Pôr do Sol. escrita por Hingrid Stilinski


Capítulo 1
Capítulo Único.


Notas iniciais do capítulo

EEEEEEEE CARALHO! Demorou, mas chegou. E com o dobro do tamanho da anterior, então valeu a pena esperar, né? Por isso que demorou tanto, já que eu me inspirei, mas enfim, leiam! Mais esclarecimentos nas notas finais.



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Coisas importantes vêm acontecendo. E pela primeira vez em algum tempo desta minha vida, a maioria delas são boas. Para começo de conversa, cá estou eu, Christina, em minha não tão querida escola, olhando para meus recém entregues testes. Todos eles apresentam esta linda nota que é a letra que termina meu lindo nome - "A", dependendo da matéria acrescente um "-" ou um "+". E tudo soa tão lindo com A, não é? Eu também acho! Diferente deste único e solitário C+ tirado em Literatura Clássica, mas como diria meu irmão: "Não se pode ter toda a sobremesa numa colherada só, sua gorda."

Outra coisa importante é, claro, que o zelador loiro e delinquente da escola finalmente assumiu o relacionamento clandestino que tem com minha melhor amiga sonhadora, Hannah. Esta é uma incrível história meus caros leitores, que um dia contarei. Por enquanto, voltamos aos acontecimentos bons que me vem ocorrendo. Minha mesada aumentou, assim como meus peitos (aleluia!), meu pai me deixou dirigir o carro dele pela primeira vez, achei 2 dólares na rua outro dia e, o mais importante de tudo...

Cabel Foster se declarara pra mim no portão de minha humilde residência a poucas semanas. E desde então tem feito questão de usar sua boca para propósitos bem mais legais do que falar. Mas ei, não pensem em coisas pervertidas, calma! Não estamos nesse ponto ainda, seus apressados.

– Cê tá me deixando enjoada, cara. - Alguém bate com um caderno na minha cabeça, me obrigando a sair do meu mundinho.

– Porra Francis, isso dói! - Acaricio minha nuca com cuidado. A desgraçada ainda me bate com meu próprio caderno!

– Não tenho culpa se cê põe taxinhas no seu caderno, Christy - ela joga meu pobre caderno de volta pro meu armário, batendo-o logo em seguida, nem me dando tempo pra protestar - e que cara de sonhadora era essa de agora a pouco?

– Pare de me chamar de Christy! E eu só estava aqui recordando dos maravilhosos acontecimentos que estão tão presentes em minha vida ultimamente...

– Acho que cê tá andando demais com seu carinha... Tá até falando estranho. - Ela ri e eu a acompanho. Não posso fazer nada, quando se anda com uma pessoa culta por muito tempo seu vocabulário tende a melhorar. - Mas então, é verdade?

– O que? - Pergunto, abrindo novamente meu armário. O corredor, agora cheio, denuncia que o próximo tempo ainda demora alguns minutos pra começar.

– Que esse tal carinha é filho daquele maluco lá?

– Que "maluco lá", Fran? Fala na minha língua.

– Argh sua cabeça-oca, - ela revira os olhos e põe as mãos na cintura, como se fosse eu quem estivesse falando merda - aquele empresário doido, que mora na Inglaterra e tem uns bagulhos sinistros com o presida!

– Cara, vai procurar um dicionário. Como é que você conseguiu chegar no segundo ano? - Ela apenas da de ombros, me ignorando totalmente. Os olhos azuis da minha amiga retardada brilham de curiosidade, então eu suspiro, derrotada. - Eu não sei bem, mas a que tudo indica é sim. Mas né, Cabel não fala muito da família, então...

– NÃO ACREDITO, SUA CACHORRA! - Francis praticamente pula em cima de mim, me parabenizando por isso - os métodos dela não são nada bons, devo admitir. - Você tem que se casar com esse cara! Vai tá feita na vida!

– Ok, menos aí! A gente nem tá namorando ainda.

– Ainda! Há! Sabia que cê não era tão tapada assim, Christy! - E dando pulinhos no lugar, ela começa a cantarolar algo mais sem noção ainda. Suspiro, derrotada, e finalmente pego meus livros para o último tempo dentro do meu armário desorganizado. - Ei, falando nisso, cadê a Hannah?

– Só chuta, sem compromisso. - Fecho o armário e começo a me locomover até minha próxima sala. Francis me segue, como uma cadelinha - no final ela é que merecia esse adjetivo.

– O-todo-gostoso-zelador-loiro-de-nome-Viktor-Kummer? - Entramos na sala e logo Francis senta na minha mesa, como sempre. Jogo minha bolsa ao lado e finalmente me ajeito na cadeira, encarando-a de baixo.

– Na mosca!

– Caramba. Eles tão sérios mesmo ein, mas cara, cê viu aquele...

– Senhorita Miller, poderia por favor, ir para a sua sala? - O senhor Kyle, professor de Álgebra Avançada, praticamente grita com Francis, que apenas da de ombros e sai, sem falar mais nada. Bem, aquilo era praticamente rotina, já que Fran jamais frequentaria alguma aula que tivesse a palavra "avançado" no nome.

