Desvio os olhos por 5 segundos e Megan já é sequestrada. E ela ainda tem coragem de dizer que não precisava da minha ajuda? Acho que me arrependo de tê-la soltado. Se não fosse pela brilhante ideia de Liam de me deixar invisível para solta-la, ela já estaria morta. Não me importo com um agradecimento vindo dela, mas ela vai agradecer aos meninos mesmo que forçada.

 Saímos do acampamento coberto de poeira dourada, e adentramos na floresta. Não paramos de andar até tomarmos uma distancia segura. Durante todo o trajeto, Liam limpava sua boca que escorria um pouco de sangue e John o corte em seu supercílio.

- Não podemos ir a lugar nenhum se vocês não cuidarem desses ferimentos – eu disse mexendo em minha mochila a procura de primeiros socorros.

- Odeio admitir, mas eu concordo com ela – Disse Megan entre os dentes.

Paramos onde estávamos e entreguei a Megan um pouco de recursos para limpar o ferimento de John. Parece que John não é muito fã de remédios e causou alguns problemas com Megan, eles acabaram se distanciando de nós. Não que eu não tenha gostado, mas ficar sozinha com Liam era meio... Constrangedor.

- Obrigado por salvar minha irmã – eu disse timidamente enquanto limpava seus ferimentos.

- Não foi nada, foi até fácil – Disse Liam de bom humor – ciclopes são bobões.

- Isso vai doer um pouco – Disse quando passei a gaze por cima de uma escoriação em sua bochecha. Liam comprimiu o rosto - Desculpe.

- Tudo bem, obrigado por limpar os ferimentos – Ele disse sorrindo.

Comecei a limpar o canto de sua boca. Não era um corte profundo, mas poderia infeccionar e causar um grande estrago. Olhei pra cima e encontrei seus olhos verdes, brilhantes olhos verdes. Meu coração começou a acelerar. O rosto de Liam começou a ficar vermelho e o meu também, pois sentia minha bochecha quente. Nossos rostos estavam a apenas 10 cm de distancia. Começamos a nos aproximar, nos deixando guiar pelo instinto. Quando estávamos quase nos beijando ouvimos John gritar ao longe. Encaramo-nos assustados e corremos na direção dos gritos.
Chegando à origem do som, nos deparamos com Megan prendendo os braços de John com os joelhos e tentando passar a gaze com medicamento em seu corte. Mas John se recusava a receber o tratamento.

- Essa coisa arde! – ele gritou enquanto sacudia a cabeça.

- Eu sei que arde, mas você tem que usar o remédio! – gritou Megan de volta. – eu já estou perdendo a paciência!

Eu comecei a rir e Liam fez o mesmo. Megan, minha vez de te zoar.

- Sabe geralmente um relacionamento comum começa com um beijo, sempre soube que você era anormal Megs – eu disse rindo.

- Hey! – disseram os dois em uníssono. Seus rostos ficaram vermelhos.

Eu e Liam começamos a rir enquanto Megan tentava novamente passar o remédio em John. Liam ria como uma criança, “em pensar que quase nos beijamos há pouco tempo” pensei. Megan estava realmente tendo problemas. Liam segurou os braços de John enquanto eu fiquei com as pernas. John esperneava tentando se libertar. Finalmente Megan conseguiu passar o remédio. Todos caíram na risada exceto John, que ficou com uma cara de desaprovação.

 - Já ficamos muito tempo parados – disse John serio – Parem de rir!

- Ele esta certo – eu disse tentando controlar minha risada. – Mas pra onde iremos?

- Meu pai mora aqui perto, na cidade de Broken Arrow – disse Liam – podemos pegar suprimentos com ele.

-É uma otima ideia! – Disse Megan – Nos guie filho de hécate!

Seguimos Liam por um longo caminho. Algo me incomodava nessa cidade, por começar pelo nome: Broken Arrow, flecha quebrada. Mas algo me dizia que eu não gostaria de estar ali, que aconteceria alguma coisa. A casa de Liam tinha um estilo vitoriano de dois andares, era branca com detalhes em cor de barro. Parecia bem aconchegante, oque não explicava o motivo de Liam ser campista de ano inteiro. Ele exitou por um momento e depois tocou a campainha.

Depois de um tempo abriram a porta. Apareceu um homem de meia-idade, seus cabelos eram ruivos como os de Liam e usava oculos. Assim que viu Liam ele abriu um sorriso e nos convidou para entrar. Liam parecia desconfortavel, e eu não fui a unica a notar isso.

- Que bom que você voltou meu filho – Disse o Sr.Wishster sorrindo.

- Só estamos de passagem – disse Liam rapidamente. – só viemos pegar suprimentos.

- Que pena – Disse o Sr.Wishster tristemente – Alguem gostaria de ve-lo.

Na mesma hora surgiu uma garota na porta, ela tinha cabelos pretos e lisos. Seus Olhos eram de uma intensa cor azul, e sua pele branca e delicada como algodão. Era da mesma altura que Liam, ou seja, mais alta que eu. Usava um vestido de setim rosa claro com um pequeno casaco branco por cima. Ela era perfeita.

- Liam! – ela gritou e correu pra cumprimenta-lo.

- Ambre quanto tempo. – ele respondeu.

