Amnésia escrita por Silvia Moura


Capítulo 10
Capítulo 10




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Prontinho. Que tal? – Silvia caminha para a frente de Loki e coloca um espelho entre eles, para que ele veja seu novo corte de cabelo.

– Perfeito! Era exatamente o que eu queria.

Era simples, curto, a parte da frente caindo um pouco sobre a testa, meio rebelde, meio comportado. Silvia sorriu ao ver que ele aprovou o novo visual. Realmente ela fizera um trabalho maravilhoso, ele estava muito bonito. Mais do que ela já achava antes.

– Fico feliz que gostou – ela diz, pondo o espelho de lado.

– Fico feliz que ficou feliz – ele sorri para ela e toca seu rosto, de leve. Seu sorriso era diferente, era quase mágico. Ela sentia arrepios gostosos pela espinha toda vez que ele sorria. O modo como os olhos verdes dele brilhavam, como suas bochechas brancas ficavam rosadas, como ele parecia apenas um menino levado... aquilo a encantava. Não parecia que ele tinha simplesmente caído em sua casa, ferido, desacordado. Quem quer que ele fosse, Silvia o manteria por perto.

Ela passou a mão pelos cabelos recém-cortados de Loki. Eram macios. Eles olhavam ternamente um para o outro, sem palavras, mas um entendimento perfeito. Era como se já se conhecessem pela inteira. Ele queria beijá-la, ela queria beijá-lo. Nada nem ninguém poderia impedi-los.

Os lábios dos dois já estavam prestes a se tocar, quando inesperadamente o teto da casa explode em milhões de pedacinhos. Eles erguem os braços para proteção do rosto e correm para a sala. Algo que parecia uma mini nave espacial de guerra pairava sobre a casa. Uma criatura estranhamente robótica apontava uma arma para Silvia e Loki e estava prestes a atirar algo que parecia um raio cósmico, mas foi impedido por algo atrás dele.

Lá estava. De pé, sob uma manta negra, um cara enorme com sete dedos em cada mão e o queixo mais tenebroso que se podia encontrar no universo. Seus olhos eram vermelhos como sangue, e era possível ver um ódio terrível neles. Ele dá um sorriso assustador, daqueles que gela a espinha de qualquer um.

– Finalmente encontrei você, não é? O que foi? Cansou de se esconder atrás da sainha da mamãe?

Silvia se vira para Loki.

– Conhece esse cara?

– Não que eu me lembre, mas... eu não tenho me lembrado de muita coisa não é? Corra!

Ele a puxa pela mão e eles saem pelos fundos, tropeçando aqui e ali nos escombros do teto. O cara esquisito manteve o sorriso, como se dissesse “podem correr, mas não podem se esconder”. Bom, eles corriam. Corriam o mais rápido que podiam e tentavam sempre se manter embaixo de alguma coisa. O problema era que não tinha muita coisa.

Atrás da casa, depois de alguns metros de gramado do quintal, havia uma descida de pedras lisas que dava para um rio que andava agitado nos últimos dias. Devia estar udo molhado, mas não havia outra opção. Silvia conhecia aquelas pedras como a palma de sua mão, ela sabia para onde deveriam ir.

O estranho moveu sua nave lentamente na mesma direção em que Silvia e Loki corriam, mas percebeu que não devia ter esperado tanto para colocar-se em movimento quando os dois desceram pedras abaixo. Ele acelerou, atordoado, mas ao chegar à queda, não havia mais ninguém. O grandão olha para todos os lados, mas nada vê. Com ódio, ele atira mil vezes na água, em várias direções, caso eles estivessem submersos. Mas nenhum corpo morto sobre à tona. Eles tinham escapado.

– Não ficarão longe de Thanos por muito tempo! – ele grita.


• • •


Dentro de uma caverna muito bem escondida nas pedras, Silvia treme de medo e Loki a abraça. Parece que o passado daquele homem misterioso não era tão simples quanto ela ainda tinha esperança que fosse. Mas Loki também estava confuso. Ele jamais imaginaria uma criatura daquela atrás dele, e o pior: agora estava atrás de Silvia também. Ele respirava fundo e pesadamente. Silvia recostava a cabeça sobre seu peito e ele sentiu algo terrível.

– Eu tenho que partir. Esse cara, seja quem for, está atrás de mim. Eu não sei o que eu fiz, mas não é justo que você pague por isso, Silvia. Não quero que se machuque.

– O quê? Não, você não vai embora! Nós vamos resolver isso juntos, Loki. Foi isso que eu disse a você, não foi?

– Foi, mas é perigoso. Silvia, por favor, deixe-me ir.

– NÃO!

– Não me prenda... – ele a olhou com sofrimento.

– Não quero que vá. Fique aqui, fique comigo. Deixa eu ficar com você. Eu quero ficar com você!

– Ah, Silvia... – ele a puxa pela cintura e a beija, intensamente. Silvia, mesmo pega de surpresa, não demora em retribuir o beijo perito de Loki, colocando suas mãos no pescoço dele, enrolando os dedos em seu cabelo recém-cortado. Eles mal se conheciam, sim, mas se sentiam íntimos de uma vida inteira, e não se separarariam por nada.


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Notas finais do capítulo

A partir de agora demorarei um pouco mais para postar. Estarei ocupada nessas férias, mas por favor, não deixem de acompanhar. Abraços.