POV EDWARD

Caixa Postal.

De novo. Tô tentando ligar faz tempo para o único amigo que fiz aqui em Paris. Eu o conheci dois dias atrás, provavelmente ele deve estar pensando que eu sou um louco, ou pior, um psicopata, já que já é a quarta vez que eu ligo no seu celular ( isso na última meia hora). Mas fazer o que, é a carência – não que eu seja gay, imagina, longe disso! É que tipo... ãnh... Como explicar... Só continuem lendo, é, vocês vão entender, é, vão sim -. Desde que cheguei aqui - há dois meses , fugindo da minha família doida - eu não tenho uma boa conversa. Boa parte disso se deve a minha timidez. Como quando eu estava embarcando no avião de Nova Iorque – a cidade onde eu nasci, e onde ainda vivo – para Paris, eu vi a mulher mais bonita que eu já vi. Longos cabelos cor de mogno, sedosos; corpo cheio de curvas delicadas, e pele branca, quase tanto quanto a minha, que parecia ser muito macia. Só o que não consegui ver foram os olhos, pois ela estava com óculos escuros. O que mais me intrigou, foi que ela estava com o rosto inchado, provavelmente de tanto chorar, o que explica os óculos escuros dentro do avião e um semblante triste, com dor. Não sei por que, mas a ideia dela sofrendo não me agradou. Eu tinha vontade de ir até lá e confortá-la, dizer que tudo ia ficar bem, pois estava na cara que seu choro não era por ficar longe da família, o que foi meu primeiro palpite. Parecia algo mais profundo do que isso. Mas como já disse, eu não fui. Fiquei apenas contemplando sua imagem do meu lugar, já que não era tão longe do dela. Só quando estávamos no desembarque que consegui tirar coragem não sei de onde e fui falar com ela, porém ela já tinha desaparecido na multidão. Fiquei com muita raiva de mim mesmo, mas como sempre, me conformei. Estava andando pelos arredores da cidade da luz, quando avistei um café. Como estava sem comer nada desde manhãzinha, resolvi entrar e tomar um lanche. Ah, me desculpe, nem me apresentei. Sou Edward Anthony Cullen, tenho 25 anos, cabelos num tom esquisito de bronze, olhos verdes e 1.85 de altura. Sim, eu tenho essa mania de começar a falar, e não parar mais. Claro que esse sempre foi motivo de piadinhas para Emmet, meu irmão mais velho. Minha irmã Alice, a caçula da família não pode falar nada, já que fala tanto ou mais do que eu. O que é bem difícil, porque né, convenhamos. Então, voltando para o café, eu entrei e fiz meu pedido ao garçom. Quando eu entrei, eu senti a sensação de que ali estava o motivo pelo qual eu estive esperando a minha vida inteira. Ah tá, só faltava isso. Esperar minha vida inteira para entrar num café em Paris ? Ai já era o cúmulo . Eu sabia que eu era um inútil, mas não a ponto de viver só para tomar um cafezinho na França. Hunpf. Quando ele voltou, vi que o pedido estava errado, e como o garçom não falava inglês – ele só tinha me entendido antes por que eu mostrei o que eu queria no cardápio, já que o mesmo tinha fotos, muito útil – eu fui falar com o cara que tava lá atrás do balcão. Ele tinha que falar inglês né, pelo amor de Deus, é uma língua universal. Chegando lá, eu e outra pessoa dissemos juntas:

– Com licença. – OH MEU DEUS! É A MULHER DO AVIÃO! CALMA EDWARD SE CONTROLA! Rapidamente mascarei meus sentimentos, que tenho certeza que iriam assustar a mulher, já que ela provavelmente não havia me visto, e mesmo se tivesse, não explicaria a felicidade que eu estava sentindo naquele momento. Nem eu mesmo sabia por que estava tão feliz.

I've waited a hundred years

But I'd wait a million more for you
Nothing prepared me for

What the privilege of being yours would do

– Sim? – Respondeu o cara, que não parava de secar a minha garota. Sim, eu já estava possessivo em relação á ela. -Isso vai dar merda Edward- falou minha consciência. - Cala a boca – eu respondi. Dei um aceno de cabeça para que ela falasse primeiro, e ela me agradeceu com um sorriso polido. Não era esse sorriso que eu queria, mas estava bom para um começo, e me permitiu ver seus olhos pela primeira vez quando ela se virou em minha direção. Eram os olhos mais lindos e expressivos que eu já havia visto. Não poderia esperar menos já que também já disse que ela é a mulher mais bonita que já vi, mas mesmo assim me surpreendi. Ela conseguiu o impossível, ficar ainda mais perfeita. Só uma coisa não me agradou, o fato de que eles pareciam ocos, sem vida.

– O meu também. – Quando falei isso vi um lampejo de curiosidade em seus olhos. - Eu não pedi chocolate quente e cookies. - Falei olhando para o cara com raiva, para ele se tocar e parar de seca-la.

Quando ouvi sua voz, me virei para olhá-la.

– O seu pedido seria café e brownie? – Ela perguntou, olhando para minha bandeja. Uai, como ela sabe? Resolvi perguntar, porém ela me cortou antes de terminar.

– Nosso pedido veio trocado, eu pedi chocolate quente e cookies. – nós destrocamos nossas bandejas, e quando ela estava prestes a voltar para sua mesa, eu resolvi tomar coragem e perguntei:

– Desculpe a intromissão, mas é que estou realmente curioso, você é dos EUA ? – Eu simplesmente não podia a deixar escapar de novo. Era o destino me dando uma segunda chance, e eu não iria desperdiçar. Mas ela ficou calada, parecia presa em seus pensamentos, e eu presumi que ela não queria falar, então, como um bom retardado, eu fiz a coisa mais vergonhosa que eu poderia ter feito. Eu comecei a tagarelar, ficando corado.

– Sinta-se á vontade para não responder, eu vou entender, vou mesmo, juro, mas é que eu vim passar minhas férias aqui, a cidade é realmente maravilhosa, e pensei que ia ser uma boa ficar longe da minha família doida, mas eu tô me sentindo tão sozinho, sabe, sem ninguém pra conversar, pra andar por ai, pra ouvir minhas idiotices, pra... –Então ela me interrompeu novamente, – graças ao bom Deus - só que dessa vez ela estava sorrindo um sorriso tão lindo, que eu nem me lembrei de que eu deveria ficar envergonhado.

If I had only seen how you smile when you blush

Or how you curl your lip when you concentrate enough