O Feiticeiro Parte II - A Dimensão Z escrita por André Tornado


Capítulo 37
VII.4 Os treinos na serra.




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Duas árvores tinham acabado de cair carbonizadas. Os troncos ainda crepitavam incandescentes quando Goku aterrou, a defender duas bolas de energia e a enviar outras duas, que cruzaram o céu a sibilar. Vegeta desfez o ataque de Goku com ambas as mãos.

- Vegeta, acaba com isso!

As gargalhadas do príncipe entoaram na noite que tão orgulhosamente tinha estado a iluminar.

- Daqui a pouco temos assistência ao nosso combate se não acabas com os teus ataques energéticos

- Desfazemos a assistência com um desses ataques e deixa de haver testemunhas.

- Vegeta!

- E o teu sangue saiya-jin, Kakaroto? Não te esqueças que prometeste eliminar Keilo.

- Eu não prometi nada.

- É a tua vez! Ataca!

A teimosia de Vegeta roçava o insuportável. Goku saltou para se juntar a ele no ar. Preferia um combate aéreo a um combate no meio das árvores e dos arbustos. O corpo tenso brilhava. Uniu as duas mãos, levou-as atrás. Vegeta comentou divertido:

- Kamehame? Outra vez?

- Isto vai surpreender-te.

A energia vital concentrou-se, tornando-se numa pequena esfera azul compacta na concha formada pelas mãos de Goku. Vegeta fixou-o, antecipando o embate. Apesar de desdenhar daquela técnica que conhecia havia anos, sabia que encerrava um potencial mortífero enorme se não a enfrentasse corretamente.

Nisto, Goku desapareceu do lugar onde estava.

- Na-nani? Onde…?

Vegeta retesou os músculos, enquanto procurava pelo adversário, com os olhos e com o espírito. Pensava furioso em como tinha o outro conseguido deslocar-se tão rapidamente, quando a velocidade naquela dimensão estava condicionada àquele corpo pesado.

A aura de Goku regressou um segundo depois. Vegeta apenas conseguiu afastar-se um par de metros e cruzar os braços defronte do rosto. Goku gritou, lançando os braços na direção dele:

- Ha!!!!

O raio azul atingiu Vegeta em cheio. Goku observou a nuvem de fumo a diluir-se, até ficar a silhueta do príncipe a flutuar por cima de uma árvore desfeita.

- Como raios fizeste isso? – Perguntou Vegeta a aproximar-se.

Goku sorriu.

- Shunkan Idou.

- Shunkan Idou? Eu não te vi colocar os dois dedos na testa.

- Não preciso dos dois dedos na testa quando tenho a aura da pessoa que quero visitar à minha frente.

- Hum… Esse teu ataque não esteve nada mal, Kakaroto.

- Arigato, Vegeta!

- É a minha vez.

- Surpreende-me!

- Podes crer que sim.

Uma rajada de vento passou entre os dois saiya-jin.

Vegeta esticou os braços. Goku preparou-se, elevando a sua energia. Uma saraivada de pequenas bolas de energia desabou-lhe em cima. Goku detestava essa técnica mais do que qualquer outra que utilizasse energia vital, porque essa dava muito mais nas vistas ao criar no céu uma infinidade de pequenas explosões. Vegeta sabia disso e fazia de propósito.

Goku irritou-se. Desintegrou as bolas de energia com o seu ki e mergulhou. O soco atingiu o ar, pois o adversário tinha sumido… Voltou a cabeça para o lado esquerdo.

E apareceu, instantes depois, no mesmo sítio. Vegeta agarrou na túnica verde de Goku e esmurrou-o na cara. Deu-lhe um segundo murro e soltou-o. Goku equilibrou-se no vazio, atordoado, a oscilar como se o vento o estivesse a segurar.

- Não te devias ter irritado – observou Vegeta com secura.

- Distraí-me… O mérito é teu.

- Hum! – Cruzou os braços. – Não foi um grande ataque, mas como consegui apanhar-te, agradou-me.

