Jogos Vorazes por Cato escrita por AmndAndrade


Capítulo 4
Capítulo 4 - Alianças




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Jocelie nos acorda cedo, sob o pretexto de termos um dia cheio. Não sei o que ela achou de me ver no quarto de Clove, mas eu não me importo muito também. Visto as roupas que ela colocou no meu quarto. O treinamento deve ser uma chance única de exibição e tenho que usar isso ao máximo para me juntar aos outros Carreiristas. Entro na sala ao lado de Clove, o que primeiro deixa Edwin tenso, mas depois relaxado ao ver que está tudo bem. Provavelmente por ontem, creio eu.

– Como estão se sentindo, queridos? – Jocelie pergunta com voz fina. Apesar do visual exótico, não é difícil gostar de Jocelie.

– Bem – respondemos em uníssono e sorrimos brevemente.

Jocelie lança um olhar intrigado a Edwin, que prefere ignorar esse tipo de coisa.

– O que você acha de alianças, Cato? – ele pergunta, erguendo as sobrancelhas em superioridade. Farei essa pergunta aos outros tributos em alguns anos, sei que farei.

– Têm que ser feita com as pessoas certas – digo, sério, mas vejo que Clove voltou os olhos para baixo. As covinhas provavelmente se formaram agora.

– E quais seriam as pessoas certas, nesse Jogo?

– Me atraem os dois do Um, por enquanto. E Clove.

– Ótimo que vocês dois façam uma aliança – ele diz com certa surpresa. – Com suas habilidades, podem dominar muita gente sem precisar de tanto esforço – ele diz, voltando-se agora para ela.

– Sim – ela permanece séria. – Andei reparando na garota do Quatro e no garoto do Onze. Parecem bons lutadores e conhecimentos sobre pesca e agricultura podem ser úteis na competição.

Edwin assente, em tom de análise e concordância. Eu teria que prestar mais atenção, uma vez que não reparara em metade das coisas que ela falou.

– Certo. – Ele dá mais uma garfada no que parece ser um macarrão com um molho azulado, estranho. – Vamos treinar.

Escovo os dentes e respiro muito fundo pra algo que não será tão difícil. Quando saio do meu quarto, Clove está encostada na porta ao meu lado. Braços cruzados sobre o peito, um pé apoiado na parede, ela pareceria um moleque se eu apenas visse sua sombra. Mas ali, com uma roupa similar a minha e os cabelos escuros sedosos caindo sobre o ombro num rabo de cavalo, ela estava incrivelmente bem.

– Pensei que talvez soasse mais ameaçador se entrássemos juntos nas salas de treinamento. – Ela dá de ombros.

– Tudo bem. – E nos dirigimos em silêncio até o elevador. As salas de verdade, ao que parecem, estão no subsolo do edifício. Chegamos depois dos Tributos Um, e a aliança já parecia estar combinada quando chegamos perto deles.

– Cato e Clove? – a loira que se identifica como Glimmer pergunta com um olhar penetrante. Antes mesmo de reparar o quanto ela é forte reparo o quanto ela é sexy. Pego Clove me olhando de lado enquanto percorro Glimmer com os olhos. O olhar me desconforta e me sinto obrigado a encarar e cumprimentar quem eles identificam como Marvel, parceiro de Glimmer, uma garota do Distrito 4 chamada Greesen, ou alguma coisa do tipo. O Garoto Quatro é apenas uma criança. Enquanto Marvel esfaqueia alguns bonecos fica claro que serei o líder, uma vez que consigo arrancar a cabeça do dobro de bonecos no mesmo tempo que ele. Ele me encara com um olhar de admiração e talvez inveja, do qual me orgulho.

Os brasinhas 12 chegam e tomam seu lugar quando uma mulher identificada como Atala – menos estranha que o resto do povo da capital – começa a ler a lista das estações de habilidade, percebo que seus olhos correm dos outros competidores a nós. Não perco chance de encarar também, exalando arrogância e brutalidade. Quero que eles entrem na maldita arena pensando que vão perder. Quero que corram de mim. Que corram da minha sombra.

Atala nos libera e mesmo sem dizer uma única palavra, vamos direto para as armas mais legais do ginásio. Jogo um tridente de alumínio de um lado para outro nas mãos. Provavelmente pesa mais que algumas crianças que estão na sala, tomando lições primárias sobre nós e fogueiras, mas eu o manuseio como se fosse um cabo de vassoura.

Glimmer está ao meu lado assim que eu termino com mais alguns bonecos. Tem uma lança em uma das mãos e a atira em um deles, que está ligeiramente inclinado para a direita. Bem no centro. Ela me encara com olhos brilhantes.

– Então, você já treinou com algo menos agressivo?

Menos agressivo. Menos agressivo. Certo, Glimmer, vamos lá.

– Uma vez – respondo, com veemência. – Aprendi umas técnicas de hipnotismo no quarto ano da Academia.

Ela me encara com olhos curiosos e eu simplesmente aproveito a deixa.

– Psico-convulsivo, para ser mais exato. – Aperto os olhos. Não sei nem se essa palavra existe, mas quem liga? Glimmer certamente sabe bem menos.

– E o que isso faz? – ela sussurra, como se eu houvesse retirado meu disfarce secreto de super-herói por um instante.

– Faz com que as pessoas caiam no chão – eu digo igualmente baixo. Deus, não acredito que ela ainda não notou. – E golpeiem a si mesmas até a morte.

Sua boca faz o formato de um círculo e os braços pendem para o lado em clara surpresa. Repreendo o riso e decido que está na hora de detonar mais alguns bonecos. Hora de dispensá-la.

– Eu ainda estou treinando um pouco – sussurro. – Vou te usar como teste agora – digo, e fecho os olhos para emitir sons ininteligíveis.

– Não, Cato! – ela grita e corre para buscar a lança.

Quando pego o tridente de volta, noto o quanto cérebro e músculos podem ser inversamente proporcionais numa pessoa. Pergunto-me se ela não se preocupou em desmanchar o penteado quando estava sentada na janela do trem, a caminho da Capital.

E sim, todas as janelas do trem são hermeticamente fechadas.


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Notas finais do capítulo

E então? Como vocês imaginavam a Glimmer? rss... Deixem a opinião!