Unbreakable escrita por Caeruleae Ignis


Capítulo 3
Capítulo 3 - Luminol




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Carmen descia degrau por degrau em uma velocidade abismal, equilibrando-se nos saltos de quinze centímetros. Ela deslizava as pontas dos dedos pelo corrimão recém feito, e deixava o longo cabelo ruivo esvoaçar pelo ar. Ela saiu correndo pela saída do prédio e contornava agente por agente, quase derrubando a sargento Donovan no chão para segurar o taxi vazio que passava pela rua. A ruiva parou o taxi com um grito, e diminuiu o passo ao se aproximar da porta traseira direita. Ela recuperou o fôlego e o taxista acalmou o coração, depois de se assustar com o grito da garota.

– "City University, por... favor..." o taxista passou a primeira marcha e pisou no acelerador, quando um homem se jogou na frente do carro, com os braços arqueados em sinal de "pare", assustando novamente o taxista. Carmen arregalou os olhos azuis com o som do quase-atropelamento. Ela direcionou as orbes e viu o atropelado, soltando um suspiro. Sherlock entrou pelo lado direito e foi empurrando Carmen para o lado, e o motorista prosseguiu seu caminho pela rua. O moreno recuperou o fôlego junto com Carmen, que retirava uma gota de suor que escorria em sua testa.

– "Ótimo." Sherlock bufou e tamborilou a ponta dos dedos no apoio da janela, e Carmen jogou a cabeça para trás, apoiando a nuca no estofado. O detetive fungou um par de vezes. Parecia incomodado.

– "O que foi, Sherlock?" ela enrolava uma das ruivas madeixas no indicador, dirigindo os olhos verdes a Sherlock, esquadrinhando-o depois de cruzar as pernas, posicionando um joelho sobre o outro. "O que te aflige?"

– "Seu perfume." Sherlock fuzilou Carmen com o olhar, visivelmente irritado. Ele suspirou, antes de arquear as duas sobrancelhas em um pulo, tendo um clique. "Agora me lembro de você, Carmine."

– "É Carmen."

– "Enfim. No Natal do ano passado, você foi atropelada, voltando para casa, visivelmente bêbada e o taxista não te viu. Eu estava no taxi."

– "Não me lembro-- ah." Carmen afundou no banco enquanto cruzava os braços, suspirando. Ela fechou os olhos por um par de segundos e ainda descansando a vista, proferiu:

– "Sherlock, ligue para Lestrade, e peça que a sua equipe leve um luminol para a universidade, por favor."

– "Faça isso você." ela abriu os olhos.

– "Deixei meu telefone em casa."

– "Pegue o meu, então." Carmen estendeu a mão a Sherlock, aguardando pelo aparelho.

– "Aonde está?"

– "Na jaqueta." Sherlock não moveu sequer um músculo, o que provocou a garota. Ela arrastou o traseiro pelo banco de couro e começou a tatear a jaqueta de Sherlock, aproximando-se do detetive. Se o moreno fosse outro homem, já teria se ajeitado na cadeira devido a súbita aproximação da bela garota, para evitar certo constrangimento. Mas não. Ele era Sherlock. Carmen começou a se irritar ao ver que sua mágica não funcionava com o homem, e ousadamente se sentou no colo do detetive. Ele rodopiou os olhos e o taxista ajeitou o retrovisor para ver o que estava acontecendo, e se assustou novamente. Ela retirou lentamente o celular do bolso interior do palitó de Sherlock, o que deixou-o ligeiramente atônito.

– "Vamos ver..." ela abriu um sorriso e mirou seus olhos aos de Sherlock, fitando-os por um par de segundos, antes de esquadrinhar o celular do homem. "Qual é a senha, meu querido?"

– "Descubra por si mesma." com uma expressão facial impassível, ele não parecia ser abalado por Carmen. Ela passou o polegar pelo teclado e percebeu que algumas teclas eram mais fundas que as outras, e em uma fração de segundos, dezenas de possibilidades eram formadas na mente de Carmen. Depois de um par de falhas, ouvia-se o típico som do desbloquear do aparelho. Sherlock fechou os olhos. Ela deslizava a ponta do indicador pela tela do aparelho celular, procurando os contatos do detetive. Ela apertou o nome "Lestrade" e aproximou seu corpo de Sherlock, a boca próxima da orelha do moreno.

– "Lestrade? O seu detetive está pedindo que você leve um luminol para a City Unviersity, prédio de exatas." ela movimentava os lábios para proferir as palavras necessárias, e conseguiu sentir Sherlock abrir um sorrisinho. Ele podia sentir o hálito quente de Carmen na sua orelha, o que o fez movimentar o pescoço, com os pêlos do local arrepiados.

"O que ele está fazendo?" a voz de Lestrade soava curiosa e cética pelo telefone.

– "Ele está tentando se controlar, Lestrade."

"Porque?"

– "Luminol, City University, prédio de exatas. Não se esqueça, caro detetive inspetor." ela não respondeu a pergunta de Lestrade, e finalizou a ligação. Ela aproximou seu nariz do pescoço de Sherlock, sentindo o perfume do homem. Ele suspirou, irritado, e Carmen saiu do colo do homem, jogando-se para o lado, mordiscando o lábio inferior. "Você é osso duro de roer, hein."

– "Só não me entrego aos desejos carnais do mesmo jeito que você aparentemente faz."