Goku sorriu. Agoniado, apagou o sorriso. Tossiu e da garganta saiu sangue. Cuspiu para o lado, levantou o braço direito e pediu:

- Uma pausa.

- Estás cansado?

- Tu também não me pareces nas melhores condições.

Vegeta tentou disfarçar as mazelas que o corpo exibia, retorquindo orgulhoso:

- Eu estou bem.

Mas Goku insistiu:

- Uma pausa, Vegeta. Isto é só um treino.

- Pensei que fosse um treino a sério.

- E é. Mas não devemos exagerar treinar este corpo.

- Bah! Não passas de…

Um estalido. Um tremor na alma.

Vegeta e Goku calaram-se. Quedaram-se imóveis, como duas estátuas petrificadas. Sentiram, ao mesmo tempo, o começo de um remoinho negro a sugá-los para um mundo conhecido. O peso do corpo frágil da Dimensão Real a dissolver-se em pedaços de chumbo.

E depois do remoinho uma espécie de porta, abrindo-se lentamente.

Passou-se uma eternidade. O momento prolongava-se sem acabar, mas finito nele próprio, como se tivesse parado quando começara e se recusasse a avançar. Era apenas uma imagem estática, que se podia contemplar mas nunca experimentar.

A porta que se abrira com um estalido imperceptível, fechou-se com outro estalido.

O momento passou.

- Era… a Porta dos Mundos – balbuciou Goku.

- Interagir… Alguém esteve quase a interagir.

As faíscas estalaram em redor de Vegeta. Soltou um berro:

- Trunks!

E preparava um arranque a toda a velocidade, não fosse Goku tê-lo agarrado pela cintura. Puxou-o.

- Espera!

- Solta-me! Tenho de encontrar aquele imbecil!

- Como é que sabes que é ele?

- Só pode ser ele. Continua a desafiar-me, mesmo depois do acidente.

Goku encontrou o ki de Trunks perto dali.

- Solta-me, Kakaroto!

- Só depois de te acalmares. Não adianta ires atrás de Trunks. Não aconteceu nada, a Porta dos Mundos não se abriu.

Vegeta expirou ruidosamente, parou de se debater. Goku aligeirou o braço e o príncipe deslizou para se afastar. Fungou desagradado, cerrou os dentes.

Goku observava o horizonte, à espera de mais desenvolvimentos, mas a sensação do estalido na alma não regressou e o horizonte continuou imutável e escuro.

Cansado, Vegeta desceu e estendeu-se entre os arbustos. Não lhe apeteceu falar. Aquela experiência tinha sido desagradável e assustadora. Tinham quase deitado tudo a perder, tinham quase transformado o feiticeiro num deus. A ideia irritou-o na mesma proporção que o aterrorizou. Goku juntou-se a ele, encostou-se ao tronco de uma árvore, também calado.

Vegeta conhecia bem a magia do Makai. Lembrou-se como era poderosa, peganhenta, dolorosa. Lembrou-se como a voz de Babidi se colava ao seu cérebro, tão palpável que levaria à loucura uma mente fraca. Dava-lhe ordens que ele recusava-se a cumprir por causa da sua honra … E Kakaroto tentava chamá-lo à razão… E ele ripostava que queria ser o saiya-jin que tinha sido… E os golpes embatiam na pele, esmagavam a carne… E o combate entre ele e Kakaroto… O combate…

Vegeta despertou. Adormecera e recordara o passado no sonho breve. Abanou a cabeça para limpar as memórias desse sonho. Ainda deitado na terra, perguntou:

- Kakaroto, vamos continuar com os treinos?

Não obteve resposta.

- Kakaroto?

Voltou ligeiramente a cabeça e descobriu-o a dormir, encostado ao tronco da árvore. Não o incomodou. Achou que também ele precisava de se render ao sono. Fechou os olhos e tornou a adormecer. 


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Notas finais do capítulo

Próximo capítulo:
Os segredos revelados.



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