Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 7
Capítulo 7 - Peito pra frente, bumbum pra trás


Notas iniciais do capítulo

HOHOHO... Capítulo extra de Natal! rs... Espero que gostem =))



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Quando acordo, sinto como se estivesse dormido numa noite chuvosa e fresca. Descansado, tranqüilo. Vejo um Avox remexendo alguma coisa na arrumação e percebo que Clove não está lá. Amanhã é dia de entrevista e Jocelie aparecerá em breve com seu cabelo colorido, voz estridente e simpatia para nos preparar, juntamente com Edwin. Penso no diabo, vem o rabo; ali está Jocelie, projetada na porta como a capa de uma das revistas estranhas que minha irmã gosta de ler. Segundo ela, é um “grande, grande dia” e eu me preparo com um banho. Agradeço pela noite tranqüila, o que me renderá uma paciência extrema para ouvir coisas sobre postura e apresentação por não sei, talvez oito horas.

Edwin começa comigo, mostrando numa projeção holográfica fotos de vários rapazes diferentes e trocando-as com um toque no ar. Me mostra olhares, posições. De homens que têm olhares de gladiadores à empresários bem sucedidos à médicos, com seus olhares cordiais e simpáticos.

– Essa noite eu preciso de mais do que um matador, Cato. Essa noite eu preciso de um vencedor. Vê? Ele aponta para si mesmo de forma casual, como se já o houvesse feito antes. Transmita superioridade com o olhar mais do que com os músculos – ele diz e eu assinto.

Enquanto ele segue falando, presto atenção por algumas vezes em Clove. O cabelo está ondulado de forma natural e ela anda de um lado para o outro com um salto que lhe dá vários centímetros a mais. Apesar da altura excessiva, ela anda com elegância e com um sorriso suave no rosto. Isso me lembra ligeiramente de uma situação com Catherine.

Lembro de entrar em seu quarto no dia da comemoração de bodas de nossos pais e eu devia ter uns quinze anos. Ela está muito bonita em um vestido bonito, mas está alta demais.

– O que acha? – diz, enrolando um cacho louro no indicador e soltando.

– Você está muito alta pro meu gosto – digo, concentrando-me nos botões da camisa social. – Pra que um salto tão alto, afinal? Meninas pequenas e delicadas são bonitas.

Ela me olha pelo espelho quando me aproximo dele para ajeitar a camisa social. Une as sobrancelhas enquanto fala.

– Ah, sei lá. Eu gosto.

– Eu não – é tudo que digo.

– Mas é que fica mais... Peito pra frente, bumbum pra trás, não acha?

Ela parece estar ficando irritada quando eu começo a rir então me recomponho. Ando a sua volta com olhar examinador e em seguida dou um tapa bem forte em seu bumbum.

– Não acho que você precise disso – é tudo que digo enquanto ela puxa a camisa de dentro da minha calça, dividida entre agradecer o elogio e irritar-se com o tapa.

Edwin precisa estalar os dedos pra que eu perceba que estou sorrindo para o vazio igual um pateta.

É, talvez eu tenha uns probleminhas de concentração.

Termino com ele e então, após uma refeição tranqüila, invertemos os papéis.

– Então. Qual vai ser a sua? – ouço Edwin perguntar à Clove.

– O que você quer que eu seja?

– O que você quer ser?

Não sei bem, mas acho que ainda responderam mais umas cinco perguntas com outras perguntas, mutuamente. Me segurava para não rir de Clove para que Jocelie não ficasse chateada por eu estar prestando mais atenção nela do que nos botões do terno.

Dormimos em quartos separados sem trocar uma palavra sequer. Na manhã seguinte sou arrebatado antes mesmo que possa acordar de fato. Sempre achei que os garotos ficassem menos tempo nessa fase do programa, mas ao que me parece estou gastando o mesmo tempo que uma noiva gasta no dia de seu casamento. Lembro-me do nome de Elsie, mas os outros dois me faltam à mente. E claro, há Unicqua.

Não colocam muita maquiagem em mim, mas aplicam algumas coisas que deixam minha pele lisa como mármore. Lixam minhas unhas mais uma vez e me sinto profundamente tentado a cochilar enquanto eles fazem o serviço. Dispo-me e visto uma calça preta, uma camisa social preta e um blazer de um tom de chumbo brilhante. Eles mexeram no desenho da minha sobrancelha, de modo que erguer as duas me deixa bem mais simpático e erguer apenas uma, bem mais ameaçador. Ficou legal.

