Eu estava em casa, pensando em como tudo acabou desse jeito. Você e sua mania estranha de sempre colocar ela na conversa, e eu com o meu ciúme excessivo.

Nunca aconteceu nada entre nós, o que é um lamento para mim. Eu peguei as chaves do meu carro, e enquanto eu dirigia por aquela estrada molhada, lembrei-me de quando estávamos cantando igual a dois loucos, como se tivéssemos fugido do hospício. Cheguei até a lembrar daquele dia, na casa da sua “irmã”. Depois, entramos no seu carro e enquanto você acelerava, eu arregalava os olhos. O vento puxava o meu cabelo como se fosse arrancá-lo.

Eu me lembro de tudo tão bem, era outono, e as folhas estavam bonitas demais no chão. E apesar de tudo que me aconteceu, estava tudo bem.

Eu me lembro de quando estávamos naquela rua, perto da sua escola. Você me contou seus segredos, e eu apenas sorri, tentando deixar você melhor, tentando te consertar. Assim que você foi embora, as lágrimas me perseguiram até o meu colégio.

Parei o carro no acostamento. Peguei meu celular e vi aquelas fotos de você criança, totalmente inocente. Sua mãe me contando seus segredos de infância. Eu sei que fomos longe demais e que eu não posso resolver mais nada, e eu vou me esquecer o motivo de precisar de você.

Mas lá estávamos nós, burlando as regras e dançando sob as estrelas, fizemos silêncio, para ninguém nos incomodar, sim, eu ainda me lembro bem.

Talvez perdemos a comunicação, talvez eu tenha esperado mais de você ou talvez você tenha estragado tudo.

Eu corri assustada, você fez tudo o que eu menos esperava. Lá estava você e ela novamente. Eu ainda me lembro bem.

Depois você me ligou para me machucar ainda mais, isso foi totalmente cruel da sua parte. Você negou tudo, mas eu ainda me lembro bem.

O tempo não vai apagar o que você fez no meu coração. Eu vou voltar a ser eu mesma e tentar me achar. Agora, eu volto sozinha para casa. Você mandou as minhas coisas pelo correio, e foi quando eu percebi que tudo acabara. Você apenas ficou com o meu casaco, aquele azul que eu tinha ido para a casa da sua “irmã”, porque ele te lembra de inocência e o meu perfume ainda está nele, você o guardou porque você se lembra muito bem.

E aqui estamos nós, quando eu ainda te amava, antes de você perder a única coisa real que você já conheceu, eu me lembro muito bem.

Eu joguei o celular no meio do mato. Você foi o maior erro que já cometi, e me arrependo muito.

Voltei para casa.

Com o tempo, as lágrimas pararam de cair, você aparecia com menos frequência na minha cabeça, e aos poucos desapareceu. Segui em frente. Mas você ainda se lembrava de tudo muito bem.