Lost Memory escrita por Dri Viana


Capítulo 28
Chapter Twenty-eight


Notas iniciais do capítulo

Fiquei tão feliz que tenham gostado do capitulo anterior, confesso a vcs que ele ate agora foi o que mais gostei de escrever.
Eis aqui mais um. Talvez o começo dele vcs não entendam direito, mas depois tenho certeza que vão entender.



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Primeiro ele abriu um olho, mas logo em seguida o fechou por conta da claridade do quarto. Cerca de alguns segundos depois abriu os dois olhos e a primeira coisa que viu, foi que já se encontrava sozinho na cama, pois sua esposa acordava cedo para preparar o café para as crianças que tinham que ir à escola.

Espreguiçou-se, mas depois não fez menção alguma de se levantar de sua aconchegante e quentinha cama. Estava tão bom ficar deitado nela, mas estaria melhor ainda se sua mulher estivesse ali também para ele poder ficar agarrado à ela como tanto gostava e assim poder sentir seu corpo no dele, bem como seu perfume delicioso e sua pele macia.

Agradeceu aos céus o fato que daqui a uns dias estaria de férias, pois assim teria um mês inteirinho para ficar direto em casa curtindo a companhia de sua mulher que também se encontrava de férias da universidade onde lecionava e também, a companhia dos filhos que entrariam de férias escolares dentro de quatro dias assim como ele.

Tinha planos para essas férias. Queria aproveitá-las ao máximo com sua família, já que não era sempre que suas férias coincidiam com as de Sara. Estava pensando em fazer uma viagem com os filhos e a esposa, todos juntos. Quem sabe ir para a outra casa deles na Califórnia, já que não iam lá há certo tempo. Ou talvez pudessem ir para outro lugar também. Orlando, seria uma boa, tinha certeza que seus filhos adorariam ir para lá por causa do parque de diversões. Assim como ele, os filhos eram loucos por parques de diversões. Mas ainda tinha que pensar direito no roteiro dessas férias, além de falar com Sara para saber o que a esposa achava de seus planos para a família.

Novamente, ele se espreguiçou, porém, dessa vez após fazer isso resolveu se levantar da cama. Já de pé rumou direto para o banheiro de onde saiu quinze minutos depois de banho tomado e com uma toalha enrolada em torno de seu quadril. Pegou em suas gavetas uma cueca e uma roupa qualquer de ficar em casa, e vestiu-se. Alguns minutos depois devidamente vestido e penteado, ele saía do quarto para seguir à cozinha de sua casa, onde tinha quase certeza que encontraria sua adorável esposa.

Só que ao entrar no cômodo não foi Sara quem Grissom encontrou e sim, Shirley que estava de costas para ele mexendo em algo na geladeira.

O supervisor não pôde deixar de se surpreender em ver a empregada ali. Pelo que se lembrava, a mulher só voltaria a trabalhar em sua casa amanhã já que suas férias terminavam hoje. Ou será que ele se enganou e confundiu o dia de sua volta?

É bem provável que isso tenha acontecido, já que ultimamente por causa do excesso de trabalho que estava tendo no laboratório para poder tirar suas férias, ele andava com a cabeça meio cheia e desordenada, por isso mesmo que não via a hora de tirar suas tão merecidas férias para descansar.

— Bom dia, doutor Grissom!

A fala da empregada tirou o homem de seus pensamentos imediatamente.

— Bom dia, Shirley!

— Vou esquentar seu café rapidinho e já lhe sirvo. - ela foi lhe dizendo enquanto ligava a cafeteira.

Ele apenas assentiu se acomodando em uma cadeira. Quis perguntar a sua empregada como tinham sido as férias delas enquanto esperava que lhe servisse o café, mas achou que ia parecer enxerido demais se perguntasse. Resolveu então questioná-la a respeito de Sara que até agora não tinha visto.

— Shirley onde está Sara?

A empregada estranhou a pergunta, pois era sabido por seu patrão que naquele dia sua esposa ia trabalhar na Universidade pela parte da manhã, então por que ele perguntava algo que já sabia?

— Ué, ela está na Universidade trabalhando! - Shirley lhe contou segundos depois de ficar encarando-o.

— Trabalhando?? - ele surpreendeu-se com a informação. — Isso é impossível, Shirley! Ela está de férias do trabalho.

— Férias?? - a empregada franziu a testa.

— Sim. Desde a semana passada. Então ela não pode estar trabalhando.

De que férias ele está falando?

Shirley ficou totalmente confusa, mas logo a confusão dela foi começando a se dissipar quando um pensamento lhe veio de imediato à mente. Sua patroa tirou férias há cinco meses, mais precisamente uma semana antes de Grissom perder a memória. Então para ele se lembrar disso só queria dizer uma coisa...

— Doutor Grissom que dia é hoje? - dependendo da resposta dele, ela saberia se tinha ou não acontecido o que suspeitava.

— Que pergunta mais sem propósito é essa, Shirley? - ele franziu a testa.

— Apenas me responda, senhor, por favor! - pediu nervosa. Precisava ter certeza se aquilo fazia sentido ou estava enganada em sua suspeita.

