É hora de ir para longe. Passo o fone por dentro da camiseta e coloco na playlist mais triste que encontrar no meu velho mp3. Dou-lhe um ultimo beijo antes da partida. Não quero largar-me dos teus braços. Não quero deixar que o teu cheiro na minha roupa se dissipe nesse ar impuro.

O movimento da rua, as outras pessoas me olhando, o dia nublado. Um dia cinza. Mas nada disso importa por enquanto. Ainda estou contigo. Caminhamos pelas ruas, o mais lento que esta ao nosso alcance, prolongando a hora do adeus.

Nunca parece o suficiente. Não é suficiente o tempo que temos. Não é suficiente a realidade que vivemos.

Logo estou no caminho do lugar que eu deveria chamar de lar, mas é apenas onde tento sobreviver sem ti. Meu suspiro quente no ar gélido, fumaça de inverno. O vento frio que me consome quando não estou em seus braços.

Ainda sinto o gosto do teu beijo. Mas por quanto tempo? E o calor do seu abraço, também não vai ser eterno. Fecho os olhos e vejo o teu sorriso. Nunca entendo porque devo ir, mas sempre vou.

É hora de devolver meu coração, não acha? Ou então me dê o seu. Só assim você um dia irá entender porque as minhas partidas são tão dolorosas. Porque só do teu lado sinto o sangue pulsar e meu coração bater.

Mas agora já é tarde. Mais uma vez, deixei seu coração na gaveta do seu quarto. Não tenho capacidade de levá-lo comigo e nem de resgatar o meu. Só você tem cento e uma chaves que o trancafiam no teu olhar.

Quando tudo isso vai terminar?