Alice’s POV

-Hmm. Conseguem sentir esse cheiro? –Sean interroga com um sorrisinho malicioso estampado nos lábios. Estamos no bar do Fred com nossos amigos bebendo um pouco e conversando.

-Que cheiro? –Jerry interroga respirando fundo. –Não sinto cheiro de nada, alguém queimou algo?

-Não, o cheiro de chifre no ar. –Meu irmão dá um tapinha no meu braço. –Deve ser desses que estão nascendo na cabeça da Alicinha.

-Nossa. Sean, como você é engraçadinho. –Digo, dando um pisão no pé de meu irmão.

-Cara, Layne não trairia a Alice. –Mike diz.

-Porque ele a ama demais? –Angel interroga com suas mãos delicadamente pressionadas contra as bochechas.

-Não. –Mike sorri. –Ele não seria suicida a ponto de trair uma psicopata com tendência homicida.

-Oh meu Deus, vocês são tão adoráveis. Valeu por todo o apoio. –Digo enquanto estendo o braço até alcançar o de meu ex e então o arranho.

-Hmm... Alice sua safadinha, já pensando em me usar pra se vingar?

-Que nojo Mike. Não cometo o mesmo erro duas vezes.

-Também te amo, viu. –Ele sorri e segura minha mão. –Layne não te trairia porque além de você ser perfeita ele sabe que eu o mataria lentamente. –Mike beija minha mão e não consigo evitar ficar meio sem graça.

-Ok, já chega ô Don Juan de Marco. –Jerry separa nossas mãos e me abraça. –Não se preocupe minha cara, vai dar tudo certo.

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Estou em casa. As horas se passaram e até agora nada do Lay. Isso está começando a me deixar muito, MUITO preocupada.

Olho pra porta pela milionésima vez e suspiro. Logo em seguida ela se abre e de trás dela aparece um Layne confuso e meio perturbado.

-Lay o que houve você está meio estranho, tá tudo bem? –Interrogo ficando na frente dele e segurando seus ombros.

-Eu preciso ficar sozinho por um tempo amor. –Lay dá um sorriso triste e beija meu rosto. Ela parece estar a ponto de chorar e isso me deixa ainda mais preocupada, pois Layne raramente chora.

-Lay pelo menos me conta o que tá rolando ou vou terminar ficando preocupada demais.

-Eu... –Ele molha os lábios e me encara por alguns segundos, como se ponderando se deve ou não me contar o que está havendo, seu olhar completamente perdido e a mão que agora segura a minha está gelada.

-Hey vai ficar tudo bem ok? Eu estou aqui e se não quiser não precisa falar agora.

-Meu... –Layne engole em seco e me abraça. –Encontrei meu pai. –Ele diz em um sussurro quase inaudível.

-Uh... Oh você encontrou o seu... O seu pai. E porque isso te deixou assim? –Interrogo enquanto envolvo Lay em um abraço. Ele parece tão frágil que não o aperto muito, com medo de quebra-lo.

-Depois de todos esses anos ele só aparece pra me decepcionar. –Layne se afasta um pouco de mim e me olha nos olhos. Sua carinha de cachorro abandonado atingindo o nível 3.000. –Um junkie Alice. Ele pediu dinheiro, e eu dei e ele... Ele usou pra comprar heroína. –Ele me olha terrivelmente sério e vejo uma lágrima solitária descendo pelo canto de seu olho. -Comprou bem na minha frente.

Lay então se afasta e caminha em direção á porta do quarto, se trancando nele. Bato duas vezes e ele se recusa a abrir. Droga, eu realmente não esperava que isso acontecesse.

Respiro fundo e tiro o celular do bolso, digitando alguns números.

-Alô? –Diz uma voz meio sonolenta do outro lado do telefone.

-Linn tem alguma chance de você estar próxima a Seattle? Ou ao menos você sabe o que faço pra arrombar uma porta? –Interrogo enquanto me jogo no sofá.

-Aconteceu algo com o Layne? Alice desembucha.

-Ele apareceu. O pai dele apareceu. Bem no auge da carreira dele, como você falou que aconteceria.

