Sophie- http://i1206.photobucket.com/albums/bb442/Sarah-Malfoy/daveigh-chase-photo-6.jpg

A família Johnson, do distrito sete, não sabia que naquele ano um de seus membros deixariam o distrito para ir aos jogos. Por isso eles se permitiam estar felizes. Preocupação, não tinham. Eram uma familia muito simples, mas nunca faltava nada para as crianças: Sophie, de 14 anos e Jason, de oito.

–Soph, pode me passar aquele pãozinho, por favor?- o menino estica o braço, curto demais, e Sophie ri com a cena- Obrigada.

Jason era um garotinho muito amado, pela irmã, pelo pai, pelas pessoas do distrito e principalmente por Jane Sparks, a melhor amiga de Sophie. Isso por que ele era o caçula da familia e era a alegria de viver naquela casa. Era o que Sophia pensava. Amava-o mais que tudo e sentia necessidade de proteger o garoto. E nem imaginava que um dia ele pudesse crescer e entrar na colheita.

O pai da menina trabalhava duro pelos filhos; não podia dar tudo que eles queriam, mas podia oferecer aos filhos tudo que precisavam para estar sempre saudáveis. Sophie também trabalhava, juntamente com Jane, e isso foi um ponto positivo na vida da garota: apesar de dar duro, entendia de armas- especificamente era apaixonada pelo seu machado de lamina dupla.

Mas apesar de não se preocupar com a colheita, Jane estava lá para demonstrar para a garota as possibilidades de acontecer. Todos os anos, Jane fazia isso: Sophie passava o ano inteiro tranquila e, no dia da colheita, Jane colocava tudo a perder fazendo com que Soph sempre se perdesse a confiança no ultimo momento. Não que a amiga fizesse por mal.

–No ano passado, Corine foi aos jogos- dizia Jane enquanto se distraia com um pedaço de papel, picando em pedacinhos lentamente- Ela poderia ter vencido se estivesse preparada.

–Pare, Jane- disse Sophie, arrancando das mãos da amiga o pedaço de papel- Não diga esse tipo de coisa. Seria terrível para a minha familia se eu saísse para essa droga de jogo.

–Não estou dizendo que você vai- riu a outra, seus olhos fixos no teto; Jane gostava de imaginar situações- Mas que não estaria preparada se fosse; nem sequer gosta de ouvir falar dos jogos.

–Tenho medo do que poderia acontecer a Jason... Ele teria que trabalhar... Talvez até largar a escola...

–Não se preocupe com Jason agora- retruca a amiga, parecendo insensível- Jason nem mesmo participa da colheita ainda. Você participa. Pense em você.

–Estou pensando- Sophie disse, com raiva, e saiu de perto de Jane.

Sophie amava sua amiga. Mas odiava o modo como ela sempre conseguia irrita-la. Jane falava muito; praticamente tudo que se passava em sua cabeça. E o que ela pensava nem sempre agradava a Sophie.

–Não se preocupe- disse a si mesma, quando se viu sozinha em seu quarto- Ela fala isso o tempo todo. Não tem o que temer.

Sophie se vestiu para a colheita, com uma camisa branca e saia azul florida. Usava sapatilhas de veludo, que ganhara do pai para a colheita. Seus cabelos longos e negros, que ela enfeitou com um grampo colorido verde claro que combinava com seus olhos aqua, escorriam até seus cotovelos.

Sophie se sentida linda e bem. Preparara- com a pequena, mas significativa ajuda de Jason- o banquete que seria servido assim que voltassem para casa. Havia uma sopa de tomates e queijo, pães, um pouco de leite, suco e algumas amoras bem grandes que conseguira milagrosamente no mercado.

–Por que não podemos comer agora?- Jason perguntava, encarando a panela com sopa de tomates, vermelha e cheirosa graças as ervas que a menina colocara- cozinhar era uma coisa muito fácil para ela.

–Porque vamos comer na festa que daremos assim que voltarmos para casa- ela retira do prato uma amora, a maior e mais brilhante e coloca na mão do garoto- Não se preocupe, Jason, seu esfomeado, a comida continuará aqui. Todos vão para a praça assistir à colheita. Está pronto?

