Unbreakable escrita por Caeruleae Ignis


Capítulo 7
Capítulo 7 - Vale dos Ventos


Notas iniciais do capítulo

Está aí o excepcionalmente extenso capítulo 7! Espero que gostem, e não me xinguem, por favor. Possui cenas de pornografia, portanto, leia sozinho(a). Deixem suas reviews, críticas e elogios serão bem aceitos, e não esqueçam de recomendar a fic! Sentia-me meio insatisfeita com a antiga capa, e com todas as minhas habilidades no Photoscape, criei uma nova. Espero que gostem. Beijinhos!



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Depois de amargamente se arrepender, Carmen conseguiu descansar. A senhora Hudson preparou chá para Sherlock e para a ruiva, que não fez sua ceia. Antes de ir se deitar, se deu conta de quanto tempo tinha ficado dopada. Quando injetou a droga em seu corpo, era onze horas da manhã. Já era nove horas da noite quando ela foi descansar. Estranhamente, não estava com fome. Não conseguira se lembrar o que almejava. Tomou uma ducha rápida antes de ir para a cama - certificando-se de que tinha trancado a porta - e vestiu o pijama. Estava se sentindo zonza, enjoada, com frio. Vestiu uma camisola branca, bem surrada e deitou-se. Adormeceu praticamente de imediato, pesadamente. Teve um sono pesado e nada tranquilo, constantemente sentindo algo em seu rosto, um tipo de carícia que a fazia ronronar.

"Lay, lady, lay, lay across my big brass bed
Lay, lady, lay, lay across my big brass bed
Whatever colors you have in your mind
I'll show them to you and you'll see them shine"

A pequena sacodia os pézinhos no ritmo da música, fitando os sapatos rosados enquanto os pais cantarolavam no ritmo da canção. Ela fitava a janela do carro e via o mundo lá fora, o Sol queimando de maneira suave as bochechas alvas, fazendo-a sentir a circulação no rosto. O irmão mais velho passava a mão no cabelo loiro da menina, que sorria a ele. Ela apertava o estofado de couro e mostrava os dentinhos que nasciam em sua boca em um sorriso fofo ao ver a mamãe fitá-la do banco da frente.

"Lay, lady, lay, lay across my big brass bed
Stay, lady, stay, stay with your man awhile
Until the break of day, let me see you make him smile
His clothes are dirty but his hands are clean
And you're the best thing that he's ever seen."

O Impala 67 andava aos oitenta quilômetros com facilidade, enquanto a família cantava o clássico de Bob Dylan em coro, menos a pequena, que ainda não sabia falar. O irmão mais velho dava beijinhos nas bochechas coradas da irmã, fazendo-a rir com os estalos dos lábios. O pai fitava os dois pelo retrovisor de tempos em tempos, e segurava a mão da mulher enquanto dirigia, mas não perdia o foco da estrada. Era lisa como um tapete, e a floresta caducifólia que cercava-a estava perfeita, e a neve pouco a pouco ia derretendo, indicando o começo do verão.

"Stay, lady, stay, stay with your man awhile
Why wait any longer for the world to begin
You can have your cake and eat it too
Why wait any longer for the one you love
When he's standing in front of you."

Os raios de sol batiam no cabelo loiro da pequena e ela semicerrava os olhinhos, ofuscados pela claridade. Depois de certo tempo, acostumara-se com a claridade, e brincava com os pingentes da pequena pulseira, em volta do punho direito. A mãe virara-se ainda sentada no banco da frente, fitando a filha que parecia se divertir com a pulseira, chaqualhando o bracinho para ver os pingentes mexerem.

"Lay, lady, lay, lay across my big brass bed
Stay, lady, stay, stay while the night is still ahead
I long to see you in the morning light--

Uma buzina ecoa nos ouvidos da pequena, que começa a chorar. A frente do Impala confronta a de um caminhão, e tudo parecia lento. A mãe se joga na frente das crianças em um ato suicida, desprendendo-se do cinto de seguranda para assegurar os filhos. A música continuava a tocar enquanto o carro caía ponte abaixo. O som da batida rondava os ouvidos da menina, que abriu os olhos.

Carmen acordou aos gritos, sentindo a cabeça girar, coberta de suor. Sherlock estava na porta, segurando alguns papéis, fitando Carmen. A menina estava ofegante e a camisola estava colada em seu corpo, de tanto que a menina estava suando. Podia-se ver o medo fluir pelo seu corpo, em espasmos involuntários nas mãos e as pupilas dilatadas. Os olhos arregalados decaíram em Sherlock, que fitava-a sem uma expressão fixa no rosto.

- "Você estava gritando." ela não respondeu. A senhora Hudson adentrou o quarto, enrolando-se no robe enquanto se aproximava de Carmen, preocupada.

- "Você está bem, querida? Dava para escutar seus gritos da esquina."

- "Estou", ela conseguiu responder, após alguns minutos em choque, "só um pesadelo." Carmen guiou os olhos novamente a Sherlock, que fitava-a encostado na porta.

- "Quer que eu prepare uma xícara de chá, querida? Parece assustada." sra. Hudson passava a mão no cabelo de Carmen, tentando acolhê-la.

