Mudança De Vida escrita por lovelikepercy


Capítulo 13
Reencontro


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo não é importante AGORA, mas DEPOIS vai ser



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Durante um minuto, eu me agarrei à Cassie com força, mas depois eu percebi que estava em meu território e abri os braços, me sentindo livre. Comecei a gritar de alegria e percebi Avis me olhando sorrindo.

- Eu preciso de um favor. – gritei para que Cassie me ouvisse. – Temos que ir para a minha casa antes da missão.

- Onde é? – ela perguntou, gritando. O vento tornava mais difícil a comunicação.

                Depois que expliquei onde morava, Cassie fez com que o cavalo desse uma volta. Não precisamos nem mesmo avisar ao resto aonde íamos, porque eles vieram atrás, sem entender porque mudamos o curso.

                Em dez minutos, havíamos pousado em um beco sem saída ao lado do meu apartamento. Os outros pousaram, sem entender nada. Aidan ia descer do cavalo, mas eu fiz sinal para que ele ficasse onde estava.

- Eu preciso falar com a minha mãe antes de ir. – expliquei. – Desde que fui para o acampamento, eu não tenho noticias dela.

- Você só pode estar brincando. – Nate reclamou, exaltado. – Você vai nos atrasar para falar com a sua mãe?

- Exato. – respondi, grossa. – E eu pretendo esperar meu melhor amigo, para poder avisar algo a ele. Se vocês quiserem ir sem mim, eu não me importo.

- Talvez nós iremos. – Nate falou, mas sabia que era só um blefe.

                Eu estava no fim do beco quando percebi que havia alguém correndo na minha direção. Sabia que não era Aidan, porque ele era sempre silencioso e eu nunca sabia quando ele estava ali. E pelos passos pesados, eu sabia que era um homem. Como eu suspeitava que não era Nate, falei:

- Avis, o que você quer?

- Eu vou junto. – ele respondeu. Virei para discutir, mas seu olhar me dizia para calar a boca. – Olha, eu não me importo se você quer que eu vá ou não. Eu vou. Não vou deixar você sair sozinha por aí.

                Quase não consegui parecer brava. Eu não queria admitir, mas eu me sentia mais segura com ele ali. E, nossa, como ele estava bonito. Seus cabelos loiros estavam meio bagunçados e seu arco preso nas costas davam um ar mais “macho”. Fingindo estar irritada, girei os olhos e me virei, caminhando na direção da portaria.

                Depois de cumprimentar o porteiro, subimos até o andar cinco. Eu não estava com a chave, mas sabia que minha mãe sempre escondia debaixo do tapete na frente da porta. O prédio em que morava era antigo e com um pouco de cheiro de mofo, mas eu havia sentido saudades disso tudo. Avis parecia não se importar com nada disso.

- Mãe? – chamei, já dentro do apartamento.

                A porta de entrada dava direto na sala. As janelas estavam fechadas e estava tudo escuro. Quando acendi a luz, vi a bolsa da minha mãe jogada no sofá, como ela sempre fazia quando chegava do trabalho. No chão, em cima do tapete, estava o seu sapato de ir trabalhar. Tudo indicava que ela estava em casa. Mas algo estava diferente. As janelas fechadas eram um indicio disso. Elas sempre ficavam abertas.

- Mãe, você está aí? – chamei mais uma vez. Nenhuma resposta.

                Olhei para Avis, que havia levado à mão ao seu arco e parecia pronto para tirá-lo dali e começar a atirar. Ele também parecia estar sentindo algo diferente. Algo na atmosfera do apartamento. E, meu Deus, era verão, porque estava frio? Avis parecia estar pensando na mesma coisa.

- Mãe? – chamei uma última vez, já desesperada.

                Graças a Deus, a porta do quarto da minha mãe se abriu. E lá estava ela. Vestia um pijama largo e parecia bastante resfriada. Estava envolta em um cobertor e usava suas pantufas rosas. Minha mãe costumava ser linda, mas naquele dia estava só bonita. Seus cabelos estavam despenteados e seu nariz inchado e vermelho.

- Abya? – ela perguntou, com voz de espirro. Ela estava com os olhos meio fechados.

                Comecei a correr em sua direção, mas mamãe gritou:

- Bão, bão! Bão me abrace. Estou buito gribada.

                Aquilo provavelmente havia sido uma tentativa de “ Não, não! Não me abrace. Estou muito gripada”. Agora as janelas fechadas faziam sentido: ela sempre fechava tudo quando estava gripada.