A ligação cai e me afundo no sofá sem saber o que fazer, memórias do dia no aeroporto invadem minha mente.

Flashback on

Estamos no aeroporto, pois Linn e Liz estão prestes a ir embora. Linn se aproxima e ao invés de falar com Layne me puxa, arrastando-me para um canto.

-Não vai me fazer ameaças de morte novamente, né? –Interrogo confusa.

-Não. Bem, não nesse momento. Alice eu preciso que você confie em mim, guarde um segredo e fique em alerta.

-Coisas demais pra pedir. A gente acabou de se conhecer.

-Tá, tá. Mas eu só posso confiar em você pra isso, aquela namorada do Lay é uma cretina e a Angel é sensível demais, preciso de alguém forte.

-Olha... Eu sei que temos uma sintonia legalzinha, mas eu gosto de garotos e-

-Alice, é sério.

-Diga.

-Caso AiC venha a fazer sucesso... –Linn olha para o lado de Layne e posso notar que ela está realmente preocupada. –Bem, quando os meninos fizerem sucesso há grandes chances de que o pai do Lay apareça por aqui.

-O pai do Layne? Mas isso é ótimo e-

-Não, não é. –Linn me encara séria e logo volta sua atenção para Liz. –Ele foi procurar a Lizzie quando a Social Parasite começou a aparecer em revistas e a ganhar um bom dinheiro, foi há algumas semanas isso.

-E porque nenhuma das duas contou pro Lay?

-Eu pedi pra Liz não contar. Há um pequeno probleminha em relação ao velho deles.

-Linn você está me deixando preocupada.

-Ok... –Ela respira fundo. –O pai deles, o Bill, ele ligou pra filha dizendo que conseguiu encontra-la graças a uma entrevista nossa pra uma revista. E falou que queria encontra-la. Faz muito tempo que ela e Lay não veem o pai, então é obvio que ela se animou.

-Isso não me parece algo ruim.

-Calma. Eu a acompanhei, afinal ela estava muito ansiosa, e quando chegamos lá rolou aquele reencontro emocionante cheio de lágrimas e drama, tudo muito lindo e muito perfeito. Isso até Bill pedir uma grana emprestada.

-E o que aconteceu?

-Ele usou o dinheiro pra comprar heroína. Liz e eu não o descriminamos por isso, afinal conhecemos várias pessoas que tem seus vícios e eles são pessoas legais apesar de tudo. E o cara é o pai dela e garantiu que estava tentando parar.

-Mas...

-Com esse pretexto de querer parar ele se instalou no apartamento que dividimos. Eu não consigo lembrar a quantia de dinheiro que ele extorquiu da Lizzie só pra se drogar, e o pior, o tanto de vezes que ele usou na frente dela. –Linn me encara e ela parece furiosa. –Ele chegou a oferecer pra ela Alice.

-Wow.

-É, isso sem falar que ele é um babaca pervertido que fica assediando a melhor amiga da filha. -Ela cruza os braços. –Depois de duas semanas conosco ele transformou a própria filha em uma bagunça humana. Aí eu tive que intervir.

-O que você fez?

-Pedi gentilmente para que ele se afastasse. –Ela ri. –Óbvio que Bill além de não aceitar quase quebrou meu braço, só não quebrou porque infelizmente para ele eu sei chutar muito bem. Então eu dei um dinheiro para que se afastasse, e o filho da mãe além de ficar com a grana se fez de vítima pra Liz.

-E vocês conseguiram se livrar dele?

-Eu a convenci a chuta-lo de nosso apartamento e pedir ordem de restrição, mas levou um bom tempo e foi muito, muito difícil.

-Linn isso me parece exagerado demais, talvez o pobre homem só esteja confuso.

-Ah é, e papai Noel entalou em minha chaminé ano passado. –Ela revira os olhos impaciente. –Se ele aparecer afaste-o de Lay o máximo que puder. E me ligue. Não vou deixar aquele cretino prejudicar outra pessoa que amo.

-Ok, eu garanto que ligarei.

Fim do Flashback.

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-Ótimo, estamos ferrados. –Sussurro enquanto em deito e encaro o teto.