Ironia Do Amor escrita por Maddy Wenner


Capítulo 2
Capítulo 1




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/307606/chapter/2

Um caos como sempre, cartas no correio e eu sempre me recusando a olha-las. Por medo ou... Bem, não tem um ou. É isso, medo, medo de olhar o papel e ler aqueles números de uma divida que nem sei se vou ter condição de pagar. Eu não tenho muito que fazer além de economizar, só que eu não tenho a mínima vontade disso, na verdade, eu simplesmente não consigo. Eu sempre vou passar por frente de uma loja e ver aquela placa de liquidação e então vou entrar na loja e comprar mais coisas inúteis. Pois essa sou eu, a garota com medo, com dividas e que não tem um jeito de sair dessa enrascada.

Hoje era um novo dia, de aceitação por mais difícil que seja e de superação, tenho que arrumar um jeito de sair na rua, olhar para frente e dizer: Eu consigo sair dessa situação financeira. Somente uma coisa a dizer: Eu sou a garota da revista de moda, eu sou Anne Blanchard e eu vou conseguir.

Me arrumar, escolher uma roupa, o sapato, a maquiagem e ir trabalhar. Antes passar no Starbucks e tomar café para ver se tenho mais ânimo para algo.

Chego ao prédio, mostro meu crachá e entro no elevador, 9º andar, vamos lá. Hoje, definitivamente, era um dia de aflição, era meu primeiro dia na Model depois das férias. E primeiros dias são como o primeiro passo que você deu, porque você nunca sabe como vai ser.

Chegando ao andar, quando fui sair do elevador, dei de cara com um cara: cabelo escuro, olhos azuis, bonito e se vestia bem. Ficamos nos olhando por uns segundos e então retomei a andar e pedi licença. Depois essa troca de olhares ficou na minha cabeça, como pensamentos importunos que nunca saem da mente até serem resolvidos. Naquele momento, eu só senti um frio na barriga, era estranho. Ignorei e voltei a fazer o que tinha. Escrever uma matéria sobre a nova moda hipster. O estilo era bem legal, e diferente, porém não seria eu mesma usando essas roupas. Enfim, continuei a redigir um texto sobre e com mínimo de 900 linhas. Única coisa que queria era chegar o fim do expediente e ir para casa, sem ser levada a alguma loja para gastar o que já não tenho, e me deitar, ver algum programa, descansar e que aqueles pensamentos não me perturbem novamente.

Passou-se um tempo e fui olhar as horas, finalmente tinha terminado o dia de trabalho, oh graças a Deus. Desligo o computador e me levanto, já tinha terminado a tarefa de hoje, entreguei a Miranda, minha chefe, e fui embora. Ao sair da porta, coincidentemente, me deparo novamente com o cara do elevador. Na hora fiquei um pouco vermelha, ainda mais que ele estava vindo em minha direção. Finjo que não vi e continuo andando. E então ele me chama. O que eu faço agora! Fique calma.

– Hey, você, a garota do elevador. – “A garota do elevador”, que gentil. – Na verdade, qual é o seu nome?

– Anne Blanchard. – Respondi com um sorrisinho que nem tinha percebido. – E o seu?

– Robert Lawrence. – Fiquei pensando, eu já ouvi este nome... Claro! Robert Lawrence da Economy the Day. Ele é tipo um milionário. – Prazer.

– O prazer é meu. – Falei. – Economy the day, certo?

– Percebo que já ouviu falar de mim. – Como não ter ouvido falar? E como não percebi que era ele todo esse tempo? Eu, certamente, não vivo mais no tempo das cavernas.

– Claro. Economia está em todo lugar, todos os dias, então é difícil não ouvir falar sobre você. – Tentei soar séria.

– De fato. – Ele fala como um profissional. Bem, ele é.

– Eu, erm... preciso ir agora. – Falo meio sem graça e não querendo levar o papo adiante. – Tchau.

– É claro, tchau. – Ele responde, tentando não parecer sem graça, também.

Ambos voltaram a andar, e foi pior ainda, os dois estavam indo para o mesmo elevador. Tantos elevadores e tenho que ficar no mesmo com Robert Lawrence, por quê? Permanecemos quietos até chegar ao térreo, quando estava prestes a sair ele fala algo como um espere. Olhei para trás e percebi uma tensão no ar.

– Oi? – Perguntei tentando não parecer surpresa.

