Hoje acordei com uma sensação estranha no meu peito. Não era nada boa. Eu estava na casa da tia Margaret pois meus pais foram viajar à negócios. Acordo as 5:00hrs da manhã. Fui para a sala de estar, e tia Margaret  estava lá. Chorando. Mas quando me viu, fingiu que não estava.
 - Beatrice.. - disse tia Margaret
 - Sim? - eu disse, tentado decifrar alguma pista em seus olhos.
 - Sente-se
Obedeci. Tia Margaret começou...
 - Sabe Beatrice, na vida, há muitos obstácu...
 - Diga logo, tia. Está me deixando confusa! - eu disse, interrompendo-a.
 - O avião de seus pais..caiu. E não há sobreviventes. - disse a tia Margaret, segurando o choro.
Não disse nada. Apenas deitei no colo da tia Margaret e começei a chorar de maneira quieta e insegura. Não quero papo com a tia Margaret, muito menos detalhes sobre essa trágica notícia. Penso que deveria ter ido ao invés deles. Eles eram pessoas tão legais; faziam caridade; quando eu estava triste, me alegravam de tal maneira..
Fui para o quarto de visitas e chorei. Chorei muito. Mas do meu jeito. E agora? O que vai ser de mim? Sem mamãe no dia das Mães e sem papai no dia dos Pais. Sem o abraço aconchegante deles. Só com a tia Margaret. A pessoa mais bipolar que eu já conheci. E ainda tenho parentes em Londres. Sei falar inglês e entendo um pouco. Mas prefiro o Brasil. Curitiba. Minha cidade linda. Mas as coisas estão prestes a mudar, agora.
O telefone toca. Vou ter que atender.
 - Oi? - eu disse
 - Olá, aqui é das linhas aérias American Airlines. Você é maior de 18 anos? - uma voz estridente feminina falou.
 - Não. Vou passar para a minha tia.
Com certeza era sobre os corpos dos meu pais. Acho que vou cremar o corpo da mamãe e do papai e jogar um pouco em um canteiro de rosas vermelhas em Londres. Foi nesse trajeto que meus pais faleceram.
 - Quem é? - tia Margaret perguntou.
 - Atenda, tia. - eu disse com raiva desse telefone.
Ela arrancou da minha mão. Não quero ouvir essa conversa. Só escuto a minha tia critando "Vou processar!".
Vai ser um longo dia.