- "Eu estou bem, obrigada." ela recolheu todas as forças do seu corpo para abrir um sorriso. "Só preciso descansar. Novamente, obrigada." a governanta se retirou do quarto depois de lançar um olhar acolhedor, retornando ao seu apartamento. Sherlock permanecia calado, fitando a menina.

- "Você não dorme quieta." ele disse, sem um tom de voz definido. "Pesadelo?"

- "É. Pode voltar a trabalhar." Carmen encarou Sherlock enquanto jogava a cabeça para trás, deitando-se no travesseiro. Percebeu no ato que ele estava encharcado. Levantou a cabeça e jogou-o para baixo, agarrando o outro travesseiro ao seu lado. Observou o relógio na mesa de cabeceira. Três e vinte da manhã.

- "Não consigo se você continuar gritando. Só começou o escarcéu quando eu saí do seu quarto."

- "Como é?" quando Carmen respondeu, ele não estava mais no quarto. Carmen deitou a cabeça novamente no travesseiro e voltou a dormir. Sem pesadelos.

Acordou com o alarme do relógio. Nove da manhã. Deus, ela estava se sentindo um pedaço de merda. Foi direto para o banheiro e tomou um rápido banho. Ou era o que esperava. Encheu a banheira e fez o que tinha que fazer, mas não contava com o estouro de sentimentos que teve. Chorou o que tinha de chorar, recolhendo os cacos sentimentais, algo que era fácil para ela. Culpava-se pela morte da mãe. Mas não era tempo de sofrer. Tinha que viver sua vida. Saiu da banheira e se vestiu rapidamente, usando o cachecol predileto. Azul marinho, herdou da sua mãe, que herdou da sua avó. Ainda tinha o cheiro da mãe, que remetia-lhe boas lembranças. Passou um pouco de colônia antes de se retirar. Saiu do banheiro descalça, vestindo novamente o mesmo peep-toe preto. Higiene matinal feita, agora é hora do desjejum. Atravessou o corredor e serviu a mesa junto com a senhora Hudson, e Sherlock continuava estudando o caso, com o pijama e o robe de cetim azul.

- "Bom dia, Sherlock." ele não respondeu. A governanta disse à Carmen para não ligar, que ele sempre faz isso. Continuou a limpar a casa enquanto a menina tomava seu café da manhã. Sherlock fazia algumas anotações sobre o livro que trouxe da Scotland Yard. Carmen deu uma breve lida nas manchetes dos papéis enquanto bebericava o chá, mastigando uma torrada, quando Sherlock vociferou:

- "SENHORA HUDSON! Vá acordar a Carmine!" a menina deu um pulo na cadeira com o grito do homem, quase derrubando o chá. Seu movimento assustado denunciou sua presença, e fez Sherlock perceber que ela já estava lá, abrindo um sorrisinho.

- "Você já está ai." Carmen abriu um sorrisinho falso, e Sherlock retornou às anotações. "Como foi a noite?", perguntou em um tom irônico.

- "Ótima. E a sua? Fez algum progresso?" ela jogava o mesmo joguinho do companheiro.

- "Fiz. As palavras escritas no corpo de Carmen Belucci significam "um" e "estrada", referência ao primeiro círculo do Inferno de Dante, o Limbo. Lá ficavam--

- "Os não batizados e os filósofos. Eu lí a Divina Comédia." Carmen lançou uma piscadela a Sherlock.

- "'Trivium' era uma das muralhas do Castelo da Ciência Humana, que significava a Lógica, a Gramática e a Retórica."

- "Camila Belucci era professora. E Camila, na mitologia romana, era a filha de Métabo."

- "Morta ao tentar roubar a armadura de Cloreu."

- "Camila Belucci foi morta por um dardo, como a lenda da filha de Métabo diz." Sherlock esperou Carmen tirar a conclusão, abrindo outro sorrisinho.

- "Você é boa." ela deu outro gole no chá.

- "Não vai se trocar?"

- "Porque deveria?"

- "Não sei. Presumo, então, que vai ficar em casa?"

- "Exato. Pretende fazer alguma coisa?" Sherlock fez uma cara.

- "Alguém tem que pagar o aluguel." Carmen retirou a mesa e lavou a louça que tinha usado. A sra. Hudson adentrou a cozinha e Carmen abordou-a, perguntando se ela podia ajudar de qualquer maneira. Seja com a lanchonete ou com o apartamento. Ela não aguentava mais se sentir inútil, mesmo que sua estadia até agora fora curta. Carmen mostrou-se uma ótima cozinheira, mostrando as receitas de família que aprendeu com a avó para a governanta, que aceitou contratá-la como a confeiteira da lanchonete. Receberia um salário de duzentas libras por mês, metade do lucro dos doces que fizer, e não teria de pagar o aluguel. A manhã foi passando rapidamente, enquanto Carmen trabalhava na cozinha, Sherlock tirava suas deduções. Pelo meio-dia, Sherlock abruptamente se levantou e foi até seu quarto. Após algum tempo, saiu de lá arrumado, e Carmen sentiu o agradável aroma da fragrância que o homem estava usando.

