O Feiticeiro Parte II - A Dimensão Z escrita por André Tornado


Capítulo 42
VIII.2 Pequenas distrações.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/306721/chapter/42

Esquecendo-se completamente de onde estava, sonhando com a paisagem verdejante da sua meninice e com o rio onde pescava com o pai, distraiu-se e foi atraiçoado por um bocejo.

- Professor, vamos embora.

Gohan olhou para o aluno que se chamava Marco e que se sentava na primeira mesa da fila do meio.

- Vamos embora – insistiu.

Os outros alunos aguardavam a resposta, canetas e lápis suspensos.

- Não vamos nada embora – disse Gohan endireitando-se na cadeira. – Continuem a resolver esses exercícios.

- Estes exercícios são aborrecidos – disse o Miguel. – Nós já demos esta matéria no ano passado, na cadeira do professor Duarte.

- Precisamente, estamos a rever a matéria do ano passado. E os exercícios não são aborrecidos. São para serem resolvidos! – Culminou a última frase engrossando a voz, procurando ser autoritário.

- E a aula vai ser só resolver exercícios?

O Miguel começava a irritá-lo. Pediu silêncio às filas de trás, onde se juntava um grupo de alunas mais faladoras e reforçou:

- Quanto mais depressa acabarem os exercícios, mais depressa saem da aula. Quero toda a gente a pensar em números e a resolver os problemas… Onegai shimass.

A plateia emudeceu. E Gohan corou.

Novo deslize. Estava demasiado distraído, havia duas noites que não dormia em condições. Primeiro, tivera a impressão que sentira a Porta dos Mundos a abrir-se. Na noite seguinte, não conseguira descansar com medo de sentir o mesmo.

- O professor sabe falar japonês? – Perguntou a Susana.

- Sei – gaguejou. – Eu… sou japonês. Nasci no Japão, pode-se dizer.

- A sério? Não parece. Achas que o professor parece japonês, Sónia?

A Sónia negou com a cabeça.

- O que é que foi que disse em japonês, professor? – Perguntou o Miguel.

Gohan suspirou. Uniu as mãos em cima da secretária.

- Pedi-vos que resolvam os problemas, por favor.

- Poderia falar um bocadinho mais em japonês? – Pediu a Susana sorrindo.

- Porquê?

- Ah, é tão giro! Nunca conheci ninguém que soubesse falar japonês, uma língua assim… diferente.

Por momentos, recordou-se da Ana.

Sentiu-se acanhado, mas concedeu. Seria talvez um pequeno preço a pagar para ter os alunos novamente concentrados nos exercícios de matemática.

- Acredito que, depois de me ir embora desta dimensão, vou sentir a vossa falta e gostaria muito de poder levar uma recordação vossa para casa, pois apesar de não quererem fazer o que vos peço, por minha culpa também, são alunos fantásticos, com um grande futuro.

Ninguém se moveu por longos segundos de silêncio. A Susana estava boquiaberta e foi o Miguel que verbalizou o que todos estariam a pensar:

- O professor muda de voz quando fala em japonês.

Gohan apoiou a testa numa mão. Aquilo ia de mal a pior.

- Não querem continuar com os exercícios? – Murmurou.

A Susana recuperou a postura sorridente e disse:

- Ah, mas o professor quando fala em japonês é tão… é tão…

- Sexy? – Arriscou a Sónia.

Gohan meneou a cabeça, sentindo-se afundar na cadeira.

- É tão… fofinho! – Completou a Susana.

Gohan olhou para a aluna.

- Nani?

- Sim, muda de voz, é verdade. Mas fica com uma voz tão querida!

Ouviram-se gargalhadas.

- O professor conhece “Dragon Ball”?

A pergunta gelou-o. Vinha da última mesa, da fila da direita. Gohan reparou no Paulo, que esticava a cabeça para se mostrar. Tentou manter-se calmo.

- “Dragon Ball”? – Indagou fingindo-se admirado.

- Sim. São uns desenhos animados japoneses muita fixes – explicou o Paulo.

A Susana disse logo:

- E achas que o professor vê desenhos animados?

- E depois? Até pode ver! O pai de um amigo meu vê esses desenhos animados. E como o professor vem do Japão pode conhecer, aquilo lá foi muita famoso. Conhece as aventuras de Son Goku?

