Duas horas se passaram, quando Jeremy acordou. Eles estavam na varanda. Ele estava deitado no banco de balanço e Jessie estava na sua frente olhando para o nada. Estava bem escuro, devia ser meia noite. A cabeça dele estava doendo, como se estivesse sendo pressionada pelo vento. Mas ao mesmo tempo ele estava se sentindo bem, parecia que estava mais forte, como se estivesse mais vivo do que nunca.

Jessie olhou para trás, percebeu que ele acordara, foi ver como estava se sentindo.

-Jê, como você tá?

-Um pouco tonto, minha cabeça ta doendo, mas tô bem. O que aconteceu Jess, não lembro de quase nada, só de você se levantando bem depressa, e mordendo meu... Pescoço?

-É foi isso. Depois te dei meu sangue para você se recuperar.

-Mas eu já sou vampiro?

-Não. Você tem que morrer com meu sangue no corpo. Aí sim.

-Vai doer?

-Vou tentar não deixar doer.

-Faça logo.

Ela olhou com uma cara de preocupação, e ressentimento para ele. Ficou de pé, e correu para trás dele, puxou seu cabelo, não com força, como se fosse um gesto carinhoso, quebrou seu pescoço. Era uma forma de morte rápida, não havia tempo para sentir a dor. Depois ela colocou o pescoço dele de volta no lugar.

Passaram-se três horas. Jessie estava sentada na varanda. Ela podia sentir o cheiro do orvalho exalando das árvores. Ainda estava bem escuro. De repente uma respiração bem alta quebrou o silêncio. Uma respiração igual a quando você fica muito tempo sem respirar, uma respiração que alimenta sua alma, com o fôlego de vida.

-Jê! Jeremy! Calma!

-Jessie!

-Calma Jê.

-Meu Deus! Eu... Eu... Estou morto. Estou me sentindo estranho.

-É. Eu sei como é. Faz parte da transformação. Ela está quase completa. Você só precisa tomar sangue.

-Sangue tipo de animal? Igual àqueles vampirozinhos de tevê?

Ela quase morreu de tanto rir, mas ela já estava morta, portanto...

-Não. É impossível um vampiro viver de sangue de animais. Você vai tomar sangue humano.

Então Jess pegou ma bolsa de sangue, daqueles que são doados para hospitais e entregou a Jeremy. Ele sentiu suas presas crescerem, elas doíam, mas bebeu tudo.

-Bem vindo à sua vida após a morte.

-Obrigado?

No mesmo instante sentiu seu coração ir se rasgando. Era uma dor insuportável. Seus músculos estavam crescendo, assim parecendo que estavam rasgando sua pele. Seus novos dentes estavam latejando de dor. As veias de sua pele estavam quase saindo para fora. Sua cabeça estava explodindo. Ele estava gritando de dor. Jessie pegou seu livro de feitiços e começou falar alguma coisa. Um feitiço, para amenizar a dor. Assim que terminou, Jê já estava melhor.

-Pronto. Agora a transformação esta completa mô.

Ele sentia cada pelo de seu corpo arrepiado, seus sentidos estavam mais aguçados. Podia escutar o barulho que as formigas faziam ao andar. Conseguia enxergar as partículas de gotas do orvalho nas árvores.

-Vem, eu vou te ensinar algumas coisas.

-Algumas?

-É. Você vai aprender a maioria sozinho.

Ela saiu correndo tão rápido, que se não fosse pelos sentidos mais aguçados, Jê nem teria percebido. Saiu correndo atrás, o mais rápido que pôde.

-Ok. Isso foi bom. Agora vamos escalar.

Eles estavam no meio da mata, e havia uma cachoeira bem na frente deles.

Jess deu um pulo tão alto que já estava quase chegando na metade da caída d’água. Jê fez o mesmo, mas não ficou nem perto dela. Foram escalando os rochedos, pulavam de um em um. Ela chegou ao topo, cinco minutos depois ele também chegou.

-Você acabou de “nascer”. Não vai conseguir ter toda a agilidade e força que eu tenho. Sempre vou ser mais forte do que você.

-Você que pensa! Com um tempo mais de treino eu vou conseguir ultrapassar você!

-Hahahahahah.

Ele olhou pra ela com uma cara de bravo. A agarrou e eles pularam a cachoeira. Ficaram nadando um bom tempo lá. Quando voltaram para casa o sol já estava nascendo.

-Jess, tô com fome.

Enquanto ela ia ao quarto, ele ficou imaginando: “Será que isso já era previsto para mim? Desde quando eu nasci, no final, eu ia acabar mesmo me transformando em um vampiro?” Mas Jeremy disse para si mesmo que não queria pensar em coisas assim agora. Não queria pensar em Stuart, nem em nada. Queria apenas ficar com Jessie, e experimentar tudo de novo do que ele estava sentindo. Mas agora ele estava excitado. Do nada, ele ficou excitado. Jessie voltou para a sala bebendo sangue, e deu outro para ele. Quando a viu, ficou mais excitado ainda. Ficou encarando ela deitada no sofá na frente dele. Ela tinha curvas deliciosas. Seios fartos. Jeremy estava quase com a boca aberta.

-O que foi Jê?

-Eu tô excitado.

-Haha. Normal. Quando você se transforma, tudo o que você sente amor, ódio, tristeza, aumenta. Inclusive isso.

-Então, o que você acha da gente ir pra cama?

-Não. Agora não. Quem sabe de noite.

-Por quê?

-Agora vou fazer uns feitiços em você.

-Quais?

-Vou fazer você aguentar a sede por sangue, e criar seu amuleto. Afinal já é dia.

-Ok.

Ainda estavam bebendo sangue. Ele deu um pulo para o sofá onde ela estava deitada. Deitou atrás dela. Jess conseguiu sentir que ele realmente estava bem excitado. Então foi correndo para o quarto pegou seu livro, e os objetos que precisava.

Primeiro fez o feitiço em Jeremy, para controlar um pouco sua sede por sangue. Depois no pôr do sol, foi na varanda e começou a fazer o ritual para o anel de Jeremy. Assim ele podia sair durante o dia.

No início da noite terminou.

-Mô, seu anel.

-Obrigado.

-Vamos sair para jantar?

-Já? Mas e se alguma coisa acontecer?

-Eu vou estar com você. O melhor jeito de você aprender a se segurar perto de humanos, é ficando perto deles.

-Ok.

-Vou tomar um banho. Você também?

-Acabei de tomar o meu.

-Ok.

Um tempo depois eles estavam prontos. Ela com um vestido tomara que caia branco de renda, com sapato alto vermelho, com cabelo preso em um coque despentiado, com alguns fios soltos, e um par de brincos de prata. Ele ficou empressionado com a beleza dela. Jeremy estava vestindo uma calça jeans, sapato social, uma camiseta lilás em corte v, e um colete. Perfeito.