- "Eu estou FAMINTO!" vociferou, enquanto Carmen cortava os legumes. Que homem imprevisível. Ela já estava preparando o almoço, e o cheiro de comida sendo feita infestava o apartamento, deixando Sherlock com mais fome ainda. Ele se aproximou da estante e agarrou a caixa de LPs, posicionando um dos álbuns de Bob Dylan no toca-discos. A maldita música. Lay Lady Lay. Carmen sentiu um calafrio nojento deslizar pela sua espinha, colocando o facão de lado, segurando as lágrimas que estavam prestes a escorrer de seus olhos verdes. Suspirou e recolheu os sentimentos, voltando a cozinhar. Sentiu um par de mãos na sua cintura e rodopiou nos calcanhares rapidamente, apontando a faca a Sherlock, que levantou as mãos em um ato irônico de se render.

- "Você dançaria comigo?" ele estendeu uma das mãos a Carmen, que suspirou. Porque não? Sherlock guiou-a até o centro da sala, levando uma das mãos à sua cintura e a outra à mão esquerda de Carmen, que ainda segurava o facão, dançando uma lenta valsa ao som de Lay, Lady, Lay. Ela colocou a testa no ombro de Sherlock, enquanto era guiada pelo homem e pela melodia. A música foi passando e Carmen sentiu como se estivesse voando, sentindo a amadeirada fragrância de Sherlock. Não queria sair de lá. Se pudesse, ficaria alí durante toda a eternidade, sentindo o calor do companheiro irradiar para o seu corpo. Ela levantou o rosto e fitou Sherlock dentro de seus olhos perfeitamente azuis; seus lábios quase se colando.

- "O que você estava fazendo... antes de eu acordar?"

- "Trabalhando."

- "Mas você disse que eu só comecei a gritar quando você saiu do meu quarto." Sherlock escutou a campainha tocar.

- "A comida vai queimar." o homem soltou Carmen e foi atender a porta, em um passo rápido.

- "Você não me respondeu!" ela arremessou a faca contra o homem, que abaixou a cabeça ao se esquivar, fincando a arma na parede. Rindo, ele abriu a porta e viu o irmão, perdendo todo o humor. Mycroft adentrou o apartamento e Sherlock o fitou, soltando um suspiro.

- "Bom dia, caro irmão." O detetive consultor deu passagem a Mycroft, que mexeu na faca, curioso.

- "Vejo que você e a filha do Francis estão se dando muito bem."

- "Ah, sim. Ela me ajuda com algumas coisas." Sherlock puxou a faca com força, retirando-a da parede, deixando um pequeno buraco, quase imperceptível. Os irmãos subiram a escada e Mycroft tentou se distanciar do irmão mais novo. A combinação Sherlock + uma facão provavelmente não sairia boa. Carmen estava na cozinha bebendo um copo de água para se acalmar, apoiando a mão no armário de temperos, em cima da pia. O moreno aproximou-se de Carmen silenciosamente e fincou a faca com força entre os dedos da menina, fazendo-a soltar um grito de susto.

- "Eu disse que a comida poderia queimar." a garota se virou e estapeou Sherlock, que caminhou rapidamente até o irmão mais velho, sufocando as risadas. Mycroft fitava-o com um olhar de desaprovação. Carmen estava da cor de uma folha de papel, com a mão sobre o busto, tentando controlar os batimentos cardíacos. Desligou as bocas do fogão e ao se recuperar do susto, perguntou:

- "Mycroft... vai f-ficar pro almoço?"

- "Sim, querida. O cheiro está delicioso." Mycroft abriu um sorriso singelo à Carmen, que ainda estava pálida, e voltou os olhos gelados a Sherlock, que agarrou o violino. Dedilhou o braço do instrumento e deslizava o arco pelas suas cordas, formando com as notas a entrada de uma sonata pouco conhecida de Bach. "Algum progresso no caso da professora, Sherlock?"

- "Sim. Descobrimos que a arma do crime foi um dardo de colecionador, e que o próximo assassinato será em seis dias." Carmen arregalou os olhos antes de se colocar a falar.

- "Porque você não me disse, Sherlock? Estávamos deduzindo sobre o caso a três horas atrás!"

- "Eu ainda não tinha concluido." Mycroft suspirou, cruzando as pernas.

- "Temos que falar com Lestrade." Sherlock rodopiou os olhos, sem responder. "Ah, pare de se comportar assim, pessoas serão mortas, Sherlock! A polícia tem que saber."

- "Finalmente alguém com sensatez. Escute a garota, Sherlock." Mycroft comentou, soltando mais um suspiro. Odiava o comportamento infanfil do irmão, mas tinha que lidar com isso.

- "Sirva somente três pratos na mesa, eu não vou comer." O irmão mais velho fez uma careta.

- "Não faça essa desfeita, Sherlock. A menina está fazendo alguma coisa deliciosa." ele disse em baixo tom.

- "Você precisa comer, homem." Carmen disse da cozinha.

- "Sabe que comer me deixa lento."

