Lua De Violeta escrita por Ariel Arnnat


Capítulo 21
Cair




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“É pedir demais que pelo menos um a vez uma coisa que eu queira se torne realidade? Só uma. Talvez o destino saiba que o que eu quero é impossível de acontecer. Talvez ele queira me impedir de sofrer consequências por aquilo que eu quero. Talvez aquilo que eu queira não seja a mesma coisa que o destino quer. Uma força maior que me impeça de sofrer. Uma coisa que me faça cair em mim, que me puxe para a realidade, que me faça acordar e perceber que o que quero nunca vai acontecer. Porque o que ele viveu foi a realidade dele, a qual eu não posso participar.


Lyana”


Alguns meses se passaram desde a morte de Jessie. Clair escapou de Stuart, e está com Jeremy. Quando ela lhe falou que Jessie estava morta ele enlouqueceu. Fugiu por dois meses até que Lyana ajudou a encontra-lo. Shepley, Clair, Lyana e Jeremy estão sempre juntos, a maioria do tempo procurando algum modo de fazer Jess retornar a vida, o resto de tempo que sobra, controlam Jeremy de cometer a loucura de procurar Stuart e tentar mata-lo.

Jeremy não sorri mais. Está determinado a achar algum modo que faça Jess voltar para ele. Procurou por Belle,mas nenhum sinal da feiticeira.

Secretamente um novo sentimento começa a nascer dentro de Lyana. Ela tenta se aproximar de Jeremy, mas ele se tornou seco e frio, e quanto mais tempo ele fica longe de Jessie, mais ele piora.

~

–Clair, você sabe o que sinto. Às vezes não consigo me controlar, chego perto dele, mas ele não fala comigo, fica quieto pensando.

–Ele não fala com ninguém quando não é importante.

–Eu tenho que arranjar um jeito de trazer a Jessie de volta. Mesmo que ele não fique comigo, eu preciso ver ele bem.

–A gente não achou nenhum jeito até agora Lyana. Não quero desistir, mas parece impossível.

–Tem uma biblioteca secreta de bruxos. Eu vou procurar alguém que me possa levar até lá, talvez eu encontre um jeito de traze-la.

Ela pega sua mala e sai da casa onde estavam.

–Mas Lyana! Como vamos fazer para encontrar você?

–Quando eu encontrar a biblioteca eu aviso vocês para irem até lá.

~

–Jeremy, você precisa se alimentar.

Ninguém responde.

–Jeremy, eu tô falando com você! Se você quiser trazer a Jessie você tem que viver!

–Mas e se não houver jeito de trazer ela de volta? O único jeito vai ser eu me juntar a ela.

–O que? Você é meu irmão! Eu nunca vou deixar você morrer.

–Amanhã é o aniversário dela. Ano passado, agora a gente ia estar no Canadá, eu ainda não ia ser vampiro. Ela iria estar dormindo no meu peito, eu abraçado nela, o cheiro de ervas do cabelo dela, o perfume doce, lábios com gosto de framboesa. Não sei se vou aguentar isso por mais tempo. Eu sinto tanto vazio.

~

Lyana procura um antigo amigo seu, o qual sabe sempre de muitas coisas. Ele diz que ouviu falar de uma bruxa que foi para uma biblioteca, não muito conhecida em Roma. Ficava embaixo de uma igreja. Houve uma época em que queimavam as bruxas, então elas precisavam arranjar algum lugar para esconderem pelo menos seus feitiços. Surgiu assim a biblioteca oculta. Fica nos subterrâneos da construção de uma antiga igreja em Roma. Poucos bruxos sabem de sua existência, e menos ainda se atrevem a ir lá. Há na construção

feitiços para testar as pessoas que entram lá, para provar se elas são mesmo dignas de conhecer os segredos ali mantidos. Lyana chegou ao lugar que vai testa-la insuportavelmente.

Logo na entrada já achamos alguns cadáveres. O cheiro é insuportável. Não há como entrar, a porta é de pedra, com algum encantamento que a impede de ser aberta por fora. Esculpida nela estão rostos de bruxas gritando, imagens delas nas fogueiras. Se olharmos profundamente em seus olhos é possível escutarmos os gritos ecoando. Na parte superior da porta escrita está uma frase em grego, mas na nossa língua, é essa: “Se pede quando se sofre”.

O que se pede quando se sofre?

Se você estivesse sendo torturada com chamas em todo seu corpo, lhe perfurando a pele o que você pediria? Perdão, socorro, ajuda. Somente uma palavra e Lyana poderia acabar como os outros que tentaram passar por ali e não conseguiram. O que Jessie pediu quando não estava aguentando mais? Morte. Morrer logo para que o sofrimento passe.

Alguns minutos depois de refletir bem sobre sua resposta, Lyana a sussurrou:

Houve então um estralo saído de dentro da porta, e ela começou a se abrir. Algumas teias se rasgaram quando a pedra se movimentou, pelo jeito fazia um bom tempo que alguém não entrava ali.

A bruxa entrou e assim que ela passou outro feitiço ocorreu. Estava esculpido atrás da porta de pedra, escondido pelo tempo com teias e plantas que ali nasceram. “Toda alma qua passar por aqui, daqui não mais sairá”, as antigas feiticeiras fizeram isso para proteger o segredo, assim ninguém tinha certeza que havia mesmo uma biblioteca oculta no lugar, porque aqueles que se aventuravam a entrar, se conseguissem entrar nunca mais saiam, ficavam vagando eternamente nos túneis, sem morrer, sem viver.

Cada passo para dentro do túnel ficava mais quente. Houve uma hora que o calor ficou insuportável. Lyana estava cansada, com fome, calor. Estava agoniada. Tentou fazer feitços que a ajudassem, mas não conseguiu. Seguiu em frente não porque queria, mas queria fazer algo para ajudar Clair, Shepley e Jeremy a encontrar Jessie. Fez isso porque amava Jeremy e não aguentava mais vê-lo infeliz.

Até que chegou na biblioteca. “Ela realmente existe!”, e entrou dentro do cômodo. Alguma coisa aconteceu, ela caiu no chão e começou a gritar. Um feitiço que a torturava lentamente, fazendo seu corpo queimar por dentro, destruindo órgãos. Desesperadamente e sentindo muita dor ela começou a procurar um livro que poderia trazer Jess de volta.

A dor era insuportável, Lyana gritava, chorava, se debatia nas estantes enquanto procurava, mas finalmente ela achou o feitiço. Porém havia uma condição. A pessoa que o fizesse, tinha que fazer uma troca. Ela iria para o mundo dos mortos, e a pessoa que esta queria que voltasse, voltaria para o mundo dos vivos. “Uma alma por uma alma” ela dizia, “não, uma alma por duas almas. Quando ela voltar, Jeremy voltará a viver. Vou salvá-lo também.” Uma alma por uma alma. Era uma troca justa. E foi isso que Lyana fez. Começou a ventar muito forte, e esse vento levou Lyana para o mundo dos mortos. E essa foi a única coisa importante para que serviu. Morrer.


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