, com vidas patéticas e com nada na cabeça.

E que no caso, eu odiava completamente.

Na verdade, se eu pudesse, eu jogava uma bomba ao estilo Hiroshima e Nagasaki bem no meio da escola e destruía todos eles.

É, digamos que eu não era lá uma pessoa muito boa.

Mas que diferença fazia? Eu não ia ser uma pessoa por muito tempo mesmo...

Eu balancei a cabeça para afastar o pensamento continuei andando. Para Emma. Para de pensar nessas coisas.

Estávamos atrasados, como Sarah havia dito (e que fez questão de fazer parecer o fim do mundo) e então seguimos direto para a secretaria.

Maya, a freira (ah, sim, o sanatório era controlado por freiras que pareciam ser tão velhas quanto a próprio lugar) ruiva de sessenta e poucos anos que era nossa secretária, estava sentada em uma mesa perto da janela aberta e a poucos metros da sala da sala da diretora (A Freira Master que comandava aquilo tudo). E sorriu quando nos viu entrando na pequena sala apertada.

– Oh, Sarah, como você está bonita hoje! - ela disse, olhando-nos por cima dos óculos de lentes grossas, enquanto arrumava alguns papéis e os empilhava no canto de sua mesa de madeira. - Vocês dois também, queridos! Mas o que vocês fazem por aqui? Chegaram atrasados?

Eu bufei. Não, não. Estávamos ali porque a secretária era uma espécie de 8a maravilha mundial que merecia ser apreciada ao vivo e a cores.

Maya olhou feio para mim. E Jon me deu uma cotovelada nas costas em sinal de reprovação.

Opa, mal sinal. Eu tinha irritado a freira.

– Algum problema, Emma? - ela perguntou, fuzilando-me de um jeito com aquele olhar dinossaurico que eu me perguntei se ela não estava tentando me assassinar com ele.

– Não, não. Nenhum. - Sarah apressou-se em dizer, antes que eu pudesse abrir a minha boca. Puxa saco. - Obrigada pelo elogio, Maya. E desculpe pela Emma. É que últimamente ela tem andado meio cansada. - Sarah me olhou feio. Vem cá, hoje era o dia internacional de 'olhar feio para a Emma' ou o quê?

– Ah, sim, entendo. - Maya disse, em tom de surpresa; como se só agora ela tivesse se lembrando de algo muito importante. - Sei que deve estar sendo muito difícil para você, Emma. - E seu olhar de morte foi subitamente subistituído pelo olhar de pena.

E eu quis enfiar a minha cabeça na terra.

Santo Deus. Eu não precisava que ninguém sentisse pena por mim. Quanto mais uma freira mumificada.

– Bom - ela disse, pigarreando e pegando um caderno da gaveta. - Eu presumo que vocês estejam atrasados. Então, se vocês pudessem assinar aqui e ficar na sala de artes até a segunda aula...

– Sem problemas. - Sarah disse, tirando uma caneta da bolsa azul e assinando o caderno. Ela o passou para mim

.Eu o assinei e o passei para Jon, que estava encostado casualmente na porede da sala, e fui em direção a porta.

– Direto para a sala de artes, Sta. White. - Maya disse, enquanto eu saia da sala.

– Ta, ta. - gritei. - Já entendi.

E naquele momento, uma idéia surgiu na minha cabeça. E um sorriso diabólico apareceu em meus lábios.

Bom, eu disse que eu tinha entendido.

Mas eu não tinha dito nada sobre obedecer.

Afinal, eu já tinha perdido uma aula mesmo. Que mal faria perder todas as outras oito?

Além do mais, digamos que escola era a última coisa com o que eu deveria me importar naquele momento.

Andei rapidamente pelo corredor deserto até chegar as escadas que levariam ao ginásio. Olhei para tras, e olha, que maravilha! Sarah e Jon ainda estavam dentro da sala, provavelmente ainda conversando com a Freira Faraó.