A aula começa em seguida, e logo o quadro fica cheio de números e letras, porém minha cabeça se encontra em outro lugar. Na realidade, para vários lugares... Mas o principal é sempre Cabe, claro. Ultimamente tem sido desse jeito, e eu sinceramente não sei como mantenho minhas notas. Vai ver eu aprendo por osmose, ou algo parecido. Cabe me disse um dia desses que talvez eu fosse auditiva e meu cérebro armazenasse tudo o que eu ouvia na aula, por mais que eu não prestasse atenção. Talvez ele esteja certo, porque normalmente ele está.

E assim meus pensamentos ficam tomados por ele. De como ele só sorri pra mim, de como segura minha mão e de como enfrenta o idiota do Josh. Da cara concentrada que ele faz quando está lendo ou de como seus lábios são quentes nos meus... Meu santo anjo caído, estar apaixonada é tão irritantemente bom. Acho que ando pagando ultimamente por sempre ter julgado Hannah, por ela ser sempre cabeça de vento e apaixonada por tudo. Agora eu é que estava agindo de modo bobinho e inofensivo.

– ...stina! - Alguém sacode meus ombros, me fazendo voltar pra sala de aula - Christina! Hey Chris!

– Hannah? - Sussurro de volta, e me viro, franzindo a testa. Desde quando ela estava ali? - Pensei que tivesse matando aula.

– E estava. Mas Viktor me convenceu a vir, já que ele não quer me prejudicar nem nada. - Ela da de ombros, sacudindo o cabelo quase preto em seus ombros. Os olhos dela brilham de um modo estranho, familiar. Acho que já vi aquela expressão em algum lugar. Talvez quando olhei no espelho. Caralho, quanta pieguice.

– Até que o zelador tem a cabeça no lugar, diferente da srta. Romance aqui. - Aponto pro seu rosto meio corado, deixando-a mais vermelha ainda.

– Olha quem fala, srta. Tsundere!¹– Hannah da um tapinha no meu ombro, me fazendo revirar os olhos. Tsundere? Sério mesmo?

Não demora muito para que o alarme anasalado anunciasse o final das aulas. Aleluia! Minha vontade é de beijar o chão no melhor estilo Papa, mas me contenho a tempo, saindo alegremente da sala com Hannah na minha cola.

– Hey Hannah, pra onde nós vamos viajar este ano? Não prestei atenção quando a sra. Sanchez falou sobre. - Pergunto quando já estamos no estacionamento, perto do carro dela.

– Deveria prestar mais atenção nas aulas, Chris - Hannah põe a mão livre na cintura, mais ou menos desequilibrada com seus livros na outra. Sua cara diz que está pronta pra dar um sermão, mas eu a corto antes que comece.

– Não se preocupa Hanny, eu consigo tirar A sem olhar pra cara daquela bruaca, imagina se olhasse? Ganharia um prêmio Nobel. - Faço minha melhor cara de santa (Cabe já disse que eu não enganava ninguém desse jeito, mas não custa nada, né?), fazendo Hannah dar uma risadinha sarcástica - raridade.

– Gente, alguém disposta a ir pra festa do Corbin comigo nesse sábado? A minha mãe disse que eu só vou se alguém responsável for comigo... - Francis praticamente pula na nossa frente, assustando Hannah, que deixa os livros caírem no chão.

– Meu Deus Fran, quer me matar do coração?

– Mals, mas e ae, alguém topa ir comigo? Christy? - Ela olha pra mim com os olhos azuis brilhando (como sempre), mas eu não dou trela. Sabia que se fosse com ela provavelmente ficaria sentada olhando Francis com outros garotos enquanto alguma música irritante sem letra alguma tocava.

Antes que eu pudesse responder, alguém se aproxima, juntando os livros de Hannah do chão com cuidado. O cabelo loiro brilha no sol - mais que o meu, outra raridade - e fica meio difícil não reconhecer a figura tão comentada: Viktor Kummer, zelador gostosão e aparentemente rico. Rico com nada pra fazer né, pra trabalhar numa escola como zelador.

– Ah, obrigada Vik. - Hannah praticamente vira um tomate quando ele a entrega os livros, mas Viktor apenas da de ombros. Super comunicativo perto das pessoas, até parece alguém que eu conheço. Calmamente, ele se senta no capo do carro dela, numa postura meio protetora. Bom, era de se esperar, já que Hannah é extremamente desajeitada e frágil, mas eu não esperava que os dois fossem engatar algo assim tão rápido e abertamente. Ele realmente tá pouco se fodendo pra opinião alheira, hein...

– Mas então Christy, vaaaaaaaaaaamos, por favooooooooor? - Fran se joga na minha frente, praticamente me sufocando. Caramba, eu estava mesmo cercada por doidas! Respiro fundo, pronta pra responder um "não, obrigada", quando os murmúrios no estacionamento param do nada. Ué, o que houve com esses abutres faladores?

Francis se afasta, tentando enxergar por cima do ombro que alguém o motivo da muvuca, e eu me junto a ela, minha curiosidade falando mais alto. Será um acidente? Ou algum barraco? Bom, nós temos Kyra Taylor nessa instituição de ensino, então um barraco não seria novidade - tem mais ou menos uns dois por semana envolvendo a Kyra, mas isso não importa.

– Aquilo ali é um Honda Fit né? Pra que tanto alvoroço por causa de um Honda Fit? - Fran murmura pra mim, praticamente na ponta dos pés. Honda Fit? Todo um show por um Fit quando o cara mais popular do colégio andava por ai com uma Lamborghini? - Ah, pera. Já entendi! - Agora ela ri e assovia, empurrando de vez o garoto que estava na nossa frente, possibilitando uma visão melhor.

