Yabai De! escrita por Pockolli_sis


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

E depois de muita demora, eis o nono capítulo!
Desculpa pela demora. Provas, trabalhos, irmãozinhos @_@ A vida das duas tá uma confusão daquelas! XD
Esse cap. ficou maior que o previsto... E como ainda faltava bastante coisa para escrever, Maria decidiu desmembrar! O mais emocionante fica para o décimo! .D



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Capítulo 9 –

 

- Nnn... Arienai...

Repetia isso à si mesmo incessantemente enquanto rolava de um lado para o outro na cama, agarrado a um travesseiro.

- Minha mãe é doooida... O que eu vou fazer agora? Ele não pode vir aqui em casa, ela vai ficar falando um monte de coisaaaa, e... Isso, eu tenho que esconder aquele álbum! Em um lugar que ela nunca vai descobrir onde é!

O loiro levantou-se com um pulo da cama e se esgueirou pelo corredor. Quando chegou à porta do escritório, entrou rapidamente e a trancou. Subiu em uma cadeira para alcançar a porta mais alta do armário mais alto (onde geralmente os álbuns de fotografia ficavam). Ficou ainda na ponta dos pés para enxergar. Tateou por toda a extensão de madeira, mas não achou nada.

Sentiu até seus dedos se enroscarem em uma teia de aranha – e tirou suas rapidamente suas mãos de lá, por puro reflexo.

- Como... Como será que ela consegue...????????????

Realmente, ele tinha muito, MUITO medo de sua progenitora.

Saiu derrotado de volta para seu quarto. Sabia que nem ia adiantar perguntar onde estava o álbum, porque decerto ela não responderia.

- Ah...

Seu telefone estava vibrando no seu bolso. Tocava uma melodia calma... Que lembrava Yuu. Na verdade, fora o Hanashiro mesmo que escolhera seu próprio toque no celular de Natsu. Só a sensação que aquela música lhe dava já valia para surgir um nó na garganta. Abriu o celular e esperou a voz, que não veio.

- Natsu...?

- A-ah... Oi Yuu. Como cê tá?

- Hah, eu tô bem. E aí, tá tudo bem?

- Acho que sim, heh... – no momento, o garoto desejava bater a cabeça na parede. – Escuta, desculpa minha mãe ter te ligado hoje, e ainda mais tão cedo, e...

- Ah, não foi nada, Nacchan.

- ... Yuu. Você não...

- O que foi, Nacchan? Algum problema?

- ...

- Na...?

- ...

- Tá, Natsurou, desculpa. – do outro lado da linha, o mais velho se matava de rir. – Não dava pra resistir, você sabe.

- Pra que você ligou...? – o loiro parecia aborrecido. O tom de sua voz fez Yuu ser mais cauteloso (embora gostasse de irritar o pequeno).

- Huh. Só queria ver se você estava bem, mesmo. – na verdade, só queria irritá-lo. Aliás, ouvir aquela voz depois de uma noite de sono conturbada ela mais que um alívio...

- Agora já sabe, então...

- Por que você tá tão mal humorado, Natsu?

- Nada. Depois a gente conversa. Desculpa se minha mãe te incomodou, não dê ouvidos a ela. Não precisa vir se não quiser.

- Uuh... Tiraram a banana do macaco, foi?

- Yuu...

- Huuh... Tá. Você não quer que eu vá, é isso né?

- ...

- Se for isso, eu não vou. Sério. – estava MESMO falando sério. Franzia a testa, mas o loiro não podia ver.

Natsurou escorregou da parede do corredor para o chão. Mordia o lábio inferior. Em seu interior, travava uma luta contra si mesmo. Uma parte sua queria ver Yuu, mais que tudo. Por outro lado, a idéia de tê-lo sentado no sofá da sala de estar junto com a sua mãe vendo as fotos de quando era bebê era no mínimo impensável.

- Eu... Não sei.

Falou a verdade.

- Eu não sei quanto a você, mas, eu quero te ver.

Natsurou achou que na hora que ouviu o desejo expresso por Yuu, fosse morrer. Sentiu como se seu café da manhã inteiro quisesse voltar, de modo não muito gentil.