Desci as escadas rapidamente e passei pelo ginásio vazio, contornando-o e indo em direção aos jardins do fundo da escola e olhei a minha volta, analisando o jardim ao meu redor, procurando qualquer coisa que me tirasse daquele sanatório dos infernos que chamavam de escola. Qualquer saída seria bem vinda naquele momento.

Até mesmo uma árvore decrepita.

Eu olhei para a árvore a menos de 5 metros, encostada em uma parte do alto muro de pedras que rodeava a escola e fui em direção a ela, tentando ao máximo não começar a fazer uma dança da vitória ali mesmo.

Quer dizer, o cara que planejou essa escola (ou melhor dizendo, o dinossauro) só podia estar mesmo muito chapado (vendo gnomos e tudo o mais) pra rodear o muro dela de árvores. Aquelas árvores praticamente gritavam "suba em mim, suba em mim"!

Qualquer um poderia muito bem escalar elas e pular o muro. Dã!

E que, no caso, era exatamente o que eu ia fazer.

Quando cheguei ao pé da grande árvore, eu ergui minha cabeça para cima e olhei para ela. Era um sicómoro, assim como todas as outras ao seu redor. Uma árvore de porte grande, cheia de folhas murchas e de galhos altos - provavelmente tão velhos quanto aquela escola - e retorcidos que chegavam a tocar o topo do muro de pedra.

Após me certificar de que não havia ninguém por perto - nenhuma freira pré-histórica pronta para danar com a minha vida -, coloquei meu pé no tronco da árvore e agarrei o ramo mais próximo. E fui passando de ramo em ramo, subindo a árvore.

Bem, eu disse que qualquer um poderia escalar aquilo. Até mesmo eu.

Eu sorri, olhando para o chão abaixo do galho onde meus pés estavam seguramente posicionados. Talvez o universo estivesse começando a finalmente deixar de lado o ódio que ele sentia por mim e conspirar ao meu favor.

– Sabe, existem maneiras muito mais fáceis de se fazer isso.

É, e talvez não.

Ai, caramba!

Pronto, era agora que eu era expulsa de vez.

Eu já tava até vendo. A Sarah ia me comer viva por causa daquilo.

E depois ela ia fazer um novo par de sapatos com os meus ossos.

E então, só então, ela me mataria.

Universo, seu lindo. Eu já disse que eu te amo?

Com o coração saltando dentro do meu peito - de uma maneira não muito legal - eu virei minha cabeça para o lado em que tinha ouvido a voz.

E de todas as coisas que eu esperava ver - freiras dinossauricas, professores, terroristas, homens-bombas; qualquer um desses - aquela com certeza era a última.

Ah, universo, seu maldito. Um dia você ainda me paga!

Um garoto de cabelos louros e sueter vermelho me observava, com os olhos preocupados. Ele estava sentado na beirada do tronco da árvore ao lado (que estava em um estado bem melhor que a minha) virado bem na minha direção. As pernas balançando livremente pelo ar, como se ficar ali, no topo da árvore de 5 metros, fosse a coisa mais normal do mundo.

Eu o encarei.

Mas quando foi que esse garoto chegou aqui em cima?!

E por que raios eu não vi ele chegar?

– Fazer o que? - eu perguntei, ainda encarando-o.

– Se matar. - o garoto louro ergueu uma das sobrancelhas claras, como eu fosse a louca da história. - Não é isso que você está tentando fazer?

Só podia ser brincadeira.

– Eu não estou tentando me matar. - eu revirei os olhos. Não ainda, pelo menos.

Tudo o que eu queria naquele momento era dar o fora daquele lugar horroroso.

E o mais depressa possível.

– Bom, é isso o que vai acontecer se você continuar subindo nessa árvore. - ele apontou com o dedo para os galhos que estavam com uma aparência frágil ao meu redor. - Anda, desça dai antes que você caia.