- Mamãe! – falei mais uma vez, tentando acreditar no que via.

- Abya, eu queria buito ter podido te bisitar. Mas os mébicos disseram que bocê estava na UTI e eu estaba muito infectada bara entrar lá bentro. – minha mãe contou, parecendo triste. Seus olhos passaram por mim e depois pararam em Avis. Ela fez uma cara de surpresa, como se não tivesse visto ele até agora. – Quem é esse? Bocê trocou Simon? Esse é seu nobo naborado?

- Ah, esse é o Avis. – falei e fiz sinal para que ele viesse até mim.

- Oi. – ele cumprimentou, de uma forma tão charmosa que até Simon sentiria inveja.

- E não, mamãe, ele não é meu namorado. É apenas um amigo. Ele tem me ajudado muito, esses dias. – expliquei. Minha mãe continuava encarando Avis, como se estivesse fascinada por ele. – Mãe, eu preciso conversar com você. Mas antes, preciso ligar para Simon e pedir para que ele venha até aqui.

- Berto. – ela concordou. Isso foi uma tentativa de “certo”.

No meu caminho até o telefone, ela fez muitas perguntas. Perguntou como minhas costelas estavam, se cuidaram bem de mim... Avis respondeu pra mim enquanto o telefone chamava. Caixa Postal. Redisquei o numero. Estava chamando quando minha mãe fez uma pergunta muito estranha:

- Enbão, Avis, quem são seus bais? – Avis olhou para mim confuso.

- Ahn... – ele começou a falar

- Alo? – Simon atendeu o telefone.

- Simon! – respondi, ouvir sua voz me fez extremamente feliz- Vem pra casa da minha mãe, agora. Por favor, você tem que ser rápido. Eu não tenho muito tempo.

- Está tudo bem? – ele perguntou, preocupado.

- To ótima, vem logo. – respondi desligando o telefone.

Simon morava duas ruas atrás da minha, então chegaria rápido. Olhei para minha mãe, que encarava Avis com olhos calculistas. Ele parecia um pouco assustado, mas tentava não demonstrar isso.

- Mãe, que pergunta e essa? – perguntei,  estranhado. Minha mãe nunca agiria assim.

- Curiosidade, Anyanca. – ela falou de forma fria.

                Aquilo não estava certo. Minha mãe nunca me chamava de Anyanca. Só quando estava prestes a me dar uma bronca. Ela sabia que eu odiava meu nome. Minha mão foi institivamente para a adaga, não que eu fosse usar.

- Ahn, eu vivo em um orfanato. – Avis mentiu, quebrando o gelo.

- Não importa. – falei, antes que minha mãe falasse novamente. Andei até onde minha mãe estava e falei: - Mãe, eu vim te avisar que eu vou ter que viajar. Vou ficar fora por um tempo e...

- Biajar bara onbe e bor quê? – minha mãe perguntou, antes que eu pudesse terminar.

                Mais uma vez, eu sentia que aquilo não estava certo. Minha mãe sempre esperava que eu falasse.

- É um projeto da escola. Vamos para uma fazenda com a classe – Avis mentiu, muito bem, devo dizer.  – Desculpa, mas... Será que a senhora poderia pegar um copo de água para mim?

- Anyanca, pegue um copo de água pro seu amigo. – minha mãe mandou, sem a sua voz de gripada. Subitamente, ela pareceu perceber e tossiu, falsamente.

Ela me chamou de Anyanca de novo.

- Mãe, você esta do lado da geladeira. – reclamei.

Mamãe ia falar alguma coisa, mas deu um sorriso ao invés disso.

- Esta ficando tarde. – ela disse. – Acho melhor vocês irem andando.

- Ahn... Então ta. Tchau mãe. – me aproximei para abraça-la e ela recuou rapidamente. – Certo. Gripe. – ela balançou a cabeça assentindo

- Tchau. – ele disse e depois acrescentou: - Foi um prazer.

                Assim que saímos e eu apertei o botão do elevador, eu falei:

- Tem alguma coisa errada com ela.

- Ela estava gripada. – Avis falou, mas ele entendeu o que eu queria dizer.

                Quando o elevador se abriu, nos deparamos com Simon. Por um momento, eu olhei para ele e ele para mim. Então eu me joguei em seus braços. Não consegui evitar as lágrimas. Simon sempre havia estado comigo os momentos mais difíceis e saber que ele sempre estaria... Eu simplesmente não consegui evitar as lágrimas.

