Hermione acordou de mal humor. Ela vestiu uma blusa de mangas compridas azul e uma calça jeans e terminou de arrumar seu malão. Quando percebeu que Malfoy estava acordando, saiu rapidamente para tomar café. Olha que coisa engraçada: antes ele que a evitava, agora, Hermione estava fazendo de tudo para evitá-lo. Não que fosse culpa dele, na realidade, ela queria que fosse. Ela já havia pedido desculpas, já havia se arrependido, mas o orgulho de Malfoy a irritara de tal forma, que ela não tinha forças para esfregar na cara dele que ele estava errado em não perdoá-la. Aquele orgulho irritante dele a deixava com tanta raiva, que explodiu tudo nesses últimos dois dias.
        Tomou o café rapidamente, e quando todos ficaram prontos, um carro do Ministério foi enviado para que todos pudessem chegar sem perigo em Kings Cross. Com o feitiço de extensão, os Weasley, Harry, Draco e Hermione couberam na parte de trás, e o Sr. Weasley no banco da carona. Quando finalmente chegaram e puderam sair do carro, todos atravessaram a barreira da Plataforma 9 ¾, e Ron e Gina se despediram dos pais.
         - Cuidem-se! - gritou Molly, ao longe, quando o trem já partia. Gina foi arrumar lugar com Dino Thomas, para poder conversar sobre o seu relacionamento com Harry, e o próprio se juntou com Ron e com Hermione no compartimento onde estavam sentados Luna Lovegood e Neville Longbottom. Hermione perdeu vista de Draco, mas pensou que seria melhor assim. Encostou a testa na janela e pôs-se a observar a natureza passando rapidamente e sem conseguir evitar pensar em Malfoy.
        Aquele loiro é estranho, com certeza; ela pensou consigo mesma. Não sei como fui me apaixonar por ele. Quando avistou um bando de cabras pastando, passou algo por sua cabeça.
       -... mas não achamos nenhum. - terminou Luna, contando sobre suas férias de verão.
       - Ei, Harry, li no Profeta Diário que você, Mione e Ron prenderam vários Comensais da Morte com a ajuda da Ordem. - Neville mudou de assunto, mas Luna insistiu.
      - Meu pai escreveu toda uma matéria sobre a coragem de Harry. - seus olhos brilharam.
      - Mas me disseram que foi tudo por causa da Mione. - retrucou Neville, bufando.
       - É porque queriam pegar a Mione pra poder pegar o Harry. - explicou Ron, mas ninguém pareceu prestar atenção. Apenas Hermione.
       - Ron, você recebeu sua carta de monitor? - ela perguntou, franzindo o cenho.
       - Não... por quê?
       - Eu também não recebi a minha. Acho que mudaram algumas coisas em Hogwarts esse ano. - ela disse pensativa. Queria pular e gritar de felicidade. Então suas expectativas estavam certas: Draco e ela não eram mais monitores, e não precisariam se encontrar 24 horas por dia. Resolveu que evitá-lo seria a melhor solução, por enquanto. Por enquanto, ela ponderou. Logo, ela esclareceria as coisas com ele, e poderia voltar aos seus braços.
       De repente, uma garota entrou e pediu que Harry fosse ao compartimento do primeiro vagão para almoçar com o novo professor.
        - Ai, ainda bem que aquela megera da Umbridge saiu de Hogwarts. Será que esse novo professor é bom? - perguntou Hermione, mas nenhum dos presentes sabia responder. - Bom pelo menos esse ano estamos recheados de novos conteúdos eu já dei uma lida rápida pelos livros que compramos. ela disse, entusiasmada.
       A viagem transcorreu-se muito bem para Hermione, exceto por aquele momento quando a garota saiu do compartimento para procurar Harry, que havia sumido. Andou um pouco desequilibradamente pelo corredor, espiando em cada compartimento. Passou um vagão, dois. Três quatro. Acenou para Cormaco McLaggen, e cumprimentou Anna Abbott no caminho. Esbarrou-se com Blásio Zabini e quase beijou Susan Bones quando o trem soltou um tranco.
       Quando coincidentemente deu uma olhada no compartimento de Draco, ele estava olhando exatamente para ela, enquanto falava algo que não conseguia ouvir. Pansy Parkinson ria, Crabbe estava dormindo, e Goyle ria também. Draco parecia não ligar de ter visto Hermione ali, espiando, parecia estranhamente descontraído.