Gohan levantou-se da cadeira e anunciou esganiçado:

- A aula terminou! Acabaram-se os exercícios! Podem ir para casa!

As mãos tremiam quando fechou o livro de matemática que tinha aberto em cima da secretária.

O Miguel foi o primeiro a sair da sala. Os outros alunos ainda demoraram alguns minutos a perceber que era mesmo a sério. Começaram a arrumar os cadernos devagar, à espera que o professor se lembrasse que aquilo tinha sido um mero devaneio e que os mandasse regressar aos exercícios aborrecidos, mas convenceram-se que a aula terminara quando o viram a recolher os livros e os papéis fotocopiados para dentro da mala de cabedal castanha. Saíram em silêncio. O último a abandonar a sala foi o Paulo que se aproximou dele.

- Disse alguma coisa que não devia, professor?

Gohan sorriu.

- Não, Paulo.

- É que pareceu… Por causa daquela história dos desenhos animados.

- Descansa, está tudo bem. Resolve os exercícios em casa. Na próxima aula, vamos corrigi-los.

- Mas é mesmo verdade que vem do Japão?

Gohan acenou que sim.

- Então, agora que não está mais ninguém aqui…

- Queres saber do “Dragon Ball”?

O rapaz encolheu os ombros.

- Eh… Se não for nenhum segredo.

- Por acaso…

Gohan agarrou na mala e saiu da sala, com o Paulo.

- Acaba por ser – completou e a lembrança do pai, dentro do rio, a exibir um peixe enorme nos braços, arrancou-lhe um sorriso rasgado, os óculos descaíram para o nariz.

- O quê?

- Um segredo.

Desceram as escadas juntos.

- Não estou a perceber, professor. É segredo que vem do Japão?

- O que queres saber sobre “Dragon Ball”?

- Conhece?

Chegaram à porta do edifício da faculdade. Divertiu-se a imaginar qual seria a reação do Paulo se soubesse que o professor de matemática era o filho de Son Goku.

- Conheço melhor do que julgas – disse Gohan, ajeitando os óculos na cara.

- Ah… Conhece alguém que participou na série?

- Hai. Podemos dizer…

- Quem?

- Ouve, Paulo. “Dragon Ball” é apenas… um mundo normal. Igual ao teu.

O Paulo riu-se.

- Igual ao meu? Aqui não temos saiya-jin!

- Olha que podes estar enganado.

Piscou-lhe o olho e despediu-se, deixando o pobre rapaz intrigado com aquela resposta. Saboreou a pequena maldade, uma experiência mínima mas que lhe deu uma alegria tremenda. Dirigiu-se ao parque de estacionamento, onde deixara a bicicleta. Apetecia-lhe continuar a prolongar aquela satisfação e decidiu que iria dar uma volta à praia antes de voltar para casa, para se rir para os céus e dizer, em voz alta, em japonês, gritar aos ventos que era filho de um saiya-jin e que se chamava Son…

- Gohan!

A alegria escoou-se por um ralo pequeno e estreito.

Estacou, como se o tivessem atravessado com uma lança.

- Gohan!

Era uma voz conhecida, porém, que o chamava com descontração. Voltou-se e encontrou o pai sorridente que se encaminhava na sua direção. A imagem da lembrança anterior, no rio, o peixe exibido, materializava-se diante dos olhos, com os contornos nítidos da Dimensão Real. Mas sem rio e sem peixe. Franziu o rosto, irritado.

- Otousan! Tu não me podes chamar pelo meu nome!

Goku disse acabrunhado:

- Gomen nasai, Gohan. Mas não me lembro como é que te chamas na Dimensão Real. Eu nem me lembro como é que eu me chamo!

- Chamo-me Gomano!

- Ah, pois… Gomano…

- E mesmo que não te lembrasses, podias evitar chamar por mim no meio do parque de estacionamento da universidade. Não vês que está cheio de gente?

E abriu os braços como que a querer indicar todo o cenário que os rodeava, animado com alunos, professores e funcionários que passavam de um lado para o outro.

- Pois…

- O que é que queres…? – Parou a pergunta a meio ao reparar no olho negro e nos arranhões na cara do pai. Fez outra pergunta: – O que foi que te aconteceu?

