Quando eu acordei, não sentia dor nenhuma. Para falar a verdade, eu me sentia ótima. Não sentia dor alguma em meu braço, apesar de saber que se eu fizesse força com ele, doeria. Ele estava imobilizado perfeitamente e envolto por gazes. Não consegui evitar um sorriso: em uma parte da gaze, estava escrito “sorria sempre porque o Aidan existe” e em outra, um pouco abaixo estava escrito com a mesma letra “Mas infelizmente o Nate também. Se concentre na parte positiva, ok?”.

- Acordou bela adormecida. – Aidan falou, metendo a cabeça dentro da cabana. – O que acha da minha mensagem?

                Respondi sua pergunta com um sorriso, que fez com que ele sorrisse também. Sem pedir permissão nem nada, ele entrou na tenda. Seus cabelos ruivos estavam desarrumados e mesmo assim ele continuava lindo. Se sentou na minha frente e eu falei:

- Como você está se sentindo?

- Eu ia te perguntar a mesma coisa, mas estou bem. E você? – ele perguntou.

- Tô ótima. – respondi, totalmente honesta.

                Estava melhor ainda por saber que Aidan não estava bravo comigo. Ou, pelo menos, não parecia. Passamos algum tempo conversando sobre nada, até que eu voltei ao mundo real:

-  Para onde vamos agora? Não podemos ficar aqui para sempre.

- Eu não sei. Principalmente com o ataque de ontem. Aqui não é seguro e 5 semideuses em um só lugar...

- É como um grande lanche para os monstrinhos. – completei.

- Não se preocupe com isso. – ele falou, sorrindo. Quando fiz cara de quem não entendia, Aidan completou: - Eu estou aqui para proteger vocês. Todos vocês. Menos o Nate.

                Sorri, contente de saber que o irritante Aidan estava de volta. Eu e ele nos levantamos e saímos da barraca, porque meu estomago estava implorando por alguma comida. Estava de noite, eu diria 11 horas da noite. Avis, Nate e Cassie estavam sentados ao redor da fogueira, comendo algum animal assado. O cheiro fez com que eu salivasse.

- Finalmente acordou. – Nate falou, mas dessa vez não havia nenhum ironia em sua voz. Diria que a nossa conversa no dia anterior havia feito ele mudar de ideia em relação à mim. – Avis caçou algum animal estranho. – ele disse, levantando a carne que comia.

- Mas está gostoso. – Cassie falou, sorrindo.

                Me sentei ao lado de Cassie, com Aidan ao meu lado. Eu sentia que pela primeira vez na vida, todos nós estávamos em harmonia. Nem mesmo Aidan e Nate pareciam estar implicando um com o outro. Até Cassie estava sorrindo.

                Me entregaram um pedaço da carne e eu comi. Tinha gosto de peixe e textura de frango. Eu amava peixe e frango, então era obvio que eu gostei da mistura dos dois. Avis falou que a pílula havia me feito dormir durante um dia inteiro e era por isso que eu devia comer amis, sendo assim, sem reclamar, comi mais um pedaço.

- Temos que sair logo daqui. – Cassie falou, ficando em pé.

- Opa, nosso radar de monstros foi ativado. – Aidan brincou.

- É sério. – Cassie replicou, muito séria. – Vamos pegar as nossas coisas e dar o fora daqui.

                Não teve tempo para nem mais uma pergunta, porque Cassie começou a pegar as coisas e guardar. Ajudei Avis à desmontar as barracas, enquanto Nate preparava os pegasus para viagem e Aidan apagava o fogo, para não deixar nenhum vestígio.

- Rápido, rápido. – Cassie murmurava, pegando as últimas coisas.

                Só deu tempo de eu colocar uma roupa mais quente que tirei da minha mala, quando uma parte da floresta explodiu. Minha mão tirou minha espada da bainha e eu fiquei pronta para o ataque. Era sem duvidas o monstro mais assustador que eu já tinha visto. Ou devo dizer monstros?

                Saindo da mata cuspindo fogo pelas suas 9 cabeças, estava o maior monstro que eu já havia enfrentado. Seu corpo era escamoso e vermelho, com duas asas gigantes para aguentar o peso. Eu diria que se ddragões existissem, teriam aquele corpo. Mas é claro que um dragão não é assustador o bastante para um monstro de 9 cabeças.

- Hidra. – Aidan sussurrou ao meu lado, tirando um machado da sua mochila. Ele deposi gritou, sorrindo: - Acho que não te convidamos para a festa.

                Ele me olhou e disse com a boca: corre. Aidan só podia estar louco. Ele achava mesmo que eu ia sair correndo e deixar meus amigos para a morte certa? Apesar do meu braço estar machucado, eu usava o direito para lutar. Claro que eu estaria mais fraca que em geral, mas eu dava conta. Eles precisavam de mim.