       Hermione, Hermione, você se apaixonou por um esquisito. Recomponha-se, se recomponha. Meu Deus, o que estou fazendo? Draco Malfoy? Quando o pensamento passou por sua cabeça, ergueu uma sobrancelha para Draco e soltou um sorriso enviesado. Ele pareceu confuso por um segundo, então desviou o olhar. Um a zero para Malfoy, vamos ver se ele consegue lidar comigo! Ela se virou e respirou fundo. Recompôs-se e voltou a procurar por Harry. O que foi aquilo, Hermione? Ela pensou reprovando-a. Se ele quer um jogo, pois nós jogaremos. Empinou o nariz e fechou os olhos, voltando a ser a antiga Hermione metida a Sabe-Tudo. Até colidir com Ben, e cair em cima dele.

- Ai meu Merlim! Desculpa! Você está bem? - Hermione perguntou, exasperada. Viu no que dá, mexer com Malfoy? Ela balançou a cabeça. Não. Ele não vai ganhar dessa vez.
        - Estou... Estou bem. - murmurou o rapaz, bagunçando as madeixas negras. Ele se levantou, depois de um tempo, quando Daphne Greengrass reclamou que estavam obstruindo o caminho. - E aí, qual o seu compartimento? - ele perguntou, quando estavam se dirigindo para o outro vagão.
         - No vagão sete, você quer se sentar com a gente? Bom, já estamos chegando, mas..
         - Aquele ali não é seu amigo Harry Potter? - ele apontou para um compartimento, onde Harry estava se agarrando com Gina. Hermione soltou uma risada anasalada.
         - É. e os dois entraram no vagão sete.
        Ben Crisholm era um antigo colega de sua classe de Transfiguração no terceiro e quarto ano. Ele era muito inteligente, sendo da Corvinal, e passando a maior parte do tempo lendo. Hermione o admirava, mas não o via muito fora das aulas de McGonagall. Era estranho estar falando com ele fora das aulas.
       - O que fez no verão? - perguntou, tentando puxar assunto, quando se sentaram frente a frente na cabine de Luna, Neville e Ron.
        - Nada de mais. E você? - ele perguntou, evitando a pergunta. Então Hermione contou-lhe tudo sobre sua estada na Mansão dos Malfoy, o aprisionamento dos Comensais da Morte, graças a ela. Ele pareceu impressionado, e quando estava prestes a comentar algo, o trem parou, e todos começaram a pegar suas coisas e sair. Hermione perdeu Ben de vista em meio à multidão. Quando os testrálios finalmente chegaram ao castelo, quinze minutos depois, Hermione entrou no Salão Principal e sentou-se ao lado de Gina e Neville. Dumbledore deu os avisos, e anunciou que Horácio Slughorn seria o professor de Poções, enquanto Snape seria o professor de DCAT. Quando apenas os alunos da Sonserina bateram palmas, Hermione prendeu o ar. Draco estava ali, rindo novamente. Sentiu-se incomodada com aquele sorriso torto dele.
          Queria que ele se importasse. E sentiu-se atingida ao ver que ele sorria para ela. Ela precisava fazer algo. Ergueu as sobrancelhas e levantou a cabeça, como antes. Virou-se para prestar atenção em Dumbledore. Quando o diretor autorizou o banquete, Hermione lançou um olhar de esguelha para Draco, e agora ele sussurrava algo no ouvido de Pansy.
          Ok, já chega. Hermione decidiu. Se ele quer brincar com fogo... Hermione tinha certeza que ele estava fazendo ciúme, pois bem, ela o faria também. Terminou de jantar e esperou pelo momento certo para jogar as suas cartas. Foi uma das primeiras a se levantar, e percebeu que Draco também se levantava.
        Percebeu que estava com sorte, quando Cormaco McLaggen entrou no Salão e parou para cumprimentá-la.
         - Puxa, você está linda, Hermione. - ela sorriu, e abaixou os olhos, como se estivesse tímida. Cormaco, animado com a reação de Hermione, aproximou-se, e sussurrou no seu ouvido, acariciando os seus cabelos cheios e castanhos: Espero que tenha mais quando voltar para o Salão Comunal.
         Pronto. A granada estava ali. Hermione conseguiu exatamente o que queria. Draco estava perto o suficiente para ouvir. E agora as consequências estavam mais próximas do que ela imaginava.
         - Repete isso de novo, seu filho da mãe. murmurou Draco entre dentes. Hermione recuou para trás, com cara de assustada, e esperou a granada explodir.