Os dias passaram rápidos, Nice fez o ultrassom e me disse que tudo esta bem com o Jeremy, e esta quase na hora de ele vir ao mundo. Hoje vou sair para caminhar um pouco, não aguento mais ficar em casa.

Estava pronta e esperando Thomas quando ele me ligou:

- Oi Liz, não vou poder caminhar com você hoje à tarde, tenho que fazer um trabalho para o colégio na casa da Helena, tudo bem? Talvez a gente vá amanhã...

- Ta tudo bem Thomas, e quem é essa Helena? – o ouvi rir do outro lado.

- Amor não se preocupe! Ela não gosta de... Meninos!

- Ai desculpa! – ouvi Helena gritar do outro lado “Esta tudo bem” e começaram a rir – eu vou sozinha hoje amor, não tem problema!

- Você tem certeza? Fale para a Judite ir com você!

- Ta tudo bem amor, e qualquer coisa eu ligo pro papai! Fique tranquilo!

- A hora que você estiver voltando me ligue que eu vou encontrar você, aqui é rápido o trabalho!

- Querido eu não vou parir por sair passear, concentre-se ai, eu vou ficar bem, depois a gente conversa! Te amo

Ele disse “Te amo” também e desligou. Peguei minha bolsa, coloquei o celular dentro e me olhei no espelho pela ultima vez, vestido claro, não longo e nem curto, médio, cabelos soltos e ta ótimo!

Sai e caminhei até o parque, devagar é claro. Dei varias voltas e vi que o céu já estava com um tom diferente, logo, logo a noite vai cair. Decidi voltar pra casa, mas antes decidi tomar um suco. Entrei na lanchonete e dei de cara com o que menos eu esperava meu coração quase saiu pela boca, Jeremy deu um chute forte em minha barriga. Pedro estava sentado tomando cerveja com seu amigo, dei meia volta, mas ele gritou meu nome.

- E ai Elisabeth! Não deu um fim nesse merdinha ainda? – se acalme , se acalme, pense no bebê, disse a mim mesma, mas no fundo eu sabia que não ia me acalmar. Peguei o celular, mas no mesmo instante o senti por as mãos no meu ombro.

- Sai Pedro! – me virei e vi o quão bêbado ele estava.

- Calma delicia, aquele dia você não estava agindo assim! Nossa você ficou ainda mais bonita!

- Me solta! – ele apertou meu braço.

- Eu já disse pra você da um fim no merdinha, você ta avisada, se você não der um fim, eu mesmo vou dar! – ele começou a gritar comigo e, graças a Deus, o atendente da lanchonete, um senhor de idade gritou com o Pedro:

- Olha aqui rapaz, mulher você não agride, você cuida bem! E essa moça ta grávida! Solte ela já! – ele virou o rosto e continuou me encarando.

O senhor veio por trás dele com sua bengala e bateu no braço de Pedro:

- Eu disse pra você largar ela rapaz! Agora! Ou eu chamo a policia!

- Pedro vamos embora, isso ai só te da problema irmão! – Leandro , eu acho, disse e Pedro olhou com ódio pra minha barriga.

- Ta avisada! – ele me deu um empurrão e me soltou, fiquei arfando enquanto me recuperava do susto.

O senhor me pegou pelo braço e me fez sentar, eu estava gelada de medo. Ele saiu e depois voltou com um grande copo de água.

- Aqui querida, pode ficar calma agora! – tomei a água e decidi ligar para Johnny.

Depois de tocar varias vezes ele atendeu. Contei que não havia passado bem e lhe dei o endereço, e lhe disse para trazer Thomas junto, o senhor me ofereceu um sanduiche porem eu não consegui comer, ainda estava tremendo.

- Filha! – ele me olhou assustado, Thomas estava atrás dele, sério.

- Oi pai! – falei meio engasgada, o medo estava evidente em minha voz.

- O Pai da criança deu um belo susto nela, se eu não estivesse aqui não sei o que ele ia fazer! – ai, eu tava planejando um jeito melhor de contar á eles, mas agora já foi.

- O Pedro? – Thomas e Johnny disseram ao mesmo tempo.

- Ér...

- O que eu disse sobre sair sozinha em Liz?

- Ta tudo bem...

- Não ta não, você estava tremendo demais! E pálida!

- Liz você ta com dor? – Johnny me perguntou.

- Não, eu to bem, foi só um susto!

- Vamos pra casa, você precisa descansar e ficar calma! O Pedro te disse algo?

- Ah ele disse pra ela que ela tava avisada sobre dar um fim nessa criança, se eu fosse vocês não deixavam sair sozinha mais – O senhor contou tudo, meu Deus o Thomas vai ter um ataque, olhei pra ele e ele estava vermelho, e parecia ta com muita raiva.

- Eu mato esse desgraçado! – Thomas estava de um jeito que me deu até medo, nunca o vi assim – Eu mato ele agora!

- Você não vai matar ninguém Thomas! Isso tudo sempre foi culpa minha, você não devia nem se preocupar comigo, e também não vai se meter em enrascada por minha causa!  - falei gritando para ele.

- Elisabeth você sabe como eu te amo, você sabe como eu amo o Jeremy como se ele fosse meu filho, como você quer que eu não me preocupe? Me diga!

Deixei a pergunta no ar e me levantei, ainda meio tremula, e fui para os braços de meu pai, nervosismo desgraçado, por que fui dizer isso a Thomas, ele nunca me fez nada, só me ajudou, eu nunca poderia se quer falar mais alto com ele...

Johnny me abraçava enquanto eu estava ensopando sua camisa branca, Thomas se sentou onde eu estava, e pôs as mãos no rosto, ele ficou chateado, é claro que ele ficou, quem não ficaria?

- Thomas, filho, vamos pra casa, a Liz vai comigo, você precisa descansar garoto, amanhã tem aula ainda, vamos? – na hora que meu pai disse que ia me levar com ele foi como ter uma faca me atravessando, eu não quero deixar o Thomas, de jeito nenhum, eu o amo tanto...

- Pai eu não quero ir com você, a não ser que o Thomas não me queira mais – Thomas me olhou com os olhos vermelhos também, não pude evitar e chorei ainda mais, estou fazendo todos sofrerem juntos, eu não mereço ninguém.

- Sua boba, você acha que eu vou te deixar assim? – ele se levantou, e pegou meu braço, pegou meu braço e me puxou para ele, ergueu minha cabeça e olhou em meus olhos, e deu um sorriso torto - eu te amo tanto! Você e o Jeremy!

Deitei minha cabeça em seu ombro e chorei, ele afagou minhas costas e beijou meu cabelo.

- Pare de chorar, ta tudo bem, eu to aqui, o Johnny também, e aquele desgraçado não vai fazer nada com minha mulher e meu filho! Você sabe disso, nós vamos te proteger amor, ta bem? – levantei meu olhar e sustentei seus doces olhos azuis, concordei e nesse instante ele me beijou, foi à coisa mais reconfortante que eu senti, meu medo acabou naquele momento – agora vamos pra casa, você vai descansar e ficar calma, okay?

- Okay – disse e ele me deu um pequeno sorriso.

Depois do ocorrido tudo voltou a ficar bem, não sai mais de casa sozinha, também nem tenho mais como sair, daqui a alguns dias completo nove meses e a hora esta chegando de ter meu menino em meus braços...