Mesmo não entendendo o motivo pelo qual sua empregada lhe fazia aquela pergunta, ele respondeu:

— Se não estou enganado, hoje são 14 de Fevereiro.

— Meu Deus! - ela levou uma das mãos à boca.

A data mencionada por Grissom era de exatos cinco meses atrás, o que confirmava o pensamento da empregada... Seu patrão havia recuperado a memória!

— Shirley o que houve? - o homem assustou-se com a reação um tanto exasperada da empregada ao ouvir sua resposta.

— O senhor se recuperou por completo. - sem ainda acreditar no que ocorreu a mulher murmurou, mas seu patrão ouviu sua fala, porém não entendeu aquilo.

— Do que está falando? De quê me recuperei se nem ao menos estava doente? - ele não entendia nada daquilo.

Shirley antes de respondê-lo, sentou-se na cadeira em frente à de Grissom. Precisava fazer isso ou se estatelaria no chão de tão surpresa e feliz que estava com o que havia acontecido. Respirou fundo tentando se acalmar.

Quase não conseguia crer no que sucedera. Seu patrão estava aparentemente recuperado da amnésia, mas pelo que pode perceber, ele não se lembrava que havia ficado desmemoriado.

— Shirley? - ele a chamou. — O que está havendo com você? Por que ficou assim depois que eu disse a data de hoje?

Ela o encarou por uns segundos. Como contaria aquilo para ele? Ia ter que dar um jeito de contar.

— Doutor Grissom... A data que mencionou é de... Cinco meses atrás. - ela lhe contou devagar, mas ainda assim causou espanto em seu patrão o que disse.

— Quê?

— Veja! - ela tirou o celular do bolso e lhe estendeu o aparelho. — Hoje são 14, mas de Julho, não de Fevereiro como disse.

Com desconfiança o supervisor pegou o aparelho da mão da mulher e ao olhar no canto superior da tela viu que realmente era a data que Shirley dizia.

— Que isso? Alguma brincadeira? - olhou para sua empregada completamente sem entender.

Ela negou com a cabeça. Antes fosse!

— Diga-me, como hoje pode ser Julho se ontem era Fevereiro?

— Fevereiro foi há cinco meses, patrão!

Ele olhou novamente para o aparelho em suas mãos e não! Aquilo não podia ser! Tinha alguma coisa errada. Não se pula cinco meses em uma noite de sono.

— Isso não faz sentido e nem pode ser possível! - sorriu nervosamente.

— É, sim, doutor Grissom! Pode até mesmo parecer loucura, mas é verdade.

— Como?? - murmurou mais para si do que para a empregada.

Como ele ia dormir e ao despertar no ''dia seguinte'' já tinham se passado cinco meses? Não podia ser verdade. E muito menos possível ou cabível!

Em uma noite de sono não se passam cinco meses assim!

Aquilo só podia ser brincadeira, ou melhor, um sonho maluco. É isso!

Tudo não passava de um sonho doido! Andava trabalhando tanto que a consequência era ter sonhos malucos como esse.

Tinha certeza de que a qualquer momento seu despertador tocaria ou Sara lhe chamaria. Desse modo, ele acordaria e descobriria que aquilo não estava lhe acontecendo.

— Isso tudo não passa de um sonho, não é? - ele disse meio sorrindo a Shirley.

A empregada não sorriu, porque ao contrário do que seu patrão achava, aquilo não era sonho. Era a pura realidade. Uma realidade que ele só estava tendo conhecimento agora que "voltou a si".

— Não, patrão, não é sonho. Eu vou lhe explicar o que está havendo. Preciso que me ouça, mas me ouça com toda a atenção do mundo, doutor Grissom.

Ele a encarou desconcertado com aquilo e ainda ficaria mais, quando ouvisse o que ela lhe diria a seguir.

Pelos minutos seguintes, Shirley  lhe narrou tudo o que tinha  acontecido.

Quando ele soube que havia perdido a memória do nada levou um susto, depois ficou estarrecido e em seguida, em choque.

Por segundos Grissom chegou até a duvidar da veracidade do que ouviu, mas logo chegou à conclusão que Shirley não inventaria uma coisa daquelas. Sua empregada não era desse tipo de brincadeira.

O homem ficou abismado com como havia perdido a memória do nada.

Imediatamente pensou na sua família e no quanto deve ter sido difícil para eles lidarem com uma situação dessas.

Com dor no coração ele soube que logo que perdeu a memória, passou a se isolar da família; evitava ficar perto dos filhos e de Sara; chegou a dormir durante dias no quarto de hóspedes, porque não se sentia a vontade para dormir ao lado da esposa, a mulher com quem dormia há quinze anos; e passava quase que o dia todo dentro do quarto de hóspedes só descendo para fazer suas refeições e depois retornava para se enfurnar lá no cômodo.

— Céus! Eu fiz minha família sofrer durante meses. - ele concluiu, interrompendo Shirley que relatava tais fatos. Os olhos azuis do homem estavam cheios de lágrimas pelo que acabava de ouvir. Não se imaginava fazendo nada daquilo à sua família. Mas fez!