– Quem é aquele cara? - Ouço uma garota ao meu lado murmurar para a amiga, mas meu queixo está muito aberto pra responder. Ah meu santo anjo caído.

– Não sei, mas eu aceitaria de presente de natal!

– Ei, dá pra parar de falar do homem das outras? - Francis olha raivosa para as garotas, que a encaram confusas. - Isso mesmo, aquele ali já tem dona, e é essa doida aqui - ela fala puxando meu braço, mas eu não reajo - então vamos, circulando, não tem nada pra vocês babarem por aqui!

Continuo parada por mais alguns segundos, encarando aquela cena um tanto cômica e ao mesmo tempo estranha. Tinha um Cabel Foster encostado num Honda Fit a poucos metros de mim, procurando alguma coisa com o olhar. A maioria das pessoas já foi embora, mas os alunos restantes ou babavam ou encaravam ou cochichavam algo, como aquelas meninas faziam agora pouco, antes de Fran botá-las pra correr. E, meu anjo caído, acho que também tô babando.

– Então aquele ali é o famoso Cabel? - Hannah finalmente se pronuncia, rindo ao meu lado. Põe uma das mãos no meu ombro e me olha com a cara mais sonhadora possível. A Hannah de sempre. Acho que eu deveria me mover agora...

– Sério mesmo? - Consigo murmurar, finalmente saindo do lugar. Francis, de volta ao seu posto ao meu lado, murmura algo como "vadias metidas", mas eu não dou muita atenção. - Eu tô me sentindo num romance YA² agora!

– Tá mais pra mangá shoujo³– Viktor comenta de repente, me sobressaltando. Eita, desde quando a voz dele é tão grossa assim? Hannah solta uma risadinha me da um cutucão, me fazendo suspirar. Ok, acho melhor sair do meio da multid...

– CHRIS! - A voz de Cabe chega nos meus ouvidos, alta e forte como sempre. Peraí, ele tava gritando meu nome no meio do estacionamento? Na frente da escola quase inteira? Porra, acho que se eu não estava corada ainda, agora ele conseguiu. - CHRISTINA! Aqui!

Todos os rostos do estacionamento se voltam pra mim, uns curiosos outros com nojo (invejosas), e de agora em diante eu não poderia reclamar da falta de popularidade. Francis e Hannah soltam risadinhas e me cutucam, me deixando mais nervosa ainda. Com passos largos, abaixo a cabeça e vou até o Honda, meio irritada, meio encabulada. O que esse cabeça oca de rabinho de cavalo tinha na cabeça afinal?

– Cabel! O que você tá fazendo aqui? - Paro na frente dele, as mãos na cintura. Eu realmente me esqueço com frequência o quão alto esta criatura enigmática é e o quanto a cara dele pode enganar alguém. Pois é queridos, por fora ele é um pitelzinho, mas por dentro não passa de um sádico enigmático com uma aura estranha e pesada.

– Boa tarde pra você também, Chris. - Ele solta uma risada breve, e me encara com aquele par de olhos castanhos fundos. Reparando agora, ele mudou pra caramba desde nossa primeira conversa na biblioteca. Não sei exatamente porque, mas eu o sinto mais leve, bem mais sociável. - Senti sua falta. - Agora ele fica sério e faz menção de pegar minha mão. Meu santo e pecaminoso anjo caído.

– Não vai apresentar a gente não, Christy? - Francis pula em minhas costas, me dando um susto pela milionésima vez e impede que Cabel se aproxime. Sério, ela é minha amiga, mas além de doida é sorrateira!

– É Christy, porque não nos apresenta? - Cabel levanta uma sobrancelha pra mim e abre um meio sorriso discreto, divertido. Dou uma cotovelada rápida em Francis, que geme, mas sai das minhas coisas. Qual é, não sou burro de carga não.

– Não me chama de Christy você também! Já basta essa chata. - Aperto a bochecha de Francis. - Bom, essa é a Francis. Francis, Cabel Foster. - Cabe assente, ainda meio anti-social. Francis sorri e abana que nem uma idiota, me deixando mais corada ainda. Minha sorte é que eu contei bem pra ele como Fran era, então não vou ter surpresas (espero).

– E eu, Christina? - Hannah finalmente aparece, com Viktor na sua cola e eu solto um suspiro. Sério, não se tem mais privacidade ultimamente.

– Hannah esse é o Cabe, Cabe está é a Hanny. Satisfeita? - Cruzo os braços, completamente envergonhada. Você leitor(a) deve saber bem que conhecer os amigos é como um novo passo no relacionamento. Ainda mais se fossem as minhas amigas que de discretas não tinham nada!

– Eternamente grossa - Hannah da um sorrisinho discreto pra mim, e volta sua atenção para Cabel. Ah meu pai lá vem! Seus olhos de estreitam, quase se fechando, e ela o analisa de cima a baixo. Ok, tá parecendo meu irmão na primeira vez que viu o Cabe. Por fim, Hannah apenas da uma risadinha e segura o braço de Francis, como quem vai puxá-la para longe. De soslaio, ela me olha compreensiva e sussurra um "boa sorte". Hannah e sua personalidade doce... Tenho que agradece-la por tudo algum dia.

– Prazer senhor Cabel, Chris não para de falar de você nem por um segundo. Ou babar. Ela até anda mais avoada na aula sabe? E eu pensando que era impossível Bem, agora temos que ir, hahaha, sabe como é, tchau. - Ela fala tudo isso num folego só e eu só fico lá, de boca aberta, vendo os três se distanciando.

