Lua De Violeta escrita por Ariel Arnnat


Capítulo 22
Fênix




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Olhos borrados de sombra, lápis e rímel pretos. A boca que antes era vermelha, já está borrada com o resto de baton que sobrou. O blush sumiu e deu lugar a vermelhidão que ficou do sol. Ainda havia algumas marcas deixadas pelas queimaduras, mas em poucos instantes  a pele voltaria ao normal. Estava tonta, e acabou caindo no chão. A primeira coisa que veio a sua mente foi o que ela sentiu na sua ultima noite. Dor, uma dor insuportável, o cheiro de sangue, cheiro da morte. “Me salva. Me ajuda” , sussurou isso, e com o pouco de força que tinha o fez ouvir sua voz, e descobrir onde ela estava.

                                                                                                         ~

Ele estava dormindo quando ouviu um pequeno sussuro. O reconheceu imediatamente. Levantou gritou por seu irmão e uma fantasma.

-Foi ela, eu a ouvi me chamando!Ela precisa de ajuda, ela precisa que eu a salve!

-Vocêdevia estar sonhando, ela é o que você mais quer. Era só um sonho.

-NÃO ERA UM SONHO!

-Calma. Pode ser mesmo ela. A bruxa me disse que talvez conseguisse a trazer de volta. Pode ser mesmo.

-Mas se for, como a gente vai descobrir onde ela está?

-Você não viu nada quando estava dormindo?

-Senti cheiro de ... orvalho

                                                                                                         ~

A madrugada estava igual a de quando tudo começou. Era impossível não se lembrar dos gostos, cheiros, sensações. O gosto de spaguett com massa de tomate e aroma de menta. A sensação boa que o contato com terra e árvores trazem, aquela tranquilidade. O cheiro de ar com terra úmida, o arrepio que o vento frio que passou pelas árvores trazia ao entrar de encontro ao corpo. O céu ainda um pouco escuro e a neblina entre as árvores. O cheiro de que a morte havia passado por ali também estava na lembrança. O cheiro de orvalho.

O cheiro de orvalho exalando das árvores.

Na mesma floresta.

Perto de uma cachoeira.

Havia alguma coisa na grama que ali cresceu. Um corpo talvez. Estava deitado de costas. Não havia como enxergar. As roupas que usava estavam rasgadas e sujas de sangue que um dia correu naquelas veias. E em cada peça de roupa que vestia, tinha um pouco de lembrança. Pedaços de memórias que não podem ser esquecidas, que acontecem e nos marcam eternamente. E o que é a eternidade para um vampiro?

                                                                                                         ~

Desde que ficaram sabendo da morte de Jess, o trio não mora mais em um lugar fixo. Estão toda hora trocando de apartamentos, albergues, chalés. Como que se mudassem tanto de lugar pudessem encontrar Jessie novamente nesse mundo.

Depois que Jeremy falou o que tinha ouvido naquela noite, eles compraram uma passagem para Santa Catarina e partiram imediatamente. A antiga casa deles não estava mais lá. Jeremy se perguntou se isso também foi obra de Stuart, apagar tudo o que envolvia ele e Jessie. O quarto no Canadá, essa casa em Santa Catarina, a outra no Japão.

Japão.

Não, não era hora de se pensar nisso. Jessie estava viva! Ou era isso apenas uma coisa que ele desejava com tanta força, que imaginou tudo. Não. Ele realmente ouviu a voz dela. Um sussurro na verdade. Bem baixo. E o cheiro de orvalho. Ou será que era só o cheiro da chuva que ocorreu naquela noite? Não. Definitivamente não. Era sua única esperança. “Ela tem que estar de volta. Pelo amor de Deus, esteja de volta. Quebre o silêncio. Ocupe o espaço vazio, de novo. Por favor.

                                                                                                         ~

-Jeremy! Aqui!

Ele saiu correndo entre o matagal e viu Jessie, deitada no chão com a cabeça no colo de seu irmão. Se ajoelhou ao lado dela e começou a chamar por seu nome. Ela se virou, tentou abrir os olhos e falar algo:

-Jê, Jere...

-Não, não se esforce. Estou aqui, vou cuidar de você.

Ela demaia novamente.

-Jeremy.

-Onde você estava Clair? Achamos ela.

-Fui buscar sangue pra ela, toma.

Deram-lhe de comer e depois foram na cidade mais próxima encontrar um lugar que pudessem descansar e cuidar dela.


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