Ele nunca soube, mas ele sempre teve meu coração.

Dentro dos vastos terrenos da mansão, um jovem treinava. Ele empunhava sua zanpakutou de modo elegante, altivo, enquanto desferia golpes contra um inimigo invisível. Este mesmo jovem era observado pelos olhos atentos de uma jovem menina, de sua mesma idade, que o seguia com o olhar, decorando cada movimento do garoto. Suspiros quase inaudíveis saiam da boca da garota, em compasso com o coração e os golpes do menino.

Os olhos sempre o observando.

Desde quando ele passava horas, dias treinando; até quando ele casou-se com uma menina de Rukongai.

Uma mulher andava calmamente pelo jardim, seu vestido branco e longo esvoaçava e o buque em sua mão balançava com o vento. No final de seu caminho, ela encontrou um homem, um lindo homem, que refletia em seu interior a imagem de um garoto esforçado. As alianças foram trocadas, enquanto o homem era, de longe, discretamente observado pelos mesmos olhos que o observaram anos passados.

Desde que ele tornou-se um capitão, até o momento em que ele tornou-se frio, gelado.

O haori branco com o símbolo do sexto esquadrão era colocado com uma elegância impecável. O cachecol era harmoniosamente disposto ao redor de seu pescoço alvo, assim como os Kensenkaan eram cuidadosamente organizados pelos seus fios negros. O homem de porte altivo caminhou para o quarto ao lado, exatamente uma hora antes da primeira flor de ameixa desabrochar. Duas esmeraldas brilhantes o seguiam.

Desde o dia em que ele mudou de personalidade, até o dia em que ele aceitou meu coração...

Era inevitável que o homem não tivesse uma mudança brusca de personalidade em decorrência aos acontecimentos que abatiam sua vida. Seu único amor se fora para sempre, seu clã estava morto... A única pessoa que ele tinha era ela. Ele ganhara sua companhia há pouco tempo, o que ele não sabia, era que ele já a tinha havia muitos anos.

No dia em que a primeira flor de ameixeira se abriu, no dia que o antigo amor da vida do homem completaria seu aniversário de morte, os lábios se tocaram.

E muito depois.

A mulher? Eu, Megumi Sayuri, atual capitã do esquadrão de tática e planejamento. O homem? Kuchiki Byakuya, capitão do 6º esquadrão da Gotei 13 e... O dono do meu coração.

Meus olhos ainda o observavam, e o observariam por muitos anos, até o fim de nossas vidas.