– Obrigada pelo aviso - eu disse sarcasticamente, agarrando-me mais ainda no grosso galho - Mas eu sei me virar.

E no momento que eu disse isso, o galho onde eu estava se partiu, e meu pé escorregou. Um gritinho agudo saiu sem permissão pela minha boca.

Ai, droga!

Eu tentei recobrar o equilíbrio, mas meus pés pareciam que eram feitos de manteiga. O garoto louro soltou uma risada alta, e eu desejei ter uma pedra na mão para tacar na cabeça dele.

Bem, eu disse que eu não era lá uma pessoa muito boa.

– Quer por favor calar a boca? - eu gritei, enquanto com uma mão, tentava me agarrar ao galho em cima da minha cabeça. Alguma coisa nojenta e gosmenta estava empestiando ele. E eu soltei um gemido.

– Quer a minha ajuda agora? - ele se esticou na minha direção, se pendurando firmemente no galho com uma das mãos, e estendendo a outra para mim. - Eu prometo que não mordo.

Um sorriso de escárnio que ele claramente estava se esforçando para esconder apareceu no canto de seus lábios. E a minha vontade de atirar uma pedra nele só aumentou. Agora eu não queria ter só uma pedra. Eu queria ter uma montanha inteira para atirar nele.

Ótimo. Como se não bastasse eu quase estar virando um omelete no chão o cara ainda tinha que zoar comigo.

Ah, francamente.

Eu ignorei a mão dele que estava estendida para mim e me agarrei firmemente ao ramo da árvore acima de mim. Forcei ele para baixo, certificando-me que não quebraria e passei minhas pernas por ele, enlaçando-o. E estava quase conseguindo subir em cima dele, quando um estalo seguido de um crek fizeram o galho rachar e cair.

Essa não!!!

Antes que eu pudesse gritar ou fazer qualquer tipo de coisa, mãos fortes agarraram minha cintura e me jogaram contra algo extremamente duro.

– Eu te avisei!

Eu abri meus olhos - que eu mal tinha percebido que estavam fechados. - e dei de cara com um par de olhos incrivelmente verdes me olhando bem de perto.

Era só o que me faltava!

O garoto louro me encarava, os olhos arregalados de preocupação. Nós estávamos na outra árvore - a que não estava desmoronando - e seus braços me seguravam perto de seu corpo (provavelmente a coisadura com que eu tinha me chocado) embalando-me como se eu fosse um bebê.

Eu o encarei, sem fala.

– Você está bem? - ele perguntou, e seus braços me apertaram. - Se machucou em algum lugar? É melhor eu te levar para a enfermaria...

– Ei, eu to legal! - eu disse, sentindo meu coração bater mais forte do que nunca dentro do meu peito.

Santo Deus. Aquele garoto tinha acabado de me agarrar no ar!

No. Ar.

– Bom, agora que a sua tentativa de suicídio fracassou. - ele disse, depois de um segundo de silêncio, e um meio sorriso tornou a brotar em seus lábios. - Que tal se a gente descesse dessa árvore, hein?

Eu o empurrei, e seus braços me soltaram.

Sem me virar para trás, apoiei meu pé no galho e comecei a descer, sentindo o garoto logo atrás de mim.

Eu estava me sentindo uma verdadeira idiota. De todas as maneiras que eu achava que a minha tentativa de fuga pudesse dar errado; aquela era última da minha lista.

Quer dizer, cair de uma árvore? Boa, Emma. Boa.

Saltei do último galho que faltava e aterrisei no chão, ofegante. Quando chegou chegou ao chão, o garoto louro riu.

– Até que foi bem divertido. - ele disse, um meio sorriso de formando no seu rosto enquanto ele limpava a poeira do jeans azul e do sueter.

Eu o encarei, ainda ofegante por causa da descida.

Ah, claro. Foi divertido porque não tinha sido ele que tinha despencado de uma árvore.

