Pretty Normal escrita por Lost star


Capítulo 19
Capítulo 19




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A minha semana em Los Angeles veio e se foi, Mia conseguiu um show de última hora e eu fiz a abertura. Eu fiquei satisfeita na hora, mas eu me sentia completamente quebrada agora. O vôo levou tempo o suficiente para que eu descansasse e estivesse pronta para a escola. Eu queria faltar, mas a saudade de Kate, Holly e Ethan era grande demais. Fiz Mia prometer que ficaria de longe quando viesse me pegar na escola e só então desci do carro.

                Kate e Holly estavam me esperando perto da escada e me abraçaram apertado, avistei Ethan atravessando a escola e me impulsionei para caminhar até ele, já colocando um sorriso no rosto, mas Kate me segurou. Suas unhas se fincaram em minha pele com tamanho desespero que o sangue começou a escorrer quase instantaneamente. Eu me virei para ela, estupefata. Quem ela pensava que era para me ferir daquele jeito? Eu sei que passei uns dias fora e que elas querem novidades- o que vou dar à elas, só queria falar com Ethan primeiro.

-O quê?- exclamei, meu tom mais severo do que deveria.

                Kate me soltou, franzindo os lábios. Ela parecia magoada.

-Coisas aconteceram,  Sarah- Foi Holly quem disse, dando um passo à frente e colocando uma das mãos no meu ombro. Ela e Kate se entreolharam.- E eu acho que seria bem melhor se você soubesse antes de falar com Ethan.

                                                               (...)

-Então quer dizer que ele descobriu?- exclamei, apavorada.- Como ele me reconheceu? Eu estava diferente, não havia como ele desconfiar- eu as observei.- Por favor, me digam que nenhuma de vocês contou.

                Eu deixei meus joelhos cederem e fui duramente ao encontro do piso duro do banheiro, que os ralou. Minhas amigas se apressaram, jogando-se ao meu lado, e me envolveram em um abraço.

-Nós jamais faríamos isso, Sarah, e você sabe- Holly disse, seu tom apaziguador.

                Eu pude sentir a cabeça de Kate se mover quando ela concordou.

-Foi o casaco, você usou o casaco de Ethan- explicou.

                Eu estava chocada demais para chorar e me sentindo uma estúpida pelo que tinha feito. É claro que alguém perceberia, ainda mais porque o sobrenome dele estava escrito no casaco. Fiz o que fiz por minha irmã e agora quem acabaria com o coração partido era eu. Engoli em seco, cansada de toda essa porra de drama. EU ficaria triste, sim, mas só depois de ter uma boa conversa com Ethan e gritar bastante. Me afastei de minhas amigas, pus-me de pé e disse:

-Fiquem preparadas, os paparazzi vão chegar logo.

                E então saí do banheiro.

                Para minha completa sorte, ou azar, encontrei Ethan no corredor. E, para minha total surpresa, foi ele quem se aproximou.

-Meu casaco- Foi tudo o que disse, apontando para mim. Eu nem sequer tinha percebido que o vestia, mas ele notou. Com um suspiro, larguei minha bolsa no chão, tirei o casaco e o entreguei à ele.- Tudo bem, tchau.

                Ele já estava se virando para ir embora quando eu o segurei, era uma sorte o corredor estar vazio ou ele provavelmente teria batido em alguém

-Não está tudo bem, Ethan- disse, olhando no fundo de seus olhos.- E talvez nunca fique bem de novo.- Vou confessar que dizer isso não foi legal. Tipo, nem um pouco legal, e deu um aperto familiar no coração. Mas eu sabia que precisava. Eu tinha que falar com ele e ter certeza de que estava acabado. De que eu tinha arruinado tudo desta vez.

                Ethan riu sem humor.

-Por quê?- Perguntou, fingindo-se de inocente.- Só por que você mentiu para todos sobre quem era, Sarah? Ou devo dizer, Lucy?- ele fez uma cara de nojo. – Não acredito que você foi capaz de ir tão baixo.

                E ele ia embora novamente, mas eu corri e parei bem em sua frente, bloqueando o caminho.

-Meu nome é Sarah, Ethan- eu disse.- E eu sei que você está furioso por eu não ter te contado, mas eu não poderia ter uma vida normal aqui se...- Mas ele não me deixou continuar, claro que não.