- "Que seja, não vou me irritar por causa de você, Sherlock. Sobra mais pra gente." Carmen direcionou um olhar arisco a Sherlock, enquanto arrumava a mesa, colocando os livros e papéis do detetive de lado. A senhora Hudson acabou de arrumar os quartos e se juntou à menina, servindo a comida na mesa. Filé ao molho marinara, salada de batata com legumes e arroz cremoso. A governanta deu um pulo ao ver a cara da comida. Não esperava que a menina cozinhasse tão bem. Serviram-se da comida e após meia hora estavam satisfeitos. Mycroft elogiou Carmen e até soltou um "já pode casar", fazendo a menina rir, sem graça. Sherlock desafinou o violino ao escutar o comentário do irmão, mas não foi perceptível para os presentes. Hora da sobremesa. A ruiva retirou a mesa e foi até a geladeira, tirando de lá três de dez tortinhas individuais de caramelo, que tinha feito para vender no Speedy's. O irmão mais velho abriu um sorriso ao ver a torta, totalmente deliciado pelo fato da menina ter se preocupado com a sobremesa. Sherlock tentou pegar uma lasquinha da torta de Carmen, mas teve o dedo indicador furado pelo garfo da menina.

- "Quem aqui fica dizendo que 'fica lento quando come'?" o "governo britânico" conteu uma risada da desgraça do irmão. Passados alguns minutos, Carmen retirou novamente a mesa. A senhora Hudson elogiou a comida da menina, e disse que não precisava lavar a louça. Sherlock colocou o violino no suporte, coletou a jaqueta de Carmen que estava atrás da porta e se aproximou da garota.

- "Você tem razão. Precisamos falar com o Lestrade, novamente." entregou o casaco à Carmen, que fitou Sherlock com um olhar desconfiado.

- "Quem é você e o que fez com Sherlock Holmes?" ele não respondeu. "Você tá dizendo que eu tenho razão?" ela fitou Mycroft, incrédula.

- "É. Algum problema?" ela acenou que não com a cabeça, com um sorriso de orelha a orelha. Mycroft ergueu-se da cadeira ao perceber que os dois iriam sair. Carmen vestiu a jaqueta, agarrou a clutch e arrumou o cachecol por cima do casaco, e desceu as escadas junto com Sherlock e Mycroft. O mais novo abriu a porta e Carmen saiu primeiro, sendo seguida pelo Holmes mais velho. O "governo britânico" adentrou um sedan preto que estava estacionando na frente do 221b, e partiu.

- "Podia ter pelo menos dar uma carona para nós." O rosto de Sherlock se contorceu em surpresa.

- "Claro que não. Não iria suportar Anthea e seu vício com o celular." Sherlock levantou o braço direito e parou um táxi que passava por alí, adentrando-o primeiramente. Carmen o acompanhou e fechou a porta. Longos e silenciosos dez minutos se extenderam durante a viagem, até chegarem no edifício da Scotland Yard. O táxi parou e Sherlock pagou a viagem.

- "Você trouxe o livro?"

- "Que livro?" ele fez uma careta.

- "O livro que a gente pegou ontem, Sherlock."

- "Ah, Lestrade nem vai lembrar." eles se retiraram do carro e adentraram o prédio, caminhando até o elevador. Seguiram até o décimo terceiro andar e observaram o mesmo cenário de caos; pessoas atendendo telefones histéricos, o volume da conversa era alto, papeladas eram preenchidas rapidamente, provas eram catalogadas, rostos procurados eram lançados na mídia. Carmen e Sherlock trilhavam seus passos cautelosamente entre as pessoas, alcançando o escritório de Lestrade. Carmen bateu na porta antes de abri-la.

- "Henry, eu já disse qu-- ah!" o sentimento de raiva de Lestrade contorceu-se em um sorriso acanhado em sua face, ao ver o belo rosto da ruiva no canto da porta. "Carmen."

- "Estou atrapalhando?" ela abriu um sorrisinho.

- "De maneira alguma." ele indicou a cadeira à menina, que praticamente foi atropelada por Sherlock, entrando abruptamente dentro do escritório do detetive inspetor. Lestrade suspirou ao ver a garota se recompor, repudiando o ato do moreno. "Sherlock. Trouxe o livro de volta?"

- "Eu não disse, cabelo de mendigo?" Carmen estapeou a saia e arrumou o cabelo, inspirando profundamente. "Lestrade, Sherlock tem algo a falar." Greg se ajeitou na cadeira.

- "O próximo assassinato será em seis dias." Lestrade parecia surpreso.

- "Como você sabe disso?"

- "O assassino está usando a Divina Comédia como base em seus homicídios. São Nove Círculos do Inferno, e no abdome de Camila Belucci estava escrito "um" e "estrada", detalhes do primeiro Círculo, O Limbo."

- "Então você está dizendo que o próximo assassinato será em seis dias, e que alguém de cunho luxurioso será morto?" Carmen fez uma careta.

- "Você leu a Divina Comédia?" Greg suspirou.

- "Claro que eu li a Divina Comédia!"

- "Você não tem cara de quem lê a Divina Comédia. Tem cara de que não lê." Sherlock abriu um sorrisinho, e sem que o moreno percebesse, ela pronunciou um "desculpa" sem voz. Greg leu os lábios de Carmen e acenou, sorrindo. Desculpada.

- "Carmine, você vai em casa mostrar o livro a Lestrade." Carmen suspirou antes de fechar os olhos, nem se dando ao trabalho de corrigir Sherlock.

- "E você?"