Mas quando eu estava prestes a dar uma resposta digna àquele comentário idiota, uma tontura forte me atingiu, e eu tive que me apoiar na árvore para não cair. Tentei respirar fundo, mas eu não conseguia. Meus pulmões estavam travados.

O garoto louro parou de rir e veio até mim.

– Ei, tem certeza que você está bem? - ele perguntou, se aproximando devagar de mim. - Acho melhor você se sentar.

Eu fiz que sim com a cabeça e me sentei à sombra da árvore - não porque ele tinha mandado, mas porque as coisas a minha volta começaram a rodar de uma maneira não muito legal, e sentar parecia ser idéia maravilhosa naquele momento -, colocando a cabeça entre os joelhos

– Tenho. - eu disse, ofegante, pousando meu olhar na grama seca aos meus pés. - Só preciso... de... um minuto.

E eu fiquei ali, inspirando e expirando devagar, tentando jogar ar para os meus pulmões problemáticos que provavelmente me odiavam mais que o universo. Vamos lá, pulmões. Funcionem.

Depois de um minuto - quando as árvores a minha volta ficaram mais fixas em seus lugares e a minha respiração se estabilizou. - eu ergui minha cabeça.

O Sr.Sueter-Vermelho me observava, a testa franzida. Ele estava sentado de frente para mim, de pernas dobradas, de modo que quando ergui minha cabeça, dei de cara com seus olhos verdes.

– Você se cansa muito fácil, ou não está acostumada a cair do topo de árvores? - ele perguntou, brincando. Aquele estúpido sorriso se erguendo no canto dos lábios.

Ah, como seria bom ter o monte Fuji para arremessar na cabeça desse garoto.

Ele se levantou e estendeu a mão para mim. Eu a ignorei e em um salto me pus de pé, respirando fundo. As coisas ainda estavam girando, mas eu conseguia aguentar; eu achava.

– Agora será que você pode me explicar o que estava fazendo lá em cima? Além de tentar se matar, é claro.

– Já falei! - eu disse, irritada, enquanto tentava tirar as folhas secas e alguns pedaços de cascalho do meu jeans. Qual era o problema daquele garoto? Porque ele não me deixava em paz?

– Eu não estava tentando me matar.

– Não foi o que pareceu. - ele disse, cruzando os braços.

Eu bufei, com raiva.

Desde quando eu, Emma White, tinha que explicar o que eu fazia ou deixava de fazer para garotos loucos que apareciam de repente no topo de árvores?

Ah, é, lembrei. Desde nunca.

Eu dei as costas para o Sr.Macaco-Escalador-De-Árvores-Aranha e caminhei com um pouco de dificuldade em direção a mansão. Quem sabe eu ainda poderia me esconder no banheiro feminino até o sinal tocar.

– Ei, onde você vai? - ele gritou atrás de mim, e pude ouvir os passos dele tentando me acompanhar.

Céus. Me deixe em paz.

Eu o ignorei - cara, eu realmente estava ficando boa em fazer isso - e continuei andando.

– É sério! Você precisa ir a enfermaria. - ele disse, sua voz mais próxima de mim.

– Eu já disse que eu to legal! - eu o cortei, respirando fundo. Ou pelo menos, tentando respirar fundo. Pareciam que tinham colocado pedras nos meus pulmões. E aquilo realmente estava começando a doer. Tive que parar de andar.

Com um movimento rápido, o garoto louro passou o braço dele pelas minha cintura e depois, colocou o meu braço em seus ombros largos, de modo que o meu peso fosse suportado por ele.

– Melhor? - ele perguntou, simpático. E eu virei a cara. Eu estava mesmo melhor (meu corpo estava finalmente se lembrando de que tinha pulmões e poderia muito bem e obrigada utiliza-los). Mas é claro que eu não ia dizer isso para o aspirante a escalador ali.