– "Do mesmo jeito?" ela abriu um sorrisinho e Sherlock cruzou as pernas, fitando a janela.

– "Chegamos." o taxista parou o carro e Sherlock puxou uma nota de dez libras do bolso e entregou-a ao taxista. O detetive saiu do carro e Carmen acompanhou-o, segurando a porta para evitar que Sherlock batesse-a com tudo em sua cara. Eles se aproximaram da portaria da universidade e Sherlock mostrou uma das carteiras furtadas de Lestrade ao porteiro.

– "Viemos investigar a morte de Camila Belucci."

– "Vocês são da polícia?" o porteiro parecia assustado, não prestando atenção na carteira.

– "Pode-se dizer que sim." Carmen respondeu com o típico sorrisinho sedutor e o porteiro saiu de sua cabine e abriu o portão, enfeitiçado, deixando que a dupla adentrasse o campus. Sherlock acenou negativamente a Carmen, que delineou um olhar vingativo ao moreno. O zelador foi guiando Sherlock e Carmen até o prédio de exatas; uma construção antiga, de aproximadamente dez andares. Todas as janelas estavam fechadas, e as luzes de seus respectivos andares, desligadas. O porteiro retirou uma argola com várias chaves do bolso e abriu a porta principal do edifício, depois de um par de tentativas erradas, ao achar a chave certa. Sherlock contornou o reconchudo zelador e Carmen fez o mesmo, segurando a manga do detetive para não se perder no breu do andar.

– "Aonde fica o escritório da professora Belucci?"

– "Quinto andar, sala 5F." o zelador respondeu atônito, e tratou de se retirar do prédio para ligar as luzes do lugar. Carmen aprimorou uma trilha de passos à escada, iluminada pela luz da crescente lua que jazia na noite limpa. Sherlock seguiu-a, e tratou de subir as escadas em um passo mais rápido, de dois em dois degraus, enquanto ela preocupava-se em não fraturar seus calcanhares devido os saltos. Depois de algum tempo subindo as escadas silenciosamente, as luzes se ligaram. Carmen piscou um par de vezes, acostumando as dilatadas pupilas à claridade espontânea. O moreno fez o mesmo. Sherlock foi procurando a sala de Camila pelo corredor direito. Carmen achou-o primeiramente, e abriu a porta com a barra da jaqueta para não deixar digitais. Sherlock empurrou a companheira ao colocar as mãos em sua bacia, para abrir caminho. O telefone do detetive tocou.

"Sherlock, e--"

– "Sala 5F. Se você trouxe o Anderson, faça o favor de deixá-lo ai." Carmen acenou negativamente, cruzando os braços depois de acender a luz do escritório. Tudo limpo. O cheiro de lavanda era pouco a pouco expurgado do âmbito pelo forte perfume de Carmen. Duas prateleiras cheias de livros jaziam atrás da mesa de trabalho da professora. Telefone, computador, alguns envelopes de provas. Um par de gotas de sangue era encontrado na barra do tapete no chão. As duas cadeiras de couro exalavam um cheiro forte de naftalina. Uma das fotos emolduradas na parede estava torta. Exibia a imagem do Coliseu. Um vento forte zumbia entre a fechadura da janela, sacudindo-a. Lestrade bateu à porta e o casal se virou no mesmo tempo; ambos imersos em seus pensamentos. O detetive inspetor entregou um par de óculos para cada um dos dois e desligou a luz da sala, antes de ativar o luminol. Eles vestiram a proteção dos olhos e observaram o âmbito praticamente inteiro pintado de roxo escuro.

– "Ela foi abatida como um porco." Carmen comentou, e Sherlock caminhou até a mesa da professora, observando um livro que estava aberto, e leu-o.

– "Saia; preciso entrar em meu Palácio Mental." Carmen dirigiu um olhar confuso a Lestrade, sem entender. O homem posicionou a mão direita nas costas da garota e guiou-a para fora da sala, antes de Sherlock interrompê-lo:

– "Você fica, Carmine."

– "É C--"

– "Não me interrompa." Lestrade dirigiu um olhar acolhedor a Carmen, que aproximou-se de Sherlock, analisando o livro. O detetive inspetor se retirou da sala acenando negativamente, suspirante. Sherlock parecia movimentar as palavras em sua mente, e foi interrompido por uma Carmen astuciosa.

– "Sherlock, olhe. Estão sublinhadas as palavras--"

– "Que estavam escritas no abdome da professora. Elas significam "um" e "estrada" em latim, mas ela era professora de italiano..."

– "E Dante Alighieri também era italiano, detetive." ela fechou o livro depois de cobrir a mão com a manga da jaqueta. e mostrou a capa do objeto. As palavras "Divina Comédia" eram estampadas em uma fonte dourada. Sherlock fechou os olhos, e murmurou "estúpido" um par de vezes, antes de ser interrompido novamente por Lestrade.

– "Desculpe interromper, mas vocês precisam ir. A perícia precisa analisar a verdadeira cena do crime."

– "O nosso assassino em série está usando os círculos do Inferno de Dante para cometer seus homicídios. Iremos voltar para a 221b. Mande-me uma mensagem caso algo aconteça."


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Notas finais do capítulo

Finalmente saiu o terceiro capítulo! Perdoem a minha falta de compromisso com as datas... andei tendo uns problemas pessoais e a falta de tempo devido o estresse natalino atrasou o capítulo. Deixem reviews; elogios e críticas serão bem vindos. =]