- "Tenho algo a fazer." ele se retirou da sala rapidamente, sendo seguido pela menina e pelo detetive inspetor.

- "Você se daria ao trabalho de dizer?" ela perguntou, incrédula.

- "Não." Sherlock chamou o elevador e a menina se colocou ao lado dele, de braços cruzados. Atrás do casal, Lestrade secava Carmen, suspirando. A porta do elevador abriu e os três adentraram-no rapidamente. O moreno apertou o botão do térreo e as portas se fecharam. Greg fitava Carmen, esquadrinhando o perfeito rosto da ruiva. A menina pecebeu o olhar do detetive inspetor e lançou-lhe um sorriso caloroso. Lestrade dirigiu os olhos castanhos aos lábios da garota e deslizou o indicador pelo canto destes. Carmen não se moveu com a aproximação do detetive, que com um comentário, levou o indicador aos seus próprios lábios.

- "Tem um pouco de caramelo." a menina corou, e se virou ao espelho, analisando a boca rapidamente. "E está muito bom, pelo visto." Sherlock se virou e fitou os dois, com um olhar gélido. Retornou à postura inicial e fechou os olhos, pensativo. O elevador se abriu e Sherlock saiu em disparada, com o passo apressado. Para acompanhá-lo, Carmen estava quase correndo em cima dos saltos. Segurou o ombro do homem para pegar seu ritmo.

- "Nasceu de três meses, Sherlock?" ele não respondeu. Parou um taxi vazio e ao adentrá-lo, colocou-se a falar.

- "Esse é o meu. Você e o detetive inspetor que peguem outro." O taxi partiu. Carmen suspirou de maneira irritada, incrédula com a atitude infantil do companheiro. O detetive inspetor conseguiu alcançar Carmen, que estava na beira da rua, com as mãos na cintura.

- "Babaca", ela sussurrou pra si mesma. Lestrade tomou um susto. "Não você, Greg. Sherlock."

- "Aonde ele foi?"

- "Não sei." a menina suspirou profundamente e o detetive chamou um taxi, adentrando-o após de Carmen. Passaram cinco minutos em silêncio, antes da menina se pronunciar.

- "Greg."

- "Sim?" o detetive saiu dos seus devaneios e dirigiu os olhos castanhos à Carmen ao ser chamado.

- "Desculpe-me pelo dia em que conhecemos. Por ter sido uma babaca, da mesma maneira que Sherlock é. Perdoe-o também, pode ser um gênio, mas é uma criança." Lestrade abriu um sorriso ao perceber que a menina não era cretina da mesma forma que o companheiro de apartamento. Carmen levou um cigarrete aos lábios avermelhados e acendeu-o, dando um longo trago. Ok, só um pouco cretina.

- "Não tem problema", ele suspirou, ignorando o odor do cigarro. "eu já me separei de qualquer forma. Você estava certa."

Chegaram no 221b e Carmen tentou pagar a viagem, mas foi imepedida por Greg. Saíram do carro e Carmen dirigiu-se à porta do apartamento, destrancando-a. Subiu as escadas na frente do detetive, que aproveitou para ter uma visão bem privilegiada da menina. Ao chegar na sala, mostrou os papéis com as anotações de Sherlock. Greg colocou-se a ler as confusas notas do detetive. Demorou algumas horas para se colocar a par das deduções do casal. Surpreendentemente, estavam bem à frente do que a Scotland Yard. Deteve-se para não ler os comentários sobre Carmen que o detetive consultor tinha feito, e não deixou que a menina visse o retrato desenhado dela pelo moreno. A ruiva serviu-lhe chá um pouco antes de se retirar, experimentando a tortinha de caramelo feito por ela. Levou as anotações do detetive para usar como alicerce na Scotland Yard, e iria devolvê-las. Já eram quase cinco horas quando Greg retornou ao trabalho, e sete da noite quando Sherlock voltou para casa. A menina já tinha jantado e estava assistindo TV, de pijama. Ouviu o barulho da porta e não se deu nem ao trabalho de conferir quem era. O detetive retirou o grande sobretudo e colocou-o atrás da porta, caminhando até seu próprio quarto. Permaneceu trancado em seu quarto até a hora em que Carmen foi dormir, abrindo sua porta quando a menina fechou a própria. Irritada pelo comportamento infantil de Sherlock, foi dormir, sem ao menos falar com o companheiro de apartamento.


Carmen acordou com o alarme do relógio às nove da manhã, como de costume. Tomou uma rápida ducha e se vestiu para começar a trabalhar. Saiu do quarto, fez o desjejum e iniciou o trabalho. Produzia os doces, as tortas, os bolos, os salgados e os folhados em uma velocidade anormal. Eram deliciosos e leves, o que fez o Speedy's começar a lucrar rapidamente. Quando terminou de produzir os quitutes para a lanchonete, fez o almoço, em que somente ela e a sra. Hudson comeram. Tirou um cochilo de uma hora antes de retornar à cozinha, e trabalhou até as cinco. Desceu com as delícias até a lanchonete, deixando armazenado para o dia seguinte e descansava. Usou o computador, outrora assistiu tv e leu um livro. Não falou com Sherlock, que permanecia de pijama sentado no sofá, na mesma posição, durante o dia inteiro. Um momento ou outro foi ao toalete e tomou um chá, sempre retornando aos devaneios. Não comia, não dormia, não falava. A mente trabalhando como uma máquina, sem parar. A rotina durante os dias em que passavam lentamente era assim. Passaram cinco dos seis dias restantes até o próximo assassinato, e uma semana desde que se conheceram. Já era de noite, e Carmen caminhava de um lado ao outro, esvoaçando o robe branco enquanto desfilava. Finalmente, o detetive pronunciou-se.