Maldito universo, maldito universo, maldito universo...

Ele soltou um riso e começou a andar.

– Vou tomar isso como um 'sim'.

Eu não podia acreditar. Eu estava sendo carregada, por um cara possivelmente louco que surgia no topo de árvores do nada e salvava garotas de virarem omelete no chão.

Boa, Emma. Boa. Você é praticamente um imã para estranhisses.

– Então, vai me contar o que você estava fazendo lá em cima? - o garoto perguntou, depois de andarmos alguns metros, quase chegando ao ginásio. Seus olhos verdes pousaram em mim. - Ou vai me dizer que você só estava apreciando a vista?

– Quase isso. - eu resmunguei, olhando para o outro lado. Porque, sabe, eu amo escalar árvores. Principalmente como meu pulmão de ferro sempre ao meu dispor. E a vista de Chloetown city é tão bonita...

– Você não deveria estar, sei lá, na aula? - novamente ele arqueou a aquela sobrancelha clara. Aquilo estava me irritando (sim, eu sei que eu me irrito facilmente).

– Eu cheguei atrasada. - e então, eu o olhei de lado - Falando nisso, você também não tinha que estar tendo aula?

Áha, peguei você Sr.Spider-Man!

– Fui dispensado. - ele disse, simplesmente, enquanto cruzávamos as portas do fundo da escola e chegávamos ao corredor principal, que dava acesso as salas e a enfermaria. - Estou ajudando o pessoal organizar o Festival de Outono.

Festival de Outono? Desde quando a gente tinha esse tipo de coisa na escola?­­­

Mas eu não pude perguntar o que era; porque nesse momento, uma garota surgiu pulando na nossa frente.

– Ron! Finalmente achei você!

Ron?! O nome do garoto maluco era Ron?!

Legal. Além de ser escalador profissional, o cara ainda era o melhor amigo do Harry Potter.

Legal. Muito legal.

A garota saltitante era Beatrice Sonencleare, pelo o que pude perceber. Uma secundarista da idade da Sarah, líder de torcida e quase tão alta quanto o garoto ao meu lado. Tinha cabelos lisos e longos que lhe caiam pelos ombros em um amontoado de fios dourados. Ela estava vestindo um vestido rosa claro que descia até um pouco abaixo de seus joelhos e sapatilhas combinando, fazendo com que ela parecesse algum tipo de Barbie que tinha feito macumba para virar humana.

– Oi, Beatrice. - o garoto (eu me recusava a chama-lo com o nome do melhor amigo bruxo do Harry Potter) comprimentou. - O que foi?

– Ron, você está atrasado! - ela começou a falar - A Madre Superiora está te esperando a séculos. Ela me pediu para ir procurar por você, já que você não retornou para a sala dela e... - e como se só naquele momento ela notasse que eu estava ali, Beatrice Sonecleare olhou para mim. E eu posso afirmar que aquele olhar não foi nada agradável.

– Quem é ela?

Aquele 'ela' tinha soado mais como se ela tivesse falando de um inseto nojento pisado do que de mim.

– Ela? - o garoto apontou para mim - Ah, essa é Emma White. - ele sorriu, falando como se eu não estivesse a apenas 2 centímentros de distancia dele.

E meu queixo caiu.

Ta legal, em nenhum momento eu me lembrava de ter me apresentado para Sr.Weasley ali ou qualquer coisa parecida.

Então como aquele garoto maluco sabia meu nome?

Beatrice colocou a mão na cintura e me olhou - um olhar que claramente dizia: Não gosto de você. Se manda.– E sua boca se retorceu­

– E o que ela está fazendo com você? - a voz fina dela se elevou, arranhando meus tímpanos e fazendo com que eu quisesse ter nascido sem eles.

Era exatamente por isso que eu odiava o pessoal da minha escola.

Eles eram tão... odiaveis.