Encontro os outros do Distrito 2 no elevador. Clove está exoticamente incrível. O vestido deixa os ombros nus e é estruturado até a cintura, de modo que a silhueta delicada e bem desenhada fique em destaque. Um tom forte como o da manta, que destaca a pele branca e os olhos e cabelo escuros. Sorrimos até a chegada. Glimmer é a primeira. Está bonita, vestida de dourado. Acho melhor olhar antes que ela abra a boca. Clove está na minha frente o tempo inteiro, mas como as entrevistas são bem curtas mal tenho tempo de brincar com ela antes que Caesar a chame.

Clove vai bem durante a entrevista, sentando-se com postura perfeita e sendo docemente decidida nas respostas. Observo a estrutura das luzes no palco quando percebo que estão chamando por mim.

Eu devo ter algum déficit de atenção.

Caesar é o que pode se chamar de exótico. Com os cabelos coloridos e lábios da mesma cor, ele me lembra um dos ratos que estudamos na escola: têm a mesma aparência, apesar dos vários anos naqueles vidros com formol.

Tenho a audiência nas mãos desde o início, erguendo as duas sobrancelhas para as respostas simpáticas e apenas uma para as frias. Sinto-me tranqüilo e luto para prestar atenção em tudo que Caesar diz.

– Então, me diga, Cato. Alguma coisa na Capital te fez perder o fôlego? – Ele sorri.

– Sim. O meu quarto. – Sorrio de volta.

Caesar estreita os olhos e olha para o público como quem quer saber mais. Ele é realmente bom no que faz.

– Explique, explique! – Ele parece realmente curioso.

– É que apertei um dos botões da limpeza que fazia com que o quarto fosse aspirado. Perdi o fôlego lutando com a máquina por meu cobertor – digo, erguendo as duas sobrancelhas.

Caesar curva a cabeça para trás e ri, e toda a platéia o segue. Sinto-me extremamente confortável.

– Por falar em luta, esses músculos não deixam outra impressão. O que acha de participar?

– É uma honra – digo, com um calcanhar apoiado no joelho, de forma casual.

– É um lutador – Caesar diz, com tamanha precisão.

– Estou preparado. Sou cruel. Estou pronto. – A platéia grita e eu ergo apenas uma das sobrancelhas ao dizer isso.

– Então, Cato... Alto, loiro, forte, olhos azuis. Um tipo e tanto – ele diz, e ouço gritos quando ele me indica com a mão. – Alguma garota?

Meus pensamentos vão para Cathy, mas sei que não é disso que ele está falando. Curiosamente, a imagem de Clove na beirada da cama me vem à mente. Não penso mais.

– Não. Estou em um relacionamento sério com as minhas espadas – finalizo. Caesar pede palmas para mim e eu me retiro com a sensação de dever cumprido.

Estou conversando baixo com os Tributos Um quando percebo que o som parou. O público parece surpreso e em seguida enlouquece. As câmeras focam o rosto da brasinha, que agora realmente parece um pedaço de brasa. Procuro explicações plausíveis, mas encontro Clove boquiaberta.

– Que é? ­– pergunto.

– Ele acabou de se declarar para ela! – ela diz, agora com uma mistura de descrença e reprovação na voz.

Os idiotas do Doze querem roubar a cena a qualquer custo esse ano.

Entramos todos no mesmo elevador, mas ninguém diz uma palavra. Saímos antes de quase todos e vamos para os quartos ainda em silêncio. Tomo um banho demorado, tirando tudo que minha equipe colocou e visto um calção e uma camiseta, como ficaria em casa. Amanhã é o grande dia. Deito e rolo na cama, apesar de saber que não vou conseguir dormir. Perambulo pelo espaço. A porta de Clove está aberta, e a cama vazia. Encontro-a no sofá, girando um copo de água entre os dedos ágeis.

– Sem sono? – Ela apenas assente.

Sento ao seu lado do sofá, passo um braço por cima dela e tiro o copo da mão dela, colocando-o na mesa.

– O que você está fazendo? – ela pergunta, e eu me levanto.

– Nenhum de nós leva muito jeito com copos. – Dou de ombros. – Vem. Vamos dormir no mesmo quarto.

Ela me segue até o corredor.

– No meu ou no seu? – pergunto e observo que ela ri.

– Proposta estanha.

– No seu então, otária. – Bagunço o cabelo dela mais uma vez. Em alguns minutos, estamos dormindo, esquecendo por um momento o que nos aguarda amanhã.



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Notas finais do capítulo

E aí? Que tal? Um irmão tipo Cato, uh? AHEUHAUHA deixem a opinião! Beijossssss do Cat Cato de presente pra vocês...