- "Carmine, você viu minhas anotações?"

- "Graças a Deus você falou alguma coisa, homem. Ah, eu as entreguei para Lestrade para que ele possa usá-las como referência na investigação." Sherlock arregalou os olhos em ira.

- "Você fez... o quê?" ele disse, incrédulo, poupando esforços de segurar o tom de voz rude.

- "Você ouviu. Estou ajudando Greg, diferentemente de você, que senta essa bunda magra no sofá durante dias, não come, não dorme e não fala!"

- "Eu estou pensando!"

- "Por quatro dias?! Eu observo você se degradar com sete adesivos de nicotina no braço, com essa cara de sono e você diz pra mim que está pensando?! Sem falar nas músicas RIDÍCULAS que você toca nesse seu violino, deixando a vizinhança louca! Você sabe quantos vizinhos já vieram reclamar comigo ou com a sra. Hudson?! CINCO!"

- "É o que eu faço! Você não pára de cozinhar e me atrapalha com esse cheiro nojento de comida! Não consigo ouvir meus próprios pensamentos ao ouvir você fritar esses salgados!"

- "Pelo menos eu não me mato com esse tanto de nicotina que você ingere, seu louco! Você começa a compôr às quatro da manhã porque não consegue dormir, sendo a ABERRAÇÃO QUE É!" Carmen vociferou, aproximando-se de Sherlock. O detetive se levantou, descalço. Os cachos desarrumados cobriam parte de sua visão, mas ele tratou de arrastar a mão pelo cabelo, retirando-os da frente dos olhos. A menina, em cima dos peep-toes de dezessete centímetros fitava Sherlock dentro de seus olhos, fazendo faíscas saltarem do contato visual enquanto discutiam.

- "E eu não fico desfilando, mostrando as minhas coxas pra quem quer ver, nas minhas roupas curtíssimas, usando esses sapatos horrososos dentro de casa e esse perfume INSUPORTÁVEL!"

- "Você diz que sabe tudo, mas não sabe nem pronunciar meu nome direito, e não deve nem saber meu sobrenome!"

- "Carmine... Merrigan? Morrissey? Não, é Harrisson!"

- "É isso, Sherlock Holmes. Pra mim chega." Carmen caminhou rapidamente até seu quarto, adentrando o banheiro e enrolando uma calcinha limpa em volta da escova de dentes, enfiando-a dentro da clutch. Retirou o pijama e vestiu a primeira coisa que viu pela frente, irada. Voltou à sala e aproximou-se do violino de Sherlock, jogando-o na fogueira acesa. Antes que o homem se desse conta que a menina estava queimando seu Stradivarius, Carmen acendeu um fósforo e jogou-o contra o instrumento, fazendo o queimar mais rápido. O homem ao se dar conta, puxou o fôlego com o choque, incrédulo.

- "Sua meretriz!" Sherlock nunca tinha insultado alguém na vida. Bem, já tinha insultado, mas não com uma palavra de baixo calão. A raiva que o homem estava sentindo era indescrítivel. Carmen sentiu-se bem consigo mesma ao queimar um instrumento de quase um milhão de libras, especialmente o de Sherlock. Descia as escadas e batia as portas por onde passava. "AONDE VOCÊ VAI?!"

- "NÃO INTERESSA, SEU MENDIGO SOCIOPATA!" a senhora Hudson não entendeu a briga dos dois. Carmen abriu a porta do 221b e bateu-a com um estrondo ao se retirar do apartamento. Segurou as lágrimas e engoliu em seco, parando um taxi que passava. Indicou um endereço nunca frequentado pela menina, mesmo que no centro de Londres. Após uma viagem de quinze minutos, parou na frente de uma porta branca, em um quarteirão largo. Pagou o taxista e saiu do táxi. Trilhou seus passos até a porta, e ainda segurando o choro, tocou a campainha. Aguardou alguns segundos e um homem abriu a porta.

- "Carmen? O que está fazendo aqu--" Lestrade se viu abraçado pela menina, que desabou em prantos em seu ombro. Chorava em alto tom, mas não alto o suficiente para se propagar da porta do apartamento. Lestrade passava a mão pelo cabelo da menina, abraçando-a de volta, acodindo-a. "O que aconteceu?"

- "E-eu e Sherlock, nós b-brigamos." ela controu o choro por alguns segundos, limpando as lágrimas que, só não estavam enegrecidas pelo fato da maquiagem ser a prova d'água. Lestrade indicou à menina para entrar, e tomar um assento. Seu apartamento era amplo, claro e com as paredes brancas, e a decoração em preto. Moderno, requintado com um toque clássico. Era como um flat, a cozinha americana integrada à sala, separando os quartos e os banheiros por uma parede.