– Emma queria ir até a biblioteca, mas estava perdida. E eu apenas estava mostrando onde a biblioteca ficava, não é mesmo, Emma?

Se o meu queixo já estava caído, então naquele momento, ele tinha praticamente alcançado o centro da terra.

Beatrice olhou para mim, cética, como se precisasse que eu confirmasse o que o garoto - que aparentemente tinha alguns, se não todos, parafusos a menos na cabeça - ao meu lado estava dizendo. As unhas perfeitas trambolhiando na cintura.

Primeiro, eu tinha certeza de que eu não parecia nada com alguém que ia a biblioteca.

Principalmente pelo estado que as minhas roupas deveriam estar (digamos que o meus jeans sujos e velhos não eram o tipo de coisa que uma pessoa estudiosa usaria)

Segundo, a biblioteca não só estava em reforma, como ficava do ladoo posto de onde estávamos indo.

E é claro que a Miss-Barbie-Girl-Universo ali não deixou de perceber isso.

– A biblioteca fica para o outro lado. - ela apontou com o dedo para além de nós, não dando-me tempo de responder. Aparentemente ela tinha se esquecido que a biblioteca estava intransitável. Típico.

– Exatamente. - o garoto disse, sorrindo, aproveitando-se da deixa da Barbie. - Estávamos indo para lá quando a Emma começou a passar mal. Então eu decidi leva-lá até enfermaria.

Beatrice olhou para mim, os olhos sondando-me de um jeito que ela parecia estar tentando enxergar a minha alma. Por fim, ela deu de ombros.

– Certo. - Beatrice disse, os olhos cor de mel olhando carolasamente para o garoto, como se ela estivesse flertando com ele. Eca. - Mas a Madre ainda está te esperando, Ron. É melhor você ir antes que...

– Diga a ele que eu já estou indo. Só vou deixar Emma na enfermaria primeiro.

– Tudo bem. - Beatrice disse e então foi embora. Mas não antes de me lançar um olhar de nojo.

Reprimi a minha vontade assassina de dar uns bons tabefes na cara daquela imitação de Chuck cor de rosa. As coisas já estavam ruins o bastante pro meu lado para eu ainda ter que lidar com uma mão machucada.

O garoto louro suspirou.

– Nossa. Essa foi por pouco - ele disse, e então recomeçou a andar.

– Como você sabia meu nome? - perguntei, desconfiada. Não era possível que ele soubesse meu nome, ainda mais meu nome completo. Eu nem sabia que esse garoto existia até meia hora atrás.

Ele deu de ombros.

– Faz parte do meu trabalho. - ele disse.

Agora foi a minha vez de arquear uma sobrancelha. O que o Festival-do-sei-lá-o-que poderia ter haver com meu nome?

– Sou presidente do conselho estudantil.- ele explicou, vendo a confusão estampada em meu rosto – Saber os nomes dos alunos da escola faz parte.

Eu parei de andar, estupefata. E ele parou também

Ai.

Meu.

Deus.

Eu tinha mesmo tentado matar aula, sair da escola, tudo isso na frente do presidente do conselho estudantil da escola?

Aquilo só podia ser piada.

Tinha que ser uma piada.

– Você está brincando, né? - eu disse, minha voz se elevando. E se ele não estivesse me segurando, eu teria caído e, provavelmente testemunhado um encontro não muito romântico da minha cara com o chão.

– Não. - ele respondeu, sério. - Mas não se preocupe. Eu não vou contar o que aconteceu lá fora para ninguém. Será nosso segredinho. - ele piscou para mim; piscou de verdade, e então recomeçou a andar.

Eu continuei a encarar ele, sem acreditar, enquanto nós andávamos em direção a enfermaria, com apenas um pensamento me rondando a cabeça:

Maldito Universo. Você ainda me paga.



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Notas finais do capítulo

Eu gostaria muito se vocês me dissessem oque vocês acharam do cap, sério >
Beijos de todo o coração,
Ly