                Como Aidan percebeu que eu não ia sair do lugar, ele se colocou na minha frente. Todos os outros fizeram o mesmo, fazendo um meio circulo. Eles só podiam estar brincando. A hidra rugiu mais uma vez, incendiando várias arvores ao redor.

- Hora da festa. – Nate falou e correu na direção da hidra.

- Não corte as cabeças! – Avis avisou.

                O menino se movia com uma agilidade surpreendente. Ao invés de ir ajudar, Aidan fez uma coisa que só muito tempo depois eu entendi: ele me pegou no colo, ajudado por Avis, e me colocou em um dos pegasus. Depois, subiu atrás de mim e fez o pegasus decolar.

                Cassie e Avis fizeram o mesmo, só que em outro pegasus. O último pegasus ficou lá embaixo, olhando Nate bater com a espada em vários lugares do monstro. Apesar dos ferimentos que ele causava, o monstro não morri de jeito nenhum. Nate desviava das rajadas de fogo, das patas enormes e das mordidas gigantescas.

- O que...? – comecei a perguntar.

- Olha, Nate está fazendo o possível. É impossível matar essa hidra sem fogo. Se cortamos uma de suas cabeças, duas outras crescem no lugar. Ele está enrolando o bicho para podermos ganhar tempo. – Aidan respondeu, instigando o pegasus a voar mais rápido.

                Olhei mais uma vez para Nate, agora um ponto minúsculo. Ele fez com que uma onda saísse do lago e atingisse a hidra. Isso só fez com que ela ficasse furiosa. Mas teve o efeito esperado, porque ela se distraiu tempo suficiente para que Nate cortasse uma das suas asas. Depois disso, ele saiu correndo na direção do pegasus, que já estava esperando ele. Rapidamente, ele montou e o pegasus voou, na nossa direção.

- UHUL! – Nate gritou, abrindo os braços.

- Tenho que admitir que esse cara tem algumas habilidades. – Aidan falou, rindo.

                Era eu que estava na frente, mas Aidan que segurava as rédeas. Para conseguir fazer isso, ele tinha que passar seus braços ao redor da minha cintura e segurar as rédeas na minha frente. Eu me sentia mais segura que nunca.

                Quer dizer, eu me sentia segura até eu ouvir o grito de Avis:

- Ela voltou!

                Eu e Aidan nos viramos. Nate e Peg já estavam quase nos alcansando, mas logo atrás dele, estava a hidra. A asa que nate havia cortado tinha crescido de novo e o monstro voava em nossa direção. Ele soltou uma rajada de fogo na direção de Nate, mas por sorte Peg era rápida e desviou.

- Não vamos conseguir! – eu gritei, desesperada.

- É claro que vamos. – Aidan respondeu, tranquilamente. – Eu te prometi que ia proteger vocês. Vou proteger até mesmo Nate.

                Ele fez a maior loucura que eu já havia visto. Me usando como apoio, Aidan ficou em pé em um pegasus que voava a alta velocidade. Eu sinceramente não sei como ele não caiu. Provavelmente estava usando algum feitiço. De dentro da sua mochila, ele tirou um pote com algo verde brilhando lá dentro. Eu demorei um segundo para perceber que era fogo grego, que Thalia havia me apresentado quando me treinou.

- Nate! Corte as cabeças! – Aidan gritou.

                O filho de Poseidon demorou alguns segundos para ver o pote, mas quando viu, fez que sim com a cabeça. Com esforço, ele mudou sua posição no pegasus. Ao invés de se sentar de frente, Nate se sentou virado para a hidra. Ele deu umas palmadinhas leves no pegasus e fez com que Peg voasse para a direita, saindo da mira da hidra.

                Foi tão rápido, que eu quase não entendi o que ele fez. Nate fez com que Peg subisse o mais alto que conseguia e então fez ela mergulhar na direção da hidra. Rapidamente, ele cortou todas as cabeças com um só golpe.

- Me leve até a hidra, Anya! – Aidan gritou.

                Peguei as rédeas e fiz com que nosso pegasus voasse até a hidra. De perto, percebi que várias cabeças estavam crescendo, mas não por muito tempo. Aidan tacou o fogo grego e a hidra explodiu em chamas verdes.

Peguei as rédeas e fiz com que nosso pegasus voasse até a hidra. De perto, percebi que várias cabeças estavam crescendo, mas não por muito tempo. Aidan tacou o fogo grego e a hidra explodiu em chamas verdes misturado com o santo pó dourado. Aidan se sentou e Nate deu uma risada, satisfeito consigo mesmo, novamente se pondo a frente para nos guiar.

- Poupe os aplausos. - disse Aidan sentando-se novamente e pegando as rédeas.