- "Acalme-se. Você quer uma água, um chá?"

- "Pode ser água, mas se você me trouxesse um copo de conhaque bem grande, eu não iria negar." Lestrade caminhou até a cozinha e serviu dois copos; um com água e outro com uísque. Sentou-se ao lado da menina na sala, entregando-lhe os dois copos. Com facilidade, Carmen virou o copo de água em uma golada, inclusive o de whisky. Limpou os lábios com o punho, acalmando-se um pouco.

- "O que aconteceu?"

- "O Sherlock perguntou pelas suas anotações e eu disse que estavam com você, e começamos a discutir. Espero que não esteja atrapalhando nada. Eu ia te ligar, só que eu estava tão afobada que..."

- "Não tem problema, querida. Agora, olha, Carmen... às vezes, o Sherlock é difícil. É temperamental, tem o gênio difícil. Eu o conheço a um ano, e te digo, como pessoa, ele não é nada agradável. Eu o consulto pelo simples fato de ser um gênio, e nos ajudar muito."

- "Eu não sabia o quanto seu comportamento era babaca até me colocar no lugar das pessoas que ele ofende. Mais uma vez, me desculpa." ela dirigiu um olhar tristonho a Lestrade.

- "Não precisa se desculpar. E se for relevante, eu te acho uma mulher especial, e Sherlock não merece te ter como companheira de apartamento." Carmen percebeu as intenções de Lestrade ao sentir a mão do detetive em seu ombro e não pensou duas vezes, jogando tudo pra cima.

- "Ah, quer saber? Que se dane Sherlock Holmes. Vem cá." ela puxou o homem pela gravata e selou seus lábios nos do detetive, sentando-se em cima de seu colo. O beijo foi retornado com a mesma intensidade, e Lestrade deslizava suas mãos pelo corpo bem delineado de Carmen. Ao se sentar sobre seu colo, a ereção foi instantânea. Sentiu o membro rígido do homem sob seu corpo e friccionava o quadril contra o detetive, excitando-o ainda mais. Passou a beijar o pescoço da menina, dando leve mordidas no local enquanto retirava sua calcinha por baixo do vestido, jogando-a para o lado. A menina retirou os sapatos e sentiu a mão do detetive segurar seu seio direito com firmeza. Foi erguida no ar quando Lestrade se levantou, cruzando as pernas atrás do homem. Caminhou em direção ao quarto segurando a menina pelas suas coxas, repousando-a sobre a cama. Carmen jogou a clutch no chão e retirou a gravata do homem rapidamente, desabotoando sua camisa. Lestrade abaixou o zíper do vestido de Carmen e retirou-o, jogando-o no chão, sobre a bolsa da garota. Levou sua boca a um dos mamilos rosados da garota, sugando-o com delicadeza enquanto segurava seus fartos seios com vontade, fazendo-a soltar um gemidinho de prazer. Carmen deslizou o corpo pelo lençol de cetim, repousando a cabeça sobre os travesseiros, abrindo as pernas ligeiramente. Rapidamente, o homem retirou as calças e a cueca, fitando Carmen com um olhar criativo. Lestrade enrijeceu a postura, de joelhos sobre a cama, agarrou as pernas da menina e penetrou lentamente, fazendo-a morder o lábio inferior, contendo um gemido.

Começou a aumentar o ritmo das estocadas, fazendo um movimento de ir e voltar com a cintura. Enquanto aumentava o ritmo, o tom dos gemidos de Carmen aumentavam, prestes a começar a gritar. Lestrade já possuia certa idade, mas não era um fator que denegria seu corpo, bem definido e com o bronzeado não tão forte, mas presente. Ele passou as mãos pelo quadril da menina e puxava-o com força no mesmo movimento de ir e voltar, fazendo a menina gritar de prazer. Ela mudou de posição, colocando-se de quatro na cama, de costas a Lestrade. O homem deixou uma mão no quadril da parceira e a outra entrelaçou-se em suas madeixas ruivas, puxando-as enquanto gongava-a com força. Carmen rebolava lentamente, aumentando o atrito entre o pênis do parceiro e sua vulva. Sentia a glande do homem martelar contra o colo do útero, fincando as unhas nos travesseiros, de prazer.

- "Quem aqui é a minha bonequinha ruiva?" Lestrade deu um tapa contra o glúteo de Carmen, jogando o peso do corpo contra a bunda da menina, segurando seu cabelo com firmeza, penetrando-a ao máximo. Curvou-se sobre ela e deu um beijo nas costas da garota, agarrando um dos fartos seios com uma das mãos. Ela gritava, quase rouca, enlouquecida de prazer.

- "S-sou eu!"

- "E quem vai fazer tudo direitinho, como eu pedir?"