Quem é essa garota? Por que estou com raiva dela? E dai se ela pode ser namorada do Liam? Eu não ligo, ele pode namorar quem ele quiser, não sou eu quem decide isso. Ele é um dos mais legais do acampamento e eu uma nerd, não sei por que to com raiva. Não vou com a cara dessa garota, ela esconde algo. Eu vou descobrir o que.

De Longe pude ouvir alguns comentarios de John e Megan. Só então reparei que estava de punho cerrado e encarando a garota como se fosse devorar sua alma. John e Megan abafavam risadas o tempo todo.

- Essa garota ja era! – disse Megan ao ouvido de John – ninguem nunca viu a Jessie com ciumes de alguma coisa ou alguem! Nem mesmo eu mexia nas coisas dela.

- Cara, prefiro enfrentar uma quimera ja que você disse – respondeu John baixinho.

- Calem a boca! Não estou com ciumes! – falei entre os dentes, eles arregalaram os olhos.

Liam nos apresentou a ela. Ambre ficou fascinada que todos eramos semideuses. Liam contou sobre nosso mundo, geralmente não revelamos aos mortais, em vezes nem mesmo aos nossos pais. Se ele contou é porque confia nela, ou talvez porque ela precisasse saber da verdade pra poder estar junto dele. De qualquer modo não aprovo revelar os semideuses aos mortais. Nem que quase me beijassem quando tinha uma namorada.

- Caramba então vc é filha de Athena? Eu li sobre ela, mas pensei que ela fosse virgem eternamente. – disse Ambre animada.

- existem varias formas de se ter um bebê, e sim ela é virgem – respondi grosseiramente.

- Então como você nasceu? Você tem umbigo? – ela perguntou sorrindo.

- Eu não quero falar sobre isso! – Eu gritei batendo na mesa.

Todos me encararam assustados. Eu estava alterada, irritada, frustada. Levantei da cadeira, peguei meu arco e minha mochila, abaixei a cabeça e fechei o punho.

- Não demorem muito. – eu disse seca – eu vou esperar La fora.

- Jessie qual é, você não quer se divertir com a gente? – perguntou John – A Ambre é bem legal.

- Obrigada – disse Ambre sem jeito.

- Eu disse... Que vou... Esperar lá fora – Disse os dentes.

John soltou um guincho e se calou. Sai pela porta da frente, infelizmente o vento não me ajudou então pareceu que eu tinha batido a porta. Andei pelo jardim, escalei uma pequena arvore, e fiquei ali deitada olhando para as formigas andando pelos galhos. “ele tem uma namorada, tenta me beijar e depois me da um gelo.” Pensei. “Vai me dar um gelo? Eu vou fazer nevar”.

Desci da arvore e me deparei com Ambre olhando pra mim. Ela ficou em silencio por um tempo. Parecia uma eternidade, mas só depois percebi que foram apenas dois minutos.

- Desculpa se disse alguma coisa... – Disse Ambre timidamente.

- Eu não quero um pedido de desculpas... – eu disse sem olhar para seu rosto.

Levantei meu rosto e pude ver um enorme cão infernal correndo em nossa direção. Meus olhos se arregalaram, Ambre virou-se de costas e viu oque eu via. A empurrei para o lado bem a tempo de evitar o ataque. Peguei o arco e mirei em seu fucinho, minha visão começou a ficar embaçada, soltei a flecha, mas ela passou zunindo pelo ouvido do animal.

- Volta pra dentro e tranque tudo – eu disse para Ambre – Não deixe a Megan sair.

- O que você vai fazer sua maluca?! – ela gritou

- Aqui cachorrão – gritei e sai correndo pela rua.

O cão infernal me seguiu. Corria o mais rapido que podia de tempos em tempos minha visão ficava embaçada, apenas sacudia a cabeça e me obrigava a correr. Fiz uma virada brusca e o cão me seguiu batendo no predio, não sei o que os mortais viam com a névoa, provavelmente um caminhão desgovernado. Minha visão ficou embaçada, minha cabeça mole e então senti a dor. A dor similar a de uma corrente eletrica, deixando meus musculos tensos, desabei de quatro no chão. Meu pulmão parecia estar cheio de concreto, era quase impossivel respirar. Comecei a tossir, minha tosse começou a ficar mais forte, quando vi havia saido sangue de minha boca. Olhei para tras e o cão se aproximava, tentei, mas não consegui me mover. Peguei meu arco e mirei, mas errei novamente. O cão pulou, rolei para o lado, mas ele arrebentou a corda do meu arco. “estou perdida” pensei. De repente o cão virou pó, e atras dele estava Liam segurando uma espada cintilante. Ele me ajudou a levantar, e me levou de volta a sua casa sem nenhuma palavra. “que odio” pensei.

- Todos ficaram assustados – ele disse em frente à porta de sua casa – principalmente Ambre. Venha vamos acalmar os outros.

- Eu vou esperar aqui – Disse sentando no chão.

- Como quiser – Disse Liam entrando em casa.

Depois de um tempo os outros sairam e seguimos viagem. John fazia varias perguntas, Megan ria das imitações dele. “Estou desarmada, e com esse problema da tosse” pensava. Liam não disse uma palavra em nenhum momento.