Todas as noites, deito segurando o celular entre meus dedos tremulos. Encarando aquela telinha luminosa que machuca meus olhos na escuridão do quarto. São quase três da manhã, e eu me pergunto, depois de tanto tempo, por onde anda e onde você está agora.

O celular vibra, o coração acelera. É como uma vela por se apagar dentro de mim, mas de repente a chama aumenta, a esperança nasce. Com pressa, aperto o botão de forma estupida.

Mensagem.

"Amiga, você não sabe o que aconteceu..."

Apenas retiro da mensagem sem ao menos terminar de ler. Pensando: não sei e nem quero, pois, você também, é a amiga que nunca esta aqui quando eu choro.

Desistindo, lanço o celular pelo chão, para longe. "Você não vai me ligar, não é? Nunca mais. Nem mais uma daquelas ligações de madrugada, as ligações estranhas que você dizia apenas 'te amo, anjo' e desligava. E eu ja ia dormir sorrindo meu sorriso bobo, que só existia com você..."

Agora minha vontade é tomar o primeiro avião, o primeiro trem, o primeiro onibus, o primeiro táxi, a primeira garupa de moto ou seja lá como eu faça pra ir bem longe, onde possa procurar uma dimensão paralela, diferente da que vivo hoje, e assim encontrar minha própria realidade.

Afinal, você nunca vai voltar, não é?

Coloco aquela musica bem baixinho, isso mesmo, a nossa musica... É. E começo a chorar, até finalmente dizer "Chega, ta tudo bem agora, essa é a ultima vez que choro por você, eu juro", respiro fundo, viro pro lado e durmo.

E faço isso todas as noites, desejando do fundo da alma que nossa história não tenha sido em vão, que não tenha me esquecido ainda, que você me ligue outra vez, e que tudo seja como antes.

Eu te amo, é, ainda. Mas, isso não é nenhum conto de fadas...