- "E-eu!" ele ejaculou e soltou um suspiro de alívio, no ápice do orgasmo. Carmen se virou e Lestrade se jogou lentamente contra a cama, ainda penetrada. Trocaram um beijo longo e quente, enquanto a menina se colocava por cima do detetive. Ele observava aquele belo par de seios de cima, fitando a garota de baixo enquanto deslizava as mãos pelas nádegas da garota. Ela jogou a longa cabeleira ruiva para trás antes de começar a quicar no colo do homem, controlando a profundidade das estocadas. A cama rangia com os movimentos de Carmen, que levavam Lestrade a loucura. A partir de uma dezena de minutos, o detetive fechou suas mãos em volta da cintura da garota, ajudando-a a chegar ao orgasmo novamente. Carmen liberou o líquido lubrificante no mesmo tempo em que Lestrade gozou. A menina retirou o pênis do parceiro de dentro de sua vagina, descansando em cima de seu peito, ofegante. E durante a noite e parte da madrugada, colocaram em prática as artes carnais que se sentiam presas dentro de cada um deles, a cada vez que trocavam um olhar.


Era quatro e quinze da manhã quando Carmen escutou o telefone vibrar dentro da bolsa. Sem acordar Lestrade, arrastou-se pela cama e alcançou a clutch, abrindo-a e checando o que incomodava. Abriu o flip do celular e leu em sua tela:

NOVA MENSAGEM

Suspirou e leu o conteúdo da mensagem

"Aonde você está?
           SH"

                                                                               "Não interessa.
                                                                                                  Carmen."
                                    
"Sinto que o assassino vai atacar novamente.
Vou te manter alerta

                                            "Vai se ferrar. Amanhã conversamos.
                                                                                                Carmen."                                      
                        
"Pode me dizer aonde você está?
SH"

                                                     "Não. Tenha uma péssima noite.
                                                                                                    Carmen."
                                    
      Ela colocou o celular na mesa de cabeceira após desligá-lo, retornando a dormir. Jogou o lençol sobre o corpo, suspirando. Ajeitou-se na cama e Lestrade passou um braço pela cintura da menina, dormindo de conchinha.


           Acordou às dez da manhã, piscando um par de vezes. Sentia-se extremamente bem, e lembrava-se da deliciosa noite que teve com o detetive inspetor. Levantou-se sem acordar o parceiro, vestindo sua camisa social. Caminhou até a cozinha e começou a preparar o café da manhã. Abriu a geladeira e retirou de lá alguns ovos, quebrando-os e mexendo a clara com a gema, temperando-o. Alongou o pescoço dolorido devido os puxões de cabelo do detetive. Sentiu um par de mãos abraçar o seu quadril e encoxá-la, ouvindo um suspiro perto do seu pescoço.

- "Bom dia", Lestrade proferiu, dando um beijinho no pescoço de Carmen. "Que cheiro delicioso."

- "Estou preparando nosso café. Espero que goste. Você puxa o cabelo com muita força, Greg." ela pegou um pedacinho do ovo mexido e virou-se a Lestrade, que fitava-a com um olhar apaixonado e um sorriso. "Abra a boca." ele obedeceu a menina, que depositou o alimento em sua língua. Depois de mastigar, comentou.

- "Uma delícia." roubou um beijo caloroso de Carmen, sentando a menina sobre a bancada de mármore negro e gelado da pia, ainda beijando-a. Enquanto trocavam carícias, o telefone fixo na bancada tocou.  Lestrade, entre beijos, atendeu-o.

- "Greg Lestrade."

- "Bom dia, chefe", Carmen escutou a voz de Anderson do outro lado do telefone, rodopiando os olhos. "Surgiu um imprevisto aqui, preciso que você venha pra cá agora. É urgente. É perto da ponte de Waterloo, na beira do Tâmisa." A menina fez menção de agarrar o telefone e foi interrompida por um selinho rápido e ligeiramente barulhento.

- "O que houve?"

- "Aconteceu mais um assassinato. A aberração já está aqui, e você está atrasado." Carmen roubou um beijo de Lestrade, que realmente não prestava atenção na conversa de Anderson. "Você está com alguém aí, Lestrade?"

- "De maneira alguma." ele interrompeu os muxoxos de Carmen, que fez um biquinho. "Já estam-- estou indo para aí." e finalmente desligou o telefone. Lestrade trocou algumas carícias com a menina por alguns minutos, antes de fazerem seu desjejum juntos. Carmen tomou as pílulas anticoncepcionais, que pura sorte estavam na clutch, aliviando o detetive. Lestrade tinha um pouco de pressa, fazendo com que o casal não aproveitasse os momentos com toda a intensidade. Tomaram, sim, tomaram um banho rápido e se vestiram, pegaram um táxi até a localização do crime. Sherlock parecia atônito, até ver Carmen. O detetive consultor se aproximou da menina que o ignorou completamente, analisando o corpo estirado na beira do Tâmisa. Outro corpo feminino, com uma fenda no lugar do esterno. Sob o busto, um coração de porcelana. No abdome, a frase "mille homines diis caritas" e a palavra "duo" foram cravadas no corpo da mulher, sem olhos e com a boca costurada. Próximo do corpo, jazia o coração e um item ainda não identificado. Lestrade deu um par de luvas de borracha à Carmen, que vestiu-as sem contaminar a proteção. Aproximou-se do coração e agarrou o objeto ao seu lado, soltando um grito ao reconhecê-lo. Um grito agudo, de desespero; aos tropeços ela se distanciava do corpo, apavorada. Lestrade se aproximou da garota, sem entender nada.

- "A cabeça! Do lado do coração, a cabeça... da minha boneca de porcelana!"


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