Retiro tudo o que eu disse. Eu ainda mato essa filha da mãe!

E agora eu fico aqui, sem conseguir olhar na cara do sádico na minha frente. Carambolas, Hanny realmente gosta de foder com a minha vida, né? Como ela pode dizer esse tipo de coisa na frente dele? Santo anjo caído, recomponha-se Christina James Johnson! Não envergonhe a si mesma mais ainda!

– Elas são exatamente como você havia me falado, Christy. Mas me conte, o que você anda pensando sobre mim durante a aula, hein? - Cabel está com aquele olhar malicioso quando finalmente fala e eu soco seu braço sem pensar (reação normal pra quem tem um irmão mais velho como Josh), fazendo-o soltar uma gargalhada - Sempre tão fofa. Estou começando a achar que a sádica aqui é você.

– Cala a boca. Agora me conta, o que você tá fazendo aqui?

– Não posso buscar minha garota no colégio? - Ele se ajeita melhor no capo do carro e sorri aquele sorriso discreto de sempre. Tá, por isso eu não esperava, mas esse sorriso malicioso não me engana...

– Ok pedófilo, o que você quer de verdade? - Cruzo os braços, fazendo minha melhor cara de durona. Cabel revira os olhos, pondo as mãos no bolso da calça - um habito, pelo que percebi - e dá de ombros.

– Você. Mas isso eu já tenho. - Ele se inclina um pouco pra frente e se meu coração já tava no modo suicida, agora tá no modo velocidade da luz - E então, o que me diz? Aceita uma carona deste pobre sádico?

– Já que minha carona foi embora, não tenho porque recusar. - Dou de ombros também, mantendo o rosto indiferente. Olho pros lados, reparando que quase ninguém restara ali. Bom. Menos gente pra me ver humilhadamente corada. Eu tinha uma reputação de durona a manter sabe?

Ele ri, mas não comenta nada, mas seu rosto parece bem satisfeito. Cabe destrava o carro, mas antes que eu pudesse abrir a porta do passageiro, ele o faz pra mim.

– Senhorita Johnson. - Ele se curva um pouco, ironicamente e eu reviro os olhos, mas o idiota que bombeia sangue pro meu corpo todo não para de bater descompassado.

Logo estamos na estrada, indo para qualquer lugar menos minha casa. Aparentemente o plano dele era esse desde o começo. E isso não deixa de me fazer ficar nervosa. Claro que este belo rapaz de dezenove anos é cavalheiro demais pra fazer algo do tipo, mas ele tem um adendo no meio das pernas, então uma pobre garota de dezesseis (quase dezessete, amém) não tem culpa nenhuma em desconfiar de segundas intenções, né?

– Pra onde estamos indo, Cabe?

– Pela milésima vez Chris: é segredo. - Ele me olha pelo canto do olho com um sorriso satisfeito. Como gosta de uma tortura mental, esse homem!

– Não esperava que você fosse tão... pervertido. - Comento como quem não quer nada, olhando pela janela, mas percebo que Cabel fica meio tenso. Hehehehe.

– N-não é nada disso, Christina. Não pense bobagens, por favor! - Me viro em sua direção e até me espanto com a cor de suas bochechas. Há! Então o sádico é no fundo bem tímido, hein? Ponto pra adolescente aqui!

– Pra que corar, senhor Foster? Algo deste gênero lhe passou pela mente? - Rio, fazendo-o ficar mais vermelho ainda. Caramba, caramba, caramba! Realmente, essa é uma das partes dele que eu não conhecia. Cabel Foster fica sem graça quando coisas pervertidas são mencionadas. Interessantíssimo.

– Eu não tenho problemas com sexo, se é o que está pensando, - ele começa de forma mais natural, mas suas bochechas ainda tem uma tonalidade rosada - mas com você ainda é diferente. É meio...

– Improvável?

– Cedo. - Ele me olha rapidamente, mas logo volta seus olhos para a estrada. Pigarreia um pouco, pra disfarçar, seu rosto voltando a cor normal. - De improvável não tem nada... Acredite.

– Oh. - Minha vez de corar. Acho melhor eu lembrar logo de como se respira. E parar de pensar que Cabel considera a hipótese de...

Acho melhor eu ligar o rádio.

O silêncio reina apenas por alguns segundos, e rapidamente a conversa engata mais uma vez. O tempo voa de maneira saudável e gostosa, o aquecedor me fazendo esquecer que estamos na metade de dezembro, quase nas férias de inverno (ouço os coros de aleluia ao longe com essa lembrança).


– Então, o que achou das meninas? – Pergunto ainda meio cautelosa, mas Cabe apenas dá de ombros.

– Exatamente como você as descreveu. Não tive surpresas... Mas quem era aquele cara loiro atrás da sua amiga, Hannah? Parecia que eu o conhecia de algum lugar...

– Ele é Viktor Kummer. Zelador. Vinte e um anos, um metro e oitenta. Gosta de garotinhas de dezesseis anos sonhadoras e de lavar banheiros, apesar de, segundo fontes, ser podre de rico. Afinal, quem dirige uma Hummer com o salário de zelador? Ninguém humano – ou honesto.

– Kummer... Esse nome não me é estranho. – Cabe solta um suspiro longo, mas dá de ombros novamente. – Bom, isso não é importante agora. Estamos chegando.

