KOS escrita por Cah Sants


Capítulo 40
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Notas iniciais do capítulo

Bom, para vocês que se importam, aqui está a continuação. Foi, de longe, o capitulo mais dificil que já escrevi, embora seja necessario. Nem mesmo o nomeei, pois não tenho palavras para ele. Dedicado ao Herms, que ainda não apareceu por aqui.



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-Hardie, vamos até o riacho. A água já acabou e estou com muito calor- Gabor começou a juntar os objetos no chão, mas Hardie tocou seu ombro.
-Pode ir, se tivermos que fazer uma mudança cada vez que você quiser algo na mata- ela riu, balançando a cabeça- Qual é? São só quinze minutos, Gabor. Vamos ficar bem aqui, ok?
Incerto, Gabor encarou o menino Lucius. Não que pensasse que ele faria qualquer coisa contra a irmã, mas sabia que sob ataque, ele não seria de grande ajuda para ela. Porem, vencido pela lábia da irmã, ele juntou as duas garrafas de água já vazias e uns morangos que Lucius colhera, descendo a mata à leste.
-Lucius, não vai comer?- ela chama o menino antes de se sentar.
-Esses são seus- ele sorri, saltitando entre os morangueiros, tomando cuidado com os espinhos- Eu posso colher mais. E encontrei ali uma amoreira ótima. Eu já disse como adoro amoras? Mas não posso ir até lá, está cheio de abelhas modificadas do Capitol.
-Abelhas modificadas?- Hardie não entendia nada sobre bestantes.
-É, com ferroes que rasgam dolorosamente a pele. É melhor tomar cuidado.
Sem aviso, Eder saltou entre as arvores e arbustos onde estivera escondido nos últimos minutos, evitando a abertura no chão. Carregava somente um machado na mão, um machado mortal.
Hardie e Lucius correram, Hardie na frente por ser melhor corredora e Lucius, com a perna machucada. A menina corria para o lado contrario ao que o irmão havia ido e, por momentos que ela jamais recuperaria, se esqueceu do garotinho. Parou bruscamente e se virou para ver o menino cair no chão, ao tropeçar em uma das aberturas no chão.
-Lucius- ela avançou para ajuda-lo, mas tudo aconteceu muito rápido.
Primeiro Eder, com o machado, soltando-o sobre o peito do garotinho com tanta força que ele mal teve tempo de sentir dor. O canhão soou quase instantaneamente. Então, quando ela estava desnorteada pelo que acabara de acontecer, uma flecha passa por ela raspando para acertar o tórax do garoto do distrito sete. Não foi um golpe para matar, ela percebeu, mas ainda observou quando Babi avançou para o garoto com uma faca, cortando partes estratégicas dele enquanto gritava. O canhão soou e ela correu para se esconder, com medo de ser a próxima.
Babi se pôs ao lado do garoto do seu distrito. Ela sabia como ele era teimoso e sabia que ele não era nem um pouco cauteloso. Mas não esperava vê-lo morrer ainda, embora estivesse grata agora de que não precisaria fazer isso. Mas tudo só aumentava seu desejo de derrubar o Capitol, de começar sua própria revolução e ela iria se saísse dali. Voltou até o corpo mutilado de Eder e, com a faca, marcou o nome do garotinho e o distrito. Se fizesse mais que isso, ela estaria encrencada.
Ao se virar para procurar a outra garota, ela já sabia que não encontraria. Se distraiu muito com Eder e a outra passou por seus dedos. Mas ela não queria realmente ter que matar a garota do seis. Então ela só saiu de perto de Lucius e Eder, para que seus corpos fossem levados.
-Ela estava aqui. Eu não sei o que foi que aconteceu, mas eu tenho certeza- Charlie juntava os mantimentos- que já não eram muitos- enquanto Noah a encarava.
-A arena está se esvaziando- ele se sentou em um enorme tronco fincado no chão- Acho que ela pensou que já era hora de ir. Só um pode vencer, não é.
Charlie encarou o garoto por instantes. Ele a mataria? Ela o mataria?
-Acho que minhas chances são menores- diz Charlie ao terminar de juntar as coisas- Porque eu não acho que mataria você.