- Então... Só não vá ficar dando uma de bom rapaz pra cima da minha mãe.

A voz de Natsurou saiu um tanto solene demais.

Yuu riu.

- E desde quando eu dou uma de bom rapaz? Eu SOU um bom rapaz. Até parece que não me conhece.

- Aham. Nem um pouco.

O Kohatsu também sorriu.

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Gostava de rir com si mesmo. Parecia que estava zombando de alguma coisa, de algo que só ele sabia. E ser o único a saber das coisas era o que Yuu mais gostava. Porém, no momento exibia um sorriso ridiculamente bobo. Batucava continuadamente com os dedos na madeira da escrivaninha. Encarava o monitor de seu Sony Vaio, mas não conseguia se concentrar em um ponto fixo.

Até os macacos acabam escorregando dos galhos um dia, não é... Sua mente fixava-se a esse pensamento. No final das contas, ele estava mesmo quase caindo do seu galho.

Ah, que lindo. Agora até os devaneios do seu avô começavam a fazer sentido...

Fechou o notebook com um suspiro. Não adiantava tentar trabalhar com todos aqueles pensamentos rondando sua cabeça. Aquilo o incomodava profundamente – nunca tivera problema com isso, com falta de atenção, devaneios... E agora os fazia com uma frequência absurda! Resolveu então que deveria dar uma volta para esfriar a cabeça, antes de comer qualquer coisa que apelidava de almoço (o que fosse mais fácil de pegar no armário).

Abriu a porta da sacada do seu quarto e saiu, calçando os chinelos antes de pisar nas pedras do jardim. Caminhou, prestando mais atenção no som que o cascalho fazia ao ser pisado do que o comum. Era mais que óbvio que tinha alguma coisa de errado com ele – qualquer tapado conseguiria avistar isso a uma distância de 10 quilômetros.

Hanashiro Yuu estava mais perto de um surto do que jamais esteve. Cogitou-se em se afogar no lago, junto com as carpas, mas não iria resolver nada... O som do bambu batendo na pedra assim que se enchia de água fazia o barulho de uma britadeira furando o asfalto parecer um violino tocando uma composição de Bethoveen.

Estava na hora de recorrer ao que não queria recorrer. Aquilo que só usava em casos extremos, os que nunca imaginou que chegariam a acontecer. Bom, tinha uma foto dele em alguma gaveta. Não pergunte como, porque ou para que ele tinha, mas tinha – embora fosse a coisa mais anormal do mundo. Estava tudo se tornando tão claro que Yuu tinha até medo de confirmar.

Voltou para o quarto e vasculhou a gaveta da escrivaninha, onde jogava tudo que usava bastante ou qualquer outra coisa que lhe aparecia no caminho e tinha preguiça de pensar em onde guardar – hábito do qual se invergonhava profundamente. Estranhamente, o que procurava encontrou bem conservada.

Pousou a fotografia do garoto loiro de pele morena na madeira da escrivaninha. Ela parecia estar emanando algum tipo de aura, vibração, ou sei lá o que fosse aquilo. Tinha um ar... incomum.

Tirou o estilete da gaveta. Empurrou a trava, liberando a lâmina.

Se eu conseguir, pensou, foi apenas um momento de fraqueza. Por outro lado, se eu sequer hesitar... Não quero nem pensar nisso.

Prendeu a respiração.

Era melhor fazer de uma vez.

 

Um minuto ou dois já haviam se passado. Perguntava-se se isso é que chamavam de hesitação. Achava uma tarefa tão fácil apenas cortar com o estile a foto de alguém, porque sua mão não se movia então? Qual era seu problema, afinal?

Largou o objeto cortante ao lado da fotografia que sorria gentilmente para ele. Simplesmente não conseguia, e nem adiantava tentar. Estava perdido, havia estatelado-se no chão definitivamente, e temia não conseguir escalar a árvore novamente. Gostava do seu galho, era seguro, não precisava se preocupar com muita coisa... Era estável. Gostava de estabilidade.

E porque ele estava REALMENTE se comparando a um macaco? Não era um macaco, era um homem. E tinha um compromisso mais tarde, e não sabia se podia realmente encará-lo.