– Finalmente! – Olho pra fora e me deparo com a vegetação ainda meio esbranquiçada da última nevasca e com algumas casinhas humildes já com decoração natalina. Reconheço o ambiente facilmente como o norte da cidade, quase no litoral, onde havia alguns morros e vegetações mais silvestres.

Fico calada o resto do caminho, em expectativa. O que cargas d’água Cabe quer com uma praia no inverno? Morrer congelado? Bom, sádico eu sei que ele é, mas masoquista é novidade. Ou será que vamos fazer uma fogueira e contar histórias de terror? Mas que porra, nem de noite é ainda! E além do mais, eu tinh...

Ele pega minha mão enquanto estou distraída, sorrindo de leve pra mim quando o encaro. Ah meu anjo caído, eu realmente amo esse cara. Ele pode me levar pra onde ele quiser no momento, to nem aí – contanto que ele esteja comigo.

Puta pieguice, eu sei. Aprendi com a Hannah.

Mais uns minutos se passaram enquanto minha pessoa tentava disfarçar os batimentos cardíacos caóticos e fingia analisar a paisagem. Não, pera, aquilo ali é um final de um penhasco?

– Chegamos. - Cabe solta minha mão de repente, pulando pra fora do carro. Ahn, o que a gente tá fazendo num penhasco? Salto do carro antes que ele abra a porta pra mim, olhando para o lugar cheio de neve. Wow, mas era realmente deslumbrante! E essa árvore deve ser mais velha que minha tia avó April. Três vezes mais!

– O que a gente tá fazendo aqui, Cabe? - Finalmente pergunto, mas ele já está a minha frente, se aproximando da árvore. - Cabel!

– Você já vai saber, Chris - ele ri e estende a mão pra mim - anda logo, ou nós vamos perder o melhor momento.

– Já disse que você me assusta de vez em quando? - Eu rio junto e acelero o passo pra pegar na sua mão. O sorriso que permanece no rosto dele é estranho, aberto demais, como se ele esperasse por um presente de natal. Nós andamos até a árvore enorme e Cabel larga minha mão, apenas pra juntar as suas fazendo uma espécie de pézinho.

– Espera, a gente vai subir aí? - Aponto pra árvore, incrédula. Ainda bem que eu botei meu tênis resistente hoje...

– Um pouco de aventura nunca faz mal, senhorita Christina. Agora ande logo, já disse que se não nos apressarmos...

– Ok, ok, entendi! - Levanto as mãos, me rendendo. O sorriso grande que ele tem aumenta mais ainda quando ponho meu pé esquerdo (ele que se vire com as mãos sujas, esse sádico) em suas mãos e faço impulso para subir.

– Sem querer me gabar, até que eu tenho jeito pra isso. Não é a toa que me chamavam de macaca na pré escola. - Falo assim que alcanço o primeiro galho, sentando-me calmamente, com minha melhor cara de confiança. Qual é, eu era bem aventureira no passado - antes de virar essa adolescente sedentária. Cabe apenas revira os olhos e toma impulso por si mesmo, subindo dois galhos a cima de mim num piscar de olhos.

– Sem querer me gabar também, - ele começa, sentando-se e imitando minha pose - mas eu vivi uma boa parte da minha vida numa fazenda, então - ele estende mais uma vez sua mão pra mim - é sua vez de me seguir.

– Cara, como sua auto-estima é alta, hein? - Bufo, fazendo-o se divertir mais ainda. Ah, qual é, provocação tem seu limite, por favor! Ignoro sua mão e subo sozinha, tentando manter meu orgulho. Cabe dá uma risadinha e se apoia na árvore, me analisando de braços cruzados.

– Teimosa.

– Besta. - Mostro a língua no maior ato de infantilidade que consegui pensar, o que faz Cabe levantar uma de suas sobrancelhas e, antes que eu possa prever, seus lábios estão nos meus, aprisionando minha língua entre eles.

Beijar Cabel Foster jamais será algo com o que eu possa me acostumar. Na moral, o jeito que ele move os lábios no meus, a intensidade que sua mão agarra minha nuca, me trazendo para mais perto, tudo, é extremamente surreal, como se estivesse acontecendo com outra pessoa, não comigo. Mas então eu percebo que sou eu sim ali, é minha boca na qual ele deposita a sua e são os meus cabelos que ele bagunça com tanto vigor. Esse fato faz com que as minhas mãos agora abarrotem a camisa dele, também tentando trazê-lo mais pra mim, e não quero largá-lo nunca mais.

– Hey Chris... - Ele murmura assim que nos separamos, mas não se afasta. - Mantenha os olhos fechados, ok? Já vai acontecer.

– O-o que? - Murmuro de volta, ainda ofegante. Meu santo e pecaminoso anjo caído, ficamos quanto tempo nos beijando pra eu estar tão sem ar assim?

– Você já vai ver. - Meus olhos permanecem fechados como o combinado, mas eu consigo perceber que o sorriso enorme ainda está em seu rosto. Já disse que de vez em quando ele me assusta? - Quando eu disser, passe uma de suas pernas pro outro lado como eu e fique de costas pra mim, ok? Eu te ajudo, confie em mim.

– Eu confio né, tenho outra opção? É bem alto aqui em cima, ainda mais com esse penhasco... - Ajeito meu cabelo com a mão esquerda (ele estava agarrando a minha direita ainda) e bufo, ouvindo uma risadinha sádica em resposta.