Caminharam pela margem do rio por algum tempo antes de escurecer. A tática era estar em constante movimento, para não serem espreitados ou roubados. Os dias eram quentes, mas as noites eram frias. Mas depois da nascente, se eles fossem fortes o bastante para atravessar, tudo era mais primitivo e cavernas ornamentavam o lado de lá, quase no fim da arena. Sem visão para os carreiristas, eles podiam acender uma fogueira pequena la dentro e se aquecer, enquanto esperavam o anuncio das mortes. Foi um dia agitado de cinco canhões, pelo que puderam contar, sem contar com Josh.
-Eu nunca pensei que diria isso, mas estou torcendo por você, sabe- Charlie diz quando o silencio começa a incomodá-la.
-Bom, se por um motivo muito impossível eu não vencer, eu espero que você vença também- diz ele, dando ênfase desnecessária ao dizer impossível.
-O que você pretende fazer quando chegar em casa?- a menina pega uma das nozes torradas e arranca a casca ruidosamente, oferecendo a Noah.
-Provavelmente, vou jogar na cara de todos os garotos que zombavam de mim na escola- ele diz, encolhido, meio incerto.
-Zombavam de você na escola- a menina percebeu como soara incrédula tarde demais para concertar.
-Eu sei que parece incrível- seu tom convencido faz Charlie rir- Mas eu nem sempre fui lindo e esperto- as risadas começaram a ficar altas e Charlie precisava fazer muita força para encarar o amigo.
-Você não é tão...- ela diz, após se recuperar.
-Diga isso- provoca Noah.
-Não mereço...
-Diga, Chuckie hottie
-Odeio quando você me chama assim- ela soca uma noz, quebrando a casca- Quer dizer, as vezes você é infantil demais.
-É só uma brincadeira- ele dá de ombros, mas já parou de rir- Desculpe.
-Acha que a Soph...- ela se interrompeu, mas era tarde e Noah não dormiria enquanto ela não terminasse de falar- Acha que a Soph gostava... Gostava de você?
-Por que você acha isso?- Noah puxa um dos casacos de tributo do chão e envolve em Charlie, em seguida pega o seu.
-É que ela conversou comigo pela manhã. Me perguntou...- Charlie se debatia pro ser tímida; mas era algo que ela tinha que falar- me perguntou se você e eu...
Noah dá uma risada naturalmente sua, como se Charlie tivesse acabado de dar a ele a melhor noticia ou o melhor presente.
-O que você respondeu?
-Como assim, o que respondi?- ela soca o braço do garoto, rindo- A verdade. Que não temos nada.
-Isso é o que você diz- ele envolve os ombros da garota com seus braços- Eu digo outra coisa.
-Você não conta- responde, muito mais tímida e possivelmente com o rosto moreno muito corado- Noah...
-Eu digo que você, como todas, é louca por mim. Secretamente.
-Ou vice versa- ela riu, movida por coragem súbita ao encarar o amigo, tão perto- Você implica comigo porque não pode me ter. É algo impossível, sabemos que não é real. Ilógico. Distritos diferentes não deviam se envolver.
-E não se envolvem- ele solta uma gargalhada fraca- mais quem se importa? Um de nos, talvez os dois, devem estar mortos antes do fim da semana- Noah da de ombros e, movido por algo alem de si, puxa a menina Charlie para si- Se eu morrer, você já sabe como é importante.
Noah beija a testa da garota, em seguida ele desce, para um beijo de verdade. Charlie se assusta, nunca antes tivera um garoto tão próximo. Talvez Telmit, mas nunca o havia beijado. Noah envolveu a menina pela cintura, sem saber há quanto tempo ele queria fazer isso. Na verdade, nem fazia ideia se devia se envolver com ela. Mas a sensação de beijá-la era tão boa e reconfortante que ele não parou.
O hino de Panem os separou instantes depois, anunciando os rostos dos carreiristas já mortos, de Josh e de Lucius, depois Eder. Charlie apertou muito o braço do amigo, olhando para o céu e lamentou pelos meninos em segredo. Mas eles não podiam ter imaginado que três carreiristas estavam mortos. A esperança de vitoria pairou entre os tributos sobreviventes e permitiu a primeira boa noite de sono na arena. E quem sabe se não era a ultima?


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