O que faria dali para frente? Fugiria? Aliás, conseguiria fugir? Ou apenas deixar-se-ia levar? Eram tantas perguntas que ele sentia vontade de voltar para o lago e forçar uma carpa a engoli-lo. Ok, explodir um peixe não resolveria porcaria nenhuma, Yuu. E por que você está tão DESESPERADO? Contenha-se.

É, se tinha uma coisa em que o Hanashiro era bom era em se auto-controlar. Respirou fundo - várias vezes, por sinal.

O que aquela banana tinha feito com ele? Perdia a respiração, a linha do raciocínio, tudo por causa dele; e o pior: agia de modo imprevisível e medonhamente natural quando estava perto do loiro. Não necessitava pensar, nem nada. Apenas agir, rir, dizer qualquer besteira...

Talvez por nunca ter vivido assim, era uma coisa tão estranha e que lhe causava arrepios. Mas acaba as fazendo sem perceber.

Sentia o desespero subir à cabeça novamente. Precisava manter o foco... Se era um homem, tinha de manter o controle da situação. Com calma e minuciosamente, como sempre fazia. Não tinha dificuldade nisso. Não deveria haver, ao menos.

Tudo bem, admitia que houvesse dificuldade. Só convivera com Natsurou apenas uma semana e já estava no estado atual. EXISTIA um problema nisso, e o que tinha de fazer era resolvê-lo. Não podia sentir algo por alguém; e ainda alguém tão banal quanto o adolescente. Concluiu que tudo o que tinha que fazer era conviver com Kohatsu Natsurou o quanto tinha que conviver. Depois, de volta para sua vida normal. Apenas mais um verão normal. Nunca mais voltaria a vê-lo.

Os humanos sempre esquecem. TÊM de esquecer.

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Natsurou parecia uma formiga frenética. Limpou a casa inteira, lavou o quintal, cuidou das flores, lavou a louça e até mesmo a roupa. Simplesmente não conseguia parar pra relaxar, por mais que tentasse, acabava sempre pensando no Yuu, naquele jantar, naquele álbum maldito, dos risos que ele vai dar e... Naquele beijo. Sim, não havia se esquecido do episódio. Antes que se afogasse em tamanha ansiedade ou se suicidasse acertando uma melancia na cabeça, o jovem tentava se distrair com afazeres domésticos.

   Enquanto limpava as janelas da sala, um pensamento veio à sua cabeça: “Por que estou tão nervoso?!”. Claro, qualquer um estaria se estivesse prestes a ter sua vida exposta para alguém (ainda mais por sua própria mãe), mas era algo mais. Ele já havia passado por aquilo outras vezes, com amigos, amigas e primos, mas jamais ficara tão ansioso. Talvez seja porque ele sabe que está fadado a ser motivo de piadas do Yuu para o resto da vida, ou porque sabe que o Yuu vai vir jantar em sua casa, mas... Porque é tudo por causa dele? Porém, seus auto-questionamentos foram cortados pela voz da mãe, que o chamava para fazer algum favor.

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  Os minutos e as horas se passavam e Yuu não conseguia fazer nada de produtivo. Até temeu estar entrando em algum tipo de estado vegetativo. Passou o dia todo comendo porcarias, andando pela casa e divagando, parecia até mais velho que o próprio avô – que, apesar das excentricidades, aparentava ter fundamentos em suas ações. Enquanto estatelava-se no sofá da sala, olhou para o relógio. Dezoito horas. Deveria começar a se arrumar? Talvez. Levantava-se, um pouco mais animado e caminhou lentamente pelos corredores e degraus da casa. Seus pensamentos não estavam muito claros. Queria convencer-se de que Natsurou era apenas mais um otário em sua vida, queria deixar de se sentir tão inseguro e, acima de tudo, queria não estar tão ansioso em vê-lo.

   Ao chegar a seu banheiro, ligou o chuveiro e enquanto a água se aquecia, despia-se. Encarava a si mesmo no espelho por alguns minutos, e logo entrou no Box. Ao sentir aquela água morna encostar-se a seu corpo, sua pele se arrepiava até que se acostumasse com a mudança de temperatura. Fechava os olhos, e jurava a si mesmo que ali, naquele momento, colocaria um limite.