- Nada. Estive a treinar-me com Vegeta. Foi agradável.

- Deve ter sido… A julgar pela tua cara.

- Vegeta está parecido. Não utilizámos todo o nosso poder, mas deu para aquecer. Transformamo-nos em super saiya-jin!

- Ah… Então foram vocês que andaram a provocar os sismos de há duas noites atrás?

- Honto? – Goku abriu muito os olhos. – Sentiste os tremores de terra?

- Eu e toda a gente da cidade e arredores, ‘tousan.

- Pois… Eu bem lhe disse para ter mais cuidado, mas Vegeta é teimoso. Não interessa, já passou e ninguém se lembra mais disso.

- Se não existirem mais tremores de terra. Ou as pessoas daqui ficarão a pensar que um vulcão estará prestes a explodir na serra. Temos de ser discretos… Não foi isso que combinámos?

Goku imitou-lhe o gesto de há pouco. Abriu os braços e indicou todo o cenário que os rodeava.

- Estar aqui não é ser discreto.

- ‘Tousan! – Corou com a censura velada.

- Professor Gomano. Boa tarde.

Uma mulher juntava-se a eles, Gohan reconheceu-a. Era a professora Teresa que se desfazia em mil e um sorrisos simpáticos e em mil e uma conversas infindáveis quando o encontrava. Ultimamente, tinha a mania de lhe oferecer lanches no bar da faculdade. Ele aceitava, porque não podia ser indelicado com ela, não estava no seu feitio, mas tinha a impressão de que, ao fazê-lo, alimentava um monstro guloso de mal-entendidos e de falsas expetativas. Gohan sorriu sem vontade e disse entredentes:

- Boa tarde, professora Teresa.

- Ainda não o tinha visto hoje, professor Gomano.

- Tenho estado ocupado… Aulas.

- Por acaso, hoje também tenho estado muito ocupada. Reuniões de científico, sabe como é.

- Pois… sim.

- Um aborrecimento pegado. E, ainda por cima, enganaram-me para coligir a ata da reunião. Levo trabalho para casa.

- É realmente… um aborrecimento.

- Sentiu o tremor de terra de que se fala tanto?

Sem querer, Gohan deitou uma olhadela a Goku.

- Não – gaguejou. Acrescentou, passando a mala de uma mão para a outra: – Ouvi no rádio que foi de noite.

- Sim, foi perto das zero horas.

E disse “zero horas” como se fosse muito diferente do vulgar “meia-noite”.

- Estava a dormir

- Ah!... Deita-se cedo. Faz muito bem. Devemos fazer jus ao ditado, não é verdade? Deitar cedo e cedo erguer…

Reparou em Goku e recuperou a postura correta e irrepreensível de professora universitária. Estendeu-lhe a mão para o cumprimentar, mas Goku não reagiu e olhou confuso para a mão estendida. Gohan deu-lhe uma cotovelada e, para disfarçar, disse:

- É… É o meu pai.

- O seu pai?

- O que foi? – Perguntou Goku sem entender a cotovelada.

- Aperta-lhe a mão! – Ciciou Gohan.

A professora Teresa percebeu que as palavras não saíram no habitual castelhano e olhou-o admirada. Gohan sorriu como um pateta. Goku apertou a mão da professora.

- Teresa. Muito prazer.

- Teresa?

- Ela chama-se Teresa – segredou-lhe Gohan.

- Ah! – Goku sacudiu o braço da mulher, compreendendo, por fim, o gesto e as palavras dela. – Eu chamo-me Son Gok…

- Gonçalo! – Gritou Gohan.

A Teresa olhou-o embasbacada. E Gohan repetiu, sem gritos:

- Gonçalo. O meu pai chama-se Gonçalo.

- Ah.

Gohan fixou um olhar penetrante no pai. Goku encolheu os ombros, a desculpar-se em silêncio que os nomes que Bulma arranjara eram muito difíceis de decorar. A professora Teresa repartia a atenção pelos dois e descobriu as marcas no rosto de Goku.

- Mas… o que foi que lhe aconteceu, senhor Gonçalo? – Perguntou a torcer a cara numa careta de horror.

- Porquê? – Estranhou Goku.

Foi Gohan que adiantou uma explicação:

- O… o meu pai pratica artes marciais e esteve a treinar-se recentemente.