— Não foi proposital isso. O senhor não se lembrava das coisas e nem deles.

— Eu juro que não consigo me imaginar sendo capaz de evitar ficar perto dos meus filhos e da Sara. E também de preferir dormir no quarto de hóspedes, longe da minha esposa... Deus! - ele pôs as duas mãos na cabeça. — Em mais de quinze anos de casamento isso nunca aconteceu nem quando tivemos brigas sérias. Jamais dormir longe dela se não fosse por causa do trabalho no laboratório.

Shirley o olhou consternada com sua tristeza por saber o que aconteceu e o que ele tinha feito sua família passar, ainda que não tenha sido intencional nenhum de seus atos na época em que estava desmemoriado.

Era visível o atordoamento de seu patrão com o que lhe disse, mas graças a Deus essa situação chegou ao fim e foi hoje. Shirley mal podia esperar para ver a reação de sua patroa ao sabe que o marido enfim recobrou a memória.

A cabeça de Grissom começou a doer e parecia que ia explodir depois de saber daqueles fatos desconhecidos. Tudo aquilo mais parecia que tinha ocorrido com outra pessoa. Era tão inacreditável, improvável e sem lógica de ser, mas ele não duvidava da veracidade daqueles fatos narrados por Shirley, apenas precisava digerir aquilo tudo para se conscientizar de que não estava louco.

— O começo foi difícil para todos aqui... - Shirley lhe contou, quebrando o silêncio que se instaurou entre Grissom e ela após o supervisor ter falado anteriormente. —... A dona Sara ficou sem chão com o que houve. As crianças arrasadas, principalmente, o Matt que não entendia direito o porquê de uma hora para outra o pai não ser mais o mesmo com ele. Mas pouco a pouco as coisas foram se ajustando. O senhor foi se reaproximando e readquirindo sentimentos pela sua família. Demorou um tempinho para isso acontecer, mas aconteceu.

— Eu... - ele suspirou. Sentia-se sufocado e atordoado com todo aquele bombardeio de informações. — Eu preciso subir... Ficar sozinho para digerir todas essas coisas que me disse Shirley. - ele se levantou da cadeira.

— Claro. Mas antes que se vá eu preciso lhe dizer mais uma coisa importante.

Ela ainda não havia lhe revelado sobre a gravidez de Sara. Preferiu deixar isso por último. Não tinha a menor ideia de como seu patrão reagiria com aquela notícia, mas quis dizer assim mesmo. Ele precisava saber daquilo antes de ver Sara para evitar choques maiores.

— O quê?

— A dona Sara... Está grávida!

Ele arregalou os olhos imediatamente ao saber daquilo.

— Grávida??

Shirley assentiu e lhe revelou que Sara havia descoberto sobre a gravidez duas semanas após ele ter perdido a memória, quando ela já estava com mais de um mês de gestação.

— Eu vou ser pai de novo? - a notícia o pegou totalmente de surpresa e deixou abobalhado.

— Sim e de gêmeos. Um casal mais especificamente! - ela sorriu para ele.

Sara lhe daria mais dois filhos! Quanta coisa aconteceu e ele desconhecia tudo isso.

Se antes ele era um desmemoriado, agora também se sentia como tal depois de ter tantos fatos contados a ele e não recordar-se de nenhum deles.

— Eu preciso subir... É muita informação pra minha cabeça... Eu não consigo raciocinar direito...

— O senhor quer um copo de água?

— Não!... Quando a Sara chegar não diga a ela o que aconteceu, por favor. Eu mesmo quero falar com ela. - ele dizia meio aéreo como se estivesse fora de si completamente.

— Sim, senhor!

Ele saiu dali e foi direto para seu quarto. Chegou lá e não sabia o fazer. Sentou-se. Levantou-se. Pôs-se a andar de um lado para o outro do quarto enquanto tentava reorganizar as coisas em sua cabeça.

Tudo o que Shirley lhe disse minutos atrás pipocava em sua cabeça.

Ele havia acordado em uma manhã completamente desmemoriado.

Não sabia seu nome, não reconhecia a família, os amigos e desconhecia totalmente quem era.

Como aquilo acontecia assim do nada?

Desespero, angústia, dor, confusão... Tudo tomava conta de sua cabeça e de seu coração naquele instante.

Sufocado, ele se sentia.

Culpado também!

Culpado por ter causado dor as pessoas que amava. E além da culpa ainda tinha a raiva por ter feito três daquelas pessoas sofrerem.

Pensou nos filhos que viriam e que ele só soube agora. Como será que tinha reagido quando soube da gravidez? Ficou feliz? Levou um susto como agora?

Queria o quanto antes que Sara chegasse para falar com ela. Vê-la. Abraçá-la. Beijá-la. E pedir perdão pelo que houve.


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Notas finais do capítulo

Ficamos por aqui. Só voltarei a postar depois do natal então ja aproveito o espaço pra desejar a vcs minhas leitoras queridas e amadas um FELIZ NATAL, cheio de paz e properidade a vcs e suas familias.
Nos vemos no proximo cap que será o PENULTIMO.
BJS BJS BJS.