Jason se vestiu com uma camisa de botões verde por cima de uma camisa clara. Usava calças e seus tênis novos que ganhara do pai no mês passado. Ele era muito baixinho para a idade e o cabelo nunca parecia penteado, caindo nos olhos e atrapalhando sua visão.

–Sim. Já temos que ir?

–Temos- Sophie segura a mão do irmão e, juntamente com o pai, saem de casa rumo a praça.

Está bem mais limpa que o habitual e Blaine, a mulher que faz o sorteio no distrito sete, não parece nem um pouco amigável em cima do palco. Parece mais inconveniente e impaciente.

Sophie se separa tranquilamente do irmão e vai para a fila de identificação. Depois de confirmada a presença da garota, ela busca pela amiga Jane no meio das outras garotas de quatorze anos.

Todos parecem estar em silencio, menos as duas. Estão tagarelando sobre tudo e sobre todos, e sobre como Blaine parece pior a cada ano, e sobre como ela é carrancuda. Fazem piadas até mesmo do mentor do distrito, um homem feio que as meninas nunca viram fazer outra coisa senão se sentar no banco ornamentado no palco e ronronar.

–Sejam Bem vindos aos Jogos Vorazes, distrito sete- diz Blaine, mas ela não parece nem um pouco amigável- Um de vocês terá a honra de representar seu distrito na mais bela luta pela vitoria. Quem será?

–Incrivel- Jane sussurra para a amiga- Como eles conseguem fazer isso parecer como se fosse algo bom e divertido.

–Fazem de propósito- responde Sophie- Até parece que vamos acreditar.

O prefeito demora um tempo lendo o tratado de traição, então Blaine passa para o globo feminino e retira uma porção de papeis. Nomes caem até que sobra somente um.

–Estão ansiosas, não estão?

–Ah, claro- sussurra Jane.

–Oh, que ansiedade- brinca Sophie e as duas se batem levemente.

–E a garota que representará nosso distrito nos jogos vorazes é... Sophie Johnson!

Alguns segundos se passaram antes que Sophie se lembrasse de quem era. Estava paralisada, assim como Jane ao seu lado. O que Blaine disse, Sophie Johnson? Não, ela imaginara. Não foi o que ela disse, não podia ser.

–Vamos, Sophie. Venha cá para parabenizarmos você, querida.

Sophie olha para o lado, para a amiga, mas esta não pode dizer nada, nem se mexer. Então ela volta a olhar para a frente e caminha para o palco com extrema lentidão antes que os pacificadores comecem a cerca-la, com medo de que a menina lute. Mas ela não luta. Não e medo que ela sente. Só está chocada.

–Parabéns, Sophie, você está nos Jogos.

[...]

–Pai-ela abraça o homem alto que passa pela porta- Pai.

–Shii- ele diz, apertando a filha perto de si- tudo bem, meu amor, não chore.

–Pai, Jason...

–Jason está la fora, com Jane. Só ela pode tranquiliza-lo- ele segura a filha nos braços, tentando acalma-la, mas ele mesmo está muito nervoso- Não se preocupe conosco, vamos ficar bem. Chegou a hora de parar de se preocupar comigo e com seu irmão e se concentrar em você.

–Mas... e agora?

–Sente-se, Soph- o Sr. Johnson carrega a filha para a poltrona- Você tem de se concentrar em você a partir de agora. Esqueça Jason e a mim, vamos ficar bem. Mas se não prestar atenção sem si mesma, pode acabar...

–Tudo bem, eu vou me cuidar- ela respira muito rapido, mas começa a se acalmar- Mas prometa que vai ficar bem? Prometa que Jason ficará bem?

–Fique calma. Jason é amado. Todos vão tomar conta dele. Vai ficar tudo bem.

–E o senhor?

–Estarei bem enquanto estiver bem- ele abraça a filha novamente.

Quando ele sai, Jane entra carregando Jason pela mão. O menino abraça a irmã, assustado. Jason não é bobo. Sabe exatamente o que está acontecendo e tem medo pela irmã.

–Sophie, não quero que você vá.

–Também não quero ir- ela responde, apertando o garotinho- Mas prometo que volto, Jason. Não vou deixar você, ouviu meu bem? Não vou deixa-lo.

Jane encara a amiga. E no seu olhar, o que se vê é força.

–Acreditamos em você, Sophie.