- Então só porque você não teria uma vida normal, resolveu complicar a minha?- exclamou. Eu sabia que nossa conversa estava se tornando um briga, mas não podia evitar. Eu não podia perdê-lo.- Você mentiu pra mim, me usou pra ter uma vida normal. Então não me venha com falsas explicações, Black, porque no fundo você é igual ao seu pai.

                Eu empurrei as lágrimas para longe, mas sabia o que isso significava. Se Ethan achava que eu era como meu pai, então não havia volta. Eu tirei a mão que empurrava seu peito e deixei que ela caísse ao lado do meu corpo, imóvel. Eu estava morta novamente, um zumbi andando por aí. Um fantasma sobre a terra. Eu observei Ethan por mais um instante, deixando que ele visse toda a dor que havia me causado e então me virei. Caminhando até minha bolsa e pegando-a do chão.

-Eu só quero que você saiba- eu disse, não conseguindo manter minha voz plana- que eu nunca quis te causar nenhum mal ou te deixar irritado. Quando você tiver que mentir para todos por causa da sua família, então você vai entender. Não se vanglorie por me deixar quebrada, Ethan, você não é o primeiro cara que faz isso e com certeza não será o último.

                Eu queria que ele segurasse meu braço e gritasse comigo, mas ele não fez nada enquanto eu me movia. Quer dizer, ele fez. Andou na direção contrária. Eu entrei na minha sala de aula poucos segundos antes de o sinal tocar e me joguei na cadeira. Quando passaram as inscrições para a escola de verão, assinei em três matérias. Filosofia, química avançada e literatura. Passei a manhã toda recebendo trabalhos e avaliações antigas, e, no final da manhã, recebi meu boletim. Eu teria que refazer cinco provas na tarde de quinta para completar minha média, mas, considerando as faltas que tive no ano, era um milagre passar. Liguei para Mia quando estava saindo da escola e podia sentir o olhar das pessoas sobre mim, eu não sabia se era por causa do carro de Mia ou se eram as notícias se espalhando. Torci para que fosse a primeira opção.

                Mia ficou me dizendo a minha agenda durante o caminho, não que eu tenha realmente prestado atenção. Mas ela foi legal, me levou para aula de música e depois para a gravadora, onde conheci a banda que trabalharia comigo e até escrevemos alguma coisa. Eu não esperava que fosse tão legal. Ela me deu um Iphone- que meu pai mandou comprar, óbvio, e me comprou um sorvete no final do dia. Estranhamente, eu gostei dela.

-Vai me dizer o que está errado?- perguntou.

                Mesmo com o pouco tempo que a conhecia, sabia que Mia era mandona, metida e viciada em café; mas também sabia que ela podia ser uma boa ouvinte já que não tinha mais ninguém. Assim como eu, o trabalho atrapalhava sua vida.

                Fiquei em silêncio.

-Qual é, eu tenho uns quarenta anos e nunca tive filhos. Estou me sentindo velha. Então, por favor, compartilhe seus problemas adolescentes comigo e me torne jovem- brincou, o que me fez sorrir.

                Já era tarde e o sol se punha no horizonte. Eu achava que ela seria como Nancy, um pé no saco, mas Mia acabou se tornando a melhor coisa para mim.

-Briguei com uma pessoa- comentei, enquanto tomava meu sorvete.

                Ela ergueu as sobrancelhas, sem tirar os olhos da estrada.

-Um cara, é?- perguntou.- Seu namorado?

                Dei de ombros.

-Quem ainda usa títulos hoje em dia?-respondi, tentando fazer ser menos do que na verdade era. Ela me observou com um olhar cauteloso, o que fez com que me perguntasse como minha voz havia soado, rude, come certeza.

-Escute, Lucy. Sei que não gosta disso e que eu talvez não seja uma agente tão legal, mas nós vamos passar muito tempo juntas daqui para frente- ela me lançou um olhar significativo.- Então é bom fazermos dar certo. Eu espero que...- mas nesse momento seu celular tocou, indicando uma nova mensagem. Ela suspirou e olhou o mais rápido que podia, sorrindo para mim depois disso.- Mudança de planos, os primeiros paparazzi te acharam. Você fica na minha casa hoje.

                E com um suspiro de indignação de minha parte, o carro deu meia volta.


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