   Não, não se aproximaria mais dele. A relação entre os dois não se tornaria mais próxima, não compartilhariam segredos ou explicitariam suas personalidades mais ocultas. Continuaria o mesmo Hanashiro Yuu que sempre foi, que jamais confiou em alguém além de si mesmo. A partir daquele momento, tudo que falasse ou fizesse com Kohatsu Natsurou seria apenas pelo seu trabalho. Até cogitou em arranjar uma desculpa para faltar ao jantar, mas achou indelicado àquela altura.

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   Depois de terminar todas aquelas tarefas inadiáveis, (pelo menos eram, na cabeça do garoto) Natsurou ia tomar um banho. Subia as escadas num ritmo rápido, e logo trancou-se no banheiro. Tirava a roupa que estava meio suada, fazendo uma careta ao cheirá-las em seguida. Abria o chuveiro e colocava a mão por debaixo da água, esperando que ela se aquecesse. Observava as próprias mãos, sentindo a água ficar cada vez mais agradável, até que a julgou boa o suficiente. Fechava os olhos, acariciando os cabelos descoloridos, e deixava enfim sua mente viajar.

   O engraçado é que todos os seus pensamentos voltavam-se para aquele cara de cabelos castanhos e olhos verdes, com um curioso piercing na língua. Lembrou-se de como sentiu raiva daquele “ladrão de uvinhas” e de como ficou surpreso ao encontrá-lo na casa do Hanashiro Oji-san. De repente, estava rindo sozinho com aquilo tudo, mas logo sentiu um aperto no peito quando se lembrou do dia no aquário. Para ele havia sido uma coisa tão intensa, arrebatadora, assustadora, imprevisível e... Incrível. Porém, para Yuu pareceu tão banal, indiferente. Como? Como poderiam existir reações tão diferentes?

    E por quê? Por que deixava até mesmo seu orgulho de lado para vê-lo num jantar tão constrangedor? Por que passara o dia todo preocupado em deixar a casa perfeita?  Por que com ele? Por que não outro adolescente uchinanchu de cabelo esquisito? Ou alguém que soubesse lidar com tantas perguntas?
- AAAAAAAAAAAAARGH ! – O jovem não resistiu, gritou como se estivesse segurando aquilo por anos.

- Aquele cara é folgado, bobo, egocêntrico, orgulhoso... Mas... É a primeira vez que eu me sinto assim, droga.

 

   Eram exatamente dezenove horas e quarenta e sete minutos, Natsurou olhava novamente para o relógio no seu quarto. Já havia tomado banho e acabado de colocar uma roupa. Uma bermuda xadrez em cor creme, e uma regata larga, branca. Estava jogado na cama, quase se sufocando em seu nervosismo. Pensou em ligar para o convidado, mas achou que seria um incômodo. Suspirou devagar, fechando os olhos.

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   Às dezenove e cinqüenta e oito, Yuu estava em frente à porta da casa dos Kohatsu. A maioria das luzes estavam acesas, e era uma típica casa familiar. Ficou encarando a porta de madeira por um tempo, pensativo.

“Certo. Lembre-se do limite que você colocou, Yuu. Nada de “amizade”, é apenas uma visita à um colega do trabalho, sem nada demais. Vai sorrir, falar educadamente, não vai fazer piadas ou escutar as histórias da mãe dele. Mantenha-se longe do Natsurou.”

   Respirou fundo e tocou a campainha.

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Notas finais do capítulo

êê! *-* Valeu MESMO por lerem!! E ainda mais por acompanhar a história! Isso me deixa tao feliz e emocionada ç_ç (q-)

Yaoi forever, pessoal. XD
Juro que o próximo capítulo vai ser perfect. Mais que esse, que eu quase tive ataques na frase 'eu nao sei quanto a voce, mas eu quero te ver'... *Maria, foi voce mesma que escreveu... qual o seu PROBLEMA...?*

Sua opinião é bem vinda! Always!!
=* Arigatoou!



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