Não se passa muito tempo e ele pede para eu me ajeitar, sempre segurando minha mão. Quando encosto minhas costas eu seu peito, consigo ouvir claramente o batimento de seu coração, bem menos suicida do que o meu no momento, claro. Ficar de olhos fechados num momento como esse realmente não ajuda, junto com seu queixo agora apoiado em meu ombro esquerdo e sua mão agora apertando minha cintura mais contra si. Ah cara!

– Eu adoro seu cabelo, sabia? - Ele murmura de repente, praticamente na minha orelha. Que legal, que legal. Agora além de coração suicida, eu tenho respiração ofegante. - Principalmente de bagunçá-lo.

– É, isso e-eu já tinha p-percebido. - Gaguejo de forma vergonhosa e na realidade minha vontade é de me tacar daqui de cima por causa disso. Mas nem poderia, pois sua mão me aperta mais, sua risada fazendo cócegas no meu pescoço e claro que me arrepiando.

– E o seu cheiro também me agrada muito, mesmo. - O murmuro dele fica mais baixo ainda e ele aspira pesadamente, me fazendo tremer. Puta. Merda. Meu santo anjo caído que me proteja. - E sua pele, o calor dela principalmente. Seus lábios, seus olhos... - Ele beija meu pescoço e acho que o que saiu agora da minha garganta foi um gemido.

– Meu anjo caído, Cabel, o que deu em você? - Praticamente grito, meio exaltada e provavelmente roxa de vergonha. Cabe não responde de novo, apenas dando aquela risadinha sádica. E a otária aqui ainda de olhos fechados. Legal! - Posso abrir os olhos pelo menos? Pra conseguir dar na sua cara? Pervertido! Sádico!

– Você é um doce. - O tom de voz dele voltar ao normal e, soltando minha mão, ele põe a sua em frente ao meus olhos. - Abra-os. Já está na hora.

– Desse jeito eu fico mais curiosa ainda. - Suspiro, ainda tentando me recuperar do surto romântico anterior e abro os olhos, meus cílios batendo nos dedos dele. Consigo ver as luzes do por do sol pelos espaços entre eles, mais nada. A ansiedade não ajuda nada, e logo eu fico (mais) inquieta. Senhor, pra que tanto mistério?

A respiração dele é lenta e controlada atrás de mim e agora seu queixo se encontra no topo de minha cabeça. Cabel parece tão confortável, como se aquele lugar fosse o mais seguro e familiar do mundo. O que me faz pensar no que ele dissera antes, sobre ter morado boa parte da vida numa fazenda. Será que onde ele morava, Cabel subia em muitas árvores como esta? Será que ele sempre foi assim, hábil em escaladas ou já teve seus tombos, como uma pessoa normal? E analisando melhor agora, eu não sei quase nada sobre meu misterioso sádico.

Ok Christina, não é uma boa hora pra ficar incomodada com a falta de informação.

– Minha mãe sempre me trazia aqui quando eu tinha uns dez anos. - De repente ele fala, a voz baixa e como se lesse minha mente. Sincronia pra que? - Ela gostava muito dessa árvore.

– Ela não gosta mais agora? - Pergunto enquanto analiso as dobras de seus dedos e tento não me mostrar interessada demais no assunto.

– Bem, ela morreu quando eu tinha doze. - A voz de Cabe não passa de um sussurro agora e eu me arrependo amargamente do comentário anterior. Bela bola fora, Christina. Sua tia avó April ficaria desapontada com você neste momento.

– Desculpa Cabe, eu não sabia...

– Fique tranquila, eu que não falo muito de mim mesmo. - Sinto ele encolher os ombros e suspirar pesadamente, depositado um beijo suave em no topo da minha cabeça. - Mas agora é diferente, porque é pra você... E você é importante. Tem de saber.

– Então conta. Pode me contar tudo que quiser! - Dou meu melhor sorriso sincero, sabendo que ele provavelmente conseguia vê-lo agora.

– Como eu havia dito, ela me trazia muito aqui. Pra ela, esse era o melhor penhasco de todos, porque dava pra ver a cidade inteira daqui. Principalmente deste galho. Foi com ela que eu aprendi a importância de subir em árvores. - Ele dá uma risadinha nostálgica e meu coração se aperta. - E o momento favorito dela, definitivamente, era bem agora, no pôr-do-sol. Ela dizia que parecia que Deus estava tocando-a, calmamente. Eu nunca fui muito religioso, mas daqui, eu sempre tinha a mesma sensação... - Então ele retira sua mão de meu rosto, me deixando ter uma visão privilegiada.

A vista era simplesmente perfeita. A cidade inteira parecia banhada em chamas e ouro, com algumas luzes já sendo acesas. O céu era tão vermelho e laranja que me dava uma sensação quente, até mesmo nesse frio de rachar, deixando uma sensação tão gostosa que parecia mesmo que algo divino poderia estar ali presente conosco de verdade. Me aconchego mais em Cabe, sem saber o que dizer, mas ele continua a falar, tornando esse discurso o mais cumprido que eu já ouvira vindo da boca dele - até mais longo do que a vez em que eu perguntei qual seu gênero de ficção favorito.

– Vir aqui é como se eu a sentisse de novo. Quando eu e meu pai nos mudamos pra uma fazenda no interior, o lugar que eu sentia mais falta, até mais que minha casa, era este aqui. Exatamente esta árvore, este galho, essa hora. Mas no fundo o que eu mais sentia falta mesmo era do colo dela. - Ele faz uma pausa, um suspiro saindo de sua garganta. Acaricio seu braço, incentivando-o a continuar, mas sem conseguir desviar o olhar daquela vista. Eu podia entender completamente o ponto de vista da mãe de Cabe. - Quando nós voltamos pra cidade, eu já tinha dezessete, e este foi o primeiro lugar que eu parei meu carro. Eu sentei bem aqui e esperei por horas, e assim que o pôr-do-sol chegou, eu chorei. Chorei que nem uma criança pequena... Mas foi bom, sabe? Foi como se eu voltasse pra casa depois de muitos tempo.

– Como ela se chamava? - Pergunto quando vejo que ele não faz mas menção de continuar. Finalmente desvio o olhar, levantando-o e encontrando o rosto de Cabe completamente calmo, talvez um pouco triste. Toco-lhe a bochecha e sua cabeça pende em direção a palma de minha mão, pedindo carinho.

– Elizabeth. Elizabeth Foster. - Ele dá um sorriso fraco e finalmente seus olhos encontram os meus. - E sabe como ela descobriu esse lugar?

– Como? - Murmuro ainda acariciando suas bochechas. Ele dá um sorriso ainda mais aberto agora, apertando-me bem contra ele.

– Ela estava perdida pelas redondezas e esbarrou num estranho sem querer ao lado dessa árvore. - Cabe deposita um beijo na palma da minha mão e continua. - E esse estranho era nada mais nada menos que meu digníssimo pai.

– OMG, jura? Que irado!

– Pois é. Bem irado. - Ele ri, fazendo minha mão tremer um pouquinho. - Ela disse pra mim que esse lugar era muito bom para casais apaixonados. Fazia bem pra relação um lugar calmo assim.

– É por causa disso que você me trouxe aqui hoje? - Volto meus olhos para a vista, que agora está sendo tomada por um azul escuro, igualmente bonito.

– Não exatamente.... - Sua voz volta ao tom baixo e mais um beijo é depositado na palma da minha mão. - Era mais pra te pedir em namoro, na verdade. O mas piegas possível.

– Ah, explicado. - Encaro por mais uns segundos as luzes surgindo ao longe e... Pera. Espera só um minuto. Hein? - HEIN? Como assim namoro? Hãn? Como você me joga uma bomba dessa do nada, Foster!

– Exatamente o que você ouviu. - A risada dele me lembra a de uma criança travessa e logo ele me puxa um pouco de lado, me encarando de uma maneira mais próxima, seu rosto quase encostando no meu. - Christina James Johnson, você aceita ser minha namorada, perante as memórias de minha mãe? - Seus olhos brilham tanto, que quase deixam as luzes agora acesas da cidade no chinelo.

Meu. Santo. E. Pecaminoso. Anjo. Caído. Que. Estais. Na. Terra. Acho que eu morri aqui e fui pro céu. Este momento está acontecendo verdadeiramente? Eu não estou sonhando, não? Meu irmão não vai vir do nada me acordar aos gritos como sempre né? Ok Chris, para de tremer e surtar mentalmente e dá uma resposta pro garoto! Mas cara, PUTA QUE PARIU.

– Caralho, que parada piegas - consigo murmurar em meio ao meu nervosismo e ele dá mais uma risadinha - mas a resposta é sim né? Perante a sua mãe, como eu poderia negar? Apesar de ser meio chantagem emocional...

– Um cara tem que ter seus métodos. - Ele dá de ombros e eu soco um deles de leve, fazendo-o revirar os olhos. - Boba. - Apertando meu nariz, ele dá mais um sorriso aberto.

– Otário. - Reviro os olhos também, fingindo não estar nas nuvens. Mas a verdade é que meu coração só faltava sair correndo por ai me denunciando por mau tratos e trabalho escravo, de tão rápido que ele batia agora. Mas qual é? Cabel Foster me pede em namoro em cima de uma árvore com a vista mais perfeita da humanidade e ainda por cima onde os pais dele se conheceram por acidente.

Eu sou ou não sou uma puta sortuda? Acho realmente que nasci com a bunda virada pra lua, só pode.

Nós descemos da árvore alguns minutos (e ligações do meu irmão) depois, comigo quase caindo de tão bamba que ainda estava.

– "Macaca" é... - O comentário sarcástico vem junto com uma sobrancelha levantada assim que ponho meus pés em terra firme, agradecendo por não ter quebrado nenhum osso.

– Cala a boca, Cabe.

– Minha namorada é realmente amável. Tão amável que machuca. - Ele aperta minhas bochechas, como sabia que eu odiava.

– E o meu namorado é um sádico. - Bato em suas mãos para tirá-las do meu rosto e ele me olha de um jeito estranho.

– Fale de novo. - E dá um passo a frente, quase colado em mim. Eita porra.

– O-o que? - Engulo em seco quando ele se curva, encostando a testa na minha. Eita porra, eita porra.

– "Namorado". Fale. - Sua mão vai para o meu queixo, levantando-o e quase colando minha boca na dele, de modo quase violento - e extremamente sexy.

– Na-mo-ra-do. Tá bom assim? - Mantenho (em vão) a postura indiferente, e ele volta com meu sorriso misterioso favorito, junto com o brilho divertido e meio sádico de seus olhos.

– Bom. - Seus lábios roçam nos meus, provocando. - Muito bom.

E então, eu sou praticamente atacada por um par de lábios entusiasmados e uma língua quente, que teima em explorar cada cantinho da minha boca, me deixando mole dos pés a cabeça. Meus dois braços voam imediatamente para o pescoço dele, entrelaçando-o e me mantendo de pé. Já disse e vou repetir que não há nada como beijar Cabe. Principalmente no modo urgente e veloz agora, com uma de suas mãos na minha cintura, me puxando mais ainda contra si, tentando acabar com cada centímetro existente entre nós dois. Era incrível o quão necessitado de mim ele podia ser nesses momentos. Parecia até eu mesma.

– Eu te amo. - Ele murmura entre os beijos, me deixando mais mole ainda. - Mesmo.

– Eu também te amo, sádico maldito. - Rosno, completamente vermelha, a risada de Cabe mudando para uma provocativa, e logo não tenho mais ar nem boca livres pra argumentar.

Logo mais a noite, assim que Cabe me deixa em casa (não queria sair do carro, mas isso não vem ao caso), corro para meu quarto, ignorando Josh atrás de mim e agradecendo por minha mãe contê-lo - essa mulher que me pariu realmente entende das coisas. Pego meu celular de dentro da minha mochila e já posso encontrar uma nova mensagem presente.

"Encontro minha amável namorada amanhã em nossa biblioteca? 4PM, como sempre. Não se atrase ou irei buscá-la na escola novamente.

C."

Acho que ele realmente tá curtindo essa coisa de namorado. Mas não sou eu quem vai reclamar. Respondo, ainda meio atordoada e corada, mas logo estou digitando outras mensagens.

"Adivinhem quem eu está namorando? Morram de curiosidade até amanhã, 3bjs"

Recebo algumas mensagens depois disso, de Hannah e de Francis, umas desbocadas e ansiosas por detalhes, mas deixarei o lado fofoqueiro pra manhã seguinte. Ainda tenho que absorver algumas coisas. Por isso, jogo meus sapatos longe e me deito na cama, encarando meu bom e velho teto.

Cabel Foster me pedira em namoro por livre e espontânea vontade. No alto de uma árvore. Com uma vista magnifica ao nosso redor. E não fez cerimonia nenhuma vez pra me beijar. E se eu ainda não ouvi gritos de Josh e acordei, então tudo isso a cima foi de verdade. Pieguice pura, mas agora, sinceramente, eu não estava nem ai em me tornar alguém como a Hannah.

Sonhar um pouquinho não faz mal não é? Principalmente quando é com alguém que se goste de verdade. Tá, ignorem a última frase. Ainda é pieguice demais pra mim. Mas eu estou no caminho pra me acostumar. E que caminho bom!


xxx

¹ - Tsundere: (ツンデレ) é um termo japonês para uma personalidade que é inicialmente agressiva, que alterna com uma outra mais amável. Tsundere é uma combinação de duas palavras, tsuntsun (ツンツン) e deredere (デレデレ).

² - YA (Young Adult): pode ser definida como Literatura para pessoas de 14 a 21 anos. Separa-se de Literatura infantojuvenil por deixar de lado a ingenuidade dos protagonistas e concentrar-se em temáticas mais adultas.

³ - Shoujo: (少女 lit. menina(s)) é um termo usado para referir mangás para garotas, apesar de poder também interessar a qualquer gênero ou faixa etária.


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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEEEEEE, CURTIRAM? Espero que sim, porque deu um trabalho do cacete. E essa é definitivamente minha oneshot favorita, yay. Ah, e a fonte para as explicações a cima são todas Wikipédia porque eu sou uma preguiçosa.
Então, eu vou fazer umas curiosidades dessa série agora, já que tô afim de compartilhar coisas inúteis.
CURIOSIDADES INÚTEIS COM TIA HING-FRIDA:
1 - O nome "Cabel" foi tirado da trilogia WAKE de Lisa McMann. E o sobrenome Foster é porque eu via Cartoon Network demais.
2 - Christina era pra se chamar Catherine, mas como a maioria das minhas personagens (não-publicadas) tinham este nome, eu mudei em cima da hora.
3 - A primeira oneshot da série (Biblioteca.) foi inspirada em Sekaiichi Hatsukoi, mangá/anime yaoi, onde os protagonistas (Ritsu e Takano/Saga-senpai) se encontravam pela primeira vez.
4 - O irmão de Chris, Josh, era tudo o que eu queria se eu tivesse um irmão, então ele surgiu *u*
5 - Viktor Kummer foi inspirado no mangá (TÔ LENDO MANGÁ DEMAIS, ME MATEM) Dengeki Daisy, onde o personagem principal (Kurosaki Tasuku) é zelador e um delinquente loiro.
6 - Meu paragrafo favorito se encontra nesta edição (sintam a formalidade) e é quando Chris detalha o que sente quando beija Cabel. Eu o escrevi ao som de I'm Sorry da boyband coreana NU'EST (brigada seus bicha s2).
7 - Eu sou uma desocupada por escrever isso.
Enfim, acabou, até a próxima. Espero reviews, falo? Pelo bem da próxima oneshot. E mais uma vez, perdão pelo nome tosco, mas eu tava sem ideias mesmo. Críticas, xingamentos e elogios aceitos. See ya!