- Anya? Está tudo bem? – ele perguntou, me abraçando mais forte. – O que houve?

- Vamos descer e eu te explico tudo. E eu tenho certeza que você não vai acreditar. – eu falei, exugando minhas lágrimas e soltando o garoto. Fiz sinal para que Avis entrasse no elevador.

                Apertei o botão T. Simon passou o braço pelo meu ombro e me trouxe para perto dele, como sempre fazia. Só quando estávamos no andar 4 ele percebeu a presença de Avis. Sempre simpático, deu um sorriso para ele e perguntou:

- Você não é o paramédico que levou Anya na ambulância?

- Sim. – Avis concordou, sorrindo. Ele fez com a boca para mim “névoa”.

- Não quero parecer grosso ou nada do tipo, mas por que você tá aqui? – Simon perguntou, me olhando.

Antes que Avis pudesse responder, eu fiz sinal para que ele não falasse nada. Olhei para Simon, saindo do abraço de ele disse:

- Eu vou te contar algo, mas vai parecer loucura.  E eu preciso que você me escute. Certo?

- Me contar o que? – Simon perguntou, parecendo preocupado. Ele olhou para Avis, como se ele fosse culpado por alguma coisa.

                Olhei para Avis, para ver se ele ia dizer algo. Primeiro pensei que ele ia se opor, me proibir e me fazer jurar que não iria contar. Mas o seu rosto estava calmo, como se dissesse: a escolha é sua.

                O elevador parou no térreo e nos três saímos. No caminho para o beco em que os pegasus estavam, contei tudo. Desde o fato de meu pai ser um deu grego até o estranho encontro com a minha mãe. Eu pensei que Simon iria me chamar de maluca, mas ele balançou a cabeça negativamente e disse:

- Então você não estava mentindo. E eu pensava que você era maluca. Agora eu tenho certeza. – ele riu e eu vi que ele acreditava. Dei um soco leve no braço dele e ele reclamou: - Ai! Você sempre esquece que é forte.

- Simon, você consegue ver cavalos alados? – ele perguntou, apontando para os pegasus.

- Cavalos alados? São motos e 3 adolescentes montados. – Simon falou.

- Olhe direito. – Avis pediu.

                Simon olhou e parecia estar fazendo força. E então sua boca se abriu em completo espanto. Alguns palavrões foram sussurrados.

- É por isso que está fedendo aqui. – Simon disse, o que me fez sorrir.

                Nate e Aidan desmontaram de seus pegasus. Nate parecia irritado e Aidan analisava Simon com desprezo. Ou ciúmes? Cassie permaneceu em seu lugar, com os olhos pregados em Simon.

- Isso foi ofensivo. – Nate falou e todos olharam para ele. – Foi Peg que disse, eu sou só o receptor.

- Ele é filho de Poseidon, por isso consegue falar com cavalos.  – Avis explicou

- Quem ele é? – Aidan perguntou, chegando mais perto de mim que deveria. Depois que eu expliquei, ele pareceu prestes a me matar. – Você só pode estar brincando! Ele é mortal.

- Ei! – Simon reclamou, parecendo ofendido. – Tenho certeza que você também morre.

                Nate revirou os olhos, como se Simon fosse estúpido. Eu me virei para Simon e disse:

- Eu preciso ir.

- Se cuida. – ele disse, olhando nos meus olhos. Estávamos tão perto. Fiz que sim com a cabeça, nervosa com sua proximidade. – Se você morrer... Eu não tenho mais ninguém, Anya. – ele parecia prestes a chorar. E então fez a última coisa que eu esperava. Me puxou para junto dele e me beijou.

                Mesmo sabendo que todos nos observavam eu me entreguei a seu beijo. Fazia tanto tempo que eu esperava por isso. Fazia tanto tempo que eu imaginava essa cena, de farias formas diferentes. Nunca imaginei que seria em um beco e eu talvez nunca mais o visse. Quando ele se afastou e eu abri os olhos, sorri.

- Só tenta não morrer, ok? – ele pediu e me deu um beijo na testa. Um daqueles beijos fofos e de filme, que eu sempre havia sonhado.

                Todos observavam a cena. Nate estava entediado, como sempre. Cassie olhava tudo com um interesse assustador. Aidan parecia surpreso e Avis indiferente. Tentando agir o mais normal possível, como se Simon me beijar fosse algo supernormal, subi no pegasus atrás de Cassie.


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