Bree juntara coisas demais para carregar e demorou mais que o dobro do tempo para voltar até Caleb. Ao menos ele estivera lá, exatamente onde ela o mandara ficar. Colocou as bolsas no chão para aliviar o peso e descansar, depois olhou firme para o amigo, que estava tentando bater na arvore com sua espada e o maximo que conseguiu foi tirar umas lasquinhas.

-Pode pegar uma das bolsas e me ajudar?- ela chamou pelo menino, que não tinha visto ela e saltou com o susto quando ela apareceu.

-Ah, é você- ele soltou a espada e foi até a menina; Bree estava desprevenida quando Caleb a abraçou- Demorou. Quando vai me explicar o que está acontecendo?

Bree empurrou o menino com um pouco de força, meio com medo, meio surpresa- Não fique me apertando assim, você é forte demais. Sente-se, Caleb. Vamos conversar.

-Por que eu não me lembro de nada?

-Porque você é o cara mais teimoso que já conheci- Bree se sentou ao lado do garoto, em uma raiz alta da arvore- Mas não importa mais. O que importa é isso- ela gesticulou a sua volta.

-E o que é isto?- Caleb questionou com ar de deboche- Onde estamos?

-São os Jogos.

A fúria de Gabe foi tão grande que imediatamente ele pegou quantas armas pôde e chamou as meninas- Vamos. Nós vamos encontrar aqueles traidores e eu não vou sossegar até encontrar aquela vadia loira e arrancar cada fio do seu cabelo.

Kathy e Spider se olharam, assustadas. Gabe sempre parecia tão insano que vê-lo tão furioso parecia surreal.

-Acha que pode fazer isso só com a Babi?- Kathy ajeitou suas facas- Vou para o outro lado. Quero encontrar aquela garota do sete que fugiu na cornucópia; Ela não pode me fazer de boba e sair ilesa.

-Eu posso fazer isso sozinho, ou você acha que eu não sou capaz?

-Não, não é isso- Kathy fechou bem os olhos quando Gabe se aproximou, mas ele só a beijou.

-Vai atrás da garotinha. Mas mate-a.

-Não voltarei enquanto não fizer isso.

Em um dos acampamentos ao sul da floresta, Sophie podia sentir seu remédio fazendo efeito. Não era mágico; ela não melhoraria de uma hora para outra, mas agora já conseguia se mover de um lado para o outro sem sentir dor no braço ou tonturas e não tinha mais febre. O ferimento estava se limpando aos poucos para fechar.

-Você entende de plantas, garoto?- Noah questionou ao pequeno Josh, que estava sentando ao lado de Charlie.

-Um pouco- ele balançou a cabeça- Eu estive um tempo com o menino do distrito cinco; ele entende de venenos e remédios e eu consigo reconhecer alguns.

-Vamos então- ele gesticula para que Josh o siga- Acha que pode encontrar comida?

Josh sorri- Eu sei que posso.

-Charlie, leve Sophie daqui; Não podemos mais ficar parados no mesmo lugar, a arena vai começar a esvaziar e os carreiristas vão começar a procurar.

-Pra onde vamos?- Charlie e Sophie disseram quase em coro.

-Continuem ao sul- Noah gesticula com a mão- Se seguirem esse caminho, encontraremos vocês.

Noah e Josh estiveram caminhando por um tempo, sem saber para onde estavam indo; No caminho, encontraram morangos e mas amoras que Josh não deixou Noah pegar porque eram venenosas, ele tinha quase certeza. Mas quando encontraram maças, Josh não ficou feliz.

-Estamos quase na cidade- ele diz a Noah- Essas coisas aqui só dão na divisa, perto da cerca.

Atrás dos garotos ouve um rugido e eles congelaram, em seguida olharam para trás; Estava a vinte ou trinta metros dos garotos, mas era tão amarelo e brilhante que era impossível não ver. Era algo como uma raposa. Mas não era qualquer raposa, era uma mutação. Raposas não eram douradas e não brilhavam como ouro.

Josh encarou Noah, como se esperando algum tipo de indicação do que fazer. Mas não houve tempo. A raposa começou a correr para eles e Noah automaticamente começou a escalar a arvore mais próxima. Era alta e ele tinha dificuldade em fazer isso, mas estava sem arma e era sua única opção.

Josh tentou fazer o mesmo, mas nunca escalara antes. Nunca nem tentara. Mas talvez... Talvez ele pudesse escalar a cerca, ele pensou. Então correu. De onde estava, Noah se martirizava. Ele devia ter subido o garoto primeiro. Mas pensava que ele o faria, o viu no centro de treinamento nas filas para a escalada mais de uma vez. Agora ele só corria. Não, corria para a cerca. Noah não era um gênio mais ele via algo na cerca que não parecia certo... Ela estava ligada.

-Josh!- Ele gritou, mas o menino não pareceu ouvi-lo- Josh, não vá para a cerca!

A raposa estava agora tão próxima que ele não via nada alem da cerca a sua frente. E quando tocou as grades, sentiu um arrepio. Algo que percorreu seu corpo, algum tipo de fogo, o fazendo sacolejar. Faz foi questão de segundos até todo clarão se tornar um borrão. E ele estava no chão. A raposa não viu Noah quando passou por ele, mas segurou a camisa do garotinho e sacudiu; ele não se movia nem fazia barulho. Então a raposa o arrastou até sumir de vista.

O canhão sequer foi ouvido por Noah. Não era justo, ele pensava. Ele era só um garotinho. Isso não parecia justo, não depois que ele ajudou a salvar Sophie... Mas não havia muito a fazer mais. Recolheu as maças e voltou pelo caminho de onde veio, para encontrar as meninas e lhes dar a noticia.

Eder nunca foi um ignorante. Podia não entender nada de mecânica e nada de tecnologia, mas sabia o suficiente para não tocar a cerca. Ele vira quando os carreiristas abandonaram o posto. Pegou mais o que podia, tentando não roubar coisas demais para não ser descoberto, retirou mais uma arma que estava escondida e seguiu para seu esconderijo na floresta. Mas foi estranho depois que ele atravessou. Um zumbido estranho havia começado. Então ele pegou um folha seca do chão e jogou na cerca e ela se desfez. E ele já sabia que não voltaria para a cidade tão cedo.