– Você tem compromissos agora? – Eu não consigo acreditar que Robert L. está me convidando para sair.

– Na verdade não tenho nenhum. – Respondo.

– Você, hm, gostaria de ir ao shopping? Tenho que comprar e preciso de ajuda.

– Hm, compras. Adoro! – Claro, eu aqui me iludindo que ia me levar para jantar em algum lugar chique, mas ele só precisa de ajuda pra comprar algo. Nada melhor que pedir para mim, ajuda-lo a fazer compras. Porque eu sou especialista em moda e trabalho na Model.

– Eu chamarei um táxi então. E obrigado. – Ele fala.

– De nada. – Eu respondo com um sorriso amigável.

Chegamos ao shopping e eu estou pulando por dentro. Fazer compras é o que eu mais sei e vou saber de qualquer coisa que ele queira: o melhor tecido, a melhor marca.

– Eu estava pensando em comprar algo para minha namorada. – A única coisa que poderia sentir agora era raiva. Uma mulher iria adorar saber que seu namorado está saindo com outras pra poder comprar um presente pra ela. Mesmo que seja um presente, nunca iria acreditar, porque homens são idiotas e sacanas. E eles simplesmente sempre têm que estragarem tudo, até nossa felicidade.

– Ah, sim. Como o que? – Respondi sem parecer com raiva.

– Eu estava pensando em algo usável, que você possa usar em qualquer ocasião, mas ao mesmo tempo, algo único e especial. – Ele é um namorado e tanto “algo único, usável e especial”.

– Uma joia, eu penso.

– Então vamos a alguma loja de joias! – Ele afirma todo contente, eu já não estava nem um pouco.

Entramos em uma das maiores lojas com as mais bonitas joias, qualquer mulher em sã consciência adoraria algo dessa loja.

– Acho que você poderia dar um colar a ela. – Seja qual for o nome dela. Por um momento tinha pensado que Robert tinha me chamado para sair, mas era bom demais para ser verdade. Era só pra dar dicas de presente para sua namorada linda e maravilhosa. Sempre, Anne Blanchard, a garota que se ilude com qualquer coisa.

Uma moça veio até nós e perguntou se precisávamos de ajuda, Robert responde olhando para mim e me toca um sorriso: onde ficam os colares, por favor. Ela nos conduziu até a sessão, as joias mais bonitas e chiques. Ela começou a falar sobre a qualidade, sobre a garantia e ficou mostrando mais e mais colares, todo tipo de colar. Eu então, apenas me sentei e fiquei esperando. De certa forma, ele nem precisava de mim, já está se dando muito bem escolhendo com a moça vendedora. A vontade que tinha era sair da loja e ir para casa, tirar tudo da minha cabeça e relaxar sem Robert nem colares, mas tudo o que fiz foi permanecer sentada esperando por um sinal de “achei o colar perfeito para ela” ou “acho que aqui não tem nada que ela goste”.

Daqui a pouco ele se vira para mim e diz: Qual destes dois?

Um era de ametista, um simples colar de prata com uma ametista pequena, delicado e lindo. O outro era um também de prata, porém com rubi, um pouco maior e que dava sensação de poder.

– Acho que o de rubi. – Disse.

Ele apenas concordou, como se todo esse tempo estivesse na mente dele comprar o de rubi.

– Vou levar este. – E aponta para o colar com a pedra vermelha. A moça vai andando ao estoque para pegar um já embrulhado. – O que houve Anne? Você passou aí sentada.

– Sabe, você tem razão. – Eu quase grito de raiva. E ele fica sem entender. – Eu passei aqui sentada, tudo o que fiz hoje foi te ajudar a comprar algo para sua namorada. – Enfatizei a palavra namorada. – Me desculpe, mas eu tenho que ir.

– Você achava que era o que? Que eu ia ter um encontro com você ou algo do tipo? – Ele responde quase gritando também.

– Sim, era isso que eu achava. Mas como não devo nenhuma resposta a você, faça de conta que simplesmente sai por aquela porta e não falei nada. – Eu falo com um pouco de tristeza.

Eu só consegui sentir que ele estava arrependido do que ele falou, eu não deixaria ser tratada daquele jeito. Mas ignorei e continuei rumo à saída daquele shopping. Agora o que eu queria era ir para casa urgentemente e tentar não chorar.



Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ironia Do Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.