O Feiticeiro Parte II - A Dimensão Z escrita por André Tornado


Capítulo 45
VIII.5 Tudo diferente, tudo igual.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado na primeira pessoa.



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Pousei o auscultador devagar, fixei o telefone.

Tinha acabado de recusar um convite do André que queria encontrar-se comigo naquela quinta-feira à noite. Mentira-lhe, dissera-lhe que estava cansada, tinha sido um dia arrasador no trabalho e queria descansar. Ele aceitara, convencendo-se que eu estava a preparar-me para o fim-de-semana. Recordara-me que sexta-feira era já no dia seguinte e que iria mesmo conseguir a chave do apartamento do primo de Évora. Eu concordara com a charada, sim, descansava para sexta-feira, haveria de ter a mala pronta e iríamos passar o famoso fim-de-semana juntos, os dias e as noites.

Mas eu estava cheia de dúvidas.

Olhei para a palma da mão esquerda, onde tinha o papel com o endereço e o telefone do professor. Agarrei no auscultador, mas não o tirei do descanso. Não conseguia, era como se o tivesse colado ali com a mentira, quando desligara o telefonema do André.

Não sabia classificar a minha relação com o André, quando tinha o coração cheio de um sentimento esquisito, paixão misturada com ternura e arrebatamento, pelo anjo dos olhos azuis que, descobrira-o maravilhada, era mesmo alguém de outro mundo, não celestial, mas de lá perto. E quando o André antecipava um fim-de-semana especial e eu não sabia como lhe dizer que não e desconfiava que não lhe iria dizer que não.

Respirei fundo.

Não era capaz de telefonar ao professor, não sabia o que dizer ao telefone se ele me atendesse, escutar-lhe a voz com pronúncia castelhana, tratá-lo pelo seu verdadeiro nome e dizer-lhe que iria aparecer na casa dele, porque, apesar do interregno de uma semana, eu gostaria imenso de continuar a aprender japonês, agora ainda mais sabendo que ele era filho de quem era.

Doía-me só de pensar no André. Na desilusão dele, na minha desilusão. Na mala que eu teria de fazer, no fim-de-semana longo e inacabado, pleno de enganos.

Amarrotei o papel, enfiei-o no bolso das calças. Voltei costas ao telefone. Agarrei no caderno dos apontamentos e saí de casa.


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
O extraterrestre.



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