- E os treinos são assim tão duros?

Goku riu-se de gosto.

- Se conhecesses o meu adversário…

- São, são duros – interrompeu Gohan com medo que o pai começasse a falar em Vegeta e em super saiya-jin e em sismos.

- Mas está a treinar-se para algum torneio?

- Um torneio?

- Sim. Uma competição…

- Não. Treino-me para me manter em forma e para derrotar os guerr…

- Para se manter em forma, só isso – tornou Gohan a interromper.

- Deve ter cuidado, senhor Gonçalo – advertiu a professora Teresa com um sorriso sedutor. – Tem uma cara demasiado bonita para estragá-la com treinos muito violentos.

- Ahn? – Goku piscou os olhos.

A professora Teresa lançou um olhar lânguido para Gohan dizendo:

- Já percebi onde foi buscar esses olhos encantadores. Tem os olhos do seu pai, sabia?

- Acho que sim – respondeu e teve a impressão que não era ele quem respondia.

A professora Teresa olhou para o relógio de pulso e concluiu:

- Bem, já se faz tarde e tenho muito trabalho à minha espera. – Acenou discretamente com os dedos da mão esquerda. – Até amanhã, professor Gomano.

- Até amanhã

- Gostei muito de o conhecer, senhor Gonçalo. Espero ter o prazer de o voltar a ver.

Goku sorriu. A professora Teresa afastou-se e Gohan suspirou de alívio. Mudou novamente a pasta de cabedal de mão. No entanto, tinha o estranho pressentimento que havia mais bombas para cair na tranquilidade da sua vida da Dimensão Real.

- Gohan, aquela mulher sabe que és casado?

A pergunta deixou-o engasgado.

- Porquê?

- Pareceu-me muito interessada em ti.

- Impressão tua.

- Hum…

Viu a professora Teresa entrar num automóvel cinzento, a sentar-se diante do volante, a compor o cabelo arruivado olhando-se ao espelho retrovisor. O melhor seria começar a recusar um ou outro lanche…

Mudança de assunto, mudança radical, uma das especialidades de Goku. Perguntou-lhe:

- Queria falar-te sobre a Porta dos Mundos, Gohan.

- Nan dá?

- Para além do tremor de terra, não sentiste mais nada?

- Hai. Uma impressão. Acordou-me no meio da noite. E achas que foi a Porta dos Mundos?

- Tenho a certeza.

- Um de nós esteve quase a interagir? Quem?

- Trunks. E Vegeta está convencido que foi com aquela tua aluna. Como é que ela se chama?

- A Ana? Como é que Vegeta sabe isso?

- Desconfia… Eu consigo dar-lhe razão. Devemos ter muito cuidado a partir de agora. Nunca mais estiveste com a rapariga, pois não?

- Eh… – Gohan coçou a cabeça. – Depois daquela reunião estranha na casa de Vegeta-san, em que me pediste para acabar com as aulas de japonês, não vi a Ana durante duas semanas. Mas ela encontrou-me, na universidade, pediu-me que retomasse as aulas e eu disse-lhe que sim.

- Gohan! Tinha-te pedido que terminasses com essas aulas.

- ‘Tousan, se interagir fosse ensinar japonês à Ana, já tinha acontecido quando lhe dei a primeira aula. No entanto, não existe motivo para preocupações. Não tem aparecido nestes últimos dias, nunca mais a vi.

- Hum… Se ela voltar a aparecer, inventa uma desculpa e acaba outra vez com as aulas.

Gohan torceu a boca. Concordou, relutante:

- Está bem.

- Se ela esteve afastada por duas semanas, afasta-a por mais duas. Pode ser que Bulma entretanto termine a máquina das dimensões. Vais-te embora e pronto. Então é que acabam as aulas de vez.

- Poderá acontecer assim – disse, ainda pouco convencido.

Goku olhou em volta, respirando fundo o aroma dos pinheiros.

- O sítio da tua universidade é bonito.

- Ah… Não é a minha universidade.

- Ubo já está em casa e eu vou para lá – anunciou, concentrando-se no horizonte. – Gostei de conversar contigo, Gohan. Não te esqueças, mantém-te atento em relação a essa rapariga chamada Ana. Djá ná!

Gohan ficou azul ao vê-lo levar dois dedos à testa. Gritou, de braços estendidos:

- Não, otousan! Espera!

Tarde demais. A Shunkan Idou funcionou e Goku encontrou-se na sala da pequena e desconfortável casa de madeira onde vivia, em frente a Ubo que se sentava à mesa. Descobriu os quatro peixes de escamas prateadas numa vasilha e os olhos brilharam a antever o banquete daquela noite.

O rapaz levantou-se assim que ele chegou.

- Ah! Que belos peixes!

A alegria evaporou-se quando Ubo lhe perguntou num só fôlego:

- Quem é Zephir, sensei?

Goku julgou que alguém o tivesse esmurrado.

- Na-nani? Quem é que te falou de Zephir?

O aviso de Dende regressou aos seus ouvidos. “Ubo não pode sequer saber da existência de Zephir”. Abanou a cabeça para o fazer desaparecer. Ubo esperava uma resposta, sem uma expressão definida no rosto paralisado.

- Eu… eu não te podia falar de Zephir – explicou sufocado. Fora apanhado na mentira e sabia que a relação de confiança que existia entre mestre e pupilo tinha sido quebrada.

- Porquê?

- Porque… Disseram-me para não te falar de Zephir.

Ubo fez um esgar, estalou a língua, inclinou a cabeça para o lado direito, mimando um trejeito odioso de Majin Bu. Goku sentia as gotas de suor a nascer na orla do cabelo, a empapar a testa.

- Porque é que não me foste buscar para te ajudar a combater contra Zephir no Templo da Lua?

- Já te expliquei.

- Podia ajudar-te. – Rasgou um sorriso trocista, insistindo em mimar Majin Bu. – Sou tão forte como tu.

- Proibiram-me de te levar comigo.

- Eu fiquei à espera… Uma noite inteira, sentado na praia. Depois, quando o sol nasceu, senti os combates. Sempre à espera. Obediente… como um cão.

- Ubo, por favor, escuta-me. Tu não te podes aproximar de Zephir.

O rapaz baixou a cabeça, colou o queixo ao peito com um suspiro arranhado. Começou a respirar entre roncos, como se tivesse adormecido. Goku arrepiou-se. Os gestos, as reações, eram os de Majin Bu, o espírito a revelar-se perigosamente e logo naquela ocasião em que falavam do feiticeiro maldito que se servia da magia do Makai, a mesma magia que um dia controlara Majin Bu.

O aviso de Dende fazia mais sentido do que nunca.

Goku disse, controlando o medo:

- Tu és um excelente guerreiro. O melhor que a Terra terá no futuro, quando os saiya-jin já não forem suficientes para a proteger. Mas, nesta história, com Zephir e esse Templo da Lua… Não é a tua aventura. Gomen nasai, Ubo-kun.

Os roncos suspenderam-se.

Ubo olhou para ele com os olhos injetados de sangue.

- Não passas de um egoísta!

- Ahn?

- Não confio mais em ti. Acabou-se!

Goku tentou alcançá-lo, Ubo esquivou-se. Abriu a porta, o odor húmido a maresia irrompeu pela casa adentro, as roupas colaram-se ao corpo, deixando Goku ainda mais gelado.

- Eh! Para onde é que vais? Estamos num sítio estranho e tu não tens para onde ir.

- Cá me arranjo… Provavelmente, vamos ficar neste sítio estranho para sempre.

- Não vamos nada! Nós vamos voltar para derrotar Zephir.

- Nós? – Ubo riu-se com uma gargalhada estridente. – Eu não entro nessa história. Como foi que disseste? Essa não é a minha aventura… Sayonara.

E saiu.

Goku deixou-se cair numa cadeira, escondeu a cara nas mãos. Magoado, desejou que aquela conversa tivesse sido parte de um pesadelo. E desejou, acima de tudo, com um travo amargo no coração, regressar imediatamente à Dimensão Z e destruir Zephir para sempre. O maldito feiticeiro corrompia a sua vida e ele, impotente, não o conseguia travar.

Regressar, mesmo que fosse interagindo com alguém.

E arrependeu-se de ter pedido o que pedira a Son Gohan.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Improvisando.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Feiticeiro Parte II - A Dimensão Z" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.