Segundo Massacre Quaternário escrita por BatataReal


Capítulo 3
Os Jogos começaram


Notas iniciais do capítulo

Está chegando a hora, desfile, entrevista, a arena.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307695/chapter/3

Acordo com muito sono. Ontem não consegui dormir quase nada, fiquei pensando em como minha família está neste momento. Não quero levantar, mas lembro que Pount pediu para que todos estivessem em pé e arrumados para o café da manhã e como eu quero pegar o maior número de dicas para os Jogos, quero parecer disposto a Pount e tomara que ela se anime também me dando mais dicas. Quando vou me levantar, levo um susto com uma Avox sobre minha cama, como uma estátua. Devido ao susto, algumas roupas estão caídas no chão, evito olhar para ela, pego as roupas e entro no banheiro. Como de costume, olho pelo banheiro para me certificar que não tenha uma Avox, elas são muito sorrateiras, se dariam bem se fossem aos Jogos, começo a rir.

Depois de me arrumar vou até o vagão onde se encontra o refeitório, vejo que sou o primeiro a chegar lá e Pount está com uma cara de desapontada e balançando suas pernas.

– Oi Haymitch, sente-se. Estou esperando vocês há horas - diz Pount nervosa.

– Estava dormindo, o que mais estaria fazendo? Brincando de assustar Avox? Digo rindo pelos sustos que causei e levei.

– Tome logo seu café da manhã, o mentor da Capital está chegando - diz Pount.

– Não vou querer dicas com ele, quero que você seja minha mentora - digo confiante.

Ela bate palmas. – Excelente, irei te dar dicas valiosas - diz ela feliz por ter sido escolhida.

Provavelmente deve ser o primeiro tributo que deseja que ela seja mentora.

– Começamos quando quiser - diz ela pulando de alegria.

– Então vamos começar agora. Você pode falar um pouco sobre o banho de sangue? Pergunto, pois nas outras edições dos Jogos muitos tributos morrem rapidamente e quero saber como sair de lá vivo.

– O banho de sangue? Fácil, os Idealizadores dos Jogos querem chamar a atenção dos tributos de qualquer maneira, por isso existe a Cornucópia que é um chifre dourado muito grande, e em volta da Cornucópia terá vários suprimentos, armas, mochilas e quanto mais perto da boca da Cornucópia, as coisas vão ficando mais valiosas, como por exemplo, espadas, lanças e outras armas que poderão matar tributos com apenas um ataque.

Tento engolir uma bebida cremosa de cor alaranjada, não sei o que é, mas é bem gostosa e tento comer pães recheados com queijo.

Pount continua... — Geralmente os carreiristas são treinados para serem rápidos e sagazes, pegando as armas na boca da Cornucópia, matando os tributos que acham que vão conseguir pegar algo e depois pegam todos os suprimentos e é assim que eles ganham os Jogos, diz Pount tirando todas minhas esperanças.

– Então... Não devo ir ao banho de sangue? - pergunto confuso.

– Claro que deve ir, como você acha que vai sobreviver durante o resto do dia? Comendo terra?

Começo a rir.

– Pare de rir e preste atenção - diz Pount furiosa. Você deverá pegar algo que esteja o mais próximo, como uma mochila e uma arma para caçar animais. Resumindo, estes objetos estarão afastados da Cornucópia e seria de fácil acesso se não fosse pelo número surpreendente de tributos.

Ela sabe como tirar as esperanças de alguém. Estou tentando fazer alguma estratégia em minha cabeça, algo que de certo não importando o número de tributos. Terei que derrubar ou até matar alguns tributos com a força física e acho que isso será capaz já que sou alto e forte devido aos trabalhos na mina no Distrito 12. Distrito 12, Alice, Miguel, minha mãe... Perco totalmente meus pensamentos, estou revendo a cena, Alice chorando, nosso beijo de despedida.

Pount da um tapa na mesa tão forte que dou um pulo da cadeira.

– Acorde, foco - diz ela angustiada.

– Desculpe, lembrei de minha família - digo engolindo o choro.

– Sua melhor tática seria... Pount é interrompida com a chegada de Maysilee. Maysilee, ela que me tirou das câmeras da Capital.

– Qual tática? - diz Maysilee com raiva.

– Calma, acorde primeiro querida - diz Pount tentando ser paciente.

Um pacificador que estava em outro vagão chama Pount e avisa que o mentor da Capital está chegando.

– Ufa, já estou cansada de dar dicas a este garoto, ainda bem que este mentor chegou, já estava borrando a maquiagem com o suor.

Pount tão fútil e não percebe que está levando crianças para morte com tanta alegria.

Os outros dois tributos do nosso distrito chegam ao vagão, me levanto e vou para meu quarto. Não quero ficar criando amizades com ninguém, já que em alguns dias nós vamos estar de frente um para o outro para matar ou morrer, talvez assim seja mais fácil de matar alguém.

Quando vou entrar no meu quarto, alguém me puxa pelos ombros. É Maysilee, o que ela quer desta vez?

– Desculpa, não acordei com muita cabeça - diz ela.

– Tudo bem, te entendo. Deve ter passado a noite inteira pensando em sua família que nem eu... - digo.

Ela começa a chorar e caí sobre meus ombros. Não sei o que fazer a não ser confortá-la. Eu também queria fazer aquilo, mas aqui não temos nenhum amigo ou alguém de confiança para poder expressar nossos sentimentos e ela está fazendo isso comigo, ela confia em mim. Penso por alguns segundos em jogar ela contra a parede e falar que não quero ser o seu aliado, assim seria mais fácil de matá-la na arena, mas esse não sou eu, a Capital está me mudando, meus sentimentos, como eu sou. Será que todos nós estamos se sentindo assim? Será que Maysilee está fazendo um jogo para parecer fraca e na arena ser a mais veloz e forte?

Alguns minutos se passam e ela já parou de chorar.

– Obrigada - diz ela.

– Tudo bem, quando precisar de um amigo, pode bater no meu quarto - digo sorrindo para ela.

Ela se dirige ao seu quarto e eu ao meu. Meus pensamentos fogem por um segundo ao lembrar que deve ter uma Avox me olhando, pronta para me assustar, mas dessa fez eu fui esperto e rondei o quarto, não tem nenhuma pelo jeito ou ela está pendurada no teto.

Pulo na cama e fico deitado por alguns minutos até alguém bater na minha porta. Será que é Maysilee? Ao abrir a porta, me dou com Pount e um homem de meia idade, cabelos castanho e magro, deve ser ele o mentor da Capital

– Este é o Brock Will, o mentor da Capital - diz Pount.

– Prazer, meu nome é Haymitch.

Eu levo minha mão para cumprimentá-lo, mas ele fica parado e não diz nada.

– Ele não é de comprimentos, tem fobia de bactérias e outras coisas - diz Pount.

Entro no meu quarto e fecho a porta. Ridículo, minha raiva pela Capital aumenta mais. A Capital quer mais mortos no banho de sangue, mais diversão para a população estúpida que vive lá. Um mentor que tem medo de apertar a mão de alguém nos dando dicas para sobreviver em uma arena? Ainda bem que temos Pount para nos dar dicas, mas não sei se os outros tributos do meu distrito irão perceber isso. Maysilee talvez, pois ouviu nossa conversa no refeitório.

Estou tentando formar alguma estratégia em minha cabeça, banho de sangue, pegar arma, mochila, correr, matar. Matar. Qual será a criança que terei de tirar a vida? A Capital nos obriga a matar uns aos outros, visitar os Distritos no Tour dos Vitoriosos e ver cada família que perdeu um filho, assistindo o assassino que tirou a vida de seus filhos receber honra, glória e dinheiro. Sem poder fazer justiça.

Caio no sono. Em meu pesadelo, me vejo na arena, correndo para tentar pegar uma mochila, mas alguém pega junto comigo. É Maysilee a garota que estou matando. Acordo suado e com a respiração rápida. Levanto-me e bebo um pouco de água e tento voltar a dormir, não consigo.

Saiu do meu quarto e estou indo em direção ao refeitório, mas vejo que eu não era o único que não estava conseguindo dormir. O mentor Brock também não estava.

– Acordado até essas horas criança? - pergunta ele com ironia.

– Tive alguns pesadelos, e você? Por que não está dormindo? - pergunto.

– Não durmo a noite, prefiro ficar acordado, é tudo mais calmo e silencioso.

– Menos na arena - respondo rindo.

– Realmente, você já tem alguma tática, garoto?

– Pount me disse para pegar uma mochila e uma arma na Cornucópia e sair de lá o mais rápido já que os Carreiristas estão lá para matar o maio número de tributos.

– Bingo! Mas e o resto do dia?

– Espero que tenha comida na mochila, ou terei de caçar e procurar frutas nas árvores.

– Cuidado com frutas!

Agora me lembro em uma edição dos Jogos que a Arena era uma floresta enorme e alguma frutas eram envenenadas, foram no total 3 tributos mortos por causa das frutas. Brock continua:

– Como o número de tributos é o dobro, você terá que sobreviver no mínimo dois dias sem se arriscar. Procure um rio ou um lago, florestas altas que você possa usar em seu favor, mas tudo isso talvez não sirva de nada, os Idealizadores que fazem a Arena e sua Arena pode ter simplesmente, nada. Um deserto e suas táticas serão inúteis.

Resumindo, eu posso fazer inúmeras táticas e só irei saber se elas irão valer ou não quando meu prato de lançamento estiver totalmente posicionado.

– Vai ir dormir garoto, está ficando de manhã e logo logo estaremos chegando à Capital, você terá de ter muita energia nos próximos dias - diz Brock.

Entro no meu quarto e minha cama está arrumada de novo. Avox. Olho para o lado esquerdo, nada. Olho pro direito, lá está ela, sempre disposta a ajudar. Sempre em uma posição de arrependimento, segurando suas duas mãos em direção ao pé e com a cabeça para baixo.

Pego um impulso de longe e pulo sobre minha cama que fica me jogando pro ar por alguns segundos. Fico pensando se os tributos carreiristas, os mais preparados para os Jogos então fazendo igual a mim, pegando o máximo de dicas. Brocks não foi tão insignificante assim.

Os Jogos já começaram. Os mais espertos estão fazendo suas táticas, os mais estúpidos estão chorando pelos seus quartos. Deito-me e vou dormir, não quero pensar em nada, não quero pensar em Alice, nos Jogos, na Capital que matara seu pai.

Quero dormir como se fosse um dia normal no Distrito 12, com minha namorada ao meu lado, brincar com meu irmão ao atardecer e ajudar minha mãe no Prego, mas nada disso irá acontecer porque a Capital destruiu minha vida!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comente sobre o que posso melhorar, caso tenha gostado favorite a história e recomende para seus amigos. Isso ajudará a divulgar minha Fanfic e mais pessoas poderão desfrutar da história de Haymitch. Lembrando que todas Sextas sai um capítulo novo, o chamado #QuaterQuellDay (Dia do Massacre Quaternário